25 DE MAIO DE 2023
5
O Sr. Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Presidente, Sr.ª Deputada, em primeiro lugar, devemos respeitar as
instituições.
A entidade a que compete fiscalizar a atuação dos serviços, que é designada por esta Assembleia da
República, pediu a informação, ouviu os responsáveis e, por unanimidade, concluiu que não havia indícios de
ilegalidade. Os Srs. Deputados da 1.ª Comissão poderão saber informação mais detalhada, que a Sr.ª
Secretária-Geral do SIRP e o Sr. Diretor do SIS lhes terão transmitido.
O que é que eu posso dizer?
É meu entendimento que os serviços agiram corretamente para prevenir um risco para a segurança nacional
e, além disso, não desenvolveram nenhuma atividade policial: ligaram para um número conhecido, de uma
pessoa que atendeu livremente e que, no dia 28 de abril, declarou ao Expresso que tinha entregado, de livre
vontade, o computador, no dia 29 de abril, declarou à TSF que entregou o computador voluntariamente e, ainda
no dia 30 de abril, dizia ao Público que tinha entregado o computador voluntariamente.
O Sr. Pedro dos Santos Frazão (CH): — Não se passa nada!…
O Sr. Primeiro-Ministro: — Acho que o SIS fez bem em recuperar um computador que tinha documentos
classificados.
Aplausos do PS.
O Sr. André Ventura (CH): — E o SIS liga para casa das pessoas a meio da noite? Vocês também recebem
uma chamada do SIS a meio da noite?
O Sr. Presidente: — Tem a palavra a Sr.ª Deputada Catarina Martins.
A Sr.ª Catarina Martins (BE): — Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, o Conselho de Fiscalização não ouviu
o ex-adjunto. O Conselho de Fiscalização não ouviu a chefe de gabinete. O Conselho de Fiscalização não ouviu
e, portanto, não fiscalizou nada! Se me permite, o que disse o Conselho de Fiscalização não serve para
percebermos a atuação do SIS.
Agora, o ex-adjunto, Frederico Pinheiro, quando esteve na comissão parlamentar de inquérito, em que, como
sabe, tem uma obrigação especial de dizer a verdade, que é diferente das declarações à comunicação social,
disse que se sentiu ameaçado. Mas, independentemente do que tenha sentido, há um problema: qualquer um
de nós recebe, à noite, um telefonema do SIS e não se sente coagido? Mas nós achamos que o SIS pode fazer
telefonemas assim a um cidadão, ou que pode ir buscar um computador?
O que está aqui em causa é o Estado de direito, sim, porque o SIS agiu à margem das atribuições da lei.
Todo o problema reside no facto de haver uma suspeita de que o Governo tenha instrumentalizado poderes do
Estado para resolver problemas próprios, até, do Partido Socialista, o que é muito grave no que diz respeito ao
SIS. É por isso que este é um problema de Estado de direito. Defende-se o SIS defendendo o Estado de direito.
Nós lembramo-nos, por exemplo, no período cavaquista, de o SIS ter sido instrumentalizado para infiltrar
partidos de esquerda ou movimentos de contestação ao Governo.
A Sr.ª Berta Nunes (PS): — E o que é que isso tem a ver?
A Sr.ª Catarina Martins (BE): — Nós lembramo-nos de um espião do SIS andar a vender segredos à
Ongoing.
O Sr. Eurico Brilhante Dias (PS): — É verdade, é verdade.