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1007 | II Série A - Número 033 | 12 de Outubro de 2002

 

"Os pescadores tinham adaptado à pesca pelágica os chinchorros empregados na águas interiores, e criado o tipo de barco em forma de meia lua para atravessar a rebentação da costa, organizando-se para a exploração do mar, em companhas de tipo cooperativista rudimentar" (Rocha e Cunha, Relance da histórica económica de Aveiro, 1930).
Os pescadores ovarenses "em 1600 eram não menos de duzentos, constituídos em quatro Companhas, com os seus Capelães, denominadas: Urré, Embirra, Sabão, Paridos, se é verdadeira a tradução quanto aos três últimos nomes" (João Frederico Teixeira de Pinho, Memórias e Datas, 1959), e pescavam com as artes pequenas ou chinchorros, que iam fazer e consertar na capela de Santo António, construída à volta de 1693 e donde os expulsaram em 1716.
Ao chinchorro "assistem trinta até quarenta homens, ou mais" (reitor de Paramos, em 1758, para O Dicionário Geográfico). O chinchorro do Urré ou Ourré é ainda citado em 1739, o de Parido ou Paridos em 1725.
A 30 de Abril de 1758 o vigário de Ovar, João Bernardino Leite de Sousa, informa para O Dicionário Geográfico que "meia legoa distante da villa está a Costa do Mar, he brava e sem enseada, nem pedras; nesta lanção os moradores em alguns dias de verão quando estão sossegadas as suas ondas, as redes de Arrasto, de que uzão; e com maior abundância pescão sardinhas".

3 - A conquista do litoral - na Torreira e nas Areias (1594), a capela da Senhora das Areias. Pescadores de Ovar em Aveiro

Os pescadores de Ovar quando abandonaram, no século XVI, a pesca na ria e se dedicaram aos trabalhos do mar fixaram-se, primitivamente; no lugar onde hoje se ergue a martirizada praia do Furadouro, que foi a sua primeira colónia; depois, nas estações próprias, partiram para o norte e para o sul, à escolha de tiradouros para exercer a pesca, estabelecendo outras colónias entre o Douro e o Vouga e, finalmente, atingiram outros locais do litoral português muito afastados da terra natal.
No século XVI, avançado para o sul, através do cordão litoral, alcançam os lugares da Torreira e das Areias, erguendo neste último uma ermida que é anterior a 1549.
O lugar da Torreira, que tinha em 1758 (informação para o Dicionário Geográfico) um vizinho, deixou de pertencer à freguesia de Ovar em 1855. A praia da Torreira já tinha sido desanexada em 1835.
O lugar das Areias (áreas de S. Jacinto - 1958), tinha dois vizinhos nesse ano. A partir de 1855 deixou de pertencer, também, à freguesia de Ovar.
Fundada por pescadores de Ovar, a Capela da Senhora das Areias, "merecia à Câmara de Ovar particular atenção e apreço. Ela não faltava nunca à festa anual, incorporando-se na procissão, com toda a solenidade" (Manuel Lírio, Monumentos e instituições religiosas, 1926).
Um dia, pelo ano de 1744, os pescadores ao puxarem as redes junto è ermida trouxeram dentro delas um imagem a que chamaram S. Jacinto. Antes da transferência, em 1856, da Capela de S. Jacinto, para o pároco da freguesia do Espírito Santo de Vera Cruz, de Aveiro, os pescadores trouxeram para Ovar o seu retábulo e ricos paramentos de seda.
Refere o Dr. João Pedro de Melo Ferreira (Breve subsídio para a história da actividade piscatória marítima em Ovar, 1995), que "em meados da centúria de quinhentos, a presença habitual dos pescadores de Ovar em Aveiro acabou por atrair a atenção e a cobiça do Prioste da Igreja de S. Miguel desta vila, tendo este começado a recolher indevidamente o dízimo sobre o pescado que os marmoteiros aí vendiam. Logo que a Sé do Porto tomou conhecimento da situação, instaurou acção contra o referido Prioste, pedindo o reconhecimento do seu direito exclusivo de liquidação da dízima sobre os pescadores de Ovar e obteve vencimento no Tribunal da Relação".
Segundo João Frada (Praia de Mira, 1983), o areal dos Palheiros da Tocha foi visitado, nó princípios do século XVI, por "pescadores oriundos do Norte (Ílhavo, Ovar e Murtosa)".

4 - A Atalaia do Furadouro

Segundo o general João de Almeida (Roteiro dos monumentos militares portugueses, vol. II, 1946) a 17 de metros de altura, no cimo dum cabeço de areia sito no lugar do Carregal do Sul, junto à Ria, "existiam ainda em meados do século passado os vestígios de uma construção castrense cuja pedra foi em parte utilizada na construção do marco geodésico. Tratava-se, sem dúvida, duma atalaia, composta de uma torre, circundada de um pequeno recinto amuralhado, destinado a servir de vigia e a defender dos ataques dos Normandos e Bárbaros as povoações costeiras".
A Atalaia do Furadouro é, aliás, o único momento militar, citado pelo autor, no concelho.

5 - Pescadores de Ovar em Matosinhos (1680), em Vila do Conde (século XVII) e na Póvoa de Varzim (século XVIII)

Óscar José Lima Fanqueiro (A população de Matosinhos e Leça em 1680, in: Boletim da Câmara Municipal de Matosinhos, n.º 26, 1982; em Aspectos do passado da pesca de Matosinhos, dactilografado; e no Notícias de Ovar, de 3 de Junho de 1999) refere que a população piscatória de Matosinhos, já em 1680, nos aparece com elementos provenientes da região de Ovar, como se pode verificar através da sua antroponímia.
Para Oscar Fangueiro, os vareiros aparecem no século XVII em Vila do Conde e no século XVIII na Póvoa de Varzim.

6 - O pinhal de Ovar (1723 -1893)

No Litoral de Ovar, baixo e arenoso, as ondas do mar impeliam continuadamente as areias para terra, areias que o vento varria para a praia formando medos e dunas que, sem obstáculo, caminham inexoravelmente alguns metros por ano para o interior, ameaçando a povoação, as suas terras de cultura, as suas hortas e pomares.
Era necessário, pelo indústria do homem, fixar com vegetação apropriada a duna, defendendo assim a vila e os seus arredores. Impedir a invasão das areias, evitando graves prejuízos, foi uma ocupação centenária do povo ovarense que semeou, continuamente, pelo menos de 1723 e 1887, pinhais ao norte e ao poente do povoado:
As sementeiras dos pinhais, destinadas à estabilização das areias, devem ter sido iniciadas na primeira década do século XVIII, já que em 1723 o conde de Aveiras, D. Duarte António da Câmara, em nome do Infante D. Francisco, senhor da Casa do Infantado, dirigiu uma, carta ao senado para se continuar a sementeira em frente da vila.
Por provisão de 3 de Setembro de 1785 foi concedido, por 15 anos, o real da areia e sementeiras dos pinhais, para a continuação destas; outra provisão, de 12 de Janeiro de 1801, conseguida a instâncias do escrivão da Câmara, António José Chaves Pereira Valente, prorrogou o real da

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