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16 DE FEVEREIRO DE 1991

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Amareleja é uma povoação que tem um valor histórico e patrimonial de que muito se pode orgulhar.

Com efeito, o começo da implantação humana, na zona de Amareleja, perde-se cm recuados tempos. Junto do povoado que hoje constitui a maior aldeia do Alentejo, senão do País, têm aparecido dados arqueológicos a testemunhar esta afirmação.

Esta baseia-se não só no topónimo «Anuis» como em desenhos rupestres, machados de sílex, sepulturas da Idade do Bronze, vestígios de villae romanas, sepulturas com cerâmica variada, tégulas, ímbrices, vasos funerários, moedas do tempo do imperador Cláudio, etc., etc.

D. Sancho II, após a reconquista cristã, entregou os termos de Moura aos cavaleiros da Ordem do Hospital, que mais tarde se chamaram de Malta, cuja cruz ainda hoje marca as terras da Ordem, mesmo nos subúrbios de Amareleja. A Ordem de Malta por aqui andou a partir de 1232.

Na consolidação do vocábulo que constitui o seu nome encontramos as palavras Marilesia, Manteiga e Mare-leja, cm actas exaradas cm livros de Visitações efectuadas à sua Igreja de Nossa Senhora da «Concepção».

Segundo o censo de 1527, no reinado de D. João III, tinha Amareleja 55 fogos, entrando neles o seu limite e a povoação que, ao tempo, eram casas separadas umas das outras. O seu limite era de um quarto de légua, do meio para cada parte.

Santa Maria «Damarclcja» começou por ser um curato dos bispos e, depois, dos arcebispos de Évora. O cardeal D. Afonso, filho de D. Manuel I e administrador do bispado de Évora, visitou este curato a partir dc 1523.

Aos 19 de Setembro de 1534 visitou a capela curada de Santa Maria dc Amareleja, sendo ela sufragânia da igreja matriz de São João da vila dc Moura.

Nas Guerras da Restauração, tiveram os seus habitantes de se confrontar com os castelhanos, pois eles «entraram, com 300 cavalos até ao lugar dc Amareleja e levaram grande presa. Foi em busca deles o Sargenio-Mor Francisco Abreu de Lima, que Luís da Silva, Alcaidc-Mor de Moura, havia mandado em socorro dc Amareleja com 200 Infantes, retirando-se os castelhanos sem quererem pelejar. Eram os castelhanos dc Valença dc Momboy, que nos atacavam com maior dano (...] os nossos reuniram-se em Amareleja e marcharam sobre Valência, fingindo comboiar trigo e atacaram a vila [...] a Infantaria desamparou as Trincheiras [...] foram muitos os despojos, resguardando-se os Lugares Sagrados. Salvaram-se as Tropas castelhanas em Oliva. E assim, nestas escaramuças, saques c pilhagens, decorreu lodo o ano dc 1641, com sorte vária para cada um dos contendores».

Em 1695, Amareleja era da casa do Infantado, constava de duas aldeias, numa das quais estava fundada a igreja paroquial e seu orago era Nossa Senhora da Conceição.

Em 1758, pertencia à comarca dc Beja e linha 175 vizinhos: 285 homens, 233 mulheres, 103 menores machos, 120 menores fêmeas e, ao todo, 731 pessoas. Era célebre a ermida de São Vicente, situada meia légua distante, na Herdade dc Estepa (dc Estepe), uma defesa dos duques de Aveiro.

Havia já, por essa altura, laboração dc terras e grandes criações dc gados, por haver muitos montados de azinho. Tinha juiz de vintena, que com mais dois louvados governavam o povo, faziam posturas para o regime dos vedados, condenavam, absolviam ... mas, sujeitos ao juiz da vila de Moura. Havia uma fonte muiio célebre, cuja água curava doenças c que se chamava Fonie da Ordem, por estar em terras da Ordem dc Malta.

Ainda no dealbar do século xvin (1704), sofre com as guerrilhas da sucessão de Espanha, provocadas pelo facto de Portugal ter alinhado com o arquiduque Carlos de Áustria contra Filipe de Anjou. Houve que enfrentar os Espanhóis no lugar de Marília (mareias), perto do Monte da Paz.

Aqui se refugiou, também, o general espanhol, Juan Preim e Pratt, quando cm 1835 fracassou numa intentona contra Isabel II.

Desde 1867 que Amareleja sonha ser vila, ao ver-se senhora de 655 fogos e ao esforçar-se por atrair a si as aldeias da Póvoa de São Miguel e Estrela, por várias razões e, sobretudo, alegando a dificuldade de comunicações destas aldeias com Moura, visto, ao tempo, não haver ponte sobre o Ardila.

Se, até meados do século xix, os documentos sobre Amareleja nos centram mais sobre a chamada histórica dos acontecimentos, a sua história, ao longo do século xx, aponta-nos mais uma história antropológica, social e económica, na medida em que os habitantes de Amareleja nos aparecem mais destacados no seu valor humano, valorizando o trabalho, a cultura, a economia e a técnica.

A preocupação pelo ensino levou os seus filhos a adquirirem cursos superiores em vários ramos da cultura.

A preocupação pela saúde fez com que Amareleja viesse a ter filhos médicos, que tanto valorizaram a sua terra, como o País. O mesmo aconteceu em direito, no ensino na técnica agrícola e até em grandes Figuras do nosso teatro.

Amareleja também emigrou, cresceu e fez-se mais rica.... deixou aquela exploração agrícola mais tradicional, cuja actividade se desenvolvia, ainda que de formas muito positivas, pelas herdades dc Azeiteira, Boa Vista, Cara-petal, Choças, Morgado, Monte Agudo, Sesmarias, Coutada, Eito da Torrinha, Estepa, Gamitos, Garrochais, Gizes, Pedro de Moura, Velhascos, Tal Temujo e outras, não contando um número imenso de courelas...

Uma nova agricultura levou Amareleja a renovar os seus pomares, os seus olivais, as suas hortas, a grande plantação de novas vinhas, produtoras da melhor uva de mesa do País, da melhor uva que abastece a Cooperativa da Granja e das melhores passas. A grande produção de melão e a produção de figo são riquezas que avaliam a qualidade de trabalho do amarelejensc.

Na estatística de 1981 a freguesia de Amareleja tem 1632 edifícios, 1642 alojamentos, 1159 famílias, num total dc 3378 habitantes, residentes numa área com 10 834 ha.

Actualmente, e de acordo com o último recenseamento (1988), a freguesia de Amareleja tem 2758 eleitores.

Amareleja dispõe de um vasto leque de equipamentos colectivos, de que se destacam:

Equipamentos comerciais:

Duas farmácias;

Duas cooperativas agrícolas;

Um mercado de abastecimento público;

Cinco minimercados;

Uma peixaria;

Uma loja de fazendas;

Um pronto-a-vesür;

Três sapatarias;

Uma papelaria;

Uma ourivesaria;

Cinco mercearias.

Equipamentos industriais:

Oficina de carpintaria; Oficina de mecânica;

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