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Sábado, 21 de Dezembro de 1996

II Série-A —Número 11

DIÁRIO

da Assemleia da República

VII LEGISLATURA

2.a SESSÃO LEGISLATIVA (1996-1997)

SUMÁRIO

Decretos (n.™ 63/VII a 65/VII) (a):

N.° 63/VII — Altera a Lei n.° 10-B/96, de 23 de Março (Orçamento do Estado para 1996). N." 64/VII — Grandes Opções do. Plano para 1997. N.° 65/VlI — Orçamento do Estado para 1997.

Resoluções:

Aprova, para ratificação, o Acordo de Cooperação Jurídica e Judiciária entre a República Portuguesa e a

República de Angola ............................ 154

Viagem do Presidente da República a Bruxelas ...... 174

Projectos de lei (n.u5 251/VII a 254/VII):

N.° 251/VII — Criação das freguesias de Moinhos da Funcheira, São Brás, Alfornelos e Venda Nova, no concelho da Amadora (apresentado pelo PP)........... 174

N.° 252/VII — Cria a Fundação Democracia e Liberdade (apresentado pelo PSD):

Texto e despacho de admissibilidade

176

N.° 253/VII — Elevação da povoação de São João, no concelho de Ovar, à categoria de vila (apresentado pelo

N.° 254/VII — Criação da freguesia de Canhoso, no. concelho da Covilhã (apresentado pelo Deputado do

179

Projecto de deliberação n.° 33/VII:

Prorrogação do prazo de funcionamento da Comissão Parlamentar de Inquérito ao Acordo Estabelecido entre o Estado e o Sr. António Champalimaud (apresentado pelo Presidente da Assembleia da República) 182

(a) Dada a sua extensão, são publicados em suplemento a este número.

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II SÉRIE-A — NÚMERO 11

RESOLUÇÃO

APROVA, PARA RATIFICAÇÃO, 0 ACORDO DE COOPERAÇÃO JURÍDICA E JUDICIÁRIA ENTRE A REPÚBLICA PORTUGUESA E A REPÚBLICA DE ANGOLA.

A Assembleia da República resolve, nos termos dos artigos 164.°, alínea /), e 169.°, n.° 5, da Constituição, aprovar, para ratificação, o Acordo de Cooperação Jurídica e Judiciária entre a República Portuguesa e a República de Angola, assinado em Luanda, em 30 de Agosto de 1995, cuja versão autêntica em língua portuguesa segue em anexo à presente resolução.

Aprovada em 11 de Outubro de 1996.

0 Presidente da Assembleia da República, António de Almeida Santos.

ANEXO

ACORDO DE COOPERAÇÃO JURÍDICA E JUDICIÁRIA ENTRE A REPÚBLICA PORTUGUESA E A REPÚBLICA DE ANGOLA

A República Portuguesa e a.República de Angola, adiante designadas Estados Contratantes:

Conscientes da necessidade de prosseguir uma política de cooperação visando estreitar e reforçar cada vez mais os laços especiais de amizade existentes entre os dois países;

Reconhecendo o interesse comum e as vantagens recíprocas da extensão da cooperação já existente para a área jurídica;

decidiram celebrar o presente Acordo:

PARTE I Cooperação judiciária

TÍTULO I Cláusulas gerais

Artigo 1.°

Acesso aos tribunais

Os nacionais de cada um dos Estados Contratantes têm acesso aos tribunais do outro nos mesmos termos que os nacionais deste.

Artigo 2.°

Apoio judiciário

1 — O apoio judiciário tem lugar perante qualquer jurisdição e compreende a dispensa total ou parcial de preparos e do prévio pagamento de custas e, bem assim, o patrocínio oficioso.

2 — Têm direito ao apoio judiciário os nacionais de qualquer dos Estados Contratantes que se encontrem em situação económica que lhes não permita custear as despesas normais do pleito.

3 — O direito ao apoio judiciário é extensivo às pessoas colectivas, às sociedades e outras entidades que gozem de capacidade judiciária, desde que tenham a sua sede no território de um dos Estados Contratantes.

4 — Os documentos demonstrativos da insuficiência económica serão passados pelas autoridades competentes do lugar do domicílio ou sede ou, na falta de domicílio, da residência actual.

Artigo 3.°

Comparência de declarantes, testemunhas e peritos

1 — Não é obrigatória a comparência como declarantes, testemunhas ou peritos de pessoas que se encontrem a residir no território de um dos Estados perante os tribunais do outro.

2 — Se qualquer dos Estados rogar ao outro a convocação para a comparência referida no número antecedente e a pessoa convocada anuir, tem esta direito a ser indemnizada pelo dito Estado da despesa e danos resultantes da deslocação e, a seu pedido, poderá o Estado rogado exigir preparo para garantir, no todo ou em parte, a indemnização.

3 — Enquanto permanecerem no território do Estado rogante os declarantes, testemunhas ou peritos convocados, seja qual for a sua nacionalidade, não podem aí ser sujeitos a acção penal nem ser.presos preventivamente ou para cumprimento de pena ou medidas de segurança, despojados dos seus bens e documentos de identificação ou por qualquer modo limitados na sua liberdade pessoal por factos ou condenações anteriores à saída do território do Estado rogado.

4 — A imunidade prevista no número antecedente cessa se as pessoas, podendo deixar o território, nele permanecerem para além de 30 dias contados do termo do acto para que foram convocadas ou se, havendo-o deixado, a ele voluntariamente regressarem.

5 — As pessoas que não houverem anuído» à convocação para comparência não podem ser sujeitas, mesmo que a convocação contivesse cominações, a qualquer sanção ou medidas coercivas no território do Estado rogante, salvo se para lá voluntariamente se dirigirem e aí forem de novo regularmente convocadas.

TÍTULO II Cooperação em matéria cível

Subtítulo i Actos judiciais

CAPÍTULO I Actos rogados

Artigo 4.° Comunicação de actos judiciais

1 — Sem prejuízo do disposto no artigo 9.°, a prática de actos judiciais será pedida directamente pelos tribunais de um dos Estados Contratantes aos tribunais do outro, mediante carta rogatória assinada e autenticada com o selo da autoridade requerente ou, sendo acto urgente, por telegrama.

2 — A sustação do cumprimento de actos rogados pode ser pedida por ofício ou telegrama.

3 — A remessa e a devolução dos actos far-se-ão, sempre que possível, por via aérea.

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Artigo 5.°

Cumprimento dos actos

1 — O tribunal rogado só pode recusar o cumprimento, no todo ou em parte, dos actos nos casos seguintes:

a) Se for incompetente;

b\ Se for absolutamente proibido por lei;

c) Se a carta não estiver autenticada;

d) Se o acto for contrário à ordem pública do Estado rogado;

e) Se a execução da carta for atentatória da soberania ou da segurança do Estado rogado;

f) Se o acto importar execução de decisão de tribunal do Estado rogante sujeita a revisão e que se não mostre revista e confirmada;

g) Se, tratando-se de recolha de prova testemunhal ou pericial, a pessoa convocada invocar dispensa ou impedimento estabelecido de harmonia com a lei do Estado rogado ou a lei do Estado rogante, tendo sido, neste caso, especificado na carta rogatória ou por outro modo confirmado pelo tribunal rogante a pedido do tribunal rogado.

2 — No caso previsto na alínea a) do número antecedente, o tribunal rogado remeterá a carta ao tribunal que for competente, informando imediatamente o tribunal rogante.

3 — Nos demais -casos previstos no n.° 1', o tribunal rogado devolverá a carta ao tribunal rogante informando-o dos motivos da recusa de cumprimento.

Artigo 6.° Poder do tribunal rogado

1 — É ao tribunal rogado que compete regular, de harmonia com a sua lei, o cumprimento da carta.

2 — Se na carta rogatória se pedir a observância de determinadas formalidades que não sejam contrárias aos princípios de ordem pública do Estado rogado, dar-se-á satisfação ao pedido.

Artigo 7.° Despesas

1 — O cumprimento de cartas rogatórias não dará lugar ao reembolso de taxas ou custas de qualquer natureza.

2 — O Estado rogado, porém, tem direito de exigir que o Estado rogante o reembolse dos encargos com o pagamento de peritos e intérpretes e das despesas ocasionadas pela observância das formalidades referidas no n.° 2 do artigo 6.°

Artigo 8.° Destino das importâncias de depósitos judiciais

1 — Cada um dos Estados Contratantes obriga-se a transferir para o território do outro, de acordo com os procedimentos definidos na sua lei interna, as importâncias depositadas por motivo de actuação de'tribunais situados no seu território e que respeitem a processos ou actos dos tribunais situados no do outro.

2 — Exceptuam-se do disposto no número antecedente as importâncias que se destinem a pessoas ou entidades domiciliadas ou com residência alternada no Estado onde o depósito foi feito.

0 montante a reter e o seu levantamento dependem de. prévia decisão do tribunal a cujos processos ou actos os depósitos respeitem.

3 — As transferências serão feitas por iniciativa dos tribunais ou a requerimento dos interessados e logo que concluídas as formalidades relativas à saída de divisas.

CAPÍTULO II Actos praticados por agentes diplomáticos e consulares

Artigo 9.° Citações e notificações

Os Estados Contratantes têm a faculdade de mandar proceder directamente, sem cominação de sanções, por meio dos seus agentes diplomáticos e consulares, a citações e notificações de actos judiciais destinados a nacionais seus que se encontrem no território do outro onde aqueles agentes exerçam funções.

Artigo 10.°

Recolha de prova pessoal

Os Estados Contratantes têm a faculdade de mandar praticar, sem cominação de sanções, pelos seus agentes diplomáticos e consulares, actos de audição dos seus nacionais que se encontrem no território do outro onde aqueles agentes exerçam funções.

Artigo 11.° Conflito de nacionalidade

Para o efeito do disposto nos artigos 9.° e 10.°, em caso de conflito de leis, a nacionalidade do destinatário do acto determina-se pela lei do Estado onde ele deva ter lugar.

Subtítulo ii Eficácia das decisões judiciais

CAPÍTULO I Revisão e confirmação

Artigo 12.° Revisão

1 — As decisões proferidas pelos tribunais de cada um dos Estados Contratantes sobre direitos privados têm eficácia no território do outro desde que revistas e confirmadas.

2 — Não é necessária a revisão:

a) Quando a decisão seja invocada em processo pendente em qualquer dos Estados Contratantes como simples meio de prova sujeito à apreciação de quem haja de julgar a causa;

b) Das decisões destinadas a rectificar erros de registo civil, desde que não decidam questões relativas ao estado das pessoas.

3 — Não carecem de revisão e confirmação as decisões proferidas pelos tribunais portugueses até à data da independência da República de Angola, ainda que só depois tenham transitado em julgado.

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Artigo 13.° Requisitos necessários para a confirmação

1 — Para que as decisões sejam confirmadas é necessário:

a) Não haver dúvidas sobre a autenticidade do documento de que constem as decisões;

b) Terem transitado em julgado segundo a lei do país em que foram proferidas;

c) Terem sido proferidas por tribunal competente segundo as regras de conflito da lei do país onde se pretendam fazer valer;

d) Não poder invocar-se a excepção de litispen-dência ou de caso julgado com fundamento em causa afecta a tribunal do país onde se pretendam fazer valer, excepto se foi o tribunal do país em que foi proferida a decisão que preveniu a jurisdição;

e) Ter o réu sido devidamente citado segundo a lei do país em que foram proferidas, salvo tratando-se de causas para que a lei do país onde se pretendam fazer valer dispensaria a citação e, se o réu foi logo condenado por falta de oposição ao pedido, ter a citação sido feita na sua própria pessoa;

f) Não serem contrárias aos princípios de ordem pública do país onde se pretendam fazer valer;

g) Sendo proferidas contra nacional do país onde se pretendam fazer valer, não ofenderem as disposições do respectivo direito privado quando por este devessem ser resolvidas as questões segundo as regras de conflitos desse direito.

2 — O disposto no número anterior é aplicável às decisões arbitrais, na parte em que o puder ser, e às decisões penais no tocante a fixação de indemnização por perdas e danos.

CAPÍTULO II

Reconhecimento e execução de decisões relativas a obrigações alimentares

SECÇÀO I Âmbito de aplicação

Artigo 14.°

Decisões abrangidas

1 — O presente capítulo é aplicável às decisões em matéria de obrigações alimentares provenientes de relações de parentesco, casamento e afinidade proferidas por tribunais de um Estado Contratante.

2 — O presente capítulo é também aplicável às transacções celebradas sobre esta matéria perante essas entidades e entre essas pessoas.

3 — As decisões e transacções referidas nos números antecedentes tanto podem ser as que fixem alimentos como as que modifiquem decisões ou transacções anteriores.

4 — O presente capítulo é ainda aplicável às decisões e transacções em matéria de alimentos decorrentes de uniões de facto nos precisos termos em que o direito respectivo tenha correspondência no Estado de execução.

5 — Para efeitos do presente capítulo, o Estado referido no n.° 1 designa-se por Estado de origem.

SECÇÃO II

Condições para o reconhecimento e execução das decisões

Artigo 15.° Condições de reconhecimento '

1 — Uma decisão proferida num Estado deve ser reconhecida ou declarada executória noutro Estado Contratante:

a) Se tiver sido proferida por uma autoridade considerada competente segundo o artigo 18.°; e

b) Se não puder já ser sujeita a recurso ordinário no Estado de origem.

2 — As decisões provisoriamente executórias e as medidas provisórias são, embora susceptíveis de recurso ordinário, reconhecidas ou declaradas executórias no Estado requerido se semelhantes decisões aí puderem ser proferidas e executadas.

Artigo 16.° Recusa

0 reconhecimento ou a execução de decisão pode, contudo, ser recusado:

a) Se o reconhecimento ou a execução da decisão . for manifestamente incompatível com a ordem

pública do Estado requerido; ou

b) Se a decisão resultar de fraude cometida no processo; ou

c) Se existir litígio pendente entre as mesmas partes e com o mesmo objecto instaurado em primeiro lugar perante uma autoridade do Estado requerido; ou

d) Se a decisão for incompatível com outra proferida entre as mesmas partes e sobre a mesma matéria, quer no Estado requerido, quer noutro Estado, desde que, neste último caso, ela reúna as condições necessárias para o seu reconhecimento e execução no Estado requerido.

Artigo 17.° Decisões à revelia

Sem prejuízo do disposto no artigo 16.°, uma decisão proferida à revelia só é reconhecida ou declarada executória se a petição inicial, contendo os elementos essenciais do pedido, foi dada a conhecer à parte revel nos termos previstos na lei do Estado de origem e se, atendendo às circunstâncias, essa parte dispôs de prazo suficiente para apresentar a sua defesa.

Artigo 18.° Competência do Estado de origem

1 — A autoridade do Estado de origem é considerada competente no sentido deste capítulo:

a) Se o devedor ou o credor de alimentos tinha a sua residência habitual no Estado de origem aquando da instauração do processo; ou

b) Se o devedor e o credor de alimentos tinham a nacionalidade do Estado de origem aquando da instauração do processo; ou

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c) Se o demandado se submeteu à competência daquela autoridade, quer expressamente, quer ao defender-se sobre o mérito da causa sem reservas quanto à competência.

2 — Sem prejuízo do disposto no n.° 1, as autoridades de um Estado Contratante que tenham proferido decisão sobre um pedido de alimentos são consideradas como competentes para os efeitos deste capítulo se esses alimentos forem devidos por motivo de divórcio, de separação de pessoas e bens, de anulação ou de nulidade do casamento, decretados por autoridade daquele Estado reconhecida como competente nessa matéria pela lei do Estado requerido.

Artigo 19.° Âmbito da competência

A autoridade do Estado requerido fica vinculada aos" factos sobre os quais a autoridade do Estado de origem tenha baseado a sua competência.

Artigo 20.° Reconhecimento e execução parciais

Se a decisão abranger vários pontos do pedido de alimentos e se o reconhecimento ou a execução não puder ser concedido para o todo, a autoridade do Estado requerido aplicará este capítulo à parte da decisão que puder ser reconhecida ou declarada executória.

Artigo 21.° Pagamentos periódicos

Sempre que a decisão tiver estipulado a prestação de alimentos através de pagamentos periódicos, a execução será concedida tanto para os pagamentos vencidos como para os vincendos.

Artigo 22.° Princípio de revisão formal

A autoridade do Estado requerido não procederá a exame sobre o mérito da decisão, salvo disposição em contrário do presente capítulo.

