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11 DE SETEMBRO DE 2020

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suspeitos sejam efetivamente isolados por 14 dias. Requisitem-se os hotéis que estão vazios e ofereça-se

alojamento a quem tem de ficar isolado!

Precisamos de mais e de melhor informação. O País tem de recuperar a confiança na autoridade de saúde

e isso só se consegue com transparência dos dados e com clareza na mensagem. Temos de reforçar as medidas

de vigilância, de prevenção e de fiscalização em todos os circuitos fechados de alto risco, como são os lares,

incluindo os ilegais. É nossa obrigação moral proteger os mais vulneráveis, os mais idosos, aqueles que tanto

fizeram por nós. São os nossos pais, os nossos tios, os nossos avós que têm de saber que estamos a fazer tudo

ao nosso alcance, por eles e pela sua segurança. Não podem sentir-se abandonados!

Da escola ao desporto, dos restaurantes aos transportes públicos, para todas as áreas de funcionamento do

País, não basta fazerem-se recomendações, é fundamental fiscalizar e apoiar os que não conseguem adaptar-

se. E temos de ser mais eficazes no controlo das entradas no País, nos aeroportos, nos portos marítimos e

também nas fronteiras terrestres, tendo em conta a situação preocupante que enfrentam os nossos irmãos, em

Espanha.

Mais: temos de vacinar urgentemente a população com a vacina contra a gripe e com a vacina contra as

pneumonias. Não é daqui a dois meses, é já a partir da próxima semana. Só assim diminuiremos a sobrecarga

de doentes no Serviço Nacional de Saúde, durante o inverno. Temos de garantir que o SNS tem, de facto, hoje,

mais 400 camas de cuidados intensivos do que no início da pandemia, incluindo os respetivos profissionais

intensivistas que nos foram prometidos pelo Governo, em maio passado.

Mais — e muito importante —: não podem voltar a deixar-se todos os demais doentes, os chamados «doentes

não-COVID», para trás. O aumento da mortalidade não relacionada com a COVID é um sinal muito preocupante

e que não pode ser ignorado. Estes doentes — pessoas com cancros, com enfartes, com AVC (acidente vascular

cerebral), com diabetes — não podem ser remetidos novamente para as eternas listas de espera.

Temos de reforçar a Linha Saúde 24 e separar os hospitais COVID dos hospitais não-COVID, envolvendo

todos os estabelecimentos, aproveitando todo o sistema de saúde, para garantir acesso a cuidados de forma

segura, atempada e equitativa. Temos de resolver urgentemente as dificuldades que as pessoas estão a sentir

por não conseguirem aceder ao seu centro de saúde. Hoje, há portugueses que não conseguem ter acesso ao

seu médico de família e isto tem de ser corrigido já. Temos de resolver os problemas das juntas médicas. Os

doentes não recebem os benefícios sociais a que têm direito porque as juntas, simplesmente, pararam no início

da pandemia. Não preciso de explicar-vos o que são seis meses na vida de alguém que tem um cancro. É um

imperativo moral resolver este assunto.

Por fim, dirijo-me aos portugueses. Está ao nosso alcance manter o País aberto e a economia a funcionar,

para podermos, no fundo, continuar a viver fora de casa. Isso depende destas e de tantas outras medidas

urgentes, mas depende de cada um de nós também. Por isso, apelo a cada um dos portugueses para não

facilitarem: mantenham o distanciamento físico como regra, continuem a lavar as mãos com frequência. E apelo,

particularmente, para utilizarem sempre a máscara, sempre que possível, sempre que estejam com outras

pessoas, mesmo ao ar livre — é apenas isto que se pede a cada de um de vós.

A nossa história passada e recente demonstra que somos um povo capaz de responder aos desafios,

especialmente nos momentos mais difíceis. Mais uma vez assim será e juntos venceremos o medo.

Aplausos do PSD.

O Sr. Presidente: — Para terminar este ponto, tem a palavra o Sr. Deputado João Cotrim de Figueiredo, do

Iniciativa Liberal.

O Sr. João Cotrim de Figueiredo (IL): — Sr. Presidente, Srs. Deputados: Talvez a única vantagem de uma

crise social tão séria como a que estamos a começar a atravessar é a de nos forçar a encarar a realidade.

É, por isso, preciso encarar a realidade de como chegámos até à crise, a realidade de como reagimos à crise

e a realidade de como dela podemos sair.

Primeiro, como chegámos até aqui? Portugal não cresce, ou cresce, em termos médios, menos de 1%, há

pelo menos 20 anos. Meia dúzia de outros países com economias comparáveis à nossa fizeram muito melhor e

ultrapassaram-nos nesse período. A nossa dívida pública acumulou-se, muito por força de investimentos

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