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1420 | II Série A - Número 037 | 04 de Maio de 2000

 

1853, publicado no Diário do Governo de 3 de Janeiro de 1854, o concelho de Ançã e as suas freguesias, nomeadamente Ameixoeira, Granja, Loureiro e Quinta do Rol.

II - Localização

Ançã é uma freguesia do concelho de Cantanhede, localizada na sub-região do Baixo Mondego, ficando a 12 Km de Coimbra, sua capital de distrito, e a 11 Km a SE de Cantanhede.
Está situada num vale, na margem direita do rio Mondego e rodeada por quatro outeiros - Monte Barra ao norte, Monte Alto a este, Monte Tinhoso ao sul e Monte de Jeremulo a oeste -, sendo a sua altitude média de 57 metros.
Com uma área aproximada de 18,2 Km2, é composta pelos lugares de Ameixoeira, Ançã, Gandara e Granja, totalizando a população cerca de 4000 cidadãos, com níveis de crescimento populacional bastante elevados, e com cerca de 3000 eleitores.
Ançã encontra-se na principal via de ligação entre Coimbra e Cantanhede.
A actual construção da IP3,que liga Vila Verde de Raia à Figueira da Foz, com um nó em Ançã,bem como a estreita proximidade à A1,são mais dois factores de importante influência no futuro desenvolvimento desta freguesia, verificando-se que Ançã apresenta um conjunto de acessibilidades que lhe confere uma posição de destaque a nível local, regional e nacional.

III - História

A origem de Ançã perde-se de tal forma na bruma dos tempos que se pode afirmar com absoluta certeza ser muito anterior à nacionalidade.
Fundada por oito monges beneditinos oriundos de Itália no século VII, vindos a Portugal enviados pelo patriarca do Ocidente, São Bento, que se haviam deslumbrado com a beleza natural, a abundância de água e semelhanças encontradas com algumas regiões italianas.
Ançã é um nome de origem romana ou, pelo menos, de influência romana - prova-o a arqueologia e a fonética.
As escavações arqueológicas realizadas em 1842-1843 e em 1903 provaram-nos que Ançã foi uma vila romana. Junto à fonte pública foram encontrados vestígios de uma casa romana e uma moeda de Cláudio I, que pertence ao meio do primeiro século da nossa era.
O nome da localidade foi evoluindo com o decorrer dos tempos: Antiana, Anzana, Ancãa, Ançã.
Nos documentos mais antigos de Ançã - 18 de Novembro de 937 (1), 21 de Novembro de 966 (2) e no documento entre 1092 e 1098 (3) - aparece o termo "Anzana".
Anzanam, acusativo de "Anzana", aparece-nos com frequência em doações, vendas, testamentos e documentos, como no documento de Maio de 1176, em que Martins Anaia e esposa fazem testamento ao Mosteiro de Santa Cruz de "tercia parte de media illis hereditatis que est inter anzanam et molendinos laurenty ..." (4)
Anzãa, forma abreviada de "anzana", também nos aparece com frequência em documentos medievais. O mosteiro de Lorvão e de Santa Cruz, em Fevereiro de 1234, fazem uma permuta de um campo situado "iuxta paludem de Anzãa ... (5)

Portugália Monumenta Histórica (Dip. Et Ch., doc. XLV; pág. 27. Vide doc. n.º 1). Portugália Monumenta Histórica (Dip. Et Ch., doc. XCII; PÁG. 58. Vide doc. n.º 2), Portugália Monumenta Histórica (Dip. Et Ch., doc. DCCCLXXXXV; PÁG. 531. Vide doc. n.º 5).
T. T. Livro D. João Teotónio, fls. 71 Casa 16 - Estante 112 P1 n.º 3. Vide doc. n.º 11.
T. T. Corporações Religiosas - Lorvão. M.IX N.º 16. Vide doc. n.º 12.

Ançã é a grafia que nos aparece no foral dado a Ançã por D. Fernando, em 1371.
No foral, dado por D. Manuel em 1514 e transcrito no livro dos Forais Novos da Estremadura, aparece escrito desta maneira "Amçãa".
Em 12 de Dezembro de 1371, em Tentúgal, S. Fernando eleva Ançã à categoria de Vila. Segundo a Dr.ª Irene Potela, a 13 de Dezembro de 1371 o rei D. Fernando faz doação de Ançã a D. João Afonso Tello, conde de Barcelos, pelos bons serviços prestados.
Foi, pois, o conde de Barcelos o primeiro senhor de Ançã e seu primeiro magistrado.
Em diversos documentos da primeira parte do séc. XIV, que existem no cartório da Sé de Coimbra, Ançã era referida como Aldea ou Locum. Diz-se que D. Duarte lhe dera a categoria de vila, mas só em 28 de Junho de 1514 é certo que D. Manuel lhe deu ou reformou o seu foral.
Em 1385 Ançã não era do termo de Coimbra. Foram donatários desta vila os Marqueses de Cascais, cujas seis arruelas, do brasão dos Castros, assinalam diversas obras nesta antiga vila. Para aqui foi desterrado, depois da queda de D. Afonso VI, e aqui passou o resto dos seus dias, sendo sepultado na capela-mor da igreja, o primeiro Marquês, D. Álvaro Pires de Castro (falecido em 1674).
As jugadas da vila de Ançã pertenciam ao duque de Aveiro, conforme lhe foi julgado por sentenças da suplicação de 12 de Janeiro e de 23 de Junho de 1662. Até 1803 era ré-regida por juiz ordinário somente, mas porque passou do padronato da casa do Marquês do Louriçal para a casa das Senhoras Rainhas - Carta Régia de 15 de Outubro de 1799, que dispõe desta e da vila de São Lourenço do Bairro, a favor da princesa do Brasil, D. Carlota Joaquina, foi elevada à categoria de lugar de 1ª. Entrância e teve juiz de fora, que era ao mesmo tempo almoxarife da donatária.
Ançã foi sede do concelho da época constitucional, extinto em 1853.
Sabe-se que a pedra de Ançã foi a matéria-prima chave para a escultura e arquitectura de um dos períodos mais fecundos da arte nacional que vai do século XII até à renascença coimbrã, mas o período de maior prosperidade de Ançã situa-se entre os finais do século XVI até ao século XVIII. É neste período que Ançã é enriquecida com belos edifícios, não só religiosos mas também civis.
Mais recentemente, nos séculos XIX e XX, Ançã viu nascer dois dos mais ilustres ançanenses. A 29 de Abril de 1884 o historiador poeta e político Jaime Zuzarte Cortesão, que faleceu a 14 de Agosto de 1960. Cursando medicina, é nas letras e na política que encontra o seu expoente máximo, destacando-se da sua vasta obra os livros Alexandre de Gusmão, Tratado de Madrid, entre outros. É, também, Augusto Abelaira, uma das referências históricas de Ançã, escritor nascido no ano de 1926, cursando histórico-filosóficas, um dos romancistas mais importantes da nossa literatura.

IV - Património arquitectónico e artístico

Ançã tem efectivamente um conjunto de edifícios e monumentos que representam valores culturais de arte religiosa e pública de grande valor artístico e patrimonial:
- Igreja Matriz de Ançã (1783-1812) dedicada a Nossa Senhora do Ó, Padroeira de Ançã;
- Fontes com grande riqueza arquitectónica (Séc. XVII);
- Imagens religiosas de grande valor histórico e artístico (Séc. XVI, XVII e XVIII);

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