SECÇÃO III

Processo para o reconhecimento e execução das decisões

Artigo 23.° Lei aplicável

O processo para o reconhecimento ou execução da decisão é regulamentado pelo direito do Estado requerido, a não ser que o presente capítulo disponha de outro modo.

Artigo 24.° Legitimidade

Sem prejuízo da legitimidade do credor de alimentos, pode a autoridade que, nos termos da lei interna do Estado requerido, tiver competência para representar incapazes requerer, a solicitação do Estado de origem, o reconhecimento e execução de decisões sobre obrigações alimentares de que aqueles sejam credores.

Artigo 25.° Âmbito do pedido

Pode sempre pedir-se o reconhecimento ou a execução parcial de uma decisão.

Artigo 26.° Despesas

0 credor de alimentos que, no Estado de origem, tenha beneficiado, no todo ou em parte, de apoio judiciário ou de isenção das custas e despesas beneficia, em qualquer processo de reconhecimento ou de execução, da assistência mais favorável ou da mais ampla isenção prevista pelo direito do Estado requerido.

Artigo 27.° Dispensa de caução

Não pode exigir-se qualquer caução ou depósito, seja sob que denominação for, para garantir o pagamento de custas e despesas nos processos a que se refere o presente capítulo.

Artigo 28.° Instrução do pedido

1 — A parte que pretenda o reconhecimento ou a execução de uma decisão deve apresentar:

a) Cópia integral da decisão devidamente autenticada;

b) Documento comprovativo de que a decisão não pode já ser objecto de recurso ordinário no Estado de origem, e, quando necessário, que é executória;

c) Se se tratar de decisão proferida à revelia, o original ou cópia autenticada do documento comprovativo de que a petição inicial, contendo os elementos essenciais do pedido, foi regularmente dada a conhecer à parte revel nos termos previstos na lei do Estado de origem;

d) Se for caso disso, documento comprovativo da obtenção de apoio judiciário ou de isenção de custas e despesas no Estado de origem.

2 — Na falta dos documentos mencionados no n.° 1 ou se o conteúdo da decisão não permitir à autoridade do Estado requerido certificar-se de que foram cumpridas as condições deste capítulo, esta autoridade concederá um prazo para a apresentação de todos os documentos necessários.

3 — Não é exigível qualquer legalização ou formalidade análoga.

SECÇÃO IV Transacções

Artigo 29.° Reconhecimento e execução

As transacções executórias no Estado de origem são reconhecidas e declaradas executórias nas mesmas condições que as decisões, na medida em que essas condições lhes sejam aplicáveis.

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SECÇÃO V Disposições diversas

Artigo 30.° Transferências

Os Estados Contratantes cuja lei imponha restrições a transferências de fundos concederão a maior prioridade às transferências destinadas ao pagamento de alimentos ou de custas e despesas respeitantes a qualquer processo abrangido por este capítulo.

Artigo 31.° Aplicação no tempo

1 — Sem prejuízo do disposto no n.° 3 do artigo 12.°, o presente capítulo é aplicável independentemente da data em que tenha sido proferida a decisão.

2 — Quando a decisão tiver sido proferida antes da entrada em vigor do presente Acordo, só poderá ser executória para efeito de pagamentos a realizar depois.

TÍTULO III

Cooperação em matéria penal e de contra-ordenação social

Subtítulo I

Auxilio em matéria penal e de contra-ordenação social

CAPÍTULO I Auxílio

SECÇÃO I Disposições comuns

Artigo 32.°

Obrigação e âmbito do auxilio

1 — Os Estados Contratantes obrigam-se a auxiliar-se mutuamente em matéria de prevenção, investigação e instrução relativamente aos factos cujo conhecimento, à data do pedido de cooperação, for da competência das autoridades judiciárias, policiais ou administrativas do requerente e que sejam puníveis ou passíveis de medidas de segurança ou de coimas pela lei de cada um deles.

2 — O auxílio compreende, nomeadamente:

a) A notificação de documentos;

b) A obtenção de meios de prova;

c) As revistas, buscas e apreensões;

d) A notificação de suspeitos, arguidos, testemunhas ou peritos e a audição dos mesmos;

é) O trânsito de pessoas;

f) As informações sobre o direito português ou estrangeiro e as relativas aos antecedentes penais de suspeitos, arguidos e condenados.

3 — No âmbito do auxilio, os Ministros da Justiça dos Estados Contratantes podem autorizar a participação de autoridades judiciárias e de polícia criminal do Estado requerente em actos de carácter processual penal que devam realizar-se no território do Estado requerido.

4 — A participação referida nos números anteriores é admitida exclusivamente a título de coadjuvação da autoridade judiciária ou de polícia criminal do Estado requerido competente para o acto, onde a sua presença é sempre obrigatória, observando-se as disposições do processo penal do Estado requerido.

5 — A cooperação para fins de execução de ordens de prisão, cumprimento de penas ou coimas ou de medidas de segurança rege-se pelas disposições dos subtítulos II e Hl.

Artigo 33.° Recusa de auxílio

1 — O auxílio poderá ser recusado:

d) Se o pedido respeitar a infracções consideradas pelo Estado requerido como infracções de natureza política ou com elas conexas, como infrac-* çóes militares que não sejam simultaneamente previstas e punidas pela lei penal comum ou como infracções . em matéria de alfândega, imposto, taxas e câmbios;

b) Se o Estado requerido considerar que a execução do pedido ofende a soberania, a segurança ou a ordem pública ou outros seus interesses essenciais.

2 — Para os efeitos no n.° 1, alínea a), não se consideram infracções de natureza política ou com elas conexas:

a) Os atentados contra a vida do Chefe do Estado, do Chefe do Governo ou dos seus familiares, de membros do Governo ou dé tribunais ou de pessoas a quem for devida especial protecção segundo o direito internacional;

b) Os actos de pirataria aérea e marítima;

c) Os actos a que seja retirada natureza de infracção política por convenções internacionais a que qualquer dos Estados Contratantes adira; .

d) O genocídio, os crimes contra a humanidade, os crimes de guerra e as infracções graves segundo as Convenções de Genebra de 1949;

e) Os actos praticados sobre quaisquer detidos que visem obter a confissão de crimes através de coacção física ou moral ou de métodos conducentes à destruição da personalidade do detido.

3 — Entende-se por «infracção conexa com infracções de carácter político» aquela que com esta se encontre ligada de tal forma que a devia preparar ou encobrir.

4 — Para o efeito do n.° 2, alínea a), a expressão «membros de tribunais» abrange os magistrados e todos os que exerçam funções que àqueles competem.

Artigo 34.° Busca e apreensão

O cumprimento de pedidos de busca ou de apreensão, sem prejuízo do disposto no artigo 33.°, fica sujeito às seguintes condições:

a) No caso de se tratar de infracção penal, ser susceptível de dar lugar a extradição no Estado requerido aquela que motivou o pedido;

6) Ser cumprimento compatível com a lei do Estado requerido.

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Artigo 35.° Requisitos do pedido

1 — O pedido de auxílio será feito por escrito, assinado pela autoridade competente e autenticado com o selo respectivo, podendo usar-se, em caso de urgência, a via telegráfica.

2 — O pedido conterá essencialmente: *

a) Indicações, tão precisas quanto possível, acerca da pessoa contra quem se move o processo penal, a sua nacionalidade e o domicílio ou residência;

6) A descrição sumária e a qualificação da infracção, com a indicação da data e lugar onde foi cometida, salvo se tais indicações resultarem de elementos escritos ou documentos anexos.

3 — O pedido de notificação mencionará também o nome e endereço do destinatário, a sua qualidade no processo e o objecto da notificação.

4 — Ao pedido de pesquisa ou busca ou de apreensão e remessa de documentos ou objectos juntar-se-á um exemplar ou cópia devidamente autenticada da ordem judiciária respectiva.

5 — A autoridade requerida poderá pedir os esclarecimentos necessários para prestar o auxílio.

Artigo 36.° Via a adoptar

0 auxílio efectuar-se-á por via directa entre as autoridades competentes.dos Estados Contratantes.

Artigo 37.°

Incompetência °

Se a autoridade requerida não for competente para dar execução ao pedido, remetê-lo-á àquela que for e comunicará o facto à requerente.

Artigo 38.° Lei aplicável ao cumprimento

1 — À execução do pedido é aplicável a lei do Estado requerido.

2 — Deverá atender-se pedido expresso de observância de determinadas formalidades se não resultar qualquer restrição das garantias individuais consagradas na lei do Estado requerido ou violação de princípios de ordem pública e não causar graves prejuízos aos intervenientes no processo.

3 — Representantes da autoridade requerente, bem como representantes das partes no processo, poderão assistir, a título de observadores, ao cumprimento do pedido, se a lei do Estado requerido consentir.

Artigo 39.° Medidas de coacção

1 — Quando os actos visados no artigo 32.° implicarem recurso a medidas de coacção, apenas podem ser praticados se os factos expostos no pedido corresponderem aos elementos objectivos de uma infracção prevista no direito de ambos os Estados Contratantes, e são cumpridos em conformidade com o direito do Estado requerido.

2 — As medidas de coacção são ainda admitidas em caso de impunidade do facto no Estado requerido, se se destinarem à prova de uma causa de exclusão de culpa da pessoa contra a qual o procedimento penal foi instaurado.

Artigo 40.° Proibição de utilizar as informações obtidas

1 — As informações obtidas para utilização no processo penal indicado no pedido das autoridades do Estado requerente não podem ser utilizadas fora dele.

2 — Excepcionalmente, e a pedido das autoridades do Estado requerente, o Ministro da Justiça do Estado requerido pode consentir a utilização das informações noutros processos penais.

Artigo 41.° Confidencialidade

1 —Se as autoridades do Estado, requerente o solicitarem, é mantida a confidencialidade do pedido de auxílio, do seu conteúdo e dos documentos que o instruam, bem como da concessão desse auxílio.

2 — Se o pedido não puder ser cumprido sem quebra de confidencialidade, as autoridades do Estado requerido informam as autoridades do Estado requerente para que decidam se o pedido deve, mesmo assim, ser executado.

SECÇÃO n Actos particulares de auxílio

Artigo 42.°

Remessa e devolução de elementos de prova

1 — O cumprimento dos pedidos para transmissão de elementos documentais far-se-á mediante o envio de cópias ou fotocópias certificadas dos processos ou documentos solicitados.

Todavia, se forem expressamente solicitados os originais, dar-se-á satisfação na medida do possível.

2 — A autoridade requerida poderá suspender o envio de objectos, autos e outros elementos documentais solicitados se forem necessários a processo penal em curso, informando, todavia, a autoridade requerente da duração provável da demora.

3 — Os autos, bem como outros elementos documentais e objectos enviados em cumprimento do pedido, serão devolvidos pela autoridade requerente à requerida o mais depressa possível, salvo se esta renunciar à devolução.

Ficam, no entanto, ressalvados os direitos do Estado requerido ou de terceiros sobre os objectos ou documentos enviados à autoridade requerente.

Artigo 43.°

Notificação de documentos

1 — As autoridades judiciárias dos Estados Contratantes procedem à notificação de actos do processo e de decisões judiciárias que lhes forem enviados, para o efeito, pelas autoridades do outro Estado Contratante.

2 — A notificação pode fazer-se por simples remessa ao destinatário pela via postal ou ainda, se a autoridade requerente o solicitar expressamente, por qualquer outra forma compatível com a legislação do Estado requerido.

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3 — A prova de notificação faz-se através de documento datado e assinado pelo destinatario ou por declaração da autoridade requerida que certifique o facto, a forma e a data da mesma notificação.

4 — Considera-se efectuada a notificação se a aceitação ou recusa do acto for confirmada por escrito.

5 — Se a notificação não puder ser efectuada, a entidade requerente é disso informada, indicando as razões.

Artigo 44.° Notificação para comparência

1 — O pedido de notificação destinado à comparencia de uma pessoa para intervir em processo penal no Estado requerente, na qualidade de suspeito, arguido, testemunha ou perito, não obriga o destinatário.

2 — A pessoa notificada é advertida, no acto da notificação, do direito de recusar a comparência.

3 — A autoridade requerida recusa a notificação se esta contiver ameaça de sanções ou quando não estiverem asseguradas as medidas necessárias à segurança da pessoa.

4 — O consentimento para a comparência deve ser feito por declaração livremente prestada e reduzida a escrito.

5 — O pedido de notificação indica as remunerações e indemnizações, bem como as despesas de viagem e estada a conceder, e deve ser transmitido com antecedência .razoável, de forma a ser recebido até 50 dias antes da data em que a pessoa deve comparecer.

6 — Em caso de urgência, pode admitir-se o encurtamento do prazo referido no número anterior.

Artigo 45.° Entrega temporária de detidos ou presos

1 — Uma pessoa detida ou presa nos Estados Contratantes pode ser entregue temporariamente a uma autoridade do outro Estado Contratante para os fins do artigo anterior, desde que dê o seu consentimento e estejam garantidas a manutenção da detenção e a sua restituição na data estabelecida ou quando a comparência da pessoa já não for necessária.

2 — Sem prejuízo do disposto no número anterior, a entrega não é admitida quando:

a) A presença da pessoa detida ou presa é necessária num processo penal pendente no Estado requerido;

6) A entrega pode implicar o prolongamento da

prisão preventiva; c) Atentas as circunstâncias do caso, a autoridade

judiciária competente considere inconveniente

a entrega.

3 — O tempo em que a pessoa estiver fora do Estado que procede à entrega é computado para efeitos de prisão preventiva ou de cumprimento de reacção criminal imposta no processo penal referido na alínea a) do número anterior.

4 — Se a pena imposta à pessoa entregue nos termos deste artigo expirar enquanto ela se encontra no território do Estado da entrega, será a mesma restituída à liberdade, passando, a partir de então, a gozar do estatuto de pessoa não detida, para os efeitos dos artigos 43.° e seguintes.

Artigo 46.° Salvo-conduto

1 — A pessoa que comparecer no território de um dos Estados Contratantes nos termos e para os fins dos artigos 44.° e 45.° não pode ser:

a) Detida, perseguida ou punida, nem sujeita a qualquer outra restrição da sua liberdade individual, por factos anteriores à sua partida diferentes dos determinados no pedido de cooperação;

b) Obrigada, sem o seu consentimento, a prestar depoimento ou declaração em processo diferente daquele a que se refere o pedido.

2 — A imunidade prevista no n.° 1 cessa quando a pessoa permanecer voluntariamente no território do Estado da entrega por mais de 45 dias após a data em que a sua presença já não for necessária ou, tendo-o abandonado, a ele regressar voluntariamente.

Artigo 47.° Envio de objectos, valores, documentos ou processos

1 — A pedido das autoridades competentes dos Estados Contratantes, os objectos, em especial os documentos e valores susceptíveis de apreensão segundo o direito do Estado requerido, podem ser colocados à disposição daquelas se se revelarem de interesse para decisão a tomar em processo penal.

2 — Os objectos e valores provenientes de uma infracção podem ser restituídos aos seus proprietários mesmo sem dependência de procedimento penal instaurado no Estado requerente.

3 — Pode ser autorizado o envio de processos penais ou outros, com fundado interesse para um processo penal pendente no Estado requerente, invocado no pedido de auxílio, com a condição de serem restituídos no prazo que for estabelecido pela autoridade requerida.

4 — O envio de objectos, valores, processos ou documentos pode ser adiado se os mesmos forem necessários para os fins de um processo penal em curso.

5 — Em lugar dos processos e documentos pedidos, podem ser enviadas copias ou fotocópias autenticadas; no entanto, se a autoridade requerente pedir expressamente o envio dos originais, o pedido é satisfeito na medida do possível, observada a condição de restituição a que se refere o n.° 3.

Artigo 48.° Produtos, objectos e instrumentos do crime

1 — A pedido da autoridade competente dos Estados Contratantes, podem ser efectuadas diligências destinadas a averiguar se quaisquer produtos do crime alegadamente praticado se encontram no Estado requerido, comunícando-se os resultados dessas diligências.

2 — Na formulação do pedido, a autoridade requerente informa das razões pelas quais entende que esses produtos podem encontrar-se no Estado requerido.

3 — A autoridade requerida providencia pelo cumprimento de decisão que decrete a perda de produtos do crime, proferida pelo tribunal requerente.

