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II SÉRIE-A — NÚMERO 5

O rio Paiva, a cerca de 2 km, traz-lhe uma mais-valia turística, que pode a curto prazo vir a rentabilizar.

A sua importância regional é evidente. É imperioso que essa importância possa vir a ser estimulada.

Mões tem presentemente inscritos no seu caderno eleitoral 1944 eleitores (certidão anexa).

Características geográficas

Dos documentos escritos que nos foram legados diz o pároco de Mões em 1758 que vila se situava na província na Beira Alta. A serra mais próxima, encimada com uma capela do mesmo nome, era a serra de São Lourenço.

Os habitantes viviam essencialmente das produções de trigo, centeio, milho graúdo, milho miúdo, broa, feijões, vinho, mel e azeite.

O rio Paiva, com um curso rápido no tempo das cheias e serenamente manso no Verão, tinha a povoá-lo trutas, barbos, bogas, bordalos e também enguias.

Os habitantes, aproveitam as suas águas para nelas se banharem no Verão e com elas accionavam os moinhos de pão.

Razões de ordem histórica

Não se sabe ao certo desde quando e quais os povos que primeiro habitaram as cercanias de Mões, mas, a provar a permanência das longínquas comunidades da Idade dos Metais nesta região, está «o molde de machado de duplo anel», achado na vizinha povoação de Vila Boa. Aos interesses económicos e sociais destes povos remotos, que, contra os elementos naturais lutam pela sobrevivência, tinham, simultaneamente, de se organizar e defender das tribos vizinhas contemporâneas, sempre dispostas a disputar a posse da terra por mais inóspita que fosse, são atribuídas as construções dos castros que vigiam Moledo e dominam a vasta linha do horizonte que se descortina do alto da serra de São Lourenço.

Habitados, certamente, por povos diversos no decorrer do tempo pré-histórico, proto-histórico e histórico até entrarem em ruínas por razões que não são ainda inteiramente conhecidas, desses redutos amuralhados nos dá notícia, no século xvDj, o pároco de Moledo nas respostas que dá ao inquérito feito a todos os párocos do reino, a fim de, entre outras coisas, aquilatar os reais estragos fejtos no País pelo terramoto ocorrido em Lisboa no ano de 1755.

De facto esse reverendo informa para nascente da povoação de Moledo, num monte alto a que chamam outeiro de São Lourenço, em todo o cimo, «se encontram e acham umas pedras que mostram ruínas de algum edifício e é tradição que fora ali castelo de Mouros».

Sobre as construções pré-históricas do género das que o pároco de Moledo identificou e disse estarem já em ruínas no seu tempo, como muitas antas ou dólmenes e que se encontram dispersas pelo País, intactas ou violadas.

Oa romanização

Da permanência dos Cartagineses em terras de Mões, rezam as inscrições e as moedas que deixaram, depois de vencidos pelos povos bárbaros, com especial relevo para os Visigodos. Numa narrativa encadernada manuscrita, anónima e sem data, existente na Biblioteca Municipal de Castro Daire, não catalogada, diz-se que «no sítio do Cerdeiró, a mais de um quilómetro de distância da Vila , o Senhor Pedro Teixeira de Lacerda,, procedendo a uns arroteamentos, encontrou algumas moedas de prata, com efígie dos

imperadores romanos. Desconhecendo o seu valor histórico — acrescenta o anónimo escriba — vendeu-as por dez reis de coisa nenhuma, não se sabendo onde foram parar».

Fundidas em metal sonante, facilmente manipuladas e transportáveis, deixaram, por essa via, de ser património do concelho, o mesmo não acontecendo, porém, com todas as inscrições gravadas nas pedras de Lamas de Moledo ou de Vila Boa, agarradas ao granito com a mesma força com que os penedos se agarram ao solo, como que a recusarem--se a satisfazer as tentações de caçadores de tesouros e raridades, caçadores esses que ainda por aqui abundam, sempre ávidos em verter para cifrões o que, com toda a legitimidade e propriedade, devia rechear os nossos museus, tornando assim estes espaços verdadeiros lugares de aprendizagem e cultura, ao contrário do que, efectiva e tristemente, acontece. Resisündo por essa forma à voracidade dos tempos e à avidez ou ignorância dos homens, qual a vingança dos mortos a quebrar a cabeça dos vivos, eis a inscrição em caracteres latinos gravada no penedo de Lamas de Moledo que a Câmara Municipal resolveu, há pouco tempo, proteger com uma cobertura:

RUFINUS ET

TIRO SCRJPT

SERVNT

VEAMTVICORI

DOENTI

ANC.OM

LAMATICOM

GROVGEAJMACA

REAICOI PETRAVIOI

RADOM.PORC.OMIOVEA

CAELOBRICOI

Dos primórdios da nacionalidade

Nos primórdios da nacionalidade portuguesa chegavam a Mões os limites da tenência de Lamego, que, até 1147, foi governada por Egas Moniz, esse aio de D. Afonso Henriques.

Tornado detentor de vastas terras, aquelas que possui em Mões foram herdadas por alguns de seus filhos, entre os quais Moço Viegas.

Estas informações de interesse histórico, relativas aos tempos distantes dos primórdios da nacionalidade portuguesa, encontram-se nas inquirições que D. Dinis mandou fazer por todo o reino. Citadas pelo autor do artigo inserto na Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira referente a Mões, por elas sabemos que as pessoas que foram interrogadas no julgado de Moção (então composto pelas paróquias de São João de Pinheiro, a ocidente, e de Santa Maria de Moledo e São Pedro de Mões, a oriente) disseram sobre Moledo e Mões que «estas paróquias ambas viron trager por onrra», tendo uma dessas testemunhas acrescentado «que oviou dicer que foy todo herdamento e onrra de dõ Moço Viegas», filho de Egas Moniz.

Ao termo de Mões pertencia no século xn a freguesia de São Joaninho, chamada de «pendilhe», por estar junto desta freguesia. Aí teve muitos bens outra filha de Egas Moniz, de nome Urraca Viegas, com boa parte da vila rural de Mões, bens que deixou à infanta D. Mafalda, filha de D. Sancho I, a qual ela adoptara como filha/ após a volta de Castela. D. Mafalda, por sua vez, deixou em testamento tudo o que a/ possuía ao seu Mosteiro de Arouca.

Grande parte dessas terras passaram depois para o Mosteiro de Cárqueres, Ermida (do Riba Paiva) Arouca e Entre Ambos-os-Rios, através de doações feitas pelos