O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

I SÉRIE — NÚMERO 105

36

A Sr.ª Catarina Lobo (PS): — Este tem sido o percurso feito com os psicólogos, sabendo que ainda não

chegámos ao destino, mas estamos a fazê-lo, pelos psicólogos e, sempre e acima de tudo, pelos alunos e pelas

alunas.

Aplausos do PS.

O Sr. Pedro dos Santos Frazão (CH): ⎯ Isso é que é negacionismo!

O Sr. Presidente (Adão Silva): — Para uma intervenção em nome do Grupo Parlamentar do Bloco de

Esquerda, tem a palavra a Sr.ª Deputada Isabel Pires.

A Sr.ª Isabel Pires (BE): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Queria agradecer ao PCP pelo

agendamento deste tema, deste debate. De facto, a falta de psicólogos nas escolas, nas universidades, no SNS,

é um problema crónico, em Portugal.

É um problema que tem reflexos que são óbvios na alta prevalência de doença mental, mas não só. Tem

também reflexos nos problemas de aprendizagem, no desenvolvimento socioemocional, na perpetuação e

ampliação de desigualdades sociais e económicas que acontecem dentro da própria escola.

Estas consequências negativas são especialmente expressivas em momentos de crise, como aquele que

vivemos até há pouco tempo por razões sanitárias e o que estamos a viver agora por razões económicas. Fala-

se, obviamente, da pandemia e, agora, da conjuntura de inflação, que está a reduzir brutalmente o poder de

compra e a qualidade de vida de muitas famílias.

A pandemia foi já um episódio disruptivo e todos os estudos indicam que foram os mais jovens quem mais

sofreu psicologicamente, o que significa que o isolamento, a perda de contextos de socialização, os obstáculos

à emancipação ou o impedimento de certos rituais de socialização e transição tiveram impactos.

Neste momento, acresce a incerteza económica, que está a assaltar muitas famílias com impactos óbvios na

saúde e no bem-estar mental dos mais jovens pertencentes a essas mesmas famílias. Por exemplo, os

estudantes do ensino superior não conseguem encontrar quartos a um preço comportável, estão a aumentar os

pedidos para apoios de emergência, os rendimentos baixam e a precarização aumenta e só inocentes ou cínicos

é que podem achar que tudo isto não tem reflexo na saúde mental.

Se em todas as alturas se deve reforçar o número de psicólogos, nomeadamente em contexto escolar e

universitário, esse reforço é especialmente necessário no contexto em que vivemos. Por isso, já no Orçamento

do Estado para 2023, propusemos que o Governo contratasse psicólogos para os quadros das instituições de

ensino superior público, de modo a concretizar o rácio de um psicólogo para 500 alunos.

Contudo, apesar de ser uma reivindicação de federações, associações académicas, associações de

estudantes e de, inclusivamente, ir em linha com o que têm sido os pedidos da Ordem dos Psicólogos, esta

proposta foi chumbada pelo PS e pelo PSD, não reconhecendo, nessa altura do Orçamento, a necessidade de

aumentar o apoio aos estudantes em matéria de saúde mental.

Temos, atualmente, o negacionismo em relação à crise que vivemos e às suas consequências por parte do

Governo, em particular em relação à saúde mental, e isso só pode significar que as propostas que estão neste

momento em discussão, no sentido de aumentar o número de profissionais em contexto escolar e no ensino

superior, são muito importantes.

Basta-nos ouvir o que os próprios alunos dizem. Ainda há pouco tempo, Margarida Constantino, aluna do

11.º ano, escrevia no Público pedindo exatamente a contratação de mais psicólogos, a pretexto do estudo que

saiu e que dava indicação de que um terço dos alunos e metade dos professores apresentam sinais de

sofrimento psicológico. A própria Ordem dos Psicólogos apresentou duas propostas muito importantes de

reforço do número de psicólogos nos agrupamentos escolares, mas também nas instituições de ensino superior.

Portanto, para terminar, Sr. Presidente, há muitas pressões sentidas pelos jovens e pelas jovens — stresse,

ansiedade, depressão. Infelizmente, o Serviço Nacional de Saúde, no que toca à saúde mental, ainda está muito

aquém do necessário e é por isso que, genericamente, acompanhamos as iniciativas que estão hoje em

discussão.

Aplausos doBE.

Páginas Relacionadas
Página 0033:
24 DE MARÇO DE 2023 33 O Sr. Alexandre Poço (PSD): — Já tinha anunciado em o
Pág.Página 33
Página 0034:
I SÉRIE — NÚMERO 105 34 alunos, e também diz que, sempre que não poss
Pág.Página 34