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21 DE JANEIRO DE 2023

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Celeste, a fim de acompanhar a carreira do seu pai “Dondinho”, também ele avançado e conhecido pelos

muitos golos que marcava.

Posteriormente, veio a ser apelidado de Pelé, que teve a sua origem na dificuldade que tinha em

pronunciar o nome de um então guarda-redes e colega do seu pai no Vasco de São Lourenço, de nome Bilé.

Esta dificuldade leva a que todos o comecem a tratar por Pelé em tom de brincadeira.

Pelé estreia-se com 12 anos na escolinha do Bauru Atlético Clube e será aqui que o Treinador Waldemar

de Brito, uma antiga referência da seleção do Brasil no Mundial de 1934, abre as portas ao Santos que, nesse

ano de 1956, disputava a qualificação no campeonato paulista.

Após ingressar no Santos o mundo do futebol mudou para sempre.

A sua forma de jogar, o seu estilo, a “ginga”, o “futebol bonito”, nasceram com ele. A camisola número 10

ganhou um estatuto nunca antes tido, e nasceu o Rei do Futebol, Pelé.

Foram anos marcados por dez títulos paulistas, seis campeonatos brasileiros, quatro torneios Rio-São

Paulo, duas Taças dos Libertadores, outras tantas Intercontinentais e mais um par de troféus internacionais,

mas também anos marcados por 100 golos de Pelé logo em 1958 e cuja lógica dos 100 golos por temporada

apenas abrandou em 1963. A 19 de novembro de 1969, Pelé marca o seu milésimo golo de um total que

subiria até aos 1284.

Pelé marcou em quatro mundiais tendo-se estreado, em 1958, frente à Argentina, encerrando o capítulo da

seleção a 18 de julho de 1971, contando 31 anos e 95 golos em 123 jogos ou 77 golos em 92 partidas oficiais.

Reconhecido consensualmente como um dos melhores de sempre, Pelé marca gerações de adeptos e a

sua partida marca, também, o fim de uma era de crescimento e afirmação da prática futebolística como

modalidade de popularidade mundial indiscutível.

Assim, reunida em sessão plenária, em 20 de janeiro de 2023, a Assembleia da República manifesta o seu

profundo pesar à família e amigos pela morte do Rei Pelé, melhor jogador do século, cuja forma brilhante e

explosiva de jogar marcou para sempre o futebol mundial.»

O Sr. Presidente: — Srs. Deputados, vamos votar a parte deliberativa deste projeto de voto.

Submetida à votação, foi aprovada por unanimidade.

Peço, assim, que guardemos 1 minuto de silêncio.

A Câmara guardou, de pé, 1 minuto de silêncio.

Passamos ao Projeto de Voto n.º 240/XV/1.ª (apresentado pelo PAR e subscrito pelo PS, pelo PSD, pelo

PCP, pelo CH, pela IL, pelo BE, pelo PAN e pelo L) — De saudação pelo centenário de Eugénio de Andrade.

Peço à Sr.ª Secretária da Mesa Lina Lopes o favor de o ler.

A Sr.ª Secretária (Lina Lopes): — Sr. Presidente, Srs. Deputados, o projeto de voto é do seguinte teor:

«Celebra-se este mês de janeiro o aniversário de Eugénio de Andrade, um dos maiores poetas

portugueses.

Filho de camponeses, Eugénio de Andrade nasceu a 19 de janeiro de 1923, numa pequena aldeia do

Fundão, tendo, ainda criança, ido morar para Lisboa, onde despontou o seu interesse pela literatura.

Desde cedo, publicou poesia, tendo colhido, em 1948, o elogio da crítica com a obra As mãos e os Frutos.

Ao longo de mais de duas dezenas de livros de poesia, veio a afirmar-se como um dos maiores poetas

portugueses do século XX. Manteve relações estreitas com poetas coevos, como Sophia de Mello Breyner

Andresen, Jorge de Sena e Natália Correia, com quem partilhou a oposição ao regime do Estado Novo.

Em 1950, mudou-se para o Porto, cidade que adotou e onde viria a morrer, em 2005, com 82 anos.

Eugénio de Andrade mostrou-nos uma poesia cujas raízes mergulham no mundo mais elementar: o mundo

da terra, da água, da luz e do vento, para, como o próprio assumia, “dar corpo a todo o amor de que a minha

[sua] poesia é capaz”. Uma poesia que confere uma importância extrema às palavras, sobre as quais, dizia, no

poema homónimo, serem “(…) como um cristal (…) / Algumas, um punhal, / um incêndio. / Outras, orvalho

apenas». Uma poesia vivida como «uma espécie de música”, como disse Óscar Lopes.

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