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Sexta-feira, 15 de dezembro de 2017 II Série-A — Número 41

XIII LEGISLATURA 3.ª SESSÃO LEGISLATIVA (2017-2018)

S U M Á R I O

Decretos da Assembleia da República (n.os 175 e 176/XIII):

N.º 175/XIII — Grandes Opções do Plano para 2018.

N.º 176/XIII — Orçamento do Estado para 2018. (a)

(a) É publicado em Suplemento.

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DECRETO DA ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA N.º 175/XIII

GRANDES OPÇÕES DO PLANO PARA 2018

A Assembleia da República decreta, nos termos da alínea g) do artigo 161.º da Constituição, o seguinte:

Artigo 1.º

Objeto

São aprovadas as Grandes Opções do Plano para 2018, que integram as medidas de política e os

investimentos que as permitem concretizar.

Artigo 2.º

Enquadramento estratégico

As Grandes Opções do Plano para 2018 enquadram-se nas estratégias de desenvolvimento económico e

social e de consolidação das contas públicas consagradas no Programa do XXI Governo Constitucional.

Artigo 3.º

Grandes Opções do Plano

As Grandes Opções do Plano para 2018 integram o seguinte conjunto de compromissos e de políticas:

a) Qualificação dos portugueses;

b) Promoção da inovação na economia portuguesa;

c) Valorização do território;

d) Modernização do Estado;

e) Redução do endividamento da economia;

f) Reforço da igualdade e da coesão social.

Artigo 4.º

Enquadramento orçamental

As prioridades de investimento constantes das Grandes Opções do Plano para 2018 são contempladas e

compatibilizadas no âmbito do Orçamento do Estado para 2018.

Artigo 5.º

Disposição final

É publicado em anexo à presente lei, da qual faz parte integrante, o documento das Grandes Opções do

Plano para 2018.

Aprovado em 27 de novembro de 2017.

O Presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues.

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Grandes Opções do Plano 2018

Índice

1 - As Reformas e Grandes Opções do Plano para 2018

1.1. - Estratégia de médio-prazo

1.2. - Portugal no mundo

2 - Contexto e cenário macroeconómico

2.1. - Cenário macroeconómico para 2017

3 - Qualificação dos portugueses: menos insucesso, mais conhecimento, mais e

melhor emprego

4 - Promoção da inovação na economia portuguesa: mais conhecimento, mais

inovação, mais competitividade

5 - Valorização do território

6 - Modernização do Estado

7 - Redução do endividamento da economia

8 - Reforço da igualdade e da coesão social

8.1. - Combate à pobreza e desigualdades

8.2. - Elevação do rendimento disponível das famílias

8.3. - Promoção do acesso a bens e serviços públicos de primeira necessidade

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ANEXO

(a que se refere o artigo 5.º)

GRANDES OPÇÕES DO PLANO 2018

1.AS REFORMAS E GRANDES OPÇÕES DO PLANO 2018

1.1. Estratégia de médio-prazo

As Grandes Opções do Plano 2018 continuam a afirmar as principais linhas estratégicas

enunciadas no programa de Governo e no Programa Nacional de Reformas, na

formulação apresentada em abril de 2017 à Assembleia da República e posteriormente

enviada à Comissão Europeia.

Deste modo, o Governo sublinha e reforça as suas opções estratégicas de resposta aos

principais constrangimentos ao desenvolvimento da economia portuguesa, como a baixa

produtividade e competitividade, os níveis excessivos de endividamento da economia e

a necessidade de reforço da coesão e igualdade social.

O ano de 2018 será marcado pelo aprofundamento das políticas sociais, nomeadamente

em matéria de educação e saúde, e pelo aumento da progressividade fiscal, de modo a

melhorar a distribuição de rendimentos entre os portugueses e elevando os rendimentos

das classes menos favorecidas.

Neste sentido, as Grandes Opções do Plano 2018, após considerações gerais sobre a

posição de Portugal no contexto internacional perspetivado para 2018, organizam-se em

torno dos seis pilares que estruturam o Programa Nacional de Reformas, garantindo a

coerência estratégica destes documentos e a continuidade das opções do Governo,

facilitando o acompanhamento da atividade governativa.

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1.2. Portugal no mundo

Perante um contexto internacional dinâmico e em constante mutação, importa afirmar o

papel de Portugal na cena internacional, garantindo uma atuação externa eficaz, quer no

quadro das relações multilaterais, quer no quadro das relações bilaterais. Neste contexto,

o Governo reafirma o papel único de Portugal no espaço Euro-Atlântico, no qual releva

assumir um papel forte e empenhado no quadro europeu, nomeadamente num ano

marcado por decisões importantes sobre o futuro da Europa e do projeto europeu.

Também no contexto das relações multilaterais, o Governo continuará a desenvolver

todos os esforços para defender e promover os direitos humanos, contribuir para

responder às crises humanitárias que afetam o globo e promover os objetivos de

desenvolvimento sustentável, em particular no seio das Nações Unidas, mas também

através da participação em outros fóruns e organizações multilaterais e regionais

relevantes. Também os oceanos e as alterações climáticas constituem temas

fundamentais da ação multilateral de Portugal.

Em termos de política externa, é ainda importante continuar em 2018 o

desenvolvimento da política de promoção da língua portuguesa, assim como consolidar

a aposta na ação cultural externa e intensificar as ligações entre diplomacia cultural e

outros eixos da política externa, incluindo o económico. A internