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I SÉRIE — NÚMERO 47

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O Sr. Adão Silva (PSD): — Muito bem!

O Sr. Ricardo Baptista Leite (PSD): — Dito isto, também teremos o 1.º de Maio, o que poderia representar

um risco sanitário, mas muitos trabalhadores — muitos deles sociais-democratas, socialistas, centristas e

independentes —, na UGT, assumiram uma atitude de responsabilidade no sentido de cancelar as

manifestações do 1.º de Maio. Ontem, juntou-se-lhes a CGTP, certamente com o apoio do Partido Comunista

Português, numa atitude que demonstra que unidos seremos capazes de combater e vencer este vírus. Temos

de ultrapassar este momento difícil e só o conseguiremos juntos. As pessoas estão cansadas, confinadas em

casa, ansiosas, com medo das incertezas do futuro, do impacto económico e social. Há avós que não sabem

quando vão voltar a abraçar os seus netos, há funerais que ocorrem sem que as pessoas se possam despedir

adequadamente dos entes queridos que partem.

Por isto, Sr. Primeiro-Ministro, fez bem em reunir com o Cardeal Patriarca, D. Manuel Clemente, e deixo até

a recomendação para que o faça com outros líderes religiosos, das igrejas protestantes, das comunidades

muçulmana, ismaelita, judaica e hindu, para que, neste momento de incerteza, todos aqueles que procurem

orientação espiritual também a ela possam ter acesso, dentro dos constrangimentos que vivemos.

Há medo e ansiedade perante a incerteza, o que é normal, mas para combatermos a incerteza devemos dar

algumas luzes daquilo que poderemos esperar e o Sr. Primeiro-Ministro já deixou claro que a reunião de dia 28

de abril, com os especialistas, será importante para ouvirmos também recomendações sobre como poderemos

levantar algumas das restrições que a sociedade vive.

Sr. Primeiro-Ministro, para os portugueses perceberem qual é o plano, penso que esta é também uma

oportunidade para nos transmitir qual é a sua visão e a visão do Governo, neste momento, para o levantamento

destas medidas, o qual terá de ser, forçosamente, faseado, de modo a não darmos um passo em falso e a não

comprometermos todo o esforço que foi feito até agora, voltando à casa de partida.

Sr. Primeiro-Ministro, terminava falando dos lares do nosso País. De norte a sul, há mais de 100 000 idosos

que vivem nestas residências, algumas legais, algumas ilegais. A Diretora-Geral da Saúde disse que cerca de

um terço das pessoas que faleceram vítimas da COVID-19 eram residentes em lares. Na realidade, neste

momento, dentro destas instituições as pessoas estão com medo, tanto os funcionários como aqueles que lá

vivem e que, ainda para mais, nem sequer podem receber visitas dos seus familiares, o que, em alguns casos,

tem levado a sentimentos de abandono e solidão. É importante que os portugueses percebam que não estão

sozinhos e que o Parlamento lhes diga que não estão sozinhos.

Cito alguns exemplos práticos onde o vírus já atacou e que neste momento precisam de intervenção urgente:

é o caso do Larhotel, em S. João da Talha, onde as pessoas que lá residem têm de perceber que não estão

sozinhas; do Lar do Comércio, em Matosinhos, onde as pessoas não estão sozinhas; do Lar de Santa Isabel,

em Vila Nova de Gaia, onde as pessoas não estão sozinhas; dos lares das misericórdias de Foz Côa, de Alverca,

de Santo Tirso e tantos outros, onde as pessoas não estão sozinhas.

Portanto, Sr. Primeiro-Ministro, também para dar esperança a estas pessoas, pedia-lhe que nos pudesse

transmitir qual é o plano do Governo para dar resposta aos lares e garantir que estes idosos, que tanto deram

ao nosso País, possam sentir que não foram abandonados, que não estão sozinhos e que podem contar

connosco.

Aplausos do PSD.

O Sr. Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro.

O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Presidente, Sr. Deputado Ricardo Baptista Leite, temos de tomar decisões

com base na melhor informação de que dispomos e sabemos da precariedade da informação perante uma

realidade que é nova, mesmo para os melhores cientistas, que olham para ela com toda a atenção e fazem um

esforço imenso para nos poderem dar a melhor informação disponível.

Creio que no conjunto das conversas que temos mantido com regularidade têm ficado bem claras as

responsabilidades de todos, da informação e da decisão. Acho legítimo que os cientistas digam: «a nós,

compete-nos dar informação, aos senhores compete-vos tomar as decisões». É essa a função dos responsáveis

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