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II Série — Número 8

Sexta — feira, 5 de Novembro de 1982

DIÁRIO

da Assembleia da República

II LEGISLATURA

3.ª SESSÃO LEGISLATIVA (1982-1983)

SUMÁRIO

Decreto n.° 90/II:

Lei da Defesa Nacional e das Forças Armadas.

Ratificação n.° 221/11:

Requerimento do PCP pedindo a sujeição a ratificação do Deereto-Lei n.° 440/82, de 4 de Novembro.

Requerimentos:

N.° 63/11 (3.°) —Do deputado Jaime Cama (PS) ao Pri-meiro-Ministro pedindo informações sobre gastos da Presidência da República.

N.°"64/11 (3.°) — dos deputados Zita Seabra e Anselmo Aníbal (PCP) ao Ministério da Habitação, Obras Públicas e Transportes acerca da reparação do túnel do Rossio.

N." 65/11 (3.°) — Do deputado Magalhães Mota (ASDI) ao Secretário de Estado Adjunto do Primeiro-Ministro para a Comunicação Social acerca das razões de ainda não ter sido exibida a peça galardoada com o Grande Prémio de Teatro da RTP.

N." 66/11 (3.°) — Do mesmo deputado à Câmara Municipal de Lisboa acerca do atraso na reparação do parque infantil existente na Estrada da Luz, junto ao Bairro de São )oão.

N." 67/11 (3.3)— Do mesmo deputado ao Ministério da Cultura e Coordenação Científica acerca da não aquisição, pelo Estado, do retábulo renascentista S. Silvestre, da autoria de João de Ruão.

N.° 68/11 (3.°) — Do mesmo deputado ao Ministério da Habitação, Obras Públicas e Transportes pedindo um exemplar de um estudo no Laboratório Nacional de Engenharia Civil sobre prevenção contra incêndios em edifícios de grande altura destinados a habitações, hotéis e escritórios.

N.° 69/11 (3.') — Do mesmo deputado aos Ministérios da Habitação, Obras Públicas e Transportes e dos Assuntos Sociais acerca da adaptação de edifícios públicos destinados a deficientes.

N.° 70/11 (3.°) — Do mesmo deputado ao Secretário de Estado Adjunto do Primeiro-Ministro para a Comunicação Social acerca dos custos dos emissores da RTP c dos cachets aos colaboradores do programa Bom Dia, Portugal.

N.° 71/11 (3.°) — Do mesmo deputado ao Ministério das Finanças e do Plano pedindo cópia do relatório da Inspecção-Geral de Finanças referente à última inspecção à Comissão Reguladora do Comércio do Bacalhau.

N." 72/11 (3.°) — Do mesmo deputado ao mesmo Ministério pedindo cópia do relatório daquela Inspecção-Geral referente à última inspecção ao Instituto Nacional de Pilotagem dos Portos.

N.° 73/11 (3.°) — Do mesmo deputado ao mesmo Ministério pedindo cópia do relatório daquela Inspecção-Geral referente à última inspecção à Alfândega de Lisboa (regime TIR).

N.° 74/11 (3.") — Do mesmo deputado aos Ministérios da Educação, da \usliça e da Reforma Administrativa

acerca do não aumento, em 1981, às enfermeiras dos Serviços Médico-Sociais Universitários de Lisboa.

N.° 75/H (3.°) — Do mesmo deputado ao Ministério das Finanças e do Plano pedindo cópia do relatório da Inspecção-Geral de Finanças referente à última inspecção à Alfândega do Porto (regime TIR).

N.° 76/11 (3.') — Do mesmo deputado ao mesmo Ministério pedindo cópia do relatório daquela Inspecção--Geral referente à última inspecção ao INATEL.

N." 77/11 (3.*) — Do mesmo deputado ao mesmo Ministério pedindo cópia do relatório daquela Inspecção--Geral referente a última inspecção ao Conservatório Nacional.

N.° 78/11 (3.°)—Do mesmo deputado ao mesmo Minis-té pedindo cópia do relatório daquela Inspecção-Geral referente à última inspecção à Junta Nacional das Frutas.

N.° 79/11 (3.a) — Do mesmo deputado ao Ministério da Cultura e Coordenação Científica acerca do atraso na ciação do Museu de Cerâmica das Caldas da Rainha.

N.° 80/11 (3.*) —Do deputado Jaime Gama (PS) ao Ministério da Educação acerca da contagem de tempo de serviço, para efeitos de aposentação, dos professores do ensino particular que tenham passado ao ensino público.

N.° 81/11 (3.*) —Dos deputados Carlos Brito e Veiga de Oliveira (PCP) ao Primeiro-Ministro acerca do nível das despesas sumptuárias dos governos da AD.

N." 82/11 (3.s) — Do deputado Magalhães Mota (ASDI) ao Secretário de Estado Adjunto do Primeiro-Ministro para a Comunicação Social acerca das circunstâncias que determinaram a reprodução pelo jornal estatizado A Capital de largos extractos da intervenção do Secretário de Estado da Comunicação Social que se seguiu à abertura, pelo deputado Lopes Cardoso, do debate da interpelação promovida pela UEDS, intervenção esta a que não foi feita qualquer referência.

Decreto n.° 90/11

LEI DE DEFESA NACIONAL E DAS FORCAS ARMADAS

A Assembleia da República decreta, nos termos do n.° 1 do artigo 234.° da Lei Constitucional n.° 1/82, de 30 de Setembro, o seguinte:

LEI DE DEFESA NACIONAL E DAS FORÇAS ARMADAS

CAPITULO I Princípios gerais

ARTIGO 1." (Defesa nacional)

A defesa nacional é a actividade desenvolvida pelo Estado e pelos cidadãos no sentido de garantir, no respeito das instituições democráticas, a independen-

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cia nacional, a integridade do território e a liberdade e a segurança das populações contra qualquer agressão ou ameaça externas.

ARTIGO 2.' (Direito de legitima defesa)

1 — O Estado Português preconiza a solução dos problemas e conflitos internacionais pela via da negociação e da arbitragem, considerando seu dever contribuir para a preservação da paz e da segurança internacionais, nos termos da Constituição.

2 — De acordo com as normas de direito internacional, Portugal actua pelos meios legítimos adequados para defesa dos interesses nacionais, dentro ou fora do seu território, da zona económica exclusiva ou dos fundos marinhos contíguos e ainda do espaço aéreo sob responsabilidade nacional.

3 — No exercício do direito de legítima defesa reconhecido na Carta das Nações Unidas, Portugal reserva o recurso à guerra para os casos de agressão militar efectiva ou iminente.

ARTIGO 3.° (Defesa naciond e compromissos internacionais)

A defesa nacional é igualmente exercida no quadro dos compromissos internacionais assumidos pelo País.

CAPÍTULO II Política de defesa nacional

ARTIGO 4." (Política de defesa nacional)

1 — A política de defesa nacional consiste no conjunto coerente de princípios, objectivos, orientações e medidas adoptados para assegurar a defesa nacional, tal como é definida no artigo 1.°

2 — Os princípios fundamentais e os objectivos permanentes da política de defesa nacional decorrem da Constituição e da presente lei, sem prejuízo das competências próprias da Assembleia da República e do Govemo.

3 — As principais orientações e medidas da política de defesa nacional constarão necessariamente do programa do Governo aprovado em Conselho de Ministros e apresentado à Assembleia da República.

ARTIGO 5.»

(Carácter nacional e objectivos permanentes rfa politica de defesa)

O carácter nacional da política de defesa perante qualquer agressão ou ameaça externas decorre dos seguintes objectivos permanentes:

a) Garantir a independência nacional;

b) Assegurar a integridade do território;

c) Salvaguardar a liberdade e a segurança das

populações, bem como a protecção dos seus bens, e do património nacional;

d) Garantir a liberdade de acção dos órgãos de

soberania, o regular funcionamento das instituições democráticas e a possibilidade de

realização das tarefas fundamentais do Estado;

e) Contribuir para o desenvolvimento das capacidades morais e materiais da comunidade nacional, de modo a que possa prevenir ou reagir pelos meios adequados a qualquer agressão ou ameaça externas;

/) Assegurar a manutenção ou o restabelecimento da paz em condições que correspondam aos interesses nacionais.

ARTIGO 6."

(Caracterização e divulgação da politica de defesa nacional)

1 — A política de defesa nacional tem carácter permanente, exercendo-se a todo o tempo e em qualquer lugar.

2 — A política de defesa nacional tem natureza global, abrangendo uma componente militar e componentes não militares.

3 — A política de defesa nacional tem âmbito interministerial, cabendo a todos os órgãos e departamentos do Estado promover as condições indispensáveis à respectiva execução.

4— A necessidade da defesa nacional, os deveres dela decorrentes e as linhas gerais da política de defesa nacional serão objecto de informação pública, constante e actualizada.

ARTIGO 7."

(Definição e execução da política cEa defesa (nacional)

1 — A Assembleia da República aprecia o Programa do Governo e contribui, pelo exercício da sua competência política, legislativa e financeira, para enquadrar a política de defesa nacional e para fiscalizar a sua execução.

2 — A condução da política de defesa nacional compete ao Governo.

3 — Incumbe ao Conselho de Ministros definir as linhas gerais da política governamental em matéria de defesa nacional, bem como as da sua execução.

4 — Nos assuntos respeitantes à política de defesa nacional, os partidos da oposição serão consultados pelo Governo nos termos do estatuto do direito de oposição.

ARTIGO 8."

(Conceito estratégico de «Safesa natácnal)

j — No contexto da política de defesa nacional prosseguida será aprovado pelo Governo o conceito estratégico de defesa nacional.

2 — Para os efeitos do presente diploma, entende-se por conceito estratégico de defesa nacional a definição dos aspectos fundamentais da estratégia global do Estado adoptada para a consecução dos objectivos da política de defesa nacional.

3 — a competência referida no n.° 1 será exercida pelo Conselho de Ministros, mediante proposta conjunta do Prímeiro-Ministro e do Ministro da Defesa Nacional, ouvido o Conselho de Chefes de Estado--Maior e precedendo apreciação do Conselho Superior de Defesa Nacional.

4 — As grandes opções do conceito estratégico de defesa nacional serão objecto de debate na Assembleia

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da República, por iniciativa do Governo ou de um grupo parlamentar, previamente à sua adopção pelos órgãos previstos na presente lei.

CAPÍTULO III

Responsabilidade pela defesa nacional e deveres deJa decorrentes

ARTIGO 9." (Princípios gerais)

1 — A defesa da Pátria é dever fundamental de todos os Portugueses.

2 — A actividade de defesa nacional cabe à comunidade nacional em geral e a cada cidadão em particular, deve ser assegurada pelo Estado e constitui especial responsabilidade dos órgãos de soberania.

3—-Às Forças Armadas incumbe a defesa militar da República.

4— Ê dever individual de cada português a passagem à resistência, activa e passiva, nas áreas do território nacional ocupadas por forças estrangeiras.

5 — Os titulares dos órgãos de soberania que estejam impedidos de funcionar Hvremente têm o dever de agir no sentido de criar condições para recuperar a respectiva liberdade de acção e para orientar a resistência, em ordem ao restabelecimento da independência nacional e da soberania.

ARTIGO 10.» (Serviço rnÜltar obrigatório)

1 — O serviço militar é obrigatório nos termos e pelo período que a lei prescrever.

2 — Os cidadãos que forem considerados inaptos para o serviço militar armado prestarão serviço militar não armado ou serviço cívico adequado à sua situação.

3 — O serviço cívico pode ser estabelecido em substituição ou complemento do serviço militar e tornado obrigatório por lei para os cidadãos não sujeitos a deveres militares.

4 — Nenhum cidadão poderá conservar nem obter emprego do Estado ou de outra entidade pública se deixar de cumprir os seus deveres militares ou de serviço cívico, quando obrigatório.

5 — Nenhum cidadão pode ser prejudicado na sua colocação, nos seus benefícios sociais ou no seu emprego permanente por virtude do cumprimento do serviço militar ou do serviço cívico obrigatório.

ARTIGO 11.° (Objectores de consciência)

1 — Consideram-se objectores de consciência os cidadãos convictos de que, por motivos de ordem religiosa, moral ou filosófica, lhes não é legítimo usar de meios violentos de qualquer natureza contra o seu semelhante, ainda que para fins de defesa nacional, de defesa colectiva ou de defesa pessoal, e a quem tenha sido atribuída essa qualidade nos termos da lei que definir o estatuto do objector de consciência.

2 — Os objectores de consciência prestarão serviço cívico de duração e penosidade equivalentes às do serviço militar armado nos termos da mesma lei.

3 — O objector de consciência sofrerá as inabiít-dades correspondentes à sua repulsa pelo uso de meios violentos conforme a lei estabelecer.

ARTIGO 12." (Convocação)

1 — Os cidadãos sujeitos a obrigações militares são convocados para as Forças Armadas à medida que as necessidades o imponham, de acordo com a lei do serviço militar.

2 — A mesma lei regulará as condições em que os cidadãos sujeitos a convocação podem ser dela dispensados.

ARTIGO 13.° (MoUfização e requisição)

1 — Os recursos humanos e materiais indispensáveis à defesa nacional podem ser utilizados peio Estado, mediante mobilização ou requisição, nos termos do presente diploma e legislação complementar.

2 — A mobilização abrange os indivíduos; a requisição tem por objecto coisas, serviços, empresas ou direitos.

3 — Os ministérios e os serviços e organismos deles dependentes, os institutos públicos e empresas públicas, as regiões autónomas, as autarquias locais e as empresas privadas de interesse colectivo deverão elaborar e manter actualizados, nos termos da lei, os cadastros do seu pessoal, material e infra-estruturas, para efeitos de eventual mobilização ou requisição.

4 — A lei indicará também os cargos púbtícos cujos titulares são dispensados das obrigações decorrentes de mobilização, enquanto no exercício das suas funções.

ARTIGO 14.° (Mobilização)

1 — Para os efeitos do artigo anterior, a mobilização é militar ou civil, consoante os indivíduos por ela abrangidos se destinem a ser colocados na dependência das Forças Armadas ou das autoridades civis.

2 — A mobilização é geral ou parcial, conforme abrange todos os cidadãos a ela sujeitos ou parte deles.

3 — A mobilização pode ser imposta por períodos de tempo, por zonas do território nacional ou por sectores de actividade.

4 — A mobilização é determinada pelo Governo em Conselho de Ministros, sob a forma de decreto-lei, o qual será referendado pelo Primeiro-Ministro e também pelo Ministro da Defesa Nacional, se se tratar de mobilização militar, ou pelos outros ministros competentes, em caso de mobilização civil.

ARTIGO 15." (Requisição)

1 — Podem ser requisitados pelo Governo, mediante justa indemnização, bens móveis e imóveis, sempre que sejam indispensáveis à defesa nacional e não seja possível ou conveniente obtê-los pelas formas normais do mercado.

2 — A requisição pode ter por objecto estabelecimentos industriais, a fim de laborarem para a defesa nacional.

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3 ■■— Podem igualmente ser requisitados serviços de transportes, de comunicações ou quaisquer outros essenciais à defesa nacional, com o respectivo pessoal, material e infra-estruturas.

4 — Pode ser requisitado, pelo tempo necessário à defesa nacional, o exercício exclusivo de direitos de propriedade industrial.

ARTIGO 16.° (Regime geral dia mobWzação e da requisição)

1 — O regime jurídico da mobilização e da requisição previstas nos artigos anteriores será regulado em lei especial.

2— As pessoas mobilizadas ou abrangidas pelas obrigações decorrentes de uma requisição de bens, serviços, empresas ou direitos podem ser sujeitas às disposições do Regulamento de Disciplina Militar e do Código de Justiça Militar, nas condições que forem fixadas no diplona de mobilização ou requisição.

CAPÍTULO IV

Organização, funcionamento e disciplina das Forças Armadas

ARTIGO 17.°

(Defesa nacional a Forças Armadas)

As Forças Armadas asseguram, de acordo com a Constituição e as leis em vigor, a execução da componente militar da defesa nacional.

ARTIGO 18." (Princípio da exclusividade)

1 — A componente militar da defesa nacional é exclusivamente assegurada pelas Forças Armadas, salvo o disposto no artigo 9.°, n.° 4, e no número seguinte.

2 — As forças de segurança colaboram na execução da política de defesa nacional, nos termos da lei.

3 — Não são consentidas associações armadas nem associações de tipo militar, militarizadas ou paramilitares.

ARTIGO 19.« (Obediência aos órgãos de soberania)

As Forças Armadas obedecem aos órgãos de soberania competentes, nos termos da Constituição e da lei.

ARTIGO 20.' (Composição e organização]

1 — As Forças Armadas compõem-se exclusivamente de cidadãos portugueses.

2 — A organização das Forças Armadas baseia-se no serviço militar obrigatório e é única para todo o território nacional.

ARTIGO 21." (Estrutura das Forças Armadas)

1 — A estrutura das Forças Armadas compreende os órgãos militares de comando e os 3 ramos das Forças Armadas — Marinha,- Exército e Força Aérea.

2 — Os órgãos militares de comando das Forças Armadas são o Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas e os Chefes de Estado-Maior dos ramos cujos modos de designação e competência são definidos no presente diploma.

3 — As bases gerais da organização dos ramos das Forças Armadas serão aprovadas por lei da Assembleia da República e desenvolvidas e regulamentadas por decreto-lei e por decreto regulamentar do Governo, respectivamente.

ARTIGO 22." CFunctonamento das Forças Armadas)

! — Será assegurada de forma permanente a preparação do Pais, designadamente das Forças Armadas, para a defesa da Pátria.

2 — O funcionamento das Forças Armadas em tempo de paz deve ter principalmente em vista prepará-las para fazer face a qualquer tipo de agressão ou ameaça externas.

3 — A actuação das Forças Armadas desenvolve-se no respeito pela Constituição e pelas leis em vigor, em execução da política de defesa nacional definida e do conceito estratégico de defesa nacional aprovado, e por forma a corresponder às normas e orientações estabelecidas nos níveis seguintes:

a) Conceito estratégico militar;

b) Missões das Forças Armadas;

c) Sistemas de forças;

d) Dispositivo.

ARTIGO 23." (Conceito estratégico mEíítoJ

De acordo com o conceito estratégico de defesa nacional definido, compete ao Conselho de Chefes de Estado-Maior elaborar o conceito estratégico militar, que será aprovado pelo Ministro da Defesa Nacional e confirmado pelo Conselho Superior de Defesa Nacional.

ARTIGO 24." (Missões das Forças Armadas)

! — A missão genérica das Forças Armadas consiste em assegurar a defesa militar contra qualquer agressão ou ameaça externas.

2 — Dentro da missão genérica referida no número anterior, serão definidas pelo Conselho Superior de Defesa Nacional as missões específicas das Forças Armadas, mediante proposta do Ministro da Defesa Nacional elaborada sobre projecto do Conselho de Chefes de Estado-Maior.

3 — A lei regula os termos em que as Forças Armadas podem desempenhar outras missões de interesse geral a cargo do Estado ou colaborar em tarefas relacionadas com a satisfação das necessidades básicas e a melhoria da qualidade de vida das populações, sem prejuízo da missão genérica referida no n.° 1.

ARTIGO 25." (Sistemas de forças e dfsposJtfwI

1 — A definição dos sistemas de forças necessárias ao cumprimento das missões das Forças Armadas compete ao Conselho Superior de Defesa Nacional,

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mediante proposta do Ministro da Defesa Nacional elaborada sobre projecto do Conselho de Chefes de Estado-Maior.

2 — O dispositivo dos sistemas de forças é aprovado pelo Ministro da Defesa Nacional, sob proposta do Conselho de Chefes de Estado-Maior.

ARTIGO 26.° (Planeamento e gestão)

1 — A previsão das despesas militares a efectuar pelo Estado no reequipamento das Forças Armadas e nas infra-estruturas de defesa deve ser objecto de planeamento a médio prazo, nos termos a definir em Sei especial.

2 — Os planos de investimento público referidos no número anterior serão aprovados pela Assembleia da República mediante leis de programação militar.

3 — A proposta de orçamento anual do Ministério da Defesa Nacional, na parte relativa ao reequipamento das Forças Armadas e às infra-estruturas de defesa, incluirá obrigatoriamente o estabelecido para o ano em causa na lei de programação militar em vigor.

4— A elaboração dos projectos de proposta de lei de programação militar e de orçamento anual das Forças Armadas é da competência do Conselho Superior Militar, de acordo com a orientação do Governo; o projecto de orçamento anual do Ministério da Defesa Nacional, incluindo o das Forças Armadas, será integrado na proposta de Orçamento do Estado, que, nos termos gerais, será aprovada em Conselho de Ministros e enviada à Assembleia da República.

5 — Sem prejuízo da competência da Assembleia da República, o Governo orientará e fiscalizará a execução das leis de programação militar e dos orçamentos anuais das Forças Armadas, bem como a respectiva gestão patrimonial, superintendendo no exercício das competências próprias e delegadas dos Chefes de Estado-Maior em matéria de administração financeira.

ARTIGO 27." (Condição militar)

1 — A definição das bases gerais do estatuto da condição militar, incluindo nomeadamente os direitos e deveres dos militares e os princípios orientadores das respectivas carreiras, compete à Assembleia da República.

2 — A legislação referente aos oficiais, sargentos e praças das Forças Armadas, no quadro definido pelo estatuto da condição militar, será aprovada mediante decreto-lei.

ARTIGO 28." (Promoções)

1 — As promoções até ao posto de coronel ou capitão-de-mar-e-guerra efectuam-se exclusivamente no âmbito da instituição militar, ouvidos os conselhos das armas, serviços, classes ou especialidades, de que farão parte necessariamente elementos eleitos.

2 — As promoções a oficial general e de oficiais generais de qualquer dos ramos das Forças Armadas

efectuam-se, ouvido o Conselho Superior do respectivo ramo, mediante deliberação definitiva do Conselho de Chefes de Estado-Maior, que carecerá, para se tornar executória, de confirmação do Conselho Superior de Defesa Nacional.

3 — Nenhum militar poderá ser prejudicado ou beneficiado na sua carreira em razão da ascendência, sexo, raça, território de origem, religião, convicções políticas ou ideológicas, situação económica ou condição social.

4 — Dos actos definitivos e executórios que decidam da não promoção de um militar a qualquer posto cabe sempre recurso para o tribunal competente, tendo o recorrente direito à consulta do respectivo processo individual.

ARTIGO 29.» (Nomeações)

1 — As nomeações de oficiais para cargos de comando nas Forças Armadas, bem como as correspondentes exonerações, efectuam-se exclusivamente por decisão definitiva e executória do Chefe de Estado--Maior competente, salvo nos casos indicados nos números seguintes.

2 — Compete ao Presidente da República, sob proposta aprovada pelo Conselho Superior de Defesa Nacional, por iniciativa do Chefe do Estado-Maior--General das Forças Armadas, nomear e exonerar os oficiais generais titulares dos cargos ou funções seguintes:

a) Presidente do Supremo Tribunal Militar; 6) Comandantes-chefes;

c) Comandantes ou representantes militares junto da organização de qualquer aliança de que Portugal seja membro, bem como comandantes de brigada ou divisão destinada ao cumprimento de missões naquele quadro.

3 — Dependem de confirmação do Conselho Superior de Defesa Nacional, para se tornarem executórias, as nomeações e exonerações referentes aos cargos seguintes:

a) Vice-Chefes de Estado-Maior dos ramos; 6) Comandantes navais do continente, dos Açores e da Madeira;

c) Comandantes das regiões militares do conti-

nente e das zonas militares dos Açores e da Madeira;

d) Comandante Operacional da Força Aérea e

comandantes aéreos dos Açores e da Madeira;

e) Directores do Instituto Superior Naval de

Guerra, do Instituto de Altos Estudos Militares e do Instituto de Altos Estudos da Força Aérea;

f) Comandantes da Escola Naval, da Academia

Militar e da Academia da Força Aérea.

ARTIGO 30." (Isenção política)

1 — As Forças Armadas estão ao serviço do povo português e são rigorosamente, apartidárias.

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2 — Os elementos das Forças Armadas não podem aproveitar-se da sua arma, do seu posto ou da sua função para qualquer intervenção política.

ARTIGO 31* (Rssirfç&as ao exercício de direitos por militares)

1 — O exercício dos direitos de expressão, reunião, manifestação, associação e petição colectiva e a capacidade eleitoral passiva dos militares e agentes militarizados dos quadros permanentes e contratados em serviço efectivo será objecto das restrições constantes dos números seguintes.

2 — Os cidadãos referidos no n.° 1 não podem fazer declarações públicas de carácter político ou quaisquer outras que ponham em risco a coesão e a disciplina das Forças Armadas ou desrespeitem o dever de isenção política e apartidarismo dos seus elementos.

3 — Os cidadãos referidos no n.° 1 não podem, sem autorização superior, fazer declarações públicas que abordem assuntos respeitantes às Forças Armadas, excepto se se tratar de artigos de natureza exclusivamente técnica inseridos em publicações editadas pelas Forças Armadas e da autoria de militares que desempenhem funções permanentes na respectiva direcção ou redacção.

4 — Os cidadãos referidos no n.° 1 não podem convocar ou participar em qualquer reunião de carácter político, partidário ou sindical, excepto se trajarem civilmente e sem usar da palavra nem fazer parte da mesa ou exercer qualquer outra função.

5 — Os cidadãos referidos no n.° 1 não podem convocar ou participar em qualquer manifestação de carácter político, partidário ou sindical.

6 — Os cidadãos referidos no n.° 1 não podem ser filiados em associações de natureza política, partidária ou sindical, nem participar em quaisquer actividades por elas desenvolvidas, com excepção da filiação era associações profissionais com competência deontológica e no âmbito exclusivo dessa competência.

7 — O disposto nos n.°* 4, 5 e 6 deste artigo não é aplicável à participação em cerimónias oficiais, nem em conferências ou debates promovidos por institutos ou associações sem natureza de partido político.

8 — Os cidadãos referidos no n.° 1 não podem promover ou apresentar petições colectivas dirigidas aos órgãos de soberania ou aos respectivos superiores hierárquicos sobre assuntos de carácter político ou respeitantes às Forças Armadas.

9 — Os cidadãos referidos no n.° 1 são inelegíveis para a Presidência da República, para a Assembleia da República, para as Assembleias Regionais dos Açores e da Madeira, para a Assembleia Legislativa de Macau e para as assembleias e órgãos executivos das autarquias locais e das organizações populares de base territorial.

10 — Não pode ser recusado, em tempo de paz, o pedido de passagem à reserva apresentado com o fim de possibilitar a candidatura a eleições para qualquer dos cargos referidos no número anterior

í I — Aos cidadãos mencionados no n.° 1 não são aplicáveis as normas constitucionais referentes aos direitos dos trabalhadores.

M — Os cidadãos que se encontrem a prestar serviço militar obrigatório ficam sujeitos ao dever de isenção política, partidária e sindical.

ARTIGO 32." (Justiça e discipline)

1 — As exigências específicas do ordenamento aplicável às Forças Armadas em matéria de justiça e de disciplina serão reguladas, respectivamente, no Código de Justiça Militar e no Regulamento de Disciplina Militar.

2 — As bases gerais da disciplina das Forças Armadas serão aprovadas por lei da Assembleia da República.

3 — O Código de Justiça Militar e o Regulamento de Disciplina Militar serão aprovados por lei da Assembleia da República ou, mediante autorização legislativa, por decreto-lei do Governo.

ARTIGO 33." (Provedor de Justiça)

1 — Os cidadãos podem, nos termos gerais, apresentar queixas ao Provedor de Justiça por acções ou omissões dos poderes públicos responsáveis pelas Forças Armadas de que tenha resultado violação dos seus direitos, liberdades e garantias ou prejuízo que os afecte.

2 — Os elementos das Forças Armadas, uma vez esgotadas as vias hierárquicas estabelecidas na lei, têm o direito de apresentar queixas ao Provedor de Justiça por acções ou omissões dos poderes públicos responsáveis pelas Forças Armadas de que resulte violação dos seus direitos, liberdades e garantias ou prejuízo que os afecte, excepto era matéria operacional ou classificada.

3 — Os termos em que o direito referido no número anterior pode ser exercido, bem como a forma de actuação do Provedor de Justiça nesse caso, serão regulados por lei da Assembleia da República.

CAPÍTULO V Ministério da Defesa Nacional

ARTIGO 34." (Atribuições)

0 Ministério da Defesa Nacional é o departamento governativo da administração central ao qual incumbe preparar e executar a política de defesa nacional, no âmbito das competências que lhe são conferidas pelo presente Üiploma, bem como assegurar e fiscalizar a administração das Forças Armadas e dos demais órgãos, serviços e organismos nele integrados.

ARTIGO 35.° (Integração das Forças Armadas no Estado)

1 — As Forças Armadas inserem-se na administração directa do Estado através do Ministério da Defesa Nacional.

2 — Dependem do Ministro da Defesa Nacional:

a) O Chefe do Estado-Maior-General das Forças

Armadas;

b) Os Chefes de Estado-Maior da Armada, do

Exército e da Força Aérea;

c) O director do Instituto de Defesa Nacional;

d) O director nacional de Armamento;

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e) A autoridade nacional de segurança;

/) Os responsáveis dos demais órgãos, serviços e

organismos de carácter militar colocados na

sua dependência.

3 — Fazem também parte do Ministério da Defesa Nacional o Conselho Superior Militar e o Conselho de Chefes de Estado-Maior.

ARTIGO 36." (Estrutura orgânica)

1 — A estrutura orgânica do Ministério da Defesa Nacional será aprovada por decreto-lei.

2 — O Ministério da Defesa Nacional prestará o apoio técnico e administrativo necessário ao Conselho Superior de Defesa Nacional e às funções próprias do Primeiro-Ministro em matéria de defesa nacional e Forças Armadas.

3 — Estão sujeitas à tutela administrativa ou à fiscalização do Ministério da Defesa Nacional a INDEP — Indústrias Nacionais de Defesa, E. P., e as restantes empresas do mesmo sector que a lei ou os estatutos submetam à respectiva jurisdição.

CAPÍTULO VI

Estrutura superior da defesa nacional e das Forças Armadas

ARTIGO 37." (Enunciado)

1 — Os órgãos do Estado directamente responsáveis pela defesa nacional e pelas Forças Armadas são os seguintes:

a) Presidente da República;

b) Assembleia da República;

c) Governo;

d) Conselho Superior de Defesa Nacional;

e) Conselho Superior Militar.

2 — Além dos referidos no número anterior, os órgãos do Estado directamente responsáveis pelas Forças Armadas e pela componente militar da defesa nacional são os seguintes:

a) Conselho de Chefes de Estado-Maior;

b) Chefe do Estado-Maior-General das Forças

Armadas;

c) Chefes de Estado-Maior da Armada, do Exér-

cito e da Força Aérea.

ARTIGO 38." (Presidente da República)

1 — O Presidente da República representa a República Portuguesa, garante a independência nacional, a unidade do Estado e o regular funcionamento das instituições democráticas e é, por inerência, Comandante Supremo das Forças Armadas.

2 — Durante o impedimento temporário do Presidente da República, bem como durante a vagatura do cargo até tomar posse o novo presidente eleito, assumirá as funções o Presidente da Assembleia da República ou, no impedimento deste, o seu substituto.

3 — Quando, em caso de agressão efectiva ou iminente por forças estrangeiras e para salvaguarda do livre exercício da soberania portuguesa em face do inimigo, o Presidente da República tiver de se ausentar da capital ou do País, permanece no pleno exercício das suas funções, devendo, logo que ihe seja possível, regressar à capital ou estabelecer-se de novo em qualquer ponto do território nacional.

4— No âmbito da matéria do presente diploma, o Presidente da República tem as competências fixadas na Constituição e designadamente:

a) Exercer as funções de Comandante Supremo

das Forças Armadas;

b) Presidir ao Conselho Superior de Defesa Na-

cional;

c) Promulgar e mandar publicar as leis, os de-

cretos-leis e os decretos regulamentares, bem como assinar os restantes decretos do Governo;

d) Declarar a guerra, em caso de agressão efec-

tiva ou iminente, e fazer a paz, sob proposta do Governo, ouvido o Conselho de Estado e mediante autorização da Assembleia da República ou, quando esta não estiver reunida nem for possível a sua reunião imediata, da sua comissão permanente;

e) Nomear e exonerar, sob proposta do Governo,

o Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas, o Vice-Chefe do Estado-Maior--General das Forças Armadas, quando exista, e os Chefes de Estado-Maior dos 3 ramos das Forças Armadas, ouvido, nestes 2 últimos casos, o Chefe do Estado--Maior-General das Forças Armadas;

f) Declarar o estado de sítio ou o estado de

emergência, nos casos previstos na Constituição;

g) Ratificar os tratados internacionais, depois de

devidamente aprovados;

h) Declarada a guerra, assumir a sua direcção

superior em conjunto com o Governo, nos termos do artigo 63.°

ARTIGO 39." (Comandante supremo das Forcas Armadas)

As funções de comandante supremo das Forças Armadas, atribuídas constitucionalmente por inerência ao Presidente da República, compreendem os direitos e deveres seguintes:

a) Dever de contribuir, no âmbito das suas competências constitucionais, para assegurar a fidelidade das Forças Armadas à Constituição e às instituições democráticas e de exprimir publicamente, em nome das Forças Armadas, essa fidelidade;

6) Direito de ser informado pelo Governo acerca da situação das Forças Armadas e dos seus elementos;

c) Dever de aconselhar em privado o Governo

acerca da condução da política de defesa nacional;

d) Direito de consultar o Chefe do Estado-Maior-

-General das Forças Armadas e os Chefes de Estado-Maior dos ramos;

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e) Em caso de guerra, direito de assumir a sua direcção superior em conjunto com o Governo e dever de contribuir para a manutenção do espírito de defesa e da prontidão das Forças Armadas para o combate;

/) Direito de conferir, por iniciativa própria, condecorações militares;

g) Direito de ocupar o primeiro lugar na hierarquia das Forças Armadas.

ARTIGO 40.° (Assembleia da República)

! — A Assembleia da República é a assembleia representativa de todos os cidadãos portugueses, cabendo-lhe nessa qualidade legislar e fiscalizar a acção governativa em matéria de defesa nacional e Forças Armadas.

2 — No âmbito da matéria do presente diploma, compete em especial à Assembleia da República:

a) Vigiar pelo cumprimento da Constituição e

das leis e apreciar os actos do Governo e da Administração em matéria de defesa nacional e de organização, funcionamento e disciplina das Forças Armadas;

b) Aprovar os tratados que versem matéria da

sua competência legislativa reservada, os tratados de participação de Portugal em organizações internacionais, os tratados de amizade, de paz, de defesa e de rectificação de fronteiras, os respeitantes a assuntos militares e ainda quaisquer outros que o Governo entenda submeter-lhe;

c) Legislar sobre a organização da defesa nacio-

nal e definição dos deveres dela decorrentes;

d) Legislar sobre as bases gerais da organização,

do funcionamento e da disciplina das Forças Armadas;

e) Legislar sobre restrições ao exercício de di-

reitos por militares e agentes militarizados em serviço efectivo; D Legislar sobre a equiparação de crimes dolosos aos crimes essencialmente militares, para efeitos de alargamento da competência dos tribunais militares;

g) Legislar sobre as bases gerais do estatuto da

condição militar;

h) Legislar sobre organização, funcionamento,

competência e processo dos tribunais militares, bem como sobre o estatuto dos respectivos juízes; 0 Legislar sobre a definição de crimes essencialmente militares, respectivas penas e pressupostos;

/) Legislar sobre o contencioso administrativo--militar;

J) Legislar sobre o regime da mobilização e da requisição;

tri) Legislar sobre servidões militares e outras restrições ao direito de propriedade por motivos de defesa nacional;

ri) Autorizar o Presidente da República a declarar a guerra e a fazer a paz;

o) Definir os limites das águas territoriais, da zona económica exclusiva e dos direitos de Portugal aos fundos marinhos contíguos;

p) Aprovar as leis de programação militar;

q) Aprovar o Orçamento do Estado;

r) Autorizar o Presidente da República a ausentar-se para o estrangeiro;

s) Eleger, por maioria de dois terços dos deputados presentes, desde que superior à maioria absoluta dos deputados em efectividade de funções, 2 Deputados pare membros do Conselho Superior de Defesa Nacional;

t) Exercer as demais competências políticas, legislativas e de fiscalização e ainda as atribuídas às comissões referidas no artigo 181.° da Constituição.

ARTIGO 41." (Governo)

1 — O Governo é o órgão de condução da política de defesa nacional e o órgão superior da administração das Forças Armadas.

2 —O Governo inscreverá no seu programa as principais orientações e medidas a adoptar ou a propor no domínio da defesa nacional e fará reflectir a política aí definida nas propostas de lei de programação militar e do Orçamento do Estado.

3 — O Governo tomará as providências necessárias para assegurar o livre exercício da soberania e o funcionamento dos respectivos órgãos em caso de guerra ou em situações de crise, devendo prever, nomeadamente, a possibilidade de mudança de capital do País para qualquer outro ponto do território nacional.

ARTIGO 42.° (Competência do Governo}

1 — No âmbito da matéria do presente diploma, compete em especial ao Governo:

o) Referendar os actos cc Presidente da República, nos casos previstos na Constituição;

b) Negociar e ajustar convenções internacionais;

c) Aprovar, sob a forma de decreto, acordos

internacionais, bem como os tratados cuja aprovação não seja da competência da Assembleia da República ou que a esta não tenham sido submetidos;

d) Apresentar propostas de lei ou de resolução

à Assembleia da República; é) Propor ao Presidente da República a declaração da guerra ou a feitura da paz;

f) Fazer decretos-leis;

g) Elaborar e fazer executar as leis de progra-

mação militar e o Orçamento do Estado;

h) Fazer os regulamentos necessários à boa exe-

cução das leis em matéria de defesa nacional e Forças Armadas;

0 Dirigir os serviços e a actividade da administração directa do Estado, civil e militar, e superintender na administração indirecta;

j) Determinar a mobilização civil ou militar;

0 Definir as regras e mecanismos próprios do sistema de alerta nacional e determinar a entrada em vigor das medidas correspondentes às suas diferentes fases; m) Propor ao Presidente da República a nomeação e a exoneração do Chefe do Estado-Maior--General das Forças Armadas, do Vice-Chefe

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do Estado-Maior-General das Forças Armadas, quando for caso disso, e dos Chefes de Estado-Maior dos ramos; ri) Definir o conceito estratégico de defesa nacional;

o) Praticar os demais actos que lhe sejam cometidos pela Constituição ou pela lei.

2— Dentro da competência genericamente conferida ao Governo, compete em especial ao Conselho de Ministros:

a) Definir as linhas gerais da política governa-

mental em matéria de defesa nacional, bem como as da sua execução;

b) Deliberar sobre as matérias referidas nas alí-

neas c) a /) e j) a ri) do número anterior;

c) Deliberar sobre outros assuntos da compe-

tência do Governo relativos à defesa nacional ou às Forças Armadas que lhe sejam atribuídos por lei ou apresentados pelo Primeiro-Ministro ou pelo Ministro da Defesa Nacional.

ARTIGO 43.° (Competência do Primeiro-Ministro)

1 — O Primeiro-Ministro é politicamente responsável pela direcção da política de defesa nacional, competindo-lhe, nomeadamente:

a) Coordenar e orientar a acção de todos os mi-

nistros nos assuntos relacionados com a defesa nacional;

b) Participar no Conselho Superior de Defesa

Nacional;

c) Propor ao Conselho de Ministros, conjunta-

mente com o Ministro da Defesa Nacional, a definição do conceito estratégico de defesa nacional;

d) Propor ao Conselho de Ministros, conjunta-

mente com o Ministro da Defesa Nacional, a nomeação e a exoneração do Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas, do Vice-Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas, quando for caso disso, e dos Chefes de Estado-Maior dos ramos;

e) Dirigir a actividade interministerial tendente

à execução da política de defesa nacional;

f) Informar o Presidente da República acerca dos

assuntos respeitantes à condução da política de defesa nacional;

g) Em caso de guerra, assumir a sua direcção

superior em conjunto cora o Presidente da República, nos termos do artigo 63.°

2 — O Primeiro-Ministro pode delegar, no todo ou em parte, a competência referida na alínea é) do n.° 1 no Ministro da Defesa Nacional.

ARTIGO 44.° (Competência do Ministro da Defesa Nacional)

1 — O Ministro da Defesa Nacional é politicamente responsável pela elaboração e-execução da componente militar da política de defesa nacional, pela administração das Forças Armadas e pela preparação dos meios militares e resultados do seu emprego, bem como pela

administração dos órgãos, serviços e organismos dele dependentes.

2 — Compete em especial ao Ministro da Defesa Nacional:

a) Apresentar ao Conselho de Ministros todas as

propostas relativas à matéria da competência deste no domínio da componente militar da política de defesa nacional;

b) Participar no Conselho Superior de Defesa

Nacional e presidir ao Conselho Superior Militar;

c) Estabelecer as relações de carácter geral entre

o Ministério da Defesa Nacional e os demais departamentos oficiais; N

d) Coordenar e orientar as acções relativas à sa-

tisfação de compromissos militares decorrentes de acordos internacionais e, bem assim, as relações com ministérios congéneres e com organismos internacionais de carácter militar, sem prejuízo da competência do Ministro dos Negócios Estrangeiros;

é) Aprovar e fazer publicar os regulamentos e instruções necessárias à boa execução das leis militares que não pertençam à competência própria do Conselho de Ministros ou de outros órgãos;

f) Orientar a elaboração do orçamento do Mi-

nistério da Defesa Nacional, bem como a elaboração das propostas de lei de programação militar, e orientar e fiscalizar a respectiva execução, bem como a gestão patrimonial, sem prejuízo da competência do Ministro das Finanças e do Plano;

g) Elaborar e dirigir a execução da política na-

cional de armamento e de equipamentos de defesa nacional;

h) Dirigir a actividade dos demais órgãos e ser-

viços dele dependentes;

i) Propor ao Conselho de Ministros, em conjunto

com o Primeiro-Ministro, a definição do conceito estratégico de defesa nacional e velar pela respectiva execução;

/) Propor ao Conselho Superior de Defesa Nacional a confirmação do conceito estratégico militar e a definição, com base es projectos do mesmo órgão, das missões das Forças Armadas e dos sistemas de forças necessárias ao seu cumprimento;

0 Aprovar o dispositivo dos sistemas de forças definido pelo conselho de chefes süe estado-maior;

m) Autorizar a realização de manobras e exercícios;

ri) Licenciar obras em áreas sujeitas a servidão militar, ouvido o chefe do estado-maior do ramo competente;

o) Nomear e exonerar os responsáveis pelos cargos e organismos dele directamente dependentes cuja designação não esteja atribuída a outros órgãos do Estado.

3 — Compete ainda ao Ministro da Defesa Nacional controlar a correcta administração dos meios humanos, materiais e financeiros postos à disposição das Forças Armadas e dos órgãos, serviços e organismos dele dependentes, bem como a correcta execução da

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legislação aplicável a umas e outros, podendo para o efeito criar na sua dependência uma inspecção-geral das Forças Armadas.

ARTIGO 45.° í Competen Dia dos outros ministros)

1 — Para além do Ministro da Defesa Nacional, todos os outros ministros são responsáveis politicamente pela execução das componentes não militares da política de defesa nacional, na parte que deles dependa.

2 — No âmbito da matéria do presente diploma, compete em especial a cada ministro:

a) Contribuir, dentro das atribuições do seu mi-

nistério, para a elaboração do conceito estratégico de defesa nacional;

b) Dirigir as actividades do seu ministério que

de algum modo concorram para a execução da política de defesa nacional;

c) Estudar e preparar a adaptação dos seus ser-

viços ao estado de guerra ou a situações de crise;

d) Dirigir a participação dos seus serviços e res-

pectivo pessoal na mobilização e na protecção civil;

e) Responder pela preparação e emprego dos

meios que de si dependam nas tarefas de defesa nacional que lhe venham a ser cometidas.

3 — O disposto neste artigo não prejudica a competência atribuída aos governos regionais pela Constituição ou pela lei.

ARTIGO 46." (Conselho Superior de Defesa Nacional)

1 — O Conselho Superior de Defesa Nacional é o órgão específico de consulta para os assuntos relativos à defesa nacional e à organização, funcionamento e disciplina das Forças Armadas, dispondo além disso da competência administrativa referida no artigo seguinte.

2 — O Conselho Superior de Defesa Nacional é presidido pelo Presidente da República, que goza de voto de qualidade.

3 — O Conselho Superior de Defesa Nacional, enquanto órgão consultivo, tem a seguinte composição:

a) Primeiro-Ministro;

b) Vice-Primeiros-Ministros, se os houver;

c) Ministros responsáveis pelos sectores da de-

fesa nacional, dos negócios estrangeiros, da segurança interna, das finanças, do plano, da indústria e energia e dos transportes e comunicações;

d) 2 deputados à Assembleia da República, por

esta eleitos nos termos da presente lei; é) Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas e Chefes de Estado-Maior dos ramos;

f) Ministros da República e Presidentes dos Go-

vernos Regionais dos Açores e da Madeira.

4 — A composição do Conselho Superior de Defesa Nacional, enquanto órgão administrativo, abrange os membros referidos nas alíneas a), b), c) e e) do número anterior.

5 — O Presidente da República, por sua iniciativa ou a pedido do Primeiro-Ministro, pode convidar quaisquer entidades a participar, sem direito de voto, em determinadas reuniões do Conselho.

6 — O Conselho reúne ordinariamente de 2 em 2 meses e extraordinariamente sempre que para tal for convocado pelo Presidente da República, por sua iniciativa ou a pedido do Primeiro-Ministro.

7 — O Conselho Superior de Defesa Nacional será secretariado por 1 oficial general ou por 1 funcionário público de categoria equivalente ou superior a director--geral, que será nomeado e exonerado pelo Presidente da República, sob proposta do Governo.

ARTIGO 47."

(Competência do Conselho Superior de Defesa Nacional)

1 — No exercício das suas funções consultivas, compete ao Conselho Superior de Defesa Nacional emitir parecer sobre os assuntos seguintes:

a) Política de defesa nacional;

b) Grandes opções do conceito estratégico de

defesa nacional;

c) Legislação relativa à organização da defesa

nacional e definição dos deveres dela decorrentes e bases gerais da organização, funcionamento e disciplina das Forças Armadas e às condições de emprego das Forças Armadas no estado de sítio e no estado de emergência;

d) Aprovação de convenções internacionais de

carácter militar;

e) Organização da protecção civil, da assistência

às populações e da salvaguarda dos bens públicos e particulares, em caso de guerra; /) Leis de programação militar;

g) Infra-estruturas fundamentais de defesa;

h) Declaração da guerra e feitura da paz;

i) Outros assuntos relativos à defesa nacional ou

às Forças Armadas que lhe sejam apresentados pelo Presidente da República ou por qualquer dos seus membros.

2 — No exercício das suas funções administrativas, compete ao Conselho Superior de Defesa Nacional:

a) Pronunciar-se sobre o conceito estratégico de defesa nacional;

6) Confirmar o conceito estratégico militar e definir as missões das Forças Armadas e os sistemas de forças necessárias ao seu cumprimento, sob proposta do Ministro da Defesa Nacional;

c) Definir as medidas a tomar em caso de alerta,

de mobilização e de guerra;

d) Orientar a execução da mobilização, geral ou

parcial;

(?) Confirmar as promoções a oficial general e de oficiais generais, decididas pelo Conselho de Chefes de Estado-Maior;

f) Aprovar as propostas de nomeação e exonera-

ção de oficiais generais para os cargos referidos no artigo 29.°, n.° 2, a submeter ao Presidente da República;

g) Confirmar a nomeação e a exoneração de ofi-

ciais para os cargos referidos no artigo 29.°. n.° 3;

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h) Exercer, em tempo de guerra, as funções previstas no artigo 64.°

3 — Os pareceres do Conselho Superior de Defesa Nacional não são publicados, salvo quando o próprio Conselho excepcionalmente o determinar; os actos praticados pelo Conselho nos termos do n.° 2 deste artigo só são publicados nos casos das alíneas e), f) e g) e revestem a forma de resolução.

ARTIGO 48.' (Conselho Superior MiKtar)

1 — O Conselho Superior Militar é o principal órgão consultivo militar do Ministro da Defesa Nacional.

2 — O Conselho Superior Militar é presidido pelo Ministro da Defesa Nacional e tem a composição seguinte:

a) Chefe do Estado-Maior-General das Forças Ar-

madas;

b) Chefe do Estado-Maior da Armada;

c) Chefe do Estado-Maior do Exército;

d) Chefe do Estado-Maior da Força Aérea.

3 — Participam no Conselho Superior Militar, salvo decisão em contrário do Ministro, os Secretários de Estado que existirem junto do Ministro da Defesa Nacional.

4 — O Ministro da Defesa Nacional, por sua iniciativa ou a pedido de qualquer dos membros do Conselho, pode convidar quaisquer entidades a participar nas reuniões do Conselho em que sejam tratados assuntos da sua especialidade.

5 — O Conselho reúne ordinariamente uma vez por mês e extraordinariamente sempre que para tal for convocado pelo Ministro da Defesa Nacional.

ARTIGO 49.° (Competência do Conselho -Superior Militar)

1 — Compete ao Conselho Superior Militar dar parecer sobre os assuntos seguintes, sempre que para o efeito for solicitado:

a) Matérias da competência do Conselho de Mi-

nistros relacionadas com a defesa nacional ou com as Forças Armadas;

b) Matérias da competência do Conselho Supe-

rior de Defesa Nacional;

c) Matérias da competência do Ministro da De-

fesa Nacional, nomeadamente as referidas no artigo 44.°, n.° 2, alíneas é) a g), i) e j), e n.° 3.

2 — Compete ao Conselho Superior Militar, de acordo com a orientação do Governo, elaborar os projectos de proposta de lei de programação militar e de orçamento anual das Forças Armadas.

3 — Compete ainda ao Conselho Superior Militar pronunciar-se acerca dos assuntos sobre que for ouvido pelo Ministro da Defesa Nacional, era matéria da competência do Governo relacionada com a defesa nacional ou com as Forças Armadas, ou sobre que entender conveniente transmitir ao Ministro a sua posição.

ARTIGO 50° (Conselho de Chefes de Estado-Maior)

1 — O Conselho de Chefes de Estado-Maior é o principal órgão militar de carácter coordenador e tem a competência administrativa conferida pela presente lei.

2 — O Conselho de Chefes de Estado-Maior é presidido pelo Chefe de Estado-Maior-General das Forças Armadas e composto pelos Chefes de Estado-Maior da Armada, do Exército e da Força Aérea.

3 — O Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas pode convidar outras entidades das Forças Armadas a participar, sem direito de voto, nas reuniões do Conselho em que sejam tratados assuntos da sua especialidade.

4 — O Conselho reúne ordinariamente uma vez por semana e extraordinariamente sempre que para tal for convocado pelo Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas, por sua iniciativa ou por proposta de qualquer dos restantes membros.

5 — A execução e a eventual difusão das deliberações do Conselho competem ao Chefe do Estado--Maior-General das Forças Armadas.

ARTIGO 51.°

(Competência do Conselho de Chefes de Estado-Maior)

1 — Compete ao Conselho de Chefes de Estado--Maior deliberar sobre:

a) A elaboração do conceito estratégico militar;

b) Os projectos de definição das missões das For-

ças Armadas, dos sistemas de forças e do dispositivo;

c) Os projectos de proposta de lei de programa-

ção militar e de orçamento anual das Forças Armadas;

d) O planeamento do emprego operacional con-

junto ou combinado dos sistemas de forças;

e) A coordenação das doutrinas de emprego dos

ramos;

/) A promoção a oficial general e de oficiais generais, sujeita a confirmação do Conselho Superior de Defesa Nacional;

g) A definição dos quantitativos de pessoal dos

contingentes anuais a incorporar nos ramos, de acordo com as dotações orçamentais fixadas;

h) O recrutamento;

i) A coordenação entre os ramos em matéria de

remunerações e medidas de carácter social relativas aos militares e suas famílias;

/') A direcção do ensino superior üiterforças;

/) A coordenação de actividades de interesse comum dos ramos e a normalização das actividades similares dos ramos;

m) A aprovação dos planos conjuntos elaborados pelo Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas com base em proposta dos ramos;

n) As informações, documentos, materiais e instalações cujo conhecimento por pessoas não autorizadas envolva risco e que, como tal, devam ser consideradas matérias classificadas e objecto de medidas especiais de salvaguarda e defesa, a definir pelo Governo nos termos da lei;

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o) Outros assuntos que lhe sejam submetidos pelo Governo.

2 — As deliberações previstas nas alíneas b), c) e i) do n.° 1 carecem de aprovação do Ministro da Defesa Nacional.

3 — Compete ao Conselho de Chefes de Estado-Maior dar parecer sobre:

a) A nomeação e a exoneração dos comandantes-

-chefes;

b) Os programas gerais de armamento e equipa-

mento dos ramos das Forças Armadas;

c) A uniformização e a normalização de arma-

mento e equipamento das Forças Armadas;

d) A investigação e o ensino relativos à defesa na-

cional e às Forças Armadas; é) k coordenação das actividades relativas a infra-estruturas comuns;

f) A orientação e coordenação da preparação e

execução da mobilização militar;

g) Os assuntos relacionados com a satisfação de

compromissos militares decorrentes de acordos internacionais e as relações com organismos militares de outros países e internacionais;

h) Os assuntos relativos a pessoal, a instrução, a

logística, a finanças e a outros aspectos das Forças Armadas que o Chefe do Estado--Maior-General ou os Chefes de Estado--Maior dos ramos entendam submeter-lhe;

i) As actividades de colaboração das Forças Ar-

madas em tarefas relacionadas com a satisfação das necessidades básicas e a melhoria da qualidade de vida das populações.

4 — Os Chefes de Estado-Maior apresentarão ao Conselho os assuntos, em matéria da sua competência relacionada com a defesa nacional ou com as Forças Armadas, sobre que entendam conveniente transmitir ao Governo a sua posição.

ARTIGO 32.° (CDs©?© jfo Eesado-Matar-Genaral dco Ftoçao Acrcsaías)

1 — O Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas é o chefe militar de mais elevada autoridade ca hierarquia das Forças Armadas, o presidente do Conselho de Chefes de Estado-Maior e o principal conselheiro militar do Ministro da Defesa Nacional.

2 — O Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas é nomeado e exonerado pelo Presidente da República, sob proposta do Governo.

3 — Em caso de exoneração ou vagatura do cargo, o Conselho de Chefes de Estado-Maior submeterá ao Ministro da Defesa Nacional, através do Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas interino, uma lista de 6 nomes que preencham as condições legais para a nomeação e que o Conselho considere os mais adequados para o desempenho do cargo a prover.

4 — O Primeiro-Ministro e o Ministro da Defesa Nacional apresentarão o nome escolhido ao Conselho de Ministros, em proposta conjunta, ou solicitarão a indicação de novos nomes.

5 — O nome aprovado pelo Conselho de Ministros será proposto pelo Primeiro-Ministro ao Presidente da República.

6 — Se o Presidente da República discordar do nome proposto, poderão o Primeiro-Ministro e o Ministro da Defesa Nacional solicitar ao Conselho de Chefes de Estado-Maior a indicação de mais um nome ou a apresentação de nova lista, seguindo-se depois os mesmos trâmites.

7 — O Chefe do Estado-Maior-General das Foiças Armadas é substituído, em caso de ausência ou impedimento, pelo mais antigo de entre os Chefes de Estado--Maior dos ramos.

ARTIGO 53.»

(Competência do Chefe do Estado-Mator-Generai das Forças Armadas)

! — O Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas superintende, no âmbito da sua competência, na execução das deliberações tomadas em matéria és defesa nacional e Forças Armadas pelo Governo e é responsável perante este pela preparação, disciplina e emprego das Forças Armadas, bem como pela coordenação dos respectivos ramos.

2 — Em tempo de guerra, o Chefe do Estado-Maior--General das Forças Armadas, sob a autoridade do Presidente da República e do Governo, exerce o comando completo das Forças Armadas, através dos Chefes de Estado-Maior dos ramos e dos comandantes--chefes.

3 — Em tempo de paz, o Chefe do Estado-Maior--General das Forças Armadas exerce o comando operacional das Forças Armadas através dos Chefes de Estado-Maior dos ramos e dos comandantes-chefes.

4 — Compete ao Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas:

d) Presidir ao Conselho de Chefes de Estado--Maior;

b) Participar no Conselho Superior de Defesa Na-

cional e no Conselho Superior Militar;

c) Apresentar ao Conselho Superior de Defesa

Nacional as decisões tomadas pelo Conselho de Chefes de Estado-Maior que careçam de confirmação daquele;

d) Dirigir a execução da estratégia de defesa mi-

litar;

e) Planear e dirigir o emprego operacional con-

junto ou combinado dos sistemas de forças e os exercícios conjuntos;

f) Orientar e coordenar os sistemas de comando,

controle e comunicações;

g) Orientar e coordenar, nos aspectos comuns aos

ramos, as actividades relativas a pessoal, instrução, logística e finanças;

h) Exercer o comando das forças de segurança,

por intermédio dos respectivos comandantes--gerais, em caso de guerra ou em situações de crise, quando aquelas sejam colocadas nos termos da lei na sua dependência para efeitos operacionais; 0 Planear, dirigir e controlar as actividades dos organismos colocados na sua dependência directa;

/) Praticar todos os actos respeitantes à nomeação, transferência, promoção, reforma, aposentação, exoneração, demissão ou reintegrcçlo dos servidores do Estado que ihe estejam directamente subordinados.

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5 — Compete ao Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas, ouvido o Conselho de Chefes de Es-tado-Maior:

a) Propor a nomeação e a exoneração dos coman-

dantes-chefes nos termos da presente lei;

b) Aprovar os critérios de ordem geral relativos

ao pessoal das Forças Armadas, bem como à distribuição do contingente de pessoal destinado ao cumprimento do serviço militar;

c) Orientar e coordenar a preparação e a exe-

cução da mobilização militar;

d) Coordenar a elaboração dos projectos orça-

mentais das Forças. Armadas, sob a orientação do Ministro da Defesa Nacional;

e) Coordenar as actividades de interesse comum

das Forças Armadas; /) Coordenar, sob a orientação do Ministro da Defesa Nacional, a participação dos ramos na satisfação dos compromissos militares decorrentes de acordos internacionais e nas relações com organismos militares de outros países e internacionais;

g) Propor o estabelecimento de restrições ao exer-

cício do direito de propriedade, por motivos de defesa nacional ou segurança militar;

h) Orientar e coordenar as actividades de cola-

boração das Forças Armadas em tarefas relacionadas com a satisfação das necessidades básicas e a melhoria da qualidade de vida das populações.

6 — O Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas é apoiado, no exercício da sua competência, por um estado-maior coordenador, denominado Estado-Maior-General das Forças Armadas.

ARTIGO 54.°

tVJce-Chefe do Estado-Maior-General das Forcas Armadas)

1 — O Vice-Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas, quando exista, é o colaborador imediato do Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas em tudo quanto respeite à direcção dos serviços do Estado-Maior-General das Forças Armadas.

2 — O Vice-Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas é nomeado e exonerado pelo Presidente da República, sob proposta do Governo.

3 — Em caso de exoneração ou vagatura do cargo e se for considerado necessário o seu preenchimento, o Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas submeterá ao Ministro da Defesa Nacional a proposta de um nome que preencha as condições legais para a nomeação e que ele considere o mais adequado para o desempenho do cargo a prover.

4 — O Primeiro-Ministro e o Ministro da Defesa Nacional apresentarão o nome indicado ao Conselho de Ministros, em proposta conjunta, ou solicitarão a indicação de novo nome.

5 — O nome aprovado pelo Conselho de Ministros será proposto pelo Primeiro-Ministro ao Presidente da República.

6 — Se o Presidente da República discordar do nome proposto poderão o Primeiro-Ministro e o Ministro da Defesa Nacional solicitar ao Chefe do Estado--Maior-General das Forças Armadas nova indicação, seguindo-se depois os mesmos trâmites.

ARTIGO 55°

(Competência do VIcs-Chere do E^dc-Mdof-ÍBsrcsrai! das Forças Armadcs)

Compete ao Vice-Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas:

a) Coadjuvar o Chefe do Estado-Maior-General

das Forças Armadas no desempenho das suas funções;

b) Exercer os poderes que lhe forem delegados

pelo Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas.

ARTIGO 56." (Chefes de EstadoMa3or dos ramos)

1 — Os Chefes de Estado-Maior da Armada, do Exército e da Força Aérea são os chefes militares de mais elevada autoridade na hierarquia dos seus ramos e os principais colaboradores do Ministro de Defesa Nacional e do Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas em todos os assuntos respeitantes ao respectivo ramo.

2 — Os Chefes de Estado-Maior dos ramos são nomeados e exonerados pelo Presidente da República, sob proposta do Governo.

3 — Em caso de exoneração ou vagatura do cargo, o conselho superior do ramo submeterá ao Conselho de Chefes de Estado-Maior, através do Chefe de Estado-Maior interino, uma lista de 3 nomes que preen-cham as condições legais para a nomeação e que o Conselho considere os mais adequados para o desempenho do cargo a prover.

4 — O Conselho de Chefes de Estado-Maior aprovará a lista apresentada ou solicitará a indicação de novos nomes e submeterá ao Ministro da Defesa Nacional, através do Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas, os 3 nomes que considere mais adequados.

5 — O Primeiro-Ministro e o Ministro da Defesa Nacional apresentarão o nome escolhido ao Conselho de Ministros, em proposta conjunta, ou solicitarão a indicação de novos nomes.

6 — O nome aprovado pelo Conselho de Ministros será proposto pelo Primeiro-Ministro ao Presidente da República.

7— Se o Presidente da República discordar do nome proposto, poderão o Primeiro-Ministro e o Ministro da Defesa Nacional propor um dos outros dois nomes ou solicitar, através do Chefe do Estado-Maior--General das Forças Armadas, a indicação de mais um nome ou a apresentação de nova lista, seguindo-se depois os mesmos trâmites.

ARTIGO 57.°

(Competência dos Chefes de Estado-Maior dos rances)

1 — Os Chefes de Estado-Maior dos ramos respondem perante o Ministro da Defesa Nacional e perante o Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas pela preparação, disciplina e emprego dos meios do respectivo ramo.

2 — Compete ao Chefe de Estado-Maior de cada ramo:

a) Dirigir, coordenar e administrar o respectivo ramo;

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b) Elaborar, sob a orientação do Ministro da

Defesa Nacional, através do Chefe do Es-tado-Maior-General das Forças Armadas, os projectos de proposta de lei de programação militar e de orçamento anual do respectivo ramo e dirigir a correspondente execução;

c) Definir a doutrina de emprego e a organiza-

ção, apetrechamento e instrução do seu ramo;

d) Elaborar os programas gerais de armamento

e equipamento do respectivo ramo e submetê-los ao Conselho de Chefes de Estado--Maior;

e) Elaborar as bases gerais da administração do

pessoal do ramo e submetê-las ao Conselho de Chefes de Estado-Maior;

f) Decidir e assinar as promoções dos oficiais do

respectivo ramo até coronel ou capitão-de--mar-e-guerra, nos termos da presente lei e demais legislação aplicável;

g) Propor ao Conselho de Chefes de Estado-

-Maior, nos termos da lei, a promoção a oficial general e de oficiais generais do seu ramo;

h) Nomear e exonerar os oficiais em funções de

comando no âmbito do respectivo ramo, sem prejuízo do disposto no artigo 29.°; 0 Apresentar ao Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas as necessidades do respectivo ramo em pessoal dos contingentes anuais;

f) Propor ao Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas os planos e normas das operações de recrutamento, bem como da mobilização militar;

0 Adoptar medidas de carácter social relativas a remunerações dos militares, coordenando--as com as adoptadas pelos outros ramos, através do Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas;

m) Apresentar ao Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas as necessidades do respectivo ramo no respeitante ao apoio dos serviços conjuntos;

ri) Administrar a justiça e a disciplina no respectivo ramo, nos termos da lei;

o) Definir as necessidades do respectivo ramo em infra-estruturas militares;

p) Pronunciar-se sobre propostas de constituição de servidões militares.

3'—O Chefe do Estado-Maior de cada ramo é apoiado, no exercício das suas competências, por um estado-maior.

ARTIGO 58."

(Conselhos superiores dos ramos e órgãos semelhantes)

1 — Em cada um dos ramos das Forças Armadas existe um conselho superior do ramo, presidido pelo respectivo Chefe de Estado-Maior.

2 — Haverá ainda conselhos de classes na Armada, conselhos de armas e de serviços no Exército e conselhos de especialidades na Força Aérea.

3 — Os conselhos referidos no número anterior integrarão sempre membros eleitos, os quais nunca serão em número inferior a 50 %; a sua composição, competência e modo de funcionamento serão definidos em lei especial.

ARTIGO 59." (Regras comuns quanto aos Chefes de Estado-Maior)

1 — O Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas, os Chefes de Estado-Maior da Armada, do Exército e da Força Aérea e, quanto exista, o Vice--Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas são nomeados por um período de 3 anos, prorrogável por 2 anos, sem prejuízo da faculdade de exoneração a todo o tempo e da exoneração por limite de idade.

2 — O Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas, o Vice-Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas e os Chefes de Estado-Maior dos ramos dispõem do poder de praticar actos administrativos definitivos e executórios com eficácia externa e de celebrar contratos em nome do Estado, nos lermos da presente lei e do que vier a ser definido sobre a matéria pelo Governo, mediante decreto-lei.

3 — Os actos dos Chefes de Estado-Maior revestem a forma de portaria ou de despacho, conforme os casos.

4 — Dos actos definitivos e executórios praticados pelos Chefes de Estado-Maior cabe recurso contencioso directo para o Supremo Tribunal Administrativo, salvo quanto aos actos praticados em matéria disciplinar ou noutra que, nos termos da lei, sejam da competência do Supremo Tribunal Militar.

CAPITULO VII

Estado de guewa

ARTIGO 60.° (Estado de guerra)

O estado de guerra decorre desde a declaração da guerra até à feitura da paz, nos termos constitucionais, pelo Presidente da República.

ARTIGO 61.° (Organização do País em tempo cs guerra)

A organização do País em tempo de guerra deve assentar nos princípios seguintes:

cr) Empenhamento total na prossecução das finalidades da guerra;

b) Ajustamento da economia nacional ao esforço

de guerra;

c) Mobilização e requisição dos recursos ne-

cessários à defesa nacional, considerando quer as Forças Armadas e as forças de segurança, quer a sua articulação com uma estrutura de resistência, activa e passiva;

d) Urgência na satisfação das necessidades de-

correntes da prioridade da componente militar.

ARTIGO 62.° (Medidas a adoptar em estado de guerra)

Em estado de guerra serão adoptadas pelos órgãos competentes, de acordo com a Constituição e com as leis em vigor, todas as medidas de natureza politica, legislativa e financeira que forem adequadas à condução da guerra e ao restabelecimento da paz.

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ARTIGO 63." (Competência para a condução da guerra)

1 — A direcção superior da guerra cabe ao Presidente da República e ao Governo, dentro das competências constitucionais e legais de cada um.

2 — A condução militar da guerra incumbe ao Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas, assistido pelos Chefes de Estado-Maior dos ramos, e aos comandantes-chefes, de harmonia com as opções tomadas e com as directivas aprovadas pelos órgãos de soberania competentes.

ARTIGO 64."

(Conselho Superior de Defesa Nacional durante o estado de guerra)

1 — Declarada a guerra, o Conselho Superior de Defesa Nacional passa a funcionar em sessão permanente, para o efeito de assistir o Presidente da República, o Primeiro-Ministro e o Ministro da Defesa Nacional em tudo o que respeite à direcção superior da guerra.

2 — Em estado de guerra, compete ao Conselho Superior de Defesa Nacional:

a) Definir e activar os teatros e zonas de opera-

ções;

b) Propor ao Presidente da República a nomea-

ção e a exoneração dos comandantes-chefes, por iniciativa do Chefe do Estado-Maior--General das Forças Armadas;

c) Aprovar as cartas de comando destinadas aos

comandantes-chefes;

d) Aprovar a orientação geral das operações mi-

litares;

e) Aprovar os planos de guerra;

/) Estudar e adoptar ou propor as medidas adequadas à satisfação das necessidades das Forças Armadas e da vida colectiva.

3 — O Ministro da Defesa Nacional manterá o Conselho Superior de Defesa Nacional permanentemente informado sobre a situação de todos os meios afectos à defesa nacional.

4 — As cartas de comando são assinadas pelo Presidente da República, pelo Primeiro-Ministro, pelo Ministro da Defesa Nacional e pelo Chefe do Estado--Maior-General das Forças Armadas e delas constará necessariamente a indicação clara e precisa dos elementos seguintes:

a) Missão;

b) Dependência e grau de autoridade;

c) Area onde a autoridade se exerce e entidades

por ela abrangidas;

d) Meios atribuídos;

e) Outros aspectos relevantes.

5 — Em estado de guerra e com vista à execução de operações militares, pode o Conselho de Ministres delegar em autoridades militares competências e meios normalmente atribuídos aos departamentos ministeriais, mediante proposta do Conselho Superior de Defesa Nacional.

ARTIGO 65." (Forças Armadas)

1 — Em estado de guerra, as Forças Armadas têm uma função predominante na defesa nacional e o País empenha todos os recursos necessários no apoio às acções militares e sua execução.

2 — Declarada a guerra, o Chefe do Estado-Maior--General das Forças Armadas assume o comando completo das Forças Armadas, é responsável perante o Presidente da República e o Governo pela preparação e condução das operações e tem como comandantes-adjuntos os Chefes de Estado-Maior dos ramos.

3 — Os Chefes de Estado-Maior dos ramos respondem perante o Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas pela execução das directivas superiores e garantem a actuação das respectivas forças.

4 — O Conselho de Chefes de Estado-Maior assiste, em permanência, o Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas na condução das operações militares e na elaboração das propostas de nomeação dos comandantes dos teatros e zonas de operações.

5 — Compete ao Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas apresentar ao Ministro da Defesa Nacional, para decisão do Conselho Superior de Defesa Nacional, os projectos de definição dos teatros e zonas de operações, bem como as propostas de nomeação ou exoneração dos respectivos comandantes e das suas cartas de comando.

ARTIGO 66." (Prejuízos e indemnizações)

1 — O Estado não se obriga a pagar indemnizações por prejuízos resultantes, directa ou indirectamente, de acções de guerra.

2 — Os prejuízos resultantes da guerra são da responsabilidade do agressor e, em consequência, será reivindicada a respectiva indemnização no tratado de paz ou na convenção de armistício.

CAPÍTULO VIII Disposições finais e transitórias

ARTIGO 67." (Informações mfWtares)

1 — Os serviços de informações das Forças Armadas ocupar-se-ão exclusivamente de informações militares, no âmbito das missões que lhes são atribuídas pela Constituição e pela presente lei.

2 — A coordenação dos serviços de informações militares existentes no âmbito das Forças Armadas compete ao Conselho de Chefes de Estado-Maior.

3 — A fiscalização normal dos serviços de infor; mações militares compete ao Chefe do Estado-Maior--General das Forças Armadas e aos chefes do estado--maior dos ramos, sem prejuízo das competências do Ministro da Defesa Nacional e dos regimes de fiscalização genérica que a lei estabelecer.

4 — As modalidades de coordenação entre os serviços de informações militares e os demais serviços de informações existentes ou a criar, nomeadamente nas restantes áreas da defesa nacional, serão reguladas por decreto-lei.

ARTIGO 68*

(Emprego das Forças Armadas no estado de sitio e no estado de emergência)

As leis que regulam os regimes do estado de sítio e do estado de emergência fixam as condições do emprego das Forças Armadas quando se verifiquem aquelas situações.

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ARTIGO 69."

(Guerda NsoCcnsI JtepttbEcana, Guarda Fiscal a Poííota de Segurança PúbHca)

1 — O disposto nos artigos 31.°, 32.° e 33.° do presente diploma é aplicável aos militares e agentes militarizados dos quadros permanentes e dos contratados em serviço efectivo na Guarda Nacional Republicana e na Guarda Fiscal.

2 — O disposto nos artigos 31.°, 32.° e 33.° do presente diploma é transitoriamente aplicável à Polícia de Segurança Pública, até à publicação de nova legislação, devendo o Governo apresentar à Assembleia da República a correspondente proposta de lei no prazo de 6 meses.

3 — As referências constantes da legislação em vigor à dependência da Guarda Nacional Republicana e da Guarda Fiscal em relação ao Ministro do Exército para efeitos de armamento e equipamento, bem como em caso de guerra ou em estado de sítio ou de emergência, entendem-se feitas ao Ministro da Defesa Nacional.

4 — O tipo e as características do armamento usado pela Polícia de Segurança Pública serão definidos em conjunto pelos Ministros da Defesa Nacional e da Administração Interna.

ARTIGO 70.' (Serviço Nacional de Protecção Civil)

1 — O Serviço Nacional de Protecção Civil dependa do Primeiro-Ministro.

2 — O Primeiro-Ministro pode delegar as competências decorrentes do disposto no n.° 1 no Ministro da Administração Interna, em tempo de paz, e no Ministro da Defesa Nacional, em tempo de guerra.

3 — Nas regiões autónomas dos Açores e da Madeira, os Serviços Regionais de Protecção Civil dependem dos respectivos órgãos de governo próprio, sem prejuízo da necessária articulação de meios em todo o território nacional.

ARTIGO 71.° (Actúate Chefes de Estado-Maior)

1 — No prazo de 5 dias, a contar da entrada em vigor da presente lei, o Governo proporá ao Presidente da República a recondução ou a exoneração dos actuais Chefes de Estado-Maior.

2 — Em caso de recondução, os actuais Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas e Chefes de Estado-Maior dos ramos iniciam o período de 3 anos referido no artigo 59.°, n.° 1, independentemente do tempo que já tenham servido no respectivo cargo.

ARTIGO 72." (Ouvidas de apBcação)

1 — As dúvidas que surgirem na aplicação desta lei serão esclarecidas por despacho do Ministro da Defesa Nacional ou, no caso de envolverem matéria das atribuições de outros ministérios, por despacho conjunto do Ministro da Defesa Nacional e do Ministro ou Ministros competentes.

2 — Os despachos referidos no número anterior têm apenas eficácia interna.

3 — Se as dúvidas surgidas incidirem sobre questões pertinentes à organização, ao funcionamento ou à dis-

ciplina das Forças Armadas, será sempre previamente ouvido o Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas ou o Conselho Superior Militar, conforme for o caso.

ARTIGO 73.° (Actualização de legislação)

1 — No prazo de 1 ano a contar da entrada em vigor da presente lei, serão aprovados ou revistos, por lei daé Assembleia da República ou por decreto-lei do Governo, conforme for o caso, os diplomas seguintes ou que versem as matérias abaixo indicadas:

a) Código de Justiça Militar e Regulamento de

Disciplina Militar;

b) Lei do Serviço Militar, Estatuto do Objector

de Consciência e Lei do Serviço Cívico;

c) Regulamento de Continências e Honras Mili-

tares;

d) Estatuto da condição militar e demais legisla-

ção referente a oficiais, sargentos e praças;

e) Regime das leis de programação militar;

f) Direcção Nacional de Armamento;

g) Regime da mobilização e da requisição.

2 — Serão igualmente aprovados ou revistos, dentro de 18 meses a contar da entrada em vigor desta lei, diplomas referentes às matérias seguintes:

a) Competência e organização dos tribunais mili-

tares;

b) Regime jurídico do recurso ao Provedor de

Justiça em matéria de defesa nacional e Forças Armadas;

c) Instituto de Defesa Nacional;

d) Autoridade Nacional de Segurança;

é) Estabelecimentos fabris das Forças Armadas e respectivo pessoal civil;

f) Estatuto do pessoal civil das Forças Armados;

g) Domínio público marítimo, serviço geral de

capitanias e uso do espaço aéreo, tendo em atenção as necessidades da defesa nacional.

ARTIGO 74.» (Revogação)

1 — Ficam revogados todos os preceitos legais contrários ao disposto neste diploma, nomeadamente os seguintes:

a) Lei n.° 2051, de 15 de Janeiro de 1952;

b) Lei n.° 2084, de 16 de Agosto de 1956;

c) Lei n.° 3/74, de 14 de Maio (artigos U9.°

a 22.8);

d) Decreto-Lei n.° 400/74, de 29 de Agosto;

e) Lei n.° 17/75, de 26 de Dezembro;

f) Decreto-Lei n.° 20/82, de 28 de Janeto,

2 — Mantêm-se transitoriamente em vigor os preceitos do Decreto-Lei n.° 20/82, de 28 de Janeiro, re!a-tivos à organização e funcionamento dos serviços do Estado-Maior-General das Forças Armadas.

3 — Ficam revogados os diplomas legais relativos à competência dos Chefes de Estado-Maior para autorização de despesas, aplicando-se ao Ministério da Defesa Nacional o disposto sobre a matéria no Becreto--Lei n.° 211/79, de 12 de Julho.

Aprovado em 29 de Outubro de 1982.

O Presidente da Assembleia da República, Francisco Manuel Lopes Vieira de Oliveira Dias.

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Ratificação n.° 221/11 — Decreto-Lei n.° 440/82, de 4 de Novembro

Ex.mo Sr. Presidente da Assembleia da República:

Considerando que o Decreto-Lei n.° 440/82, de 4 de Novembro, que aprova o Regulamento Disciplinar da Polícia de Segurança Pública, é inconstitucioanl organicamente, visto o Governo não ter competência própria para legislar sobre esta matéria e não ter para o efeito solicitado autorização legislativa à Assembleia da República;

Considerando que o diploma enferma de uma inconstitucional orientação militarizadora das forças policiais;

Considerando que contém restrições inconstitucionais dos direitos dos seus membros, e em particular visa condicionar ou mesmo proibir o exercício do direito de associativismo profissional, isto no preciso momento em que a Assembleia da República se encontra em condições de legislar no sentido do seu reconhecimento através da discussão e aprovação do projecto de lei do PCP n.° 339/11 (sobre a garantia dos direitos fundamentais dos cidadãos que prestam serviço nas forças policiais):

Os deputados abaixo assinados do Grupo Parlamentar do PCP, ao abrigo do artigo 172.°, n.° 1, da Constituição, requerem a sujeição a ratificação do Decreto--Lei n.° 440/82, de 4 de Novembro, publicado no Diário da República, l.a série, n.° 255, que aprova o Regulamento Disciplinar da Polícia de Segurança Pública.

Assembleia da República, 4 de Novembro de 1982. — Os Deputados do PCP: Carlos Brito — Veiga de Oliveira — Lino Lima — Jerónimo de Sousa — Dias Lourenço — Manuel Matos — Jorge Lemos — Álvaro Brasileiro — José Manuel Mendes — Gaspar Martins— Custódio Gingão.

Requerimento n." 63/11 (3.')

Ex.mo Sr. Presidente da Assembleia da República:

Tsndo em vista habilitar a Assembleia da República com um importante elemento referente às contas públicas, requeiro ao Primeiro-Ministro qne me sejam fornecidos os seguintes elementos:

1) Gastos anuais da Presidência da República du-

rante os 2 mandatos do actual Presidente da República;

2) Enumeração das viagens oficiais ao estrangeiro

realizadas pelo actual Presidente da República desde a tomada de posse em 1976 e, em relação a cada uma delas, número de elementos da comitiva e convidados, bem como custo respectivo;

3) Discriminação dos assessores permanentes do

Presidente da República, respectivas remunerações fixas e acessórias e despesas de representação;

4) Discriminação das entidades e personalidades

com funções de consultadoria técnica e jurídica junto do Presidente da República e custo dos respectivos pareceres ou estudos;

5) Número de viaturas da Presidência da Repú-

blica e sua distribuição;

6) Orçamento, contas e discriminação de actividades do Instituto Damião de Góis, bem como dos vencimentos e outras remunerações dos elementos que ali exercem funções.

Assembleia da República, 4 de Novembro de 1982. — O Deputado do Partido Socialista, Jaime Gama.

Requerimento n." 64/11 (3.*)

Ex.mo Sr. Presidente da Assembleia da República:

Ê do conhecimento público que o túnel do Rossio tem vindo a ser vigiado na zona mais degradada, onde inclusive, já se detectou uma fenda longitudinal na abóbada. O risco de colapso obriga à reparação urgente do túnel, por forma a evitar um eventual grave acidente.

Face a esta situação, e ao abrigo das disposições constitucionais e regimentais aplicáveis, os deputados abaixo assinados do Grupo Parlamentar do PCP requerem ao Governo, através do Ministério da Habitação, Obras Públicas e Transportes, as seguintes informações:

1) É ou não verdade que se têm registado deslo-

cações nas paredes laterais do túnel na zona vigiada?

2) É ou não verdade que recentemente foi detec-

tada na abóboda do túnel uma fenda longitudinal com cerca de 8 m de comprimento? 5) Garante a CP que as circulações no túnel se estão a realizar com todas as condições de segurança?

4) Quando prevê a CP iniciar e concluir as obras necessárias ao reordenamento do tráfego da linha de Sintra que permitam iniciar a reparação do túnel do Rossio?

Assembleia da República, 4 de Novembro de 1982. —Os Deputados do PCP: Zita Seabra —Anselmo Aníbal.

Requerimento n.° 65/il (3.')

Ex.m0 Sr. Presidente da Assembleia da República:

Nos termos constitucionais e regimentais, requeiro ao Governo, pelo Secretário de Estado Adjunto do Primeiro-Ministro para a Comunicação Social, me informe das razões que explicam ou justificam que a peça de Fernando Dacosta Um Jeep em Segunda Mão, Grande Prémio de Teatro da RTP, não tenha ainda sido exibida.

Assembleia da República, 4 de Novembro de 1982. — O Deputado do Partido da Acção Social Democrata Independente, Magalhães Mota.

Requerimento n.° 68/íl (3.°)

Ex.mo Sr. Presidente da Assembleia da República:

De há meses a esta parte que na Estrada da Luz, em Lisboa, junto ao Bairro de São João, o parque in-

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fantil aí existente se encontra danificado, por motivo da queda de uma ramada de árvore no passado Inverno.

Nos termos constitucionais e regimentais, requeiro à Câmara Municipal de Lisboa me informe:

a) Quando se projecta a reparação?

b) Que razões explicam ou justificam o atraso

dessa reparação?

Assembleia da República, 4 de Novembro de 1982. — O Deputado do Partido da Acção Social Democrata Independente, Magalhães Mota.

ser ou não adequada à realidade portuguesa, é manifestamente desequilibrada em relação às adaptações de edifícios e equipamentos públicos, onde nada, ou quase nada, foi feito.

Assim, nos termos constitucionais e regimentais, requeiro ao Governo, pelos Ministérios da Habitação, Obras Públicas e Transportes e dos Assuntos Sociais, me informe das medidas que tenciona adoptar relativamente à adaptação de edifícios públicos.

Assembleia da República, 4 de Novembro de 1982. — O Deputado do Partido da Acção Social Democrata independente, Magalhães Mota.

Requerimento n.* 67/11 (3.1)

Ex.mo Sr. Presidente da Assembleia da República:

No próximo dia 5 de Novembro vai a leilão, no Porto, o retábulo S. Silvestre, de 1544 e da autoria de João de Ruão, notável artista da renascença coimbrã.

Apesar dos esforços do seu actual proprietário, Sr. Acácio Luz, o Ministério da Cultura e Coordenação Científica não adquiriu o retábulo, que corre o risco de sair do País, conforme requerimento oportunamente apresentado pelos deputados Vital Moreira e José Manuel Mendes.

Nos termos constitucionais e regimentais, requeiro ao Governo, pelo Ministério da Cultura e Coordenação Científica, me informe das razões que explicam ou justificam o seu, pelo menos aparente, desinteresse pelo assunto.

Assembleia da República, 4 de Novembro de 1982. — O Deputado do Partido da Acção Social Democrata Independente, Magalhães Mota.

Requerimento n.° 70/11 (3.')

Ex.mo Sr. Presidente da Assembleia da República:

Nos termos constitucionais e regimentais aplicáveis, requeiro ao Governo, pelo Secretário de Estado Adjunto do Primeiro-Ministro para a Comunicação Social, me informe:

a) Do custo por hora da utilização dos emissores

da RTP;

b) Da estimativa orçamental feita pela adminis-

tração da RTP relativamente ao custo por mês dos vários cacheis a pagar aos colaboradores de Bom Dia, Portugal (500 000$ por dia?).

Assembleia da República, 4 de Novembro de 1982. — O Deputado do Partido da Acção Social-De-mocrata Independente, Magalhães Mota.

Requerimento n.° 68/11 (3,°)

Ex.mo Sr. Presidente da Assembleia da República:

Nos termos constitucionais e regimentais aplicáveis, requeiro que, pelo Ministério da Habitação, Obras Públicas e Transportes, me seja fornecido um exemplar do estudo elaborado em Janeiro de 1975 pelo Laboratório Nacional de Engenharia Civil intitulado «Projecto de segurança contra os riscos de incêndio e pânico em edifícios de grande altura destinados a habitações, hotéis e escritórios» e os trabalhos complementares a que tenha dado lugar, nomeadamente o parecer do Conselho Superior de Obras Públicas e o parecer de uma subcomissão que relacionou as falhas regulamentares existentes na matéria.

Assembleia da República, 4 de Novembro de 1982. — O Deputado do Partido da Acção Social Democrata Independente, Magalhães Mota.

Requerimento n." 69/11 (3.-)

Ex.m° Sr. Presidente da Assembleia da República:

A recente legislação sobre condicionamentos a ter em conta na construção de habitações, de modo a não criar barreiras aos deficientes, independentemente de

Requerimento n.° 71/1] (3.')

Ex.,no Sr. Presidente da Assembleia da República:

Nos termos constitucionais e regimentais aplicáveis, requeiro que pelo Ministério das Finanças e do Plano me seja fornecida cópia do relatório da Inspecção-Ge-ral de Finanças referente à última inspecção realizada à Comissão Reguladora do Comércio do Bacalhau.

Assembleia da República, 4 de Novembro de 1982. — O Deputado do Partido da Acção Social-De-mocrata Independente, Magaífiáes Mota.

Requerimento n.- 72/11 (3.*)

Ex.mo Sr. Presidente da Assembleia da República:

Nos termos constitucionais e regimentais aplicáveis, requeiro que pelo Ministério das Finanças e do Plano me seja fornecida cópia do relatório da Inspecção--Geral de Finanças referente à última inspecção realizada ao Instituto Nacional de Pilotagem dos Portos.

Assembleia da República, 4 de Novembro de 1982. — O Deputado do Partido da Acção Socia\-De-mocrata independente, Magalhães Mota.

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Requerimento n.' 73/11 (3/)

Ex.mo Sr. Presidente da Assembleia da Repú-• blica:

Nos termos constitucionais e regimentais aplicáveis, requeiro que pelo Ministério das Finanças e do Plano me seja fornecida cópia do relatório da Inspecção--Geral de Finanças referente à última inspecção realizada à Alfândega de Lisboa (regime TIR).

Assembleia da República, 4 de Novembro de 1982. — O Deputado do Partido da Acção Social-De-moçrata Independente, Magalhães Mota.

Requerimento n.* 74/11 (3.*)

Ex.mo Sr. Presidente da Assembleia da República:

As enfermeiras que exercem as suas funções nos Serviços Médico-Sociais Universitários de Lisboa foram privadas do aumento do funcionalismo público regulado pelo Decreto-Lei n.° llO-A/81.

Nos termos constitucionais e regimentais aplicáveis, requeiro ao Governo, pelos Ministérios da Educação, da Justiça e da Reforma Administrativa, me informe:

a) Se tenciona corrigir esta situação;

b) Em caso afirmativo, a partir de quando?

Assembleia da República, 4 de Novembro de (982. — O Deputado do Partido da Acção Social-De-mocrata Independente, Magalhães Mota.

Requerimento n." 75/íl (3.")

Ex.mo Sr. Presidente da Assembleia da República:

Nos termos constitucionais e regimentais aplicáveis, requeiro que pelo Ministério das Finanças e do Plano me seja fornecida cópia do relatório da Inspecção--Geral de Finanças referente à última inspecção realizada à Alfândega do Porto (regime TIR).

Assembleia da República, 4 de Novembro de 1982. — O Deputado do Partido da Acção Social-De-mocrata Independente, Magalhães Mota.

Requerimento r.: 76/11 (3.°)

Ex.mo Sr. Presidente da Assembleia da República:

Nos termos constitucionais e regimentais aplicáveis, requeiro que pelo Ministério das Finanças e do Plano me seja fornecida cópia do relatório da Inspecção--Geral de Finanças referente à última inspecção realizada ao INATEL.

Assembleia da República, 4 de Novembro de 1982. — O Deputado do Partido da Acção Social-De-mocrata Independente, Magalhães Mota.

Requerimento n.' 77/11 (3.")

Ex.™0 Sr. Presidente da Assembleia da República:

Nos termos constitucionais e regimentais aplicáveis, requeiro que pelo Ministério das Finanças e do Plano me seja fornecida cópia do relatório da Inspecção--Geral de Fjnanças referente à última inspecção realizada ao Conservatório Nacional.

Assembleia da República, 4 de Novembro de 1982. — O Deputado do Partido da Acção Social-De-mocrata Independente, Magalhães Mota.

Requerimento n.* 78/11 (3.')

Ex.roo Sr. Presidente da Assembleia da República:

Nos termos constitucionais e regimentais aplicáveis, requeiro que pelo Ministério das Finanças e do Plano me seja fornecida cópia do relatório da Inspecção--Geral de Finanças referente à última inspecção realizada à Junta Nacional das Frutas.

Assembleia da República, 4 de Novembro de 1982. — O Deputado do Partido da Acção Social-De-mocrata Independente, Magalhães Mota.

Requerimento n.' 79/11 (3.°)

Ex.mo Sr. Presidente da Assembleia da República:

Desde há cerca de 4 anos que se arrasta o processo da criação do museu de cerâmica das Caldas da Rainha.

Embora tivessem já sido adquiridos a quinta e os edifícios onde deverá ficar instalado o museu — e o conjunto entregue ao Instituto do Património Cultural —, não se sabe que razões, eleitorais ou outras, arrastam a resolução indispensável.

Nos termos constitucionais e regimentais aplicáveis, requeiro ao Governo, pelo Ministério da Cultura e Coordenação Científica, me informe das razões que explicam ou justificam o atraso verificado na criação do museu e quando se efectivará a mesma.

Assembleia da República, 4 de Novembro de 1982. — O Deputado do Partido da Acção Social-De-mocrata Independente, Magalhães Mota.

Requerimento n.' 80/11 (3.*)

Ex.mo Sr. Presidente da Assembleia da República:

O Decreto-Lei n.° 553/80, publicado no Diário da República, 1.a série, n.° 270, de 21 de Novembro de 1980, que regulamenta o Estatuto do Ensino Particular, estipula no seu artigo 73.° que a contagem de tempo de serviço dos professores do ensino particular que tenham passado ao ensino público para efeitos de aposentação obedecerá a normas a definir em portaria conjunta dos Ministros das Finanças e do Plano, da Educação e Ciência e dos Assuntos Sociais e do membro do Governo que tiver a seu cargo a função

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II SÉRIE — NÚMERO 8

pública. O mesmo diploma, em desenvolvimento do princípio constante de lei aprovada pela Assembleia da República (Estatuto do Ensino Particular e Cooperativo), concede aos docentes das escolas particulares que transitarem para o ensino público a contagem de tempo prestado ao ensino particular para efeitos de obtenção de diuturnidades e de fases, em igualdade de condições com o serviço desempenhado nas escolas públicas.

Dado que, desde a publicação do Decreto-Lei n.° 553/80, ainda não foi publicada a portaria regulamentadora das equiparações para efeitos de aposentação, o que, além de contrariar o preceituado na lei, representa grave prejuízo para os seus eventuais beneficiários, requeiro, ao abrigo das disposições regimentais, que o Ministro da Educação me esclareça sobre:

1.° Razões da não publicação da portaria referida no artigo 73.° do Decreto-Lei n.° 553/80;

2.° Intenções do Governo quanto à regulamentação da questão em apreço;

3.° Data provável da publicação da citada portaria e sua cobertura orçamental.

Assembleia da República, 4 de Novembro de 1982. — O Deputado do Partido Socialista, Jaime Gama.

Requerimento n.* 81/11 (3.*)

Ex.mo Sr. Presidente da Assembleia da República;

Na grave situação económica e financeira que o País atravessa, num momento em que o Governo enche a boca com o anúncio de novas medidas que vão pesar ainda mais gravemente sobre as condições de vida do povo português, importa que venha ao conhecimento público o escandaloso nível das despesas sumptuárias que à custa do Orçamento Geral do Estado têm vindo a ser realizadas pelos membros dos governos da AD, em particular pelo último governo de Pinto Balsemão.

Com vista a habilitar a Assembleia da República e a opinião pública com um conjunto de informações sobre a matéria, os deputados abaixo assinados do Grupo Parlamentar do PCP requerem ao Primeiro-Ministro a prestação urgente das seguintes informações:

1) Vencimento do Primeiro-Ministro e de todos

os membros do Governo (incluindo sub--secretários de Estado) à altura da entrada em funções do 1 Governo AD, aumentos que tiveram e vencimentos actuais;

2) Despesas de representação e ajudas de custo

pagas mensalmente ao Primeiro-Ministro, Pinto Balsemão, bem como a cada um dos membros do Governo;

3) Valor global dos encargos suportados pelo

OGE em todas as deslocações ao estrangeiro de membros do actual Governo e seus acompanhantes;

4) Discriminação de todas as viagens ao estran-

geiro de membros do Governo, com indicação do motivo da deslocação, do número de membros da comitiva e respectiva qualidade, do quantitativo pago em trans-

portes e do quantativo pago em ajudas de custo;

5) Volume global de despesas com os membros

dos gabinetes de todo o Governo, incluindo retribuição de base, despesas de representação, ajudas de custo, telefones e viaturas (discriminando mês a mês, desde a tomada de posse do Governo);

6) Volume global das despesas com telefones ins-

talados nas residências de membros do Governo e de membros dos seus gabinetes;

7) Discriminação dos estudos, pareceres e con-

sultas solicitados a entidades não oficiais no âmbito da Presidência do Conselho de Ministros e de todos os ministérios e respectivos encargos;

8) Relação das viaturas afectas ao gabinete de

cada membro do Governo, incluindo a relação completa das viaturas da Presidência do Conselho de Ministros, sua distribuição e respectivos encargos;

9) Volume global das despesas realizadas com

verbas do OGE para recepções, banquetes oficiais e realizações congéneres desde a tomada de posse do actual Governo; 10) Discriminação das viagens e visitas realizadas no País pelos diversos membros do Governo com o fim principal de proceder a inaugurações, com a indicação da lista de acompanhantes e da despesa realizada em transportes, hospedagem e ajudas de custo.

Assembleia da República, 4 de Novembro de 1982. —Os Deputados do PCP: Carlos Brito —Veiga de Oliveira.

Requerimento n.' 82/lí (3.-)

Ex.mo Sr. Presidente da Assembleia da República:

O jornal A Capital hoje publicado, insere, a p. 3, largos extractos da intervenção do Sr. Secretário de Estado da Comunicação Social hoje proferida na abertura do debate relativo à interpelação promovida pelo Grupo Parlamentar da UEDS.

Considerando que tal intervenção foi, nos termos regimentais, feita após a intervenção do deputado Lopes Cardoso, do grupo parlamentar interpelante, à qual o referido jornal estatizado, violando o Estatuto da Oposição e o n.° 2 do artigo 40° da Constituição da República, não dedica uma só linha, e tendo em conta que tal intervenção só veio a ser efectuada depois de encerrado o jornal, requeiro ao Governo, pelo Secretário de Estado Adjunto do Primeiro-Ministro para a Comunicação Social, me informe como chegou tal texto ao conhecimento do jornal e, nomeadamente, se foi:

a) Pelo seu Gabinete;

b) Pela Direcção-Geral de Informação;

c) Pela nova agência Notícias de Portugal.

Assembleia da República, 4 de Novembro de 1982. — O Deputado do Partido da Acção Social--Democrata Independente, Magalhães Mota.

PREÇO DESTE NÚMERO 40$00

Imprensa Nacional-Casa da Moeda

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