O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

16 DE OUTUBRO DE 1998

148-(5)

nível nacional e dos diversos agrupamentos regionais. De salientar que tal regulação, para além das reservas político-teóricas que lhe são levantadas, deveria revelar-se de difícil execução dada a inexistencia de uma autoridade mundial efectiva e o grande desenvolvimento das telecomunicações.

Os esforços de coordenação desenvolvidos pelas autoridades e entidades com maior capacidade de intervenção no contexto internacional têm revelado, por vezes, resultados insuficientes.

A crise das economias dos designados «tigres asiáticos», desencadeada no Verão de 1997 e acentuada no final desse ano é ilustrativa da rapidez de difusão dos efeitos devastadores da saída de capitais nas economias envolvidas.

No primeiro semestre do corrente ano a economia norteamericana revelava um crescimento relativamente forte que, contudo, dava sinais de desaceleração (no primeiro trimestre a taxa anualizada de crescimento tinha alcançado 5.5% face a 1.6% no segundo trimestre); no dominio do mercado de trabalho a situação era a de pleno emprego (a taxa de desemprego situava-se em 4.5% em Julho) provocando alguns receios de tensões inflacionistas que, contudo, não se mostravam ainda não visíveis devido à situação deflacionista nas matérias primas base e nos produtos importados;

A zona europeia comunitária apresentava um crescente dinamismo, com sinais de recuperação consolidados nas duas principais economias continentais — França e Alemanha — que mais tardiamente revelaram essa recuperação; o ritmo de crescimento europeu, próximo de 3% em termos anua-lizados, aproximava-se assim do ritmo norte-americano embora a situação do mercado de trabalho fosse fortemente bastante menos favorável — a taxa de desemprego ainda se situava entre 11 -e 12% nas economias alemã e francesa embora a. recuperação das economias tivesse permitido encetar uma tendência de. desagravamento;

O dinamismo das zonas norte-americana e europeia era explicado pela dinâmica da sua procura interna a qual contrabalançou os efeitos negativos das menores volumes de exportações para as zonas asiáticas em crise. O clima de confiança dos Consumidores era favorável, contribuindo para tal o baixo nível das taxas de juro possibilitado pela inexistência de sinais de tensões inflacionistas. Este baixo nível das taxas de juro contribuiu também para o comportamento favorável das Bolsas ocidentais, que constituíram o refúgio dos capitais provenientes das Bolsas asiáticas, o qual por sua vez alimentava o referido clima de confiança dos consumidores.

Nas economias asiáticas, em especial nos designados «tigres asiáticos» persistiam situações desfavoráveis, nalguns casos mesmo recessivas, com problemas sociais a agravarem-se, como reflexo da crise cambial e da fuga de capitais ocorridas.

A economia japonesa encontrava-se em recessão, revelando as autoridades insuficiências ou incapacidades nas tentativas da sua reanimação. O clima de confiança empresarial e do consumidor era desfavorável, o sistema financeiro apresentava sérias debilidades, a política monetária não tinha margem de manobra, dado que os níveis das taxas de juro eram bastante baixos, e os estímulos orçamentais necessários defrontavam dificuldades de implementação interna.

Esta situação contribuía para a persistência das dificuldades no resto da zona asiática, designadamente para a recuperação do «tigres asiáticos».

A economia russa enfrentrava-se em dificuldades no seu sistema financeiro, no cumprimento do serviço da dívida externa e na defesa do rublo. Para esta situação contribuíam as menores receitas cambiais provenientes do sector energético dada a baixa de preços deste tipo de produtos nos mercados internacionais

As economias da América Latina evoluíam de modo relativamente favorável, revelando-se como uma zona que tinha ainda escapado a grandes perturbações cambiais e que aparentava, nalguns casos, possibilidades e oportunidades de investimento estrangeiro no conturbado contexto económico internacional. No entanto, era reconhecido que caso houvesse deterioração séria do contexto financeiro internacional esta zona poderia ser uma das primeiras a sentir os respectivos efeitos, com uma dimensão e repercussões difíceis de avaliar

Verificava-se uma grande volatilidade cambial devido às incógnitas associadas às moedas japonesa e russa, reflectindo as dificuldades que as respectivas economias atravessavam. Esta volatilidade transmitia-se aos mercados financeiros os quais a sentiam de forma ampliada dada a existência de alguma percepção de que o nível das cotações nos mercados ocidentais poderia estar fortemente sobreavaliado.

No final de Agosto, a crise russa com a desvalorização do rublo, a suspensão dos mercados cambiais e as incertezas quanto à respectiva evolução política desencadearam uma «tempestade» nas bolsas mundiais, em especial nas economias ocidentais, cujas intensidade e prazo constituem ainda incertezas.

PERSPECTIVAS

Os principais factores de risco residem neste tipo de incertezas e nos seus efeitos no ritmo de crescimento das economias ocidentais, seja quanto aos efeitos directos das crises já verificadas, seja quanto a suas eventuais sequelas seja ainda quanto a outras «tempestades» que a globalização financeira por si mesmo venha a propiciar.

As economias ocidentais, em especial a norte-americana e a europeia, superaram os efeitos da crise asiática com a dinâmica das respectivas procuras internas. O nível baixo de inflação propicia a manutenção de baixas taxas de juro que, por sua vez, alimenta os resultados favoráveis das empresas, a diminuição do desemprego e a confiança dos consumidores.

Este tipo de evolução era bem espelhado pela «exuberância irracional» (nas palavras do Presidente da Banca Federal norte-americana de há cerca de dois anos) das cotações bolsistas a qual não deixava também de contribuir para o já referido clima- generalizado de confiança.

Por outro lado, as inovações .tecnológicas, em especial no domínio das tecnologias de informação, constituiem também factores de ganhos de produtividade significativos e de confiança de que uma «Nova Era» está emergindo.

Do ponto de vista económico, as economias ocidentais revelam também situações orçamentais em processo de consolidação (com a economia norte-americana a poder vir a apresentar excedentes a partir do corrente ano) e tensões inflacionistas controladas, quer por efeito da deflação das matérias primas base, quer por efeitos da globalização que se traduzem em níveis de concorrência que obrigam a uma contenção na fixação dos preços dos bens e serviços. Por outro lado, a própria obsolescência acelerada de produtos e processos produtivos propiciada pela inovação tecnológica e pela globalização concorre para essa contenção.

Tendo sido a confiança do consumidor o factor que, porventura, mais tem justificado o comportamento favorável das procuras internas das economias ocidentais e, consequentemente, do dinamismo que revelam, parece que só uma quebra acentuada e rápida deste clima de confiança poderá provocar uma desaceleração acentuada e rápida do respectivo crescimento económico e, consequentemente, do crescimento económico internacional. Este tipo de quebra afigura-se pertinente num quadro de choques «exógenos»

Páginas Relacionadas