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12 DE JUNHO DE 2020

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Aristides de Sousa Mendes sacrificou a sua carreira e arriscou a sua vida para que tantas pessoas

perseguidas e desvalidas pudessem ter um futuro. Para que nunca mais se tente apagar o seu nome da História

de Portugal, para que sirva de exemplo de coragem para todos, apoiaremos a concessão de honras do Panteão

Nacional a Aristides de Sousa Mendes.

Aplausos do PS, do PSD e da Deputada não inscrita Joacine Katar Moreira.

O Sr. Presidente: — Tem a palavra, para uma intervenção, o Sr. Deputado Fernando Ruas.

O Sr. Fernando Ruas (PSD): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: É naturalmente com satisfação que

em dois momentos distintos, neste curto espaço de tempo que levo como Deputado, assisto à evocação da

memória de Aristides de Sousa Mendes. O primeiro momento, na Assembleia da República, foi numa exposição

aquando da evocação do Holocausto, que pudemos ver precisamente nos corredores que circundam o

Hemiciclo; o segundo momento, agora, pelo projeto de resolução que a colega Joacine traz, pelo que,

naturalmente, aproveitamos para a felicitar.

Sr.ª Deputada, na exposição de motivos que apresenta e na lista de homenagens feitas ao cônsul Aristides

de Sousa Mendes, permita-me que lhe sugira uma homenagem feita pela Câmara Municipal do distrito de origem

do cônsul Aristides de Sousa Mendes, de onde também provenho. Foi uma homenagem muito singela, no centro

histórico da cidade, feita aquando da requalificação do edifício situado, simbolicamente, na antiga judiaria em

Viseu. Na altura, fizemos uma exposição extremamente importante, com o curador Dr. Francisco Paulino. Na

sequência disso, depois da apresentação de um livro da autoria do jornalista Luís Pires, à época correspondente

da RTP em Nova Iorque, decidimos dar o nome de Aristides de Sousa Mendes a uma importante artéria viária,

e isso levou a que, bondosamente, a Fundação Raoul Wallenberg — esse arquiteto sueco, também ele um dos

heróis do Holocausto — me tenha concedido o título de cidadão honorário.

Mas gostaria de aproveitar esta oportunidade para fazer algumas referências. A primeira é, naturalmente, ao

poder local autárquico, tanto ao do passado, por ter sabido congregar forças para que a casa onde nasceu

Aristides de Sousa Mendes fosse integrada no projeto da Rota das Catedrais, mas também ao poder local

autárquico atual, quer à Junta de Freguesia, quer à Câmara Municipal de Carregal do Sal, por terem assumido

as suas responsabilidades no sentido de que essa casa seja devidamente requalificada e também musealizada.

Por fim, queria fazer uma referência à Fundação Aristides de Sousa Mendes e outra, naturalmente a mais

importante, à família, que aproveito para cumprimentar e para lhe dizer que, para nós, é determinante que a sua

posição seja decisiva. Se assim for, ou seja, se a posição da família for tida em conta, naturalmente que o PSD

apoiará e acompanhará este projeto de resolução.

Aplausos do PSD e da Deputada não inscrita Joacine Katar Moreira.

O Sr. Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Pedro Delgado Alves.

O Sr. Pedro Delgado Alves (PS): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Há 35 anos, na primeira grande

homenagem nacional a Aristides de Sousa Mendes, uma das muitas pessoas salvas graças aos vistos por si

passados marcou presença em Lisboa para honrar a memória do cônsul que desobedeceu em nome da sua

consciência, do seu sentido de humanidade e de justiça. Henri Zvi Deutsch, criança de 9 anos em 1940, em fuga

da barbárie dos exércitos nazis que entravam na sua Bélgica natal e que o levariam a Bordéus, primeiro, e à

fronteira, a Baiona, evocou um homem que nunca conheceu, cuja família nunca vira e de quem só ouviria falar

décadas mais tarde, depois de sair de França.

Graças a esse homem, Zvi Deutsch, o seu pai, Bernard, a sua mãe, Hélène, e os seus irmãos, Simon e

Josete, escaparam ao destino de todos os seus demais familiares que perderam a vida na Shoah. Graças à

coragem de Aristides de Sousa Mendes, sobreviveu; graças à determinação de Aristides de Sousa Mendes,

deixou filhos e netos; graças ao exemplo de Aristides de Sousa Mendes, dedicou a sua vida ao ensino, em Israel

e nos Estados Unidos, onde viveu.

Como Zvi Deutsch, muitos milhares passaram a fronteira, atravessaram Espanha e entraram em Portugal. A

maioria partiu para outros destinos, mas alguns ficaram. Sobreviveram, cresceram, multiplicaram-se e,

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