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4 — Quando a autoridade requerente comunicar a sua intenção de pretender a execução a que se refere o número anterior, a autoridade requerida pode tomar as medidas permitidas pelo direito do Estado requerido para prevenir qualquer transacção, transmissão ou disposição dos bens que sejam ou possam ser afectados por essa decisão.

5 — As disposições do presente artigo são aplicáveis aos objectos e instrumentos do crime.

Artigo 49.° Informações sobre o direito aplicável

A informação sobre o direito dos Estados Contratantes aplicável em determinado processo penal, solicitada por uma autoridade judiciária dos mesmos, é prestada, por parte do Estado Português, pelo Gabinete de Documentação e Direito Comparado da Procuradoria--Geral da República e, por parte do Estado Angolano, pelo Gabinete Técnico de Auditoria Jurídica do Ministério da Justiça.

Artigo 50.° Registo criminal

1 — As entidades que em cada um dos Estados Contratantes superintendem nos serviços de registo criminal informar-se-ão reciprocamente, em cada semestre, de todas as novas inscrições de condenações proferidas no respectivo Estado contra os nacionais do outro.

2 — Para efeitos de processo penal, e a pedido das competentes autoridades judiciárias, cada um dos Estados Contratantes remeterá ao outro extractos e outras informações de registo criminal nos mesmos termos em que, em conformidade com a lei respectiva, as suas autoridades os podem obter.

0 pedido será feito directamente à entidade que superintende nos serviços de registo criminal do Estado requerido.

3 — Para fins alheios a um processo penal, os dois Estados Contratantes prestar-se-ão reciprocamente informações do registo criminal na medida em que o permitir a lei nacional do Estado requerido. Em todos os pedidos de informação sobre matéria de registo criminal mencionar-se-á o fim em vista, podendo a informação ser recusada, sem indicação de motivos, quando respeite a nacional do Estado requerido.

Nestes casos, a correspondência será trocada entre os Ministros da Justiça dos Estados Contratantes.

4 — Os nacionais de cada um dos Estados Contratantes poderão requerer e obter certificados de registo criminal nas repartições competentes do outro em igualdade de condições com os nacionais deste.

Artigo 51.° Informações sobre sentenças penais

1 — Os extractos das sentenças e. outras decisões de processo penal constantes do registo criminal podem ser enviados à autoridade do Estado contratante que os solicite, na medida em que a autoridade requerida os pode também requerer para fins de processo penal.

2 — No caso do número anterior, se a sentença oú decisão respeitar a nacionais do Estado requerente, é inscrita no registo criminal quando o facto constituir crime segundo a lei desse Estado.

Artigo 52.° Encerramento do processo de cooperação

1 — Quando a autoridade encarregada da execução do pedido a considerar finda, envia os autos e outros documentos à autoridade que o formulou.

2 — Se a autoridade requerente considerar incompleta a execução do pedido, pode devolvê-lo para ser completado, especificando as razões da devolução.

3 — O pedido é completado se a autoridade requerida considerar procedentes as razões indicadas para a devolução.

Artigo 53.° Informação sobre o não cumprimento

Se o auxílio for recusado, no todo ou em parte, ou se surgirem obstáculos ao cumprimento do pedido, a autoridade requerida informara a autoridade requerente, com indicação do motivo.

Artigo 54.° Despesas

1 — À excepção das despesas e honorários com a intervenção de peritos e intérpretes, o Estado requerido não pode pedir reembolso de despesas ocasionadas pelo auxílio.

2 — O Estado requerido pode pedir ao Estado requerente adiantamento para as despesas e honorários com intervenção de peritos e intérpretes.

CAPÍTULO II Acção penal

Artigo 55.° Princípio

Mediante pedido, cada um dos Estados Contratantes, através das autoridades judiciárias competentes e em conformidade com a respectiva lei, instaurará ou continuará procedimento penal contra uma pessoa que se encontre no seu território e que tenha cometido uma infracção no território do outro Estado.

Artigo 56.° Condições especiais

1 — Para que possa ser instaurado ou continuar o procedimento penal referido no artigo anterior é necessária a verificação das seguintes condições:

a) O Estado requerente dê garantias de que não procederá penalmente, pelo mesmo facto, contra o suspeito ou arguido, no caso de o mesmo vir a ser definitivamente julgado por sentença de um tribunal do Estado requerido;

b) O procedimento penal tenha por objecto um facto que constitua crime segundo a lei de ambos os Estados Contratantes;

c) A pena ou a medida de segurança privativa da liberdade correspondente ao facto seja de duração máxima não inferior a um ano;

d) O suspeito ou o arguido tenha nacionalidade portuguesa ou angolana ou tenha a sua resi-

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dência habitual em território português ou angolano, tratando-se de estrangeiros ou apátridas; e) O Estado requerente considere que a presença do suspeito ou do arguido não pode ser assegurada perante os seus tribunais, podendo sê-lo no Estado requerido.

2 — As disposições dos números anteriores não se aplicam se a reacção criminal que motiva o pedido relevar da competência dos tribunais do Estado requerido por virtude de disposição relativa à aplicação da sua lei penal no espaço.

Artigo 57.° Direito aplicável

Ao facto que é objecto do procedimento penal instaurado ou continuado nas condições referidas no artigo anterior é aplicada a reacção criminal prevista na lei do Estado requerido, excepto se a lei do Estado requerente for mais favorável.

Artigo 58.°

Efeitos da aceitação do pedido relativamente ao Estado que o formula

1 — A aceitação, pelo Estado requerido, do pedido formulado pelo Estado requerente implica a renúncia, por este, ao procedimento relativo ao facto.

2 — Se instaurado ou continuado, no Estado requerido, procedimento penal pelo facto, não for possível, por ausência ou outro motivo, obter a comparência do arguido em julgamento, o Estado requerente recupera o direito de proceder penalmente pelo mesmo facto, após a devida comunicação.

Artigo 59.° Tramitação

1 — O pedido, formulado pelos Ministros da Justiça dos Estados Contratantes, é acompanhado do original ou cópia autenticada do processo a transmitir, caso exista.

2 — Se o Estado requerido decidir que o pedido é admissível, remete o expediente ao tribunal competente, que ordena imediatamente notificação para comparência do suspeito ou do arguido, bem como do advogado constituído, se o houver.

3 — Se o suspeito ou o arguido não comparecer, o tribunal verifica se a notificação foi feita pela forma legal e nomeia defensor oficioso, na falta de advogado constituído ou se este também não aparecer, de tudo se lavrando auto.

4 — O juiz, oficiosamente ou a instância do Ministério Público, do suspeito, do arguido ou do seu defensor, pode ordenar a repetição da notificação a que se refere o n.° 2.

5 — O suspeito, o arguido ou o seu defensor são convidados a exporem as suas razões contra ou a favor da aceitação do pedido, de igual faculdade gozando o Ministério Público.

6 — Se necessário, o juiz procede ou manda proceder às diligências de prova que repute indispensáveis, por sua iniciativa ou requeridas pelo Ministério Público, pelo suspeito, pelo arguido ou pelo seu defensor, fixando, para o efeito, um prazo não superior a 30 dias.

7 — Efectuadas as diligências ou esgotado o prazo a que se refere o número anterior, é dada vista do pro-

cesso, primeiro ao Ministério Público, depois ao suspeito ou arguido, para alegarem, cada um, por oito dias, e, por fim, é proferida decisão sobre o pedido nos cinco dias seguintes.

8 — Da decisão há recurso nos termos gerais.

9 — Na pendência do processo regulado neste artigo, o juiz pode adoptar provisoriamente as medidas de coacção e garantia patrimonial previstas no Código de Processo Penal.

Artigo 60.° Efeitos da decisão sobre o pedido

Em caso de decisão favorável, o juiz, conforme os casos:

a) Ordena a remessa dos autos à autoridade judiciária competente para instauração ou continuação do procedimento penal;

b) Pratica os actos necessários à continuação do -processo, se este relevar da sua competência.

Artigo 61.° Convalidação dos actos praticados no estrangeiro

A decisão judicial que ordena a continuação do processo penal convalida os actos praticados no processo transmitido, como se tivessem sido praticados perante as autoridades judiciárias do Estado requerido, salvo se se tratar de actos inadmissíveis face à legislação processual penal desse Estado.

Artigo 62.° Revogação da decisão

1 — A autoridade judiciária pode revogar a decisão, a instância do Ministério Público, do suspeito, do arguido ou do defensor, quando, na pendência do processo:

à) Houver conhecimento superveniente de qualquer uma das causas de inadmissibilidade previstas neste Acordo;

6) Não possa assegurar-se a comparência do arguido em julgamento ou para execução da sentença que imponha reacção criminal privativa da liberdade.

2 — Da decisão há recurso.

3 — O trânsito da decisão põe termo à jurisdição da autoridade judiciária do Estado requerido e implica a remessa do processo ao Estado requerente.

Artigo 63.° Comunicações

1 — São comunicadas ao Ministro da Justiça, para notificação ao Estado requerente:

a) A decisão sobre a admissibilidade do pedido; b\ A decisão que revoga a anterior;

c) A sentença proferida no processo; '

d) Qualquer outra decisão que lhe ponha termo.

2 — A notificação é acompanhada de certidão ou cópia autenticada das decisões referidas no número anterior.

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Artigo 64.° Competência territorial

Salvo no caso de se encontrar já definida a competência territorial, aos actos de cooperação internacional previstos no presente capítulo aplicam-se as normas processuais vigentes no Estado requerido.

Artigo 65.° Custas

As custas eventualmente devidas no processo instaurado no Estado requerente, anteriormente à aceitação do pedido de delegação, acrescem às devidas no processo instaurado no Estado requerido e são neste cobradas, sem reembolso, àquele Estado.

Subtítulo II Extradição

CAPÍTULO I Condições de extradição

Artigo 66.° Obrigação de extradição

Os Estados Contratantes ,obrigam-se a entregar um ao outro, nos termos previstos nos artigos seguintes, as pessoas que se encontrem nos seus territórios.

Artigo 67.°

Fim e fundamento da extradição

1 — A extradição pode ter lugar para efeitos de procedimento criminal ou para cumprimento de penas ou de medidas de segurança privativas de liberdade, por factos cujo julgamento compete aos tribunais do Estado requerente è que sejam puníveis ou objecto de tais medidas pelas leis de ambos os Estados.

2 — Dão lugar a extradição:

a) O procedimento criminal por facto ou factos puníveis, pelas leis de ambos os Estados Contratantes, com pena privativa de liberdade ou objecto de medida de segurança privativa de liberdade, em ambos os casos superior a um

. ano;

b) A condenação pelos factos previstos na alínea a) em pena ou medida de segurança privativas de liberdade, se a duração da pena ou da medida de segurança ainda por cumprir não for inferior a quatro meses.

3 —Se o pedido de extradição respeitar a factos distintos e algum ou alguns deles não preencherem a condição relativa áo limite mínimo da pena ou medida de segurança, poderá o Estado requerido conceder extradição também por estes factos.

4 — Concedida extradição, pode vir a ser concedida também, mediante novo pedido, por factos que não preencham a condição do limite mínimo da pena ou medida de segurança se o extraditado ainda não tiver sido restituído à liberdade definitivamente em relação ao fundamento da extradição antes concedida, ou, ten-

do-o sido, não houver deixado, podendo fazê-lo, o território do Estado requerente no prazo de 30 dias após a libertação.

Artigo 68.° Inadmissibilidade de extradição

1 — Não haverá lugar a extradição nos seguintes casos:

0) Ser á pessoa reclamada nacional do Estado requerido;

b) Ter sido a infracção cometida no território do Estado requerido;

c) Estar pendente nos tribunais do Estado requerido, pelos factos que fundamentam o pedido de extradição, procedimento criminal, haver findado o procedimento por despacho de arquivamento ou haver sido a pessoa reclamada definitivamente julgada pelos mesmos factos por aqueles tribunais;

d) Ter â pessoa reclamada sido julgada num terceiro Estado pelos factos que fundamentam o pedido de extradição e ter sido absolvida, ou,, no caso de condenação, ter cumprido a pena;

e) Ter a infracção que fundamentar o pedido de extradição sido cometida em outro Estado que não o requerente e não autorizar a legislação do Estado requerido procedimento por infracção desse género cometida fora do seu território;

f) Estar prescrito, no momento da recepção do pedido, segundo a legislação de qualquer Estado Contratante, o procedimento criminal ou a pena;

g) Estar amnistiada a infracção segundo a legislação do Estado requerente e também do Estado requerido, se este tinha competência .segundo a sua própria lei para a perseguir;

h) Corresponder à infracção pena de morte ou de prisão perpétua;

1) Dever a pessoa ser julgada por tribunal de excepção ou cumprir uma pena decretada por um tribunal dessa natureza;

j) Provar-se que a pessoa reclamada será sujeita a processo que não ofereça garantias de um procedimento penal que respeite as condições internacionalmente indispensáveis à salvaguarda dos direitos do homem ou cumprirá a pena sem observância das regras mínimas de tratamento de presos fixadas pela Organização das Nações Unidas;

/) Tratar-se, segundo a legislação do Estado requerido, de infracção de natureza política ou com ela conexa, ou haver fundadas suspeitas para supor que a extradição é solicitada com o fim de processar, punir ou limitar por qualquer meio a liberdade do extraditando em virtude da sua raça, religião, nacionalidade ou opinião política ou que a vida e integridade física deste correriam perigo no território do Estado requerente por esses factos;

m) Tratar-se de crime militar que, segundo a legislação do Estado requerido, não seja simultaneamente previsto e punido na lei penal comum;

n) Tratar-se de infracções em matéria de alfândega, impostos, taxas e câmbios, salvo quando constituam crime.

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2 — Não se consideram infracções de natureza política ou com elas conexas as referidas nos n.05 2 e 3 do artigo 33.°

3 — Nos casos referidos nas alíneas a), b) e h) do n.° 1 será obrigatoriamente instaurado procedimento criminal contra a pessoa não extraditada logo que recebidos os elementos necessários.

4 — Por todas ou parte das infracções referidas na alínea n) do n.° 1 podem os Estados Contratantes convir, por troca de notas, em conceder a extradição nas condições da presente Convenção.

5 — Acordos especiais, no âmbito de alianças militares ou de outra natureza, poderão admitir crimes puramente militares como fundamento de extradição.

Artigo 69.° Decisões à revelia

Pode ser concedida extradição de pessoas julgadas à revelia desde que a lei do Estado requerente lhes assegure a interposição do recurso ou a realização de novo julgamento após a extradição.

Artigo 70.° Extradição diferida

1 — Não obsta à concessão da extradição a existência em tribunais do Estado requerido de processo penal contra a pessoa reclamada ou a circunstância de esta se encontrar a cumprir pena privativa da liberdade por infracções diversas das que fundamentaram o pedido.

2 — Nos casos do número anterior difere-se a entrega do extraditado para quando o processo ou o cumprimento da pena terminarem.

3 — É também causa de adiamento da entrega a verificação, por perito médico, de enfermidade que ponha em perigo a vida do extraditado.

Artigo 71.° Extradição com consentimento do extraditando

1 — A pessoa detida para efeito de extradição pode declarar que consente na sua entrega imediata ao Estado requerente e que renuncia ao processo judicial de extradição, depois de advertida de que tem direito a esse processo.

2 — A declaração é assinada pelo extraditando e pelo seu defensor ou advogado constituído.

3 — O juiz verifica se estão preenchidas as condições para que a extradição possa ser concedida, ouve o declarante para se certificar.se a declaração resulta da sua livre determinação e, em caso afirmativo, homologa-a, ordenando a sua entrega ao Estado requerente, de tudo se lavrando auto.

4 — A declaração, homologada nos termos do número anterior, é irrevogável.

5 — O acto judicial de homologação equivale, para todos os efeitos, à decisão final do processo de extradição.

Artigo 72.°

Fuga do extraditado

O extraditado que, depois de entregue ao Estado requerente, se evadir antes de extinto o procedimento penal ou de cumprida a pena e voltar a ou for encontrado no Estado requerido será de novo detido e entregue

ao Estado requerente, mediante mandato de detenção emanado da autoridade competente, salvo no caso de ter havido violação das condições em que a extradição foi concedida.

CAPÍTULO II Processo de extradição SECÇÃO I Pedido de extradição

Artigo 73.° Requisitos do pedido

1 — Os pedidos de extradição serão formulados pelos Ministros da Justiça dos Estados Contratantes e autenticados com o selo respectivo.

2 — O pedido de extradição deve incluir:

a) A identificação rigorosa da pessoa reclamada;

b) A menção expressa da sua nacionalidade;

c) Demonstração de que, no caso concreto, a mesma pessoa está sujeita à jurisdição penal do Estado requerente;

d) Prova, no caso de infracção cometida em terceiro Estado, de que este não reclama o extraditando por causa dessa infracção;

e) Informação, nos casos de condenação à revelia, de que a pessoa reclamada pode recorrer da decisão ou requerer novo julgamento após a extradição.

Artigo 74.° Via a adoptar

1 — Os pedidos de extradição serão apresentados pela via diplomática ou consular aos Ministros da Justiça dos Estados Contratantes.

2 — Toda a correspondência posterior ao pedido será trocada directamente entre os ministros referidos no número antecedente.

Artigo 75.° Instrução do pedido

Ao pedido de extradição devem ser juntos os elementos seguintes:

a) Mandado de captura, ou documento equivalente, em triplicado, da pessoa reclamada, emitido pela autoridade competente;

b) Quaisquer indicações úteis ao reconhecimento da pessoa reclamada, designadamente, se possível, extracto do registo civil, fotografia e ficha dactiloscópica;

c) Certidão ou cópia autenticada da decisão que ordenou a expedição do mandado de captura ou acto equivalente, no caso de extradição para procedimento criminal;

d) Certidão ou cópia autenticada da decisão condenatória, no caso de extradição para cumprimento da pena ou de medida de segurança;

e) Descrição dos factos imputados à pessoa reclamada, com indicação de data, local e circunstâncias da infracção e a sua qualificação jurídica, se não constarem das decisões referidas nas asneas c) ou d);

f) Cópia dos textos legais relativos à qualificação e punição dos factos imputados ao extraditando

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ou sujeição deste a medidas de segurança e à prescrição do procedimento criminal ou da pena, conforme o caso;

g) Declaração da autoridade competente relativa a actos que tenham interrompido o prazo de prescrição, segundo a lei do Estado requerente, se for caso disso;

h) Cópia dos textos legais relativos à possibilidade de recurso da decisão ou de efectivação de novo julgamento, no caso de condenação à revelia.

Artigo 76.° Elementos complementares

1 — Quando o pedido estiver incompleto ou não vier acompanhado de elementos suficientes para sobre ele se decidir, pode o Estado requerido solicitar elementos ou informações complementares.

0 envio terá de ser feito no prazo de um mês, prorrogável por mais um, mediante razões atendíveis invocadas pelo Estado requerente.

2 — A falta dos elementos solicitados nos termos do número anterior determina o arquivamento do processo no fim do prazo para o seu envio, sem embargo de poder prosseguir quando esses elementos forem apresentados.

Artigo 77.° Pedidos de extradição concorrentes

1 — No caso de diversos pedidos de extradição da mesma pessoa pelos mesmos factos, tem preferência o Estado em cujo território a infracção se consumou ou onde foi praticado o facto principal.

2 — Se òs pedidos respeitarem a factos diferentes, tem preferência:

a) No caso de infracções de gravidade diferente, o pedido relativo à mais grave, segundo a lei do Estado requerido;

b) No caso de infracções de igual gravidade, o pedido mais antigo, ou, sendo simultâneos, o do Estado de que o extraditando for nacional ou residente, ou, nos demais casos, o Estado que, de acordo com as circunstâncias concretas, designadamente a existência de tratado ou a possibilidade de extradição entre os Estados requerentes, se entender que deva ser preferido aos outros.

Artigo 78.° Natureza do processo de extradição

1 — O processo de extradição tem carácter urgente e compreende duas fases: a administrativa e a judicial.

2 — A fase administrativa é destinada à apreciação do pedido de extradição pelo Governo para o efeito de decidir se ele pode ter seguimento ou se deve ser liminarmente indeferido por razões de ordem política ou de oportunidade õu conveniência.

3 — A fase judicial decorre junto do tribunal para o efeito competente nos termos da respectiva lei interna e destina-se a decidir, com audiência do interessado, sobre a concessão da extradição por procedência das suas condições de forma e de fundo, havendo recurso, com efeito suspensivo, da decisão que conceder a extradição.

Artigo 79.° Comunicação da decisão

0 Estado requerido informará o Estado requerente no mais curto prazo possível, nunca superior a 30 dias, da decisão sobre o pedido de extradição, indicando, em caso de recusa total ou parcial, os motivos.

Artigo 80.° Regra de especialidade

1 — O extraditado não pode ser julgado nem preso no território do Estado requerente senão pelos factos e respectiva qualificação constantes do pedido e que motivaram a extradição.

2 — Cessa a proibição constante do número anterior se:

a) Nos termos estabelecidos para o pedido de extradição, for solicitada ao Estado requerido autorização e dele obtida, ouvido previamente o extraditado;

b) O extraditado, tendo direito e possibilidade de sair do território do Estado requerente, nele permanecer para além de trinta 30 dias ou aí voluntariamente regressar.

Artigo 81.° Reextradição

1 — O Estado requerente não pode reextraditar para terceiro Estado a pessoa que o Estado requerido lhe entregou mediante pedido de extradição.

2 — Cessa a proibição constante do número antecedente:

a) No caso de reextradição para Estados cujos pedidos de extradição hajam sido preteridos nos

. termos do artigo 78.° e desde que o Estado requerido tenha expressamente autorizado a reextradição;

b) Se, nos termos estabelecidos para os pedido de extradição, for solicitada ao Estado requerido autorização e dele obtida, ouvido previamente o extraditado;

c) O extraditado, tendo direito e possibilidade de sair do território do Estado requerente nele permanecer para além de 30 dias ou aí voluntariamente regressar.

SECÇÃO II Cumprimento do pedido

Artigo 82.° Captura do extraditando

1 — Os Estados Contratantes obrigám-se a, logo que deferido o pedido de extradição, adoptar todas as medidas necessárias, inclusive a procurar e a deter a pessoa reclamada.

2 — A detenção da pessoa reclamada durante o processo de extradição até à sua entrega ao Estado requerente reger-se-á pela lei interna do Estado requerido.

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Artigo 83.° Entrega e remoção do extraditando

1 — Sendo concedida a extradição, o Estado requerido informará o Estado requerente do local e da data a partir da qual se fará a entrega da pessoa reclamada e da duração da detenção sofrida. Salvo consentimento do Estado requerente, o intervalo entre a data da comunicação e a da entrega da pessoa a extraditar não será inferior a 10 dias.

2 — Salvo o disposto no número seguinte, se a pessoa reclamada não for recebida nos 20 dias subsequentes à data referida no n.° 1, será restituída à liberdade.

3 — O prazo referido no número antecedente é prorrogável na medida exigível pelo caso concreto quando razões de força maior comunicadas entre os Estados Contratantes, inclusive doença verificada por perito médico, a qual ponha em perigo a vida do extraditado, impedirem a remoção.

Fixada nova data para a entrega, aplica-se o disposto no número antecedente.

4 — O Estado requerido pode recusar novo pedido de extradição pela mesma infracção da pessoa que tiver sido solta nos termos dos n.os 2 e 3.

Artigo 84.° Entrega diferida ou condicional

1 — Estando pendente no território do Estado requerido procedimento criminal ou existindo decisão condenatório contra a pessoa reclamada, pode o Estado requerido, decidido o pedido, adiar a entrega para quando o processo ou o cumprimento da pena ou medida de segurança terminarem.

2 — No caso do n.° 1, a pessoa reclamada pode ser entregue temporariamente para a prática de actos processuais, designadamente o julgamento, que o Estado requerente demonstre não poderem ser adiados sem grave prejuízo para o prosseguimento da acção penal.

3 — A pessoa entregue nos termos do n.° 2 continuará, todavia, detida enquanto permanecer no território do Estado requerente e será restituída ao Estado requerido no prazo máximo de três meses a contar da entrega, e se se encontrava a cumprir pena ou medida de segurança no Estado requerido, a execução desta considera-se suspensa desde a data em que foi entregue ao Estado requerente até à sua restituição ao Estado requerido.

Artigo 85.° Entrega de coisas apreendidas

1 — A concessão de extradição envolve, sem necessidade de pedido, a entrega ao Estado requerido das coisas que, no momento da captura ou posteriormente, tenham sido apreendidas ao extraditando e possam servir de prova da infracção ou se mostrarem adquiridas em resultado da infracção ou com o produto desta, desde que a apreensão seja consentida pela lei do Estado requerido e não haja ofensa de direitos de terceiros.

2 — A entrega das coisas referidas no número anterior será feita mesmo que a extradição não se efective por fuga ou morte do extraditando.

3 — Os documentos ou objectos necessários a um processo penal no território do Estado requerido poderão ficar retidos durante a pendência do processo, devendo este informar o Estado requerente da duração provável da demora.

Artigo 86.° Recaptura

Em caso de evasão após a entrega ao Estado requerente e retorno da pessoa extraditada ao território do Estado requerido, pode ela ser objecto de novo pedido de extradição, apenas acompanhado de mandado de captura ou acto equivalente e dos elementos necessários para se saber que foi extraditada e se evadiu antes de extinto o procedimento criminal ou a pena.

SECÇÃO III Detenção provisória

Artigo 87.° Detenção provisória

1 — Em caso de urgência e como acto prévio de um pedido formal de extradição, os Estados Contratantes podem solicitar, pelas autoridades respectivas, a detenção provisória da pessoa procurada.

2 — O pedido de detenção provisória indicará a existência de mandado de captura ou acto equivalente ou decisão condenatória contra a pessoa procurada, conterá o resumo dos factos integradores da infracção ou fundamento da medida de segurança, data e local onde foram cometidos, a indicação dos preceitos legais aplicáveis e todos os dados disponíveis acerca da identidade, nacionalidade e localização dessa pessoa.

3 — O pedido de detenção provisória será transmitido ao Ministério da Justiça do Estado requerido, quer pela via diplomática, quer directamente por via postal ou telegráfica ou pela INTERPOL, ou ainda por qualquer outro meio convertível em escrita ou considerado adequado pelas autoridades do Estado requerido.

4 — A decisão sobre a detenção e a sua manutenção será tomada em conformidade com o direito do Estado requerido e comunicada imediatamente ao Estado requerente.

5 — Pelo meio mais rápido, o Estado requerido infov mará o Estado requerente do resultado dos actos praticados para a detenção, mencionando que. a pessoa detida será restituída à liberdade se não receber o respectivo pedido de extradição, nos termos dos artigos 73.° a 75.°, no prazo de 30 dias após a detenção.

6 — A manutenção da detenção após a recepção do pedido de extradição aplica-se o disposto no n.° 2 do artigo 82.°

7 — A restituição à liberdade não obsta a nova detenção ou à extradição se o pedido de extradição chegai após o prazo referido no n.° 5 do presente artigo.

SECÇÃO IV Trânsito de extraditados

Artigo 88.° Transito

1 — O trânsito de uma pessoa a extraditar de um terceiro Estado para um dos Estados Contratantes através do território ou do espaço aéreo do outro Estado será autorizado, a pedido do que nele estiver interessado, nas mesmas condições em que seria de conceder a extradição entre os mesmos Estados Contratantes em

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conformidade com o presente Acordo e desde que não se oponham razões de segurança ou de ordem pública.

2 — O Estado requerido, ouvido o Estado requerente, indicará o meio de transporte e a forma de trânsito.

3 — Utilizando-se via aérea sem sobrevoo previsto e ocorrendo aterragem de emergência, o Estado requerente notificará o Estado requerido da existência de qualquer dos elementos previstos nas alíneas a), c) e d) do artigo 75.°

A notificação produzirá os efeitos do pedido de detenção provisória previsto no artigo 87.° e o Estado requerente formulará também pedido formal de trânsito.

SECÇÃO V Relevo da detenção

Artigo 89.° Imputação da detenção

Será levado em conta no processo penal e de segurança todo o tempo de detenção sofrida pelo extraditando com vista à extradição.

SECÇÃO VI Despesas de extradição

Artigo 90.° Despesas

1 — Ficam a cargo do Estado requerido as despesas pela extradição até à entrega do extraditado ao Estado requerente.

2 — Ficam a cargo do Estado requerente:

a) As despesas de transporte do extraditado de um para outro Estado;

b) As despesas do envio ao Estado requerente de coisas apreendidas nos termos do artigo 85.°;

c) As despesas causadas pelo trânsito de extraditado provindo de terceiro Estado.

Subtítulo III Eficácia das sentenças criminais

CAPÍTULO I Definições

Artigo 91.°

Definições

Para os fins do presente subtítulo, a expressão:

a) «Sentença criminal» designa qualquer decisão definitiva proferida por uma jurisdição de qualquer dos Estados Contratantes em consequência de uma acção penal ou de um procedimento por contra-ordenação ou transgressão administrativa;

b) «Infracção» abrange, além dos factos que constituem infracções penais, os que constituem contra-ordenação ou transgressão administrativa, desde que o interessado tenha a faculdade de

recorrer para uma instância jurisdicional da decisão administrativa que os tenha apreciado;

c) «Condenação» significa imposição de uma sanção;

d) «Sanção» designa qualquer pena, multa, coima ou medida aplicada a um indivíduo em resultado da prática de uma infracção e expressamente imposta em sentença criminal;

e) «Privação de direitos» designa qualquer privação ou suspensão de um direito ou qualquer interdição ou incapacidade.

CAPÍTULO II Execução das sentenças criminais

SECÇÃO I Disposições gerais

SUBSECÇÃO I

Condições gerais de execução

Artigo 92.° Âmbito

0 presente capítulo aplica-se:

a) Às sanções privativas de liberdade;

b) As multas, coimas ou perda de bens;

c) As privações de direitos.

Artigo 93.° Competência

1 — Nos casos e nas condições previstos no presente subtítulo, qualquer dos Estados Contratantes tem competência para proceder à execução de uma sanção proferida no outro e que neste adquira executoriedade.

2 — Esta competência só poderá ser exercida mediante um pedido de execução formulado pelo outro Estado.

Artigo 94.° Principio da dupla incriminação

1 — Para que uma sanção possa ser executada por outro Estado Contratante é necessário que o facto que a determinou constitua uma infracção e o seu autor possa ser punido à face da lei desse Estado.

2 — Se a condenação abranger várias infracções e algumas não reunirem as condições referidas no número anterior, só poderá ser executada a parte da condenação relativa às infracções que as reunam.

Artigo 95.° Condições do pedido

O Estado da condenação só poderá solicitar a execução da sanção ao outro Estado Contratante verificada alguma das seguintes condições:

a) Se o condenado tiver a sua residência habitual no outro Estado;

6) Se a execução da sanção no outro Estado for suceptível de melhorar as possibilidades de reabilitação social do condenado;

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c) Se se tratar de uma sanção privativa de liberdade que possa ser executada no outro Estado seguidamente a outra sanção da mesma natureza que o condenado esteja a cumprir ou deva cumprir neste Estado;

d) Se o outro Estado for o Estado de origem do condenado e tiver já declarado que se encontra disposto a encarregar-se da execução da sanção;

e) Se considerar que não está em condições de executar ele próprio a sanção, mesmo recorrendo à extradição, e que o outro Estado pode fazê-lo.

Artigo 96.° Recusa da execução

1 — A execução requerida nas condições fixadas nas disposições precedentes só poderá ser recusada, total ou parcialmente, num dos seguintes casos:

a) Se for contrária aos princípios fundamentais da ordem jurídica do Estado requerido;

b) Se o Estado requerido considerar que a infracção a que se refere a condenação reveste carácter político ou é conexa com infracções dessa natureza ou que se trata de infracção militar que não seja simultaneamente prevista e punida na lei penal comum ou de infracção em matéria de alfândega, impostos, taxas ou câmbios;

c) Se o Estado requerido considerar que existem sérias razões para crer que a condenação foi determinada ou agravada por considerações de raça, religião, nacionalidade ou opiniões políticas;

d) Se for contrária aos compromissos internacionais do Estado requerido;

e) Se o facto for objecto de procedimento no Estado requerido ou se este decidir instaurá-lo;

f) Se as autoridades competentes do Estado requerido tiverem decidido não instaurar ou pôr termo a procedimento já instaurado pelo mesmo facto;

g) Se o facto tiver sido cometido fora do território do Estado requerente;

h) Se o Estado requerido não se encontrar em condições de poder executar a sanção;

i) Se o pedido for fundamentado na alínea e) do artigo 70.° e não estiver preenchida nenhuma das demais condições do referido artigo;

j) Se o Estado requerido considerar que o Estado requerente tem possibilidades de executar ele próprio a sanção;

k) Se o condenado não pudesse ser perseguido no Estado requerido, atendendo à sua idade na data da comissão do facto;

l) Se,- a sanção se encontrar já prescrita segundo a lei de qualquer dos Estados;

m) Se à data da sentença o procedimento criminal já se encontrava prescrito segundo a lei de qualquer dos Estados;

n) Se a sentença impuser uma privação de direitos.

2 — Os casos de recusa enunciados no número anterior serão interpretados segundo a lei do Estado requerido.

3 — É aplicável, no caso da primeira parte da alínea b) do n.° 1, o disposto nos n.os 2 e 3 do artigo 33.°

Artigo 97.° Ne bis ia idem

Não será dado seguimento a um pedido de execução se a mesma for contrária aos princípios reconhecidos pelas disposições da secção i do capítulo ni do presente subtítulo.

SUBSECÇÃO II

Efeitos da transmissão da execução

Artigo 98.° Interrupção da suspensão da prescrição

Com vista à aplicação das alíneas /) e m) do artigo 96.°, os actos interruptivos ou suspensivos da prescrição validamente praticados pelas autoridades do Estado da condenação são considerados, no Estado requerido, como tendo produzido o mesmo efeito relativamente à prescrição segundo o direito deste último Estado.

Artigo 99.° Consentimento do condenado

Só mediante assentimento expresso do condenado que se encontre detido no território do Estado da condenação este Estado poderá solicitar ao outro a execução da respectiva sentença.

Artigo 100.° Lei aplicável à execução

1 — A execução será regulada pela lei do Estado requerido e apenas este Estado terá competência paia tomar todas as decisões apropriadas, nomeadamente as respeitantes à liberdade condicional.

2 — Apenas o Estado requerente terá o direito de decidir sobre qualquer recurso de revisão da sentença condenatória.

3 — Cada um dos Estados poderá exercer o direito de amnistia, de indulto ou de comutação.

Artigo 101.° Competência para a execução

1 — O Estado da condenação, uma vez enviado o pedido de execução, não poderá executar a sanção a que este pedido se refere. Poderá, no entanto, executar uma sanção privativa da liberdade se o condenado já se encontrar detido no seu território no momento da apresentação daquele pedido.

2 — O Estado requerente recupera o seu direito de execução:

a) Se retirar o pedido antes que o Estado requerido o tenha informado da sua intenção de lhe dar seguimento;

b) Se o Estado requerido informar que recusa oai seguimento ao pedido;

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c) Se o Estado requerido renunciar expressamente ao seu direito de execução. Tal renúncia só poderá ter lugar por consentimento de ambos os Estados interessados ou se a execução já não for possível no Estado requerido. Neste ultimo caso, a renúncia é obrigatória se o Estado requerente assim o pedir.

Artigo 102.° Termo da execução

1 — As autoridades competentes do Estado requerido deverão pôr termo à execução se tiverem conhecimento de uma medida de indulto ou de comutação, de uma amnistia, de um recurso de revisão, ou de qualquer outra decisão tendente a retirar à sanção o seu carácter executório. De igual forma se procederá no que se refere à execução de multa ou coima, se o condenado a já tiver liquidado à autoridade competente do Estado requerente.

2 — O Estado requerente informará o Estado requerido, o mais rapidamente possível, de qualquer decisão ou acto de processo praticado no seu território que extinga o direito de execução em conformidade com o número precedente.

SUBSECÇÃO III

Despesas

Artigo 103.° Renúncia quanto a despesas

Os Estados Contratantes renunciam mutuamente ao reembolso das despesas resultantes da aplicação do presente subtítulo.

SECÇÃO II Pedidos de execução

Artigo 104.° . Requisitos do pedido

Os pedidos de execução serão formulados pelos Ministros da Justiça dos Estados Contratantes e autenticados com o selo respectivo.

Artigo 105.° Via a adoptar

J — Os pedidos de execução serão apresentados pela via diplomática ou consular aos Ministros dá Justiça dos Estados Contratantes.

2 — Sem prejuízo de disposições especiais, toda a correspondência ulterior ao pedido será trocada directamente entre os Ministros referidos no número antecedente.

- Artigo 106.° Instrução do pedido

1 — O pedido de execução será acompanhado do original ou de cópia certificada da sentença cuja execução se requer e de todos os documentos necessários.

2 — O carácter executório da sanção será certificado pela autoridade competente do Estado requerente.

Artigo 107.° Elementos complementares

1 — O Estado requerido poderá pedir ao Estado requerente o envio do original ou de cópia certificada de todo ou parte do processo, bem como de quaisquer informações complementares necessárias, se entender que os elementos fornecidos pelo Estado requerente são insuficientes.

2 — O envio dos elementos referidos no número antecedente far-se-á no prazo de um mês, prorrogável por mais um, por razões atendíveis invocadas pelo Estado requerente.

3 — Decorridos 20 dias sobre o termo dos prazos estabelecidos no n.° 2 sem que os elementos complementares sejam recebidos, o pedido de execução será indeferido.

Artigo 108.° Comunicação acerca da execução

1 — As autoridades do Estado requerido informarão as autoridades do Estado requerente, o mais rapidamente possível, do seguimento dado ao pedido de execução e das razões da recusa, se esse for o caso.

2 — Sendo executada a sanção, as autoridades do Estado requerido remeterão às do Estado requerente documento comprovativo da execução.

SECÇÃO III Medidas provisórias

Artigo 109.° Detenção

Se a pessoa julgada se encontrar no Estado requerente depois de ter sido recebida a notificação da aceitação do pedido formulado por este Estado para execução de uma sentença que implique privação de liberdade, o mesmo Estado poderá, se o considerar necessário para assegurar a execução, deter essa pessoa, a fim de a transferir em conformidade com as disposições do artigo 121.°

Artigo 110.° Pressupostos da detenção

1 — Uma vez formulado o pedido de execução pelo Estado requerente, o Estado requerido poderá proceder à detenção do, condenado:

a) Se a lei do Estado requerido autorizar a detenção preventiva para o tipo de infracção cometida; e

b) Se houver receio de fuga ou, no caso de condenação à revelia, perigo de ocultação de provas.

2 — Quando o Estado requerente anunciar a sua intenção de formular o pedido de execução, o Estado requerido poderá, a pedido do primeiro, proceder à detenção do condenado, desde que sejam observadas as condições referidas nas alíneas a) e b) do número anterior. Este pedido deverá mencionar a infracção que motivou a condenação, tempo e local em que foi cometida, bem como conter uma identificação tão completa

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quanto possível do condenado. Deverá igualmente conter uma descrição sucinta dos factos em que se baseia a condenação.

Artigo 111,° Regime da detenção

1 — A detenção será regulada pela lei do Estado requerido, que determinará igualmente as condições em que a pessoa detida poderá ser posta em liberdade.

2 — A detenção terminará, todavia:

a) Se a sua duração atingir a da sanção privativa de liberdade proferida;

6) Se tiver sido efectuada ao abrigo do n.° 2 do artigo 110.° e se o Estado requerido não tiver recebido, no prazo de 30 dias a contar da data da detenção, o pedido acompanhado das peças referidas no artigo 106.°

Artigo 112.° Transferência do detido

1 — A pessoa detida no Estado requerido, ao abrigo do artigo 110.°, e citada para comparecer na audiência do tribunal competente do Estado requerente, após oposição por si deduzida, será transferida, para tal fim, para o território deste Estado.

2 — A detenção da pessoa transferida não será mantida pelo Estado requerente nos casos previstos no n.° 2, alínea a), do artigo 111.° ou se o Estado requerente não pedir a execução da nova condenação. A pessoa transferida será reenviada ao Estado requerido o mais rapidamente possível, salvo se tiver sido restituída à liberdade.

Artigo 113.° Regra da especialidade

1 — A pessoa citada para comparecer perante o tribunal competente do Estado requerente após oposição por si deduzida não será perseguida, julgada ou detida para execução de pena ou medida de segurança, nem submetida a qualquer outra medida restritiva da liberdade individual, por facto anterior à sua partida do Estado requerido não referido na citação, salvo se nisso consentir expressamente e por escrito. No caso previsto no n.° 1 do artigo 112.°, deverá ser enviada ao Estado de onde a pessoa foi transferida uma cópia da declaração de consentimento.

2 — Os efeitos previstos no número anterior cessam se a pessoa citada, tendo tido a possibilidade de o fazer, não abandonou o território do Estado requerente no prazo de 30 dias a contar da decisão que se seguiu à audiência a que compareceu ou se, após tê-lo deixado, a ele regressou voluntariamente sem ter sido de novo citada.

Artigo 114.° Apreensão provisória

1 — Se o Estado requerente solicitar a execução de uma perda de bens, o Estado requerido poderá proceder à apreensão provisória, caso a sua legislação preveja tal medida para factos análogos..

2 — A apreensão será regulada pela lei do Estado requerido, que determinará igualmente as condições em que a apreensão poderá ser levantada.

SECÇÃO IV Execução das sanções

SUBSECÇÃO I

Clausulas gerais Artigo 115.°

Decisão de execução

A execução, no Estado requerido, de uma sanção decretada no Estado requerente carece de uma decisão jurisdicional daquele Estado. Qualquer dos Estados Contratantes poderá, no entanto, cometer a autoridade administrativa essa decisão, se se tratar unicamente da execução de uma sanção por contra-ordenação e se estiver prevista uma via de recurso jurisdicional contra essa decisão.

Artigo 116.° Processo

Se o Estado requerido entender que pode satisfazer o pedido de execução, será o assunto submetido ao tribunal ou à autoridade designada nos termos do artigo 105.°

Artigo 117.° Audiência do condenado

1 — Antes de decidir do pedido de execução, o juiz dará ao condenado a possibilidade de fazer valer as suas razões. A pedido do condenado, será este ouvido, quer por carta rogatória, quer pessoalmente, pelo juiz. Esta audição pessoal é concedida a pedido expresso do condenado.

2 — No entanto, se o condenado que pedir para comparecer pessoalmente estiver detido no Estado requerente, o juiz poderá pronunciar-se, na sua ausência, sobre a aceitação do pedido de execução. Neste caso, a decisão relativa à substituição da sanção, prevista no artigo 122.°, será adiada até que o condenado, depois de transferido para o Estado requerido, tenha a possibilidade de comparecer perante o juiz.

Artigo 118.°

Questões prévias

1 — O juiz a quem competir a decisão ou a autoridade, designada nos casos previstos no artigo 115.° deverá certificar-se previamente de:

a) Que a sanção cuja execução é pedida foi decretada numa sentença criminal ou imposta por acto administrativo;

b) Que estão preenchidas as condições previstas no artigo 94.°;

> c) Que não se verifica a condição prevista na alí-» nea a) do n.° 1 do artigo 96.° ou que ela não se opõe à execução;

d) Que a execução não colide com o artigo 97.°;

e) Que, em caso de sentença à-revelia, estão satisfeitas as condições mencionadas na secção m do presente capítulo.

2 — Qualquer dos Estados Contratantes poderá encarregar o juiz ou a autoridade designada ao abrigo do artigo 115.° da apreciação de outras condições da execução previstas no presente Acordo.

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Artigo 119.° Recurso

Das decisões judiciais proferidas nos termos da presente secção com vista à execução requerida ou das proferidas em recurso interposto de uma decisão da autoridade administrativa designada nos termos do artigo 115.° deverá caber recurso.

Artigo 120.° Matéria de facto

0 Estado requerido fica vinculado aos factos apurados tais como são descritos na decisão ou na medida em que esta neles implicitamente se fundar.

SUBSECÇÃO II

Clausulas especificas da execução das sanções privativas de liberdade

Artigo 121.° • Transferência

Se o condenado estiver detido no Estado requerente, deverá, salvo disposições em contrário da legislação deste Estado, ser transferido para o Estado requerido logo que o primeiro tenha sido informado da aceitação do pedido de execução.

Artigo 122.° Substituição da sanção

1 — Aceite o pedido de execução, o juiz substituirá a sanção privativa de liberdade aplicada no Estado requerente por uma sanção prevista na sua própria lei para o mesmo facto. Esta sanção poderá, dentro dos limites indicados no n.° 2, ser de natureza ou duração diversa da aplicada no Estado requerente. Se esta última sanção for inferior ao mínimo que a lei do Estado requerido permite aplicar, o juiz não ficará vinculado por este mínimo e aplicará uma sanção correspondente à proferida no Estado requerente.

2 — Ao estabelecer a sanção, o juiz não poderá agravai a situação penal do condenado resultante da decisão proferida no Estado requerente.

3 — Qualquer parte da sanção aplicada no Estado requerente e qualquer período de detenção provisória cumpridos pelo condenado após a condenação, serão integralmente imputados. Do mesmo modo se procederá relativamente à detenção preventiva sofrida pelo condenado no Estado requerente antes da condenação.

4 — Sempre que houver alteração no sistema de san-cpes de qualquer dos Estados, será comunicada ao outro através dos respectivos Ministérios da Justiça.

SUBSECÇÃO III

Clausulas especificas da execução de multas, coimas ou perdas de bens

Artigo 123.°

Conversão monetária

1 — Sempre que o pedido de execução de uma multa, coima ou perda de uma quantia em dinheiro for aceite, o juiz ou a autoridade designada nos termos do

artigo 115.° converterá o seu montante em unidades monetárias do Estado requerido, aplicando a taxa de câmbio em vigor no momento em que a decisão é proferida. Determinará deste modo o montante da multa, da coima ou da quantia a apreender, sem poder, no entanto, ultrapassar o máximo fixado pela lei deste Estado para o mesmo facto, ou, na falta de máximo legal, o máximo do montante habitualmente aplicado neste Estado para um mesmo facto.

2 — No entanto, o juiz ou a autoridade designada ao abrigo do artigo 115.° poderão manter até ao montante imposto no Estado requerente a condenação em multa ou coima sempre que estas sanções não estiverem previstas na lei do Estado requerido para ó mesmo facto e se esta-permitir a aplicação de sanções mais graves.

3 — Quaisquer facilidades, relativas ao prazo de pagamento ou ao escalonamento de prestações, concedidas pelo Estado requerente, serão respeitadas pelo Estado requerido.

Artigo 124.° Condições de execução de perda de objectos

Sempre que o pedido de execução respeitar à perda de um objecto determinado, o juiz ou a autoridade designada nos termos do artigo 115.° só a poderá ordenar se ela for autorizada pela lei do Estado requerido para o mesmo facto.

Artigo 125.° Destino do produto das sanções

1 — O produto das multas, coimas e perdas de bens reverte a favor do Tesouro do Estado requerido, sem prejuízo dos direitos de terceiros.

2 — Os objectos perdidos que representem um interesse particular poderão ser enviados ao Estado requerente, a seu pedido.

Artigo 126.° Conversão de multa em prisão

Sempre que a execução de uma multa se mostre impossível, poderá, em sua substituição, ser aplicada uma sanção privativa de liberdade por um juiz do Estado requerido, caso tal faculdade esteja prevista na lei dos dois Estados para casos semelhantes, excepto se o Estado requerente tiver expressamente limitado o seu pedido exclusivamente à execução da multa. Se o juiz decidir impor, em alternativa, uma sanção privativa de liberdade, aplicar-se-ão as regras seguintes:

a) Quando a conversão da multa numa sanção privativa de liberdade estiver já decretada na condenação proferida no Estado requerente ou directamente na lei deste Estado, o juiz do Estado requerido fixará o tipo e duração da sanção segundo as regras previstas pela sua lei. Se a sanção privativa de liberdade já decretada no Estado requerente for inferior ao mínimo que a lei do Estado requerido permite, o juiz não fica vinculado por este mínimo e aplicará uma sanção correspondente.à decretada no Estado requerente. Ao estabelecer a sanção, o juiz não poderá agravar a situação penal do condenado resultante da decisão proferida no Estado requerente;

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b) Nos demais casos, o juiz do Estado requerido procederá à conversão segundo a sua própria lei, respeitando os limites previstos na lei do Estado requerente. •

SUBSECÇÃO IV

Clausula especifica da execução das privações de direitos

Artigo 127.° Condições

1 — Sempre que for formulado um pedido de execução respeitante a uma privação de direitos, só poderá efectivar-se se a lei do Estado requerido permitir se decrete essa privação para a infracção em causa.

2 — O juiz a quem compete a decisão apreciará a oportunidade de executar a privação de direitos no território do seu pais.

Artigo 128.°

Duração

1 — Se o juiz ordenar a execução da privação de direitos, determinará a sua duração nos limites previstos pela sua própria legislação, sem poder, contudo, ultrapassar os que forem fixados pela sentença proferida no Estado requerente.

2 — O tribunal poderá limitar a privação de direitos a uma parte dos direitos cuja privação ou suspensão foi decretada.

Artigo 129.° Competencia para a execução

0 artigo 101.° não será aplicável às privações de direitos.

Artigo 130.° Competência restitutiva de direitos

O' Estado requerido terá o direito de restituir, nos termos da sua lei interna, o condenado ao gozo dos direitos de que foi privado em virtude de uma decisão tomada em aplicação da presente subsecção.

CAPÍTULO III Efeitos internacionais das sentenças criminais SECÇÃO I Ne bis in idem

Artigo 131.°

Âmbito do principio

1 — Uma pessoa relativamente à qual tenha sido proferida uma sentença criminal não poderá, pelo mesmo facto, ser perseguida, condenada ou sujeita à execução de uma sanção no outro Estado Contratante:

. a) Se tiver sido absolvida; b) Se a sanção aplicada:

i) Tiver sido integralmente cumprida ou se encontrar em execução; ou

ü) Tiver sido indultada, cumutada ou amnistiada na sua totalidade ou na parte não executada da mesma; ou

iii) Não puder ser executada por causa de prescrição;

c) Se o juiz houver reconhecido a culpabilidade do autor da infracção sem, no entanto, lhe aplicar qualquer sanção.

2 — Nenhum' dos Estados Contratantes é, contudo, obrigado, a menos que ele próprio tenha solicitado o procedimento, a reconhecer os efeitos do princípio ne bis in idem se o facto que determinou a sentença houver sido cometido contra pessoa, instituição ou bem de carácter público no referido Estado, ou se a pessoa julgada estiver nesse Estado sujeita a um estatuto de direito público.

3 — O Estado Contratante onde o facto houver sido cometido ou, segundo a respectiva lei, considerado como tal não é, por outro lado, obrigado a reconhecer o efeito decorrente do princípio ne bis in idem, a menos que ele próprio tenha solicitado a instauração do procedimento.

Artigo 132.°

Desconto de privação de liberdade

No caso de ser intentado novo procedimento criminal contra uma pessoa julgada pelo mesmo facto em outro Estado Contratante, deverá deduzir-se à sanção que vier eventualmente a ser decretada o período de privação de liberdade já cumprido em virtude da execução da sentença.

Artigo 133.° Aplicação da lei mais favorável

A presente secção não obsta à aplicação de disposições nacionais mais favoráveis relativamente aos efeitos do princípio ne bis in idem atribuídos a decisões judiciais estrangeiras.

SECÇÃO TI Atendibilidade das sentenças criminais

Artigo 134.° Atendibilidade em geral ■

Os Estados Contratantes tomarão as medidas legislativas que considerem apropriadas a fim de permitirem que os seus tribunais tomem em consideração qualquer sentença criminal contraditória anteriormente proferida por causa de uma outra infracção com vista itesfoMÁs àquela, no todo ou em parte, os efeitos previstos pela sua legislação para as sentenças proferidas no seu território. Os mesmos Estados determinarão as condições em que essa sentença será tomada em consideração.

Artigo 135.° Atendibilidade quanto a privação de direitos

Os Estados Contratantes tomarão as medidas legislativas que considerem apropriadas a fim de permitirem que seja tomada em consideração qualquer sentença criminal contraditória, para o efeito de condenação em privação de direitos, total ou parcial, que, segundo as leis nacionais, for consequência das sentenças pcoíe.tÁdas. nos respectivos territórios. Os mesmos Estados determinarão as condições em que aquela sentença deverá ser tomada em consideração.

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PARTE II

Cooperação em matéria de identificação, registo e notariado, formação e informação

TÍTULO I Identificação

Artigo 136.° Documentos de identificação

1 — O bilhete de identidade ou documento correspondente emitido pelas autoridades competentes de um dos Estados Contratantes é reconhecido como elemento de identificação do seu titular no território do outro.

2 — Se num dos Estados não houver bilhete de identidade ou este for modificado, será comunicado ao outro o documento que o substitui ou o que tiver resultado da alteração.

TÍTULO II Registos

Artigo 137.° Registo civil diplomático e consular

Os agentes diplomáticos e consulares podem praticar relativamente aos nacionais dos seus respectivos Estados os actos de registo civil que lhes compitam nos termos das suas leis internas.

Artigo 138.°

Permuta de certidões de assentos de registo civil e de decisões sobre estado civil

1 — Os Estados Contratantes obrigam-se a permutar entre si, trimestralmente, certidões de cópia integral, ou de modelo que entre eles, por troca de notas, venha a ser acordado, dos actos de registo civil lavrados no trimestre precedente, no território de um e relativos aos nacionais do outro, bem como cópia das decisões judiciais, com trânsito em julgado, proferidas em acções de Estado ou de registo em que sejam partes os nacionais do Estado destinatário.

2 — A permuta far-se-á por correspondência entre os Ministros da Justiça.

Artigo 139.° Permuta em matéria de nacionalidade

1 — Os Estados Contratantes obrigam-se reciprocamente a comunicar todos os registos de alterações de nacionalidade relativos a nacionais do outro.

2—A comunicação a que se refere o número antecedente far-se-á por intermédio das representações consulares, identificará o nacional a que respeita e indicará a data e o fundamento da alteração da nacionalidade.

Artigo 140.°

Certidões de registo civil

\ — Os Estados Contratantes obrigam-se a estabe-lecer, com a possível brevidade, por simples troca de

notas, modelos uniformes de certidões de registo civil a passar pelas autoridades de um e a utilizar no território do outro.

2 — Os documentos relativos a actos de registo civil pedidos por um Estado Contratante ao outro para fins oficiais ou a favor de um seu nacional pobre serão passados gratuitamente.

3 — Os nacionais de um dos Estados Contratantes poderão requerer e obter certidões de registo civil nas repartições competentes do outro em igualdade de condições com os nacionais deste.

TÍTULO III Notariado

Artigo 141.° Informações em matéria sucessória

Os Estados Contratantes obrigam-se reciprocamente a comunicar, logo que possível e por intermédio dos respectivos Ministros da Justiça, mensalmente e por meio de fichas de modelo a acordar por troca de notas, os testamentos cerrados e de renúncia ou repúdio de herança ou legado feitos no território de um deles e relativos a nacionais do outro.

TÍTULO IV Cooperação técnica, jurídica e documental

Artigo 142.° Modalidades

1 — Os Estados Contratantes, na medida das suas possibilidades, prestar-se-ão colaboração formativa e informativa no âmbito técnico, jurídico e documental nos campos abrangidos pelo presente Acordo.

2 — Sem prejuízo de outras modalidades de colaboração documental a concertar entre os departamentos competentes, os Estados Contratantes trocarão gratuitamente entre si os respectivos jornais oficiais.

3 — As entidades editoras de cada um dos Estados enviarão desde já um exemplar de cada número e série do respectivo jornal oficial à Procuradoria-Geral da República do outro.

4 — A colaboração na formação de pessoal será objecto de acordos específicos.

PARTE III Disposições finais

Artigo 143.° Autenticação e legalização de documentos

1 — Sem prejuízo das disposições expressas deste Acordo, todos os pedidos e documentos que o instruírem serão datados e autenticados mediante a assinatura do funcionário competente e o selo respectivo.

2 — São dispensados de legalização, salvo havendo dúvidas sobre a autenticidade, os documentos emitidos pelas autoridades dos Estados Contratantes.

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Artigo 144.°

Adaptação do direito interno

Os Estados Contratantes obrigam-se a adaptar os seus direitos internos no que for indispensável à aplicação do presente Acordo.

Artigo 145.° Vigência e revisão

1 — O presente Acordo está sujeito a ratificação e entrará em vigor logo que tenham decorrido 30 dias a partir da data em que se efectuar a troca dos instrumentos de ratificação.

2 — O presente Acordo tem duração ilimitada, pode ser denunciado por qualquer dos Estados com aviso prévio de seis meses, e as suas cláusulas podem ser revistas de seis em seis meses, a pedido de qualquer dos Estados Contratantes.

Feito na cidade de Luanda, em 30 de Agosto de 1995, em dois exemplares em língua portuguesa, fazendo os dois textos igualmente fé.

Pela República Portuguesa:

O Ministro da Justiça, Alvaro Laborinho Lúcio.

Pela República de Angola:

O Ministro da Justiça, Paulo Pchipilika.

RESOLUÇÃO

VIAGEM DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA A BRUXELAS

A Assembleia da República resolve, nos termos dos artigos 132.°, n.° 1, 166.°, alínea b), e 169.°, n.° 5, da Constituição, dar assentimento à viagem de carácter oficial de S. Ex.a o Presidente da República a Bruxelas, entre os dias 14 e 17 do próximo mês de Janeiro de 1997.

Aprovada em 19 de Dezembro de 1996.

O Presidente da Assembleia da República, António de Almeida Santos.

PROJECTO DE LEI N.° 251/VII

CRIAÇÃO DAS FREGUESIAS DE MOINHOS DA FUNCHEIRA, SÃO BRÃS, ALFORNELOS E VENDA NOVA NO CONCELHO DA AMADORA.

Nota justificativa

1 — O concelho da Amadora, actualmente com 186 000 habitantes, distribuídos por 24 km2, apresenta a segunda maior densidade populacional de entre os concelhos que integram o distrito de Lisboa (cerca de 7750 habitantes por quilómetro quadrado), sendo a cidade da Amadora, a terceira mais populosa, a nível nacional.

2 — Existem duas nítidas fases de crescimento demográfico na vida deste município, que se prendem com outros tantos factores de desenvolvimento do mesmo. Numa primeira fase, que dura até meados dos anos 50,

o município cresceu cerca de 150%, produzindo-se um fenómeno típico de urbanização de áreas anteriormente utilizadas para a agricultura de subsistência. Segue-se--lhe uma fase, que tem início nos anos 50, em que a população duplica ao longo de 20 anos, registando, a partir daí, um crescimento regular, com percentagens que rondam os 11% nos anos 80 e 90. Não são dissociáveis deste fenómeno determinados factores, como sejam a melhoria das condições de acessibilidade da linha periférica, a oferta de habitação a custos mais favoráveis 'do que os de Lisboa e a criação de novas actividades no concelho.

3 — As novas acessibilidades criadas com as infra--estrutufas em construção a norte da área metropolitana de Lisboa, visando dotar o município da Amadora de uma rede viária regional que permita ligações rápidas a toda a região, pelas potencialidades de fixação de novas actividades no território do município em que se traduzem, não deixarão certamente de marcar o início da terceira explosão demográfica deste município.

4 — Por isso mesmo, entendemos ser esta a altura adequada para modificar a divisão administrativa do concelho, modificação essa que passará pela criação de quatro novas freguesias: Moinhos da Funcheira, Venda Nova, Alfornelos e São Brás.

5 — Pretende o Partido Popular, com esta medida, fomentar a aproximação dos centros decisórios às populações, combater o desenraizamento social e promover a melhoria das condições de vida dos habitantes das áreas das novas freguesias. Procura-se, além disso, dar às populações um protagonismo que não têm na resolução dos problemas ambientais mais comuns (como sejam a ocupação ilegal de terrenos para despejo e limpeza dos já existentes, com os correspondentes problemas de saúde pública, a necessidade urgente de criação de zonas verdes e de lazer, a promoção da educação ambiental das populações, etc), bem como incentivar o apoio às actividades desportivas, culturais e recreativas desenvolvidas pelas colectividades locais, a recuperação do património cultural da área das novas freguesias e a promoção do realojamento dos moradores de bairros degradados e consequente definição de metas a atingir em matéria de habitação social. Por fim, pelo presente projecto concretiza este partido a responsabilidade histórica que lhe está adstrita nesta matéria, já que foi da iniciativa deste partido que surgiu, em 1979, o concelho da Amadora.

Nestes termos, os Deputados do Partido Popular apresentam o seguinte projecto de lei:

Artigo 1.° — 1 — É criada a freguesia de Moinhos da Funcheira, no concelho da Amadora, com sede em Moinhos da Funcheira.

2 — Os territórios da freguesia de Moinhos àa Futa-cheira são provenientes da freguesia da Mina, concelho da Amadora, nos termos da descrição dos limites territoriais e da representação cartográfica ilustrativa constantes, respectivamente, dos anexos i e u, que são parte integrante da presente lei.

3 — A composição da comissão referida no artigo 9.° da Lei n.° 8/93, de 5 de Março, é a que consta do anexo m, que é parte integrante da presente lei.

Art. 2.° — 1 — E criada a freguesia de Venda Nova, no concelho da Amadora, com sede em Venda Nova.

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2 — Os territórios da freguesia de Venda Nova são provenientes da freguesia da Falagueira, concelho da Amadora, nos termos da descrição dos limites territoriais e da representação cartográfica ilustrativa constantes, respectivamente, dos anexos i e 11.

3 — A composição da comissão referida no artigo 9.° da Lei n.° 8/93, de 5 de Março, é a que consta do anexo.m.

Art. 3.° — 1 — É criada a freguesia de Alfornelos, no concelho da Amadora, com sede em Alfornelos.

2 — Os territórios da freguesia de Alfornelos são provenientes das freguesias da Brandoa e da Falagueira, concelho da Amadora, nos termos da descrição dos limites territoriais e da representação cartográfica ilustrativa constantes, respectivamente, dos anexos I e n.

3 — A composição da comissão referida no artigo 9.° da Lei n.° 8/93, de 5 de Março, é a que consta do anexo ni.

Art. 4.° — 1 — É criada a freguesia de São Brás, no concelho da Amadora, com sede em Casal de São Brás.

2 — Os territórios da freguesia de São Brás são provenientes das freguesias da Brandoa, da Mina e da Falagueira, concelho da Amadora, nos termos da descrição dos limites territoriais e da representação cartográfica ilustrativa constantes, respectivamente, dos anexos i e ii.

3 — A composição da comissão referida no artigo 9.° da Lei n.° 8/93, de 5 de Março, é a que consta do anexo ih.

Art. 5.° —A descrição dos novos limites territoriais das freguesias da Falagueira, da Brandoa e da Mina, concelho da Amadora, bem como a representação cartográfica ilustrativa dos mesmos, são os que constam, respectivamente, dos anexos i e n.

ANEXO I

Memória descritiva das freguesias propostas Freguesia de Moinhos da Funcheira

A freguesia de Moinhos da Funcheira ficará delimitada, a norte, pela linha limite do concelho da Amadora, a oeste, pela linha limite do concelho da Amadora, a este, pela linha limite do concelho da Amadora, a sul, partindo da Estrada Velha de Carenque, com orientação este-oeste, define-se uma linha que irá interceptar pelo lado nascente o traçado do futuro eixo Este-Oeste, o limite continuará pelo traçado do eixo Este-Oéste até ao futuro nó de Santo Elói, flectindo até à Estrada Velha de Caneças, retomando a linha limítrofe do concelho da Amadora.

Freguesia de São Brás

Partindo do n.° 31 da Estrada da Serra da Mira, cruza a linha de água, na direcção da Rua de Vasco de Lima Couto, no início (n.° 39-C), contorna o prédio e parte para norte cruzando a Rua de Sebastião da Gama, no início (n.° 3) e do outro lado (n.° 8-C), seguindo em linha recta até ao início da Rua de Teixeira de Pascoais, continuando na mesma direcção passando pela Praceta de Teixeira de Pascoais, inflectindo para poente, seguindo pelo norte a Rua do Dr. Azevedo Neves até ao n.° 90, depois inflecte para norte, segue em linha recta pelo extremo nascente da Escola Preparatória até encontrar a Avenida da Liberdade. Neste ponto, partindo para nascente, segue em linha recta até encontrar o cruzamento da Rua do Monte da Galega, neste ponto

inflecte para sul até à Rua da Ordem Militar do Hospital, passando pelas traseiras dos edifícios. Neste ponto, inflecte para poente, atravessa a Estrada de Serra da Mira até ao ponto do início desta descrição.

Freguesia de Alfornelos

Partindo do cruzamento da Estrada dos Salgados, e seguindo o eixo desta via até encontrar a Rua de Alfornelos, segue o eixo desta mesma até encontrar a Rua de Ruy Luís Gomes, inflecte para norte e segue a estrada de ligação poente da CREL à radial, cruza com a radial, segue a Estrada de Santo Elói. Neste ponto inflecte para sul e segue a linha limite do concelho continuando a mesma até encontrar o ponto de partida desta descrição.

