29 DE ABRIL DE 1989
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histórica e populacional já referidas, é também de realçar a sua importância económica, que a coloca nos primeiros lugares de entre as treze freguesias do concelho de Porto de Mós.
3 — Durante séculos e séculos a economia do Juncal, incluindo os lugares circundantes que passaram a integrar a freguesia, assentou fundamentalmente na agricultura, beneficiando das grandes aptidões agrícolas do seu solo, embora hajam despontado actividades industriais de carácter artesanal no sector da cerâmica, em consequência da boa qualidade do barro existente no seu território, e de fabricação de objectos e utensílios a partir do junco, muito abundante na altura do povoamento desta área territorial, que, por isso mesmo, originou o nome da povoação, Juncal. Por isso é que o desenvolvimento económico do Juncal foi muito lento, ao ponto de só em meados do século xvi, mais concretamente à roda do ano de 1554, a povoação do Juncal e os lugares em redor se terem autonomizado religiosa e administrativamente, desligando-se da freguesia de Santa Maria do Castelo, mais conhecida por Nossa Senhora dos Murti-nhos, sediada na vila de Porto de Mós.
É com o advento da governação pombalina que pela primeira vez em Portugal se deu um grande estímulo à actividade industrial existente no País, transformando pequenas e humildes oficinas caseiras em fábricas. No sector da indústria cerâmica pululavam nas imediações do Juncal inúmeras olarias, muitas das quais chegaram aos nossos dias. O peso da produção de artigos cerâmicos no Juncal era tal que levou o marquês de Pombal a fundar, em 1770, a Real Fábrica de Louças e Azulejos do Juncal, que foi a terceira do género do Pais, logo a seguir à segunda, a Real Fábrica do Rato (Lisboa), em 1767, e 32 anos após a instalação da Fábrica Real de Mas-sarelos, no Porto, que foi a primeira.
Pela primeira vez, o Juncal conheceu um período de grande prosperidade económica, que se prolongou para além de um século, graças à qualidade de louças e de azulejos que passaram a ser produzidos na sua Real Fábrica e que eram procurados por toda a parte, nomeadamente pelos conventos e pelos comerciantes de São Martinho do Porto, cujo porto continuava a constituir um importante escoadouro dos géneros e mercadorias produzidos nesta região do País para serem comercializados noutras mais distantes, como o Alentejo e o Algarve, e até no estrangeiro. Confundindo-se inicialmente com a louça produzida na Real Fábrica do Rato, donde, por certo, vieram os primeiros decoradores e pintores, a fama da louça do Juncal chegou bastante longe, ao ponto de obter em 1789 o título de «Real». Mas, a partir de certa altura, a louça produzida no Juncal passou a ter um cunho próprio, pela sua originalidade decorativa, que os artistas do Juncal souberam criar, possivelmente inspirados na indústria de fogo-de-artifício que florescia na vizinha povoação de Calvaría, 3 km a norte do Juncal, donde vieram alguns decoradores e pintores. Para além das louças, a Real Fábrica do Juncal também ficou célebre pelas peças de cerâmica que produziu, como as que fazem parte das colecções do Prof. Vieira Natividade, de Alcobaça, e do juncalense Rafael Calado, e ainda da que se encontra no Museu de Machado de Castro, em Coimbra. Finalmente, prestigiaram a Real Fábrica do Juncal os muitos azulejos aí produzidos, que ainda hoje se podem apreciar na própria Igreja Matriz do Juncal, no Santuário de Milagres e no Convento dos Capuchos, em Leiria, e em Santo António e Nossa Senhora da Piedade, ambas de Rio Maior. O desenvolvimento da povoação do Juncal, motivado pela criação e importância da Real Fábrica do Juncal, foi de tal monta que esta po-
voação foi das primeiras de todo o concelho a requerer o estabelecimento de um açougue e foi a terceira de todo o concelho a ter escola primária, por volta de 1862-1863, a seguir às de Minde, que só nos últimos anos do século xix passou para Torres Novas, e da vila de Porto de Mós.
Foi já no decurso do presente século que a prosperidade económica voltou à freguesia do Juncal, com a criação e desenvolvimento de várias fábricas de cerâmica na área da autarquia e nos lugares vizinhos da Moitalina, Cruz da Légua e Tremoceira, pertencentes à freguesia de Pedreiras. Na sede da freguesia é de destacar a criação da fábrica de cerâmica pertencente à sociedade Rebelo, Carneiro eC, L.da, por via da qual os Portugueses e os estrangeiros, mais estes do que aqueles, passaram a dispor novamente da famosa louça do Juncal.
4 — Esr.ão inscritos nos cadernos eleitorais da freguesia do Juncal 2750 eleitores, dos quais 1375 residem na sede de freguesia, Juncal, que constitui um centro populacional que, pelas infra-estruturas e equipamentos que possui, e vamos inventariar mais à frente, polariza uma vasta área que não se confina aos lugares que integram a freguesia, mas abrange lugares da freguesia de Pedreiras (Moitalina, Cruz da Légua e Tremoceira), até da freguesia de Alpedriz, do concelho de Alcobaça (Montes, Alpedriz e Quinta Nova), e ainda da freguesia de Cós, do mesmo concelho de Alcobaça (Castanheira).
5 — Administração local e culto religioso. — A freguesia tem desde há vários anos edifício próprio, onde a Junta de Freguesia e a Assembleia de Freguesia têm as suas reuniões e sessões de trabalho. Presentemente está em acabamento um edifício polivalente onde virão a ser instalados os serviços da Junta de Freguesia, da Casa do Povo e do posto médico.
Ao culto religioso estão adstritos a igreja paroquial do Juncal e o cemitério e no Salão Paroquial desenvolvem-se actividades religiosas, culturais e recreativas.
6 — Transportes e comunicações. — Há na sede da freguesia do Juncal uma estação dos CTT, que funciona todos os dias úteis, havendo distribuição diária de correspondência e encomendas postais.
Há ligações diárias por autocarro para a vila de Alcobaça e dai para todo o País e, todas as segundas-feiras, uma ligação para a vila da Batalha, prevendo-se para breve a almejada ligação para a vila de Porto de Mós, nomeadamente todas as sextas-feiras, por ser dia do mercado municipal na sede do concelho. A freguesia dispõe ainda de três táxis, e a 2 km da sede da freguesia, no lugar da Cruz da Légua, da freguesia de Pedreiras, há várias ligações diárias para todos os pontos do País e duas ou três vezes diárias para a vila de Porto de Mós.
7 — Ensino e educação. — O ensino pré-primário oficial dispõe de uma sala de aula, que é insuficiente. A Paróquia do Juncal ministra o ensino infantil no seu Centro de Bem-Estar, que dispõe de um jardim infantil e de uma creche.
O ensino primário é ministrado, na escola pública, com seis salas de aula, que funcionam em desdobramento, com onze professores.
Até ao fim do corrente ano lectivo funcionará na sede da freguesia do Juncal o ciclo preparatório TV, pois já começaram os trabalhos de construção do edifício do Instituto Educativo do Juncal, onde irá funcionar o ciclo preparatório e o ensino secundário.
8 — Cultura, desporto e recreio. — A União Desportiva Juncalense prossegue a prática do futebol na I Divisão Distrital, quer em seniores, quer em juniores, tendo sede própria e campo desportivo e iniciado a construção do pavilhão gimno-desportivo para a prática de outras modalidades desportivas.