Freguesia da Mina

A freguesia da Mina ficará delimitada pelos limites já existentes do lado das freguesias sem alteração, e pelas linhas de delimitação da freguesia da Falagueira, e da novas freguesias de Moinhos da Funcheira e são Brás.

Freguesia da Brandoa

A freguesia da Brandoa ficará delimitada pelas linhas limites descritas para as novas freguesias de Alfornelos, São Brás e Moinhos da Funcheira, e pelos limites propostos para a freguesia da Falagueira.

Freguesia de Venda Nova

Partindo da linha do caminho de ferro Lisboa-Sintra, segue o eixo da Estrada Militar até ao cruzamento, nas Portas de Benfica, da Estrada dos Salgados. Neste cruzamento inflecte para poente e segue o eixo da Estrada dos Salgados até ao cruzamento da Rua de A. Eduardo Caneças, segue a linha do eixo da Avenida de Eduardo Jorge até ao cruzamento da Rua do Engenheiro Ângelo Fortes, cruza a Rua de Elias Garcia e segue a Rua do Vice-Almirante Azevedo Coutinho, segue está via em linha recta, cruza com a Rua das Indústrias até à linha do caminho de ferro Lisboa-Sintra, neste ponto inflecte para nascente até encontrar o ponto de início desta descrição.

Freguesia da Falagueira

Partindo da linha de caminho de ferro Lisboa-Sintra, segue em linha recta até encontrar a Rua do Vice-Almirante Azevedo Coutinho, segue o eixo desta via até ao cruzamento da Rua de Elias Garcia. Neste cruzar mento segue o eixo da Rua de Angelo Fortes, no cruzamento da Rua de Ângelo Fortes com a Avenida de Eduardo Jorge, inflecte para nascente até ao cruzamento da Rua de A. Eduardo Caneças, segue o eixo da Estiada dos Salgados até ao cruzamento da Estrada da Brandoa. Neste cruzamento inflecte para norte seguindo o eixo desta mesma via até encontrar o cruzamento da Rua Projectada, a sul do Estádio Municipal, neste ponto inflecte para poente até ao cruzamento da Rua do Monte da Galega. Neste ponto inflecte para sul até ao cruzamento da Rua da Ordem Militar do Hospital, segue pelas traseiras dos edifícios desta rua no sentido poente até encontrar a Estrada da Serra da Mira, depois segue até à linha de água. Neste ponto inflecte para sul, segue a linha de água até à Avenida de Humberto Delgado e continua pela Rua do Comandante Luís António da Silva, seguindo o eixo desta via até ao cruzamento da

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Rua de Elias Garcia. Neste ponto, inflecte para poente, segue o eixo da Rua de Salvador Allende até encontrar a linha de caminho de ferro Lisboa-Sintra. Neste ponto, inflecte para nascente até encontrar o ponto onde se iniciou esta descrição.

Palácio de S. Bento, 5 de Dezembro de 1996. — Os Deputados do PP: — Ismael Pimentel — Gonçalo Ribeiro da Costa — Helena Santo — Nuno Correia da Silva — António Galvão Lucas — Jorge Ferreira—Augusto Boucinha — Moura e Silva — Maria José Nogueira Pinto (e mais duas assinaturas ilegíveis)

Nota. — Os anexos i e ni serão oportunamente publicados.

PROJECTO DE LEI N.° 252/VII CRIA A FUNDAÇÃO DEMOCRACIA E UBERDADE

Nota justificativa

A cooperação política com os países africanos de língua oficial portuguesa é uma tarefa nacional de primeiríssima prioridade, correspondendo, mesmo, a uma opção estratégica do Estado Português.

Na vontade de apoio à consolidação de regimes parlamentares democráticos nos países de língua portuguesa revêem-se, sem excepção, todas as forças políticas portuguesas, o que leva a considerá-la um verdadeiro imperativo nacional.

Constitui elemento essencial, para que a cooperação política seja frutuosa e atinja os verdadeiros objectivos a que se propôs, a densificação do Estado de direito e a prática da democracia parlamentar em cada um daqueles países.

Deve ser tida, por objectivo comum ao Estado Português e a todos os partidos políticos que na Assembleia da República se encontram representados a criação de condições para a prática desta cooperação, condições institucionais que envolvam as principais forças políticas portuguesas e representem não apenas a vontade política de um governo, mas o desejo comum de todo um povo.

É neste sentido que se propõe a constituição de uma fundação destinada àquelas tarefas de cooperação política e apoio ao desenvolvimento da democracia, que se designará por Fundação Democracia e Liberdade.

Esta Fundação, sem se substituir à acção político--diplomática que o Governo deve desenvolver, adopta, no campo da cooperação interparlamentar, um modelo semelhante àquele que já existe nalguns países europeus de fundações pluripartidárias onde estão representadas as diversas forças políticas nacionais, susceptível de permitir o estabelecimento de relações profícuas com os respectivos Estados, com os seus próprios parlamentos e as diferentes forças políticas que os integram.

Nestes termos e ao abrigo das disposições regimentais e constitucionais aplicáveis, os Deputados do Grupo Parlamentar do PSD apresentam o seguinte projecto de lei:

Artigo 1.°— 1 — É criada pela presente lei a Fundação Democracia e Liberdade, instituição de direito privado e utilidade pública, dotada de personalidade jurídica, adiante designada simplesmente «Fundação».

2 — A Fundação é de duração indeterminada, tem a sua sede em Lisboa e reger-se-á pelos estatutos publicados em anexo a esta lei, que dela fazem parte integrante, e subsidiariamente pela legislação aplicável.

Art. 2.° A Fundação tem como objectivo o apoio a iniciativas viradas para a consolidação e o desenvolvimento da democracia nos países africanos de língua oficial portuguesa.

Art. 3.° O património da Fundação é constituído pelos bens e valores a que se refere o artigo 4.° dos estatutos.

Art. 4.° A administração da Fundação compete ao conselho executivo, nos termos do artigo 10.° dos estatutos, o qual deverá assegurar o cumprimento das orientações recebidas do conselho directivo.

Art. 5.° A Fundação fica dispensada de possuir órgão colegial próprio com competência de fiscalização das suas contas, devendo, contudo, o conselho executivo promover a fiscalização anual do inventário do património da instituição e do seu balanço das receitas e despesas por uma empresa independente de auditoria de reputação internacional.

Art. 6.° A Fundação, pela sua natureza, goza de todas as isenções fiscais e regalias previstas nas leis em vigor, por forma geral, para as pessoas colectivas de utilidade pública, sem prejuízo de quaisquer outros benefícios que especificamente lhe venham a ser concedidos.

ANEXO Estatutos

CAPÍTULO I Natureza, sede e fins

Artigo 1.° Natureza

A Fundação Democracia e Liberdade, adiante designada simplesmente «Fundação» é uma instituição de direito privado e utilidade pública, que se reg,e pelos presentes estatutos e em tudo o que neles for considerado omisso pelas leis portuguesas aplicáveis.

Artigo 2.° Duração e sede

A Fundação é portuguesa, de duração indeterminada, e tem a sua sede em Lisboa, podendo criar delegações ou quaisquer outras formas de representação ondé for julgado necessário para o cumprimento dos seus fins.

Artigo 3.° Fins

1 — A Fundação tem por fim contribuir para o desenvolvimento da democracia nos países de língua portuguesa através da promoção da cooperação científica, técnica, educativa e cultural e de iniciativas de intercâmbio e cooperação político-parlamentar.

2 — Para assegurar a prossecução deste fim, a Fundação deve prestar assistência e apoio, em geral, a actividades que promovam formas adequadas de cooperação nos domínios referidos no número anterior.

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CAPÍTULO II Regime patrimonial e financeiro

Artigo 4.° Património

1 — A Fundação é instituída pela Assembleia da República com um fundo inicial a disponibilizar pelo Orçamento do Estado, acrescido de eventuais contribuições voluntárias da Assembleia da República e dos partidos políticos portugueses.

2 — O património da Fundação será acrescido com futuras contribuições do Estado Português a inscrever anualmente no Orçamento do Estado Português, podendo ainda integrar quaisquer subsídios ou doações, de pessoas singulares ou colectivas, portuguesas ou estrangeiras, de natureza pública ou privada.

3 — O património da Fundação será também constituído por todos os bens, móveis ou imóveis, que ela adquirir com os rendimentos provenientes do investimento dos seus bens próprios, bem como pelos que lhe vierem por qualquer outro título.

Artigo 5.° Autonomia financeira

1 — A Fundação goza de plena autonomia financeira, estando a sua acção apenas subordinada às regras do direito privado.

2 — A Fundação, no exercício da sua actividade, poderá:

a) Adquirir, alienar ou onerar a qualquer título bens móveis ou imóveis;

b) Aceitar quaisquer doações, heranças ou legados;

c) Negociar e contratar empréstimos e conceder garantias.

CAPÍTULO III Organização e funcionamento

SECÇÃO I Disposição preliminar

Artigo 6.° Órgãos da Fundação São órgãos da Fundação:

a) O conselho directivo;

b) O conselho executivo;

c) O conselho consultivo.

SECÇÃO II Conselho directivo

Artigo 7.° Constituição, competência e funcionamento

1 — O conselho directivo é composto por um presidente e quatro vogais, eleitos pela Assembleia da República, por maioria qualificada de dois terços.

2 — O mandato dos membros do conselho directivo é de três anos, sucessivamente renovável por iguais períodos.

3 — O conselho directivo reúne ordinariamente uma vez por semestre e extraordinariamente sempre que convocado por qualquer dos seus membros ou a solicitação do conselho executivo.

4 — Compete, em espe'cial, ao conselho directivo:

a) Definir e estabelecer as políticas gerais de funcionamento da Fundação;

b) Definir as políticas e orientações de investimento da Fundação;

c) Discutir e aprovar o orçamento e o plano anual de actividades da Fundação;

d) Discutir e aprovar o balanço anual e as contas de cada exercício, bem como o relatório do conselho executivo e o parecer dos auditores;

e) Decidir sobre quaisquer outras matérias que respeitem à actividade da Fundação.

5 — As deliberações do conselho directivo serão tomadas por maioria.

6 — O conselho directivo pode convocar, para assistir às suas reuniões, os membros do conselho executivo, os quais participarão nas discussões sem direito de voto, com vista a prestar os esclarecimentos que o conselho directivo considerar necessários.

7 — As funções dos membros do conselho directivo não são remuneradas, podendo, no entanto, ser-lhes atribuídas subvenções de presença e ajudas de custo.

SECÇÃO m Conselho executivo

Artigo 8.° Constituição e funcionamento

1 — O conselho executivo é composto por um presidente e dois vogais, eleitos pela Assembleia da República, por maioria qualificada de dois terços.

2 — O mandato dos membros do conselho executivo é de três anos, sucessivamente renovável por iguais períodos.

3 — As deliberações do conselho executivo são tomadas por maioria, gozando o presidente do direito de vetar as que considere contrárias aos interesses da Fundação.

4 — Quando o presidente exercer o direito referido no número anterior fica a deliberação sujeita a ratificação do conselho directivo.

5 — O conselho executivo é responsável perante o conselho directivo.

Artigo 9.° Competência

Ao conselho executivo compete, em geral, a administração da Fundação e, em especial:

a) Definir a organização interna da Fundação;

b) Administrar e dispor do património da Fundação, cabendo-lhe deliberar sobre a aquisição, alienação ou oneração de bens móveis ou imóveis ou o seu arrendamento ou aluguer, em ordem à realização dos fins desta;

c) Preparar e submeter à aprovação do conselho directivo o orçamento e o plano de actividades anuais da Fundação;

d) Contratar empréstimos e conceder garantias;

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e) Avaliar e aprovar propostas de projectos ou de actividades, aprovar a concessão de subvenções, apoios ou empréstimos a projectos específicos e quaisquer outras despesas da Fundação;

f) Contratar e dirigir o 'pessoal da Fundação nos termos da lei geral;

g) Representar a Fundação, quer em juízo, activa e passivamente, quer perante terceiros, em quaisquer actos ou contratos;

h) Instituir, manter e conservar sistemas internos de controlo contabilístico, incluindo os livros e registos respeitantes a todas as transacções e entradas e saídas de fundos, por forma a reflectirem correctamente, em cada momento, a situação patrimonial e financeira da Fundação;

0 Providenciar para que os livros e registos contabilísticos da Fundação sejam devidamente fiscalizados, pelo menos uma vez por ano, por uma empresa independente de auditoria, oficialmente registada e internacionalmente reconhecida;

;') Preparar e submeter à aprovação do conselho directivo o relatório anual, o balanço e as contas de cada exercício, bem como o parecer dos auditores.

ÀrtigolO.0 Vinculação da Fundação

1 — A Fundação fica obrigada em quaisquer actos ou contratos pela assinatura conjunta de quaisquer dois dos membros do conselho executivo.

2 — O conselho executivo pode constituir mandatários, delegando-lhes quaisquer dos poderes da sua competência, ficando, nesse caso, a Fundação obrigada pela intervenção conjunta de um mandatário e de um membro do conselho executivo.

SECÇÃO rv Conselho consultivo

Artigo 11.° Constituição e mandato

1 — O conselho consultivo é composto por um representante de cada um dos quatro principais partidos políticos com assento parlamentar, por um representante de cada um dos países africanos de língua oficial portuguesa, a indicar pelos respectivos Estados e ainda por quatro representantes da comunidade cultural e científica portuguesa designados pelo Governo.

2 — O mandato dos membros do conselho consultivo é de dois anos, sucessivamente renovável, salvo revogação ou renúncia.

3 — O presidente do conselho directivo exerce, por inerência, as funções de presidente do conselho consultivo.

Artigo 12.° Funcionamento e competencia

1 — O conselho consultivo reúne sempre que for convocado pelo seu presidente ou pelo conselho executivo.

2 — O conselho consultivo é um órgão de apoio e consulta da Fundação, competindo-lhe, em especial:

d) Emitir pareceres sobre as actividades e projectos da Fundação e apoiar a avaliação de propostas de novos projectos;

b) Apresentar sugestões e fazer recomendações relativamente a futuras actividades da Fundação.

CAPÍTULO IV Extinção da Fundação

Artigo 13.°

Alteração dos estatutos e transformação ou extinção da Fundação

1 — A Assembleia da República, por sua iniciativa ou sob proposta do conselho directivo, pode deliberar sobre a modificação dos presentes estatutos ou sobre a transformação ou extinção da Fundação.

2 — Em caso de extinção da Fundação, o seu património reverterá para o Estado, que o deverá aplicar exclusivamente em fins dé promoção da cooperação científica, técnica, cultural e educativa com os países africanos de língua oficial portuguesa.

Palácio de São Bento, 12 de Dezembro de 1996. — Os Deputados do PSD: Luís Marques Mendes — Luís Marques Guedes — Duarte Pacheco — Carlos Encarnação — Guilherme Silva — Miguel Macedo (e mais uma assinatura ilegível).

Despacho de admissibilidade do projecto de lei

Admito o presente projecto de lei.

Anoto, porém, a originalidade que consiste na instituição de uma fundação sem afectação inicial, imediata e definitiva de um património à realização de um fim, ao arrepio da tradição (que vem, pelo menos, desde o Código Administrativo de 1940), da doutrina e db Código Civil. No caso em apreço, inexiste mesmo qualquer base patrimonial, por ser destituída de valor jurídico relevante a «promessa» de disponibilização de um património, a que faz referência nos estatutos: a Fundação não poderá, por via dela, accionar a Assembleia da República em caso de incumprimento.

Anoto, ainda, a circunstância equívoca, no mínimo, de se pretender instituir uma pessoa colectiva de direito privado, por acto do poder público, com instituidores e património público e com fins não de mera utilidade pública, mas igualmente públicos.

Às 1.a e 2.a Comissões.

Registe-se, notifique-se e publique-se.

Assembleia da República, 18 de Dezembro de 1996. — O Presidente da Assembleia da República, António de Almeida Santos.

PROJECTO LEI N.° 253/VII

ELEVAÇÃO DA POVOAÇÃO DE SÃO JOÃO, NO CONCELHO DE OVAR, A CATEGORIA DE VILA

Nota justificativa I — Resumo histórico

Pelo menos, desde 5 de Julho de 1975 moradores da parte oriental da freguesia de São Cristóvão de Ovar pugnaram pela criação da freguesia de São João, promovendo o necessário processo e influenciando a sua apresentação.

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A freguesia de São João, no concelho de Ovar, veio a ser criada pela Lei n.° 85/85, de 4 de Outubro, confrontando a norte com a freguesia de Arada, a sul com freguesia de Válega, a nascente com o limite do concelho de Santa Maria da Feira e São Vicente de Pereira, e a poente com a freguesia de São Cristóvão de Ovar.

Tem por orago São João; uma população de cerca de 7000 habitantes; 5285 cidadãos eleitores (actualização de Maio de 1996), e cerca de 13,8 km2 de superfície.

A freguesia de São João de Ovar é constituída por lugares que ao longo dos tempos foram referenciados na história.

Desde logo, o lugar de Ações é referido pela primeira vez na Inquirição de D. Afonso III de 1251 (Ozõees), sendo um dos oito lugares mencionados no foral de D. Manuel (1514).

Granja ou Granja de Ações também é pela primeira vez referida na Inquirição e foral citados. Cabanões é referido na carta de venda de 28 de Abril de 1026 (Villa Kabanones), de Meitili a Octício da Quarta, de parte das propriedades que.tinha no Casal da Vila de Cabanões e outras junto ao rio Ovar, por este o ter resgatado do cativeiro, bem como à sua filha Guncina, nas barcas dos Normandos.

No lugar de Cimo da Vila, situado no sítio conhecido por Alto da Falperra", foi construída a Capela de Nossa Senhora da Cárdia, cuja inauguração ocorreu em 27 de Fevereiro de 1977.

Guilhovai é referido nas Inquirições de D. Afonso III em 1251. A Quinta de Guilhovai, junto às de Pereira Jusã e São Vicente de Pereira, esteve na origem do concelho de Pereira de Jusã.

Ponte Reada citado em 1514 (ponte derreada).

Sande revela estirpe germânica, terá vindo de Sandus, nome pessoal comum antes do século xu. Referido no foral de D. Manuel também o é nas inquirições do século xiii.

São Donato, segundo a tradição, o nome deste lugar proviria de ter sido donato ou doado ao Mosteiro de Crestuma.

No Largo de São João, onde se localizam a Capela de São João e'o cruzeiro, foi instituída a feira dos 24 por alvará do governador civil de Aveiro de 12 de Dezembro de 1835.

A feira dos 12, criada em 1902, no Largo de Almeida Garrett após ter sido transferida para terreno junto ao matadouro, no Casal, foi mudada para o Largo de São 3oãó, o qual veio a ser denominado de Largo do Dr. Lopes Fidalgo em 26 de Julho de 1975.

II — Caracterização sócio-económica

A freguesia de São João tem actividade económica assente numa agricultura de subsistência, para além de unidades agro-pecuárias.

No sector secundário, existem unidades fabris de metalomecânica pesada, de feltros e derivados, tintas e vernizes, plásticos, rações para animais, madeiras, cerâmica, componentes electrotécnicos, motores eléctricos, indústria automóvel, materiais de construção civil e obras públicas.

No sector terciário, existem estabelecimentos comerciais de electrodomésticos e mobiliário, postos de abastecimento de combustíveis, médias superfícies comerciais, padarias, pastelarias, restaurantes, artigos regionais, lojas de vestuário, drogarias e venda de ferramentas, bem como escritórios de contabilidade, projectos, entre outros.

O artesanato é representado por trabalhos de tecelagem e cestaria em vime.

A gastronomia é rica com especialidades de caldeirada de enguias, rojões e bacalhau à vareira, entre outras iguarias.

Ill — Equipamentos

Escolas de Ponte Nova, Cabanões, São Donato e São João.

Infantários de São Donato e São João.

Centro paroquial.

Sede da Junta de Freguesia.

Aguada instalação de extensão do centro de saúde, agência dos Correios e farmácia.

A freguesia é servida por uma razoável rede de transportes rodoviários privados e pelo transporte ferroviário.

IV — Feiras, festas e romarias

Nos dias 12 e 24 de cada mês realiza-se a feira de São João.

No último domingo de Março realiza-se a romaria de Nossa Senhora da Cárdia; no primeiro domingo de Junho, a de Nossa Senhora da Boa Hora; no segundo domingo de Junho, a de Nossa Senhora da Ajuda, e a 24 de Junho, a de São João.

As actividades culturais, desportivas e recreativas são desenvolvidas pelo Rancho Folclórico de Cimo de Vila, Grupo Folclórico As Tricanas de Ovar, Rancho Folclórico de Guilhovai, Associação Recreativa e Cultural da Ponte Nova, Grupo Desportivo e Cultural de Guilhovai, Associação Cultural e Recreativa de Sande, Salgueiral e Cimo de Vila, Associação Cultural Atlética de Guilhovai e Associação Cultural, Recreativa e Desportiva Os Bigodes de Ovar.

Verifica-se que a povoação de São João, no concelho de Ovar, reúne os requisitos estabelecidos pela Lei n.° 11/82, de 2 de Junho, para ser elevada à categoria de vila.

Nestes termos, os Deputados do Grupo Parlamentar do Partido Social-Democrata abaixo assinados, ao abrigo das disposições constitucionais e regimentais aplicáveis, apresentam o seguinte projecto de lei:

Artigo único. A povoação de São João, no concelho de Ovar, é elevada à categoria de vila.

Palácio de São Bento, 26 de Novembro de 1996. — Os Deputados do PSD: Pacheco Pereira — Manuel Castro Almeida — Gilberto Madail — Jorge Roque da Cunha — Manuel Alves de Oliveira — Hermínio Loureiro.

PROJECTO DE LEI N.° 254/VII

CRIAÇÃO DA FREGUESIA DE CANH0S0, NO CONCELHO 0A COVILHÃ

Nota justificativa

Constitui aspiração dos cidadãos da povoação de Canhoso a criação da sua freguesia, pelo redimensionamento das áreas envolventes.

O crescimento deste núcleo populacional e o desenvolvimento sócio-económico, demográfico e geográfico

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da área a integrar na nova freguesia justificam plenamente a criação desta nova unidade administrativa autárquica.

Cerca de 2500 habitantes e 1600 eleitores estão distribuídos pela área constante da planta topográfica anexa, dotada de escola, capela (onde foi celebrada a primeira missa no ano de 1946), rede de transportes, agência bancária, parque industrial (com unidades empresariais de confecções, metalúrgica, indústria de transformação de madeiras, fibras sintéticas, materiais de construção civil, lanifícios), delegação aduaneira, centro de cultura e recreio (Grupo Desportivo Águias do Canhoso, fundado em 1962), oficinas auto, automóveis de aluguer, talho, café, mercearia, etc.

O seu movimento comercial e industrial é de grande significado no conjunto do concelho e o atravessamento desta futura freguesia urbana pelo eixo TCT (Torto-sendo-Covilhã-Teixoso) assegura a dinamização de um verdadeiro pólo intraconcelhio.

Canhoso era já citado no Treslado da Demarcação dos Contos da Provisão, referindo-se aí que «aos treze dias do mês de Janeiro de 1612 em esta vila da Covilhã e casas da Câmara dela aí perante o Juiz e Vereadores apareceram os creadores e cabreiros de Aldeia de Carvalho Arrabalde desta vila dizendo que eles tinham suas cortes da Vila para cima eofora dos contos da provisão de Sua Majestade que Deus guarde e que não podiam viver com coimas que lhe davam [...] e os malhões se estenderão desde Aldeia do Carvalho até à ponte do Canhoso».

Considerando os motivos atrás referidos, e o disposto na Lei n.° 8/93, de 5 de Março, e sendo certo que a futura circunscrição preenche todos os requisitos exigidos naquele normativo, o Deputado do PSD, Partido Social-Democrata, abaixo assinado apresenta à Assembleia da República o seguinte projecto de lei:

A Assembleia da República decreta, nos termos da alínea d) do artigo 164.° e do n.° 3 do artigo 169.° da Constituição da República Portuguesa, o seguinte:

Artigo 1.° E criada no distrito de Castelo Branco, concelho da Covilhã, a freguesia de Canhoso, com sede na povoação com o mesmo nome, cuja área é delimitada no artigo seguinte.

Art. 2.° Os limites da freguesia de Canhoso, com a área de 7,0640 km2, conforme planta cartográfica anexa, são os seguintes:

A nova freguesia tem como fronteiras as freguesias de Vila do Carvalho e Teixoso, a norte, a sul confronta com as freguesias de Conceição é Boidobra, a nascente com a freguesia de Teixoso e a poente com as freguesias de Conceição e Cantar-Galo;

A descrição do limite com esta freguesia tem o seu início numa linha de água existente junto à Quinta do Pombal, às coordenadas M = 256080, P = 370970 (1), estendendo-se no sentido poente;

É também início da confrontação com a freguesia de Teixoso, mas para sudeste;

No sentido poente, o limite seguirá pelo contorno sul da Quinta da Boavista, passando pelas coordenadas M = 256020, P = 378800 (2), e mais adiante, junto ao portão de entrada para a referida Quinta, numa rocha a que chamam «pedra do caixão», em direcção ao ribeiro que vem do sítio do Pouso, às coordenadas M * 255480,

P = 370890 (3);

Daqui continuará pelo limite norte da Quinta dos Rosetas até cruzar com o caminho público que vem do sítio das Trapas para Canhoso, imediações da Quinta das Sobreiras, às coordenadas M = 255130, P = 370620 (4);

Virando a sudoeste, encontra a ribeira de Vila do Carvalho às coordenadas M = 255030, P = 370460 (5), continuando por uma vereda junto a um muro de suporte alto, até encontrar um linha de água às coordenadas M = 254980, P = 370310 (6), a qual faz a divisão entre as freguesias de Vila do Carvalho e Cantar-Galo;

Ainda para sudoeste, a confrontação desta freguesia com a nova freguesia, continua pela referida vereda até encontrar o caminho público que circula entre a povoação de Canhoso e o Bairro de São Domingos, às coordenadas M = 255010, P = 370220 (7), flectindo a poente no sítio de Beringueira até às coordenadas M = 254740, P = 370190 (8), dirige-se então para sul-sudoeste em direcção ao sítio de Calva, onde às coordenadas M = 254580, P = 369680 (9), numa linha de água, se faz a divisão entre as freguesias de Cantar-Galo e Conceição;

O limite da freguesia de Canhoso com esta freguesia continua orientado para sul-sudoeste em direcção a um morro às coordenadas M = 254330, P = 369150 (10);

Deste morro em direcção a sudeste ao longo de um limite entre duas propriedades passa pelas coordenadas M = 254400, P = 369050 (11), até encontrar o cruzamento entre a EN 230 e a estrada velha (sítio da Santa) às coordenadas M = 254570, P = 368960 (12);

A partir do cruzamento atrás mencionado segue o traçado da estrada velha até às coordenadas M = 255030, P = 369370 (13), ponto que fica no alinhamento de um muro que divide duas propriedades (Isabel Sampaio) que flectindo a sudeste encontra o eixo TCT e o atravessa até às coordenadas M = 255220, P = 369270 (14), já na estrada municipal, a sul-sudoeste do parque industrial que delimitará a freguesia até ao cruzamento com a EN 18 (variante) com as coordenadas M = 255980, P = 368800 (15);

Ainda em confrontação com a mesma freguesia de Conceição o limite continuará pelo caminho rural que serve a Quinta do Corges entroncanòo com a ribeira do mesmo nome às coordenadas M = 256530, P = 368250 (17), até ao cruzamento de caminhos no limite da freguesia de Conceição com a freguesia dé Boidobra (limite da Quinta do Carregal) às coordenadas

v M = 257570, P = 368410 (18);

A freguesia de Boidobra nada é desanexado limitando-se a freguesia de Canhoso a seguir a confrontação com aquela, ou seja, do dito cruzamento (18) o limite vira a norte, por um caminho existente, até encontrar a linha do caminho de ferro, às coordenadas M = 257570, P = 368780 (19), seguindo a mesma no sentido Covühã-Guarda até à ponte de ferro sobre o rio Zêzere, com as coordenadas M = 260370, P = 368730 (20);

O limite de confrontação com esta freguesia encontra-se entre o norte e o nascente;

Partindo do. ponto (1) inicialmente referido (coordenadas M = 256080, P = 370970) e para sudeste

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ao longo de uma linha de água encontra a antiga EN 18, na ponte ao início da rampa do Pisco às coordenadas M = 256280, P = 370720 (35), continuando pela ribeira em sentido jusante até às coordenadas M = 254390, P = 370460 (34), onde flecte para o lado nascente, no limite entre duas propriedades, até encontrar o caminho público que desce do campo de futebol de Teixoso para Canhoso, às coordenadas M = 254590, P = 370460 (33);

A partir desta coordenada segue a sul pelo dito caminho público até à rua de acesso entre a povoação de Canhoso e a EN 18 (variante) às coordenadas M = 256590, P = 370090 (31), e daí ao cruzamento com a variante (EN 18) coordenadas M = 256700, P = 370050 (30);

A partir deste cruzamento seguirá sempre por um caminho público que serve a localidade de Ter-lamonte', cruzando inicialmente a ribeira da Atalaia às coordenadas M = 256790, P = 369809 (29), passando pelas coordenadas M = 257560, P = 370050 (27), imediações da Quinta da Serra até ao Alto do Cabeço Gordo onde se cruzam vários caminhos, às coordenadas M = 258050, P = 369740 (26);

Daí para sudeste continuará pelo <^minho público em direcção à Quinta do Rio até às coordenadas M = 259390, P = 368720 (23), onde virará a nordeste paja a coordenada M = 260530.

Art. 3.° — 1 — A comissão instaladora da nova freguesia será constituída nos termos e prazos previstos no artigo 9.° da Lei n.° 8/93, de 5 de Março.

2 — Para os efeitos do disposto no número anterior, a Câmara Municipal da Covilhã criará uma comissão instaladora constituída por:

a) Um membro da Assembleia Municipal da Covilhã;

61 Um membro da Câmara Municipal da Covilhã;

c) Um membro de cada assembleia de freguesia com área desanexada para a nova freguesia (Vila do Carvalho, Cantar-Galo, Conceição e Teixoso);

d) Cidadãos eleitores designados de acordo com os n.05 3 e 4 do artigo 9.° da Lei n.° 8/93, de 5 de Março.

Art. 4.° A comissão instaladora exercerá as suas funções até à tomada de posse dos órgãos autárquicos da nova freguesia.

Art. 5.° São alterados os limites das freguesias envolventes por efeitos da desanexação das áreas que passaram a integrar a nova freguesia de Canhoso em conformidade com a presente lei.

Art. 6.° A presente lei entra em vigor cinco dias após a sua publicação.

Lisboa, 18 de Dezembro de 1996. — O Deputado do PSD, Carlos Pinto.

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II SÉRIE-A — NÚMERO 11

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PROJECTO DE DELIBERAÇÃO N.° 33/VII

PRORROGAÇÃO DO PRAZO DE FUNCIONAMENTO DA COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUÉRITO AO ACORDO ESTABELECIDO ENTRE O ESTADO E O SR. ANTÔNIO CHAMPALIMAUD.

À Comissão Parlamentar de Inquérito ao Acordo Estabelecido entre o Estado e o Sr. António Cham-palimaud foi, pela Resolução da Assembleia da República n.° 34/96, de 17 de Outubro, fixado um prazo de 45 dias para a apresentação do respectivo relatório.

Em requerimento fundamentado, onde se invoca a circunstância de ter ocorrido, naquele período de tempo, a discussão e aprovação do Orçamento do Estado e das Grandes Opções do Plano para 1997, solicitou aquela Comissão Parlamentar a prorrogação, até ao pró-

ximo dia 31 de Março de 1997, do prazo inicialmente fixado.

Considerando que a concessão deste novo prazo se contém no limite máximo de 180 dias, fixado no n.° 1 do artigo 11.° da Lei n.° 5/93, de 1 de Março, a Assembleia da República delibera:

Conceder à Comissão Parlamentar de Inquérito ao Acordo Estabelecido entre o Estado e o Sr. António Champalimaud um novo prazo de 100 dias, para a apresentação do respectivo relatório final.

Palácio de São Bento, 19 de Dezembro de 1996. —' O Presidente da Assembleia da República, António de Almeida Santos.

A Divisão de Redacção e Apoio Audiovisual.

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II SÉRIE-A — NÚMERO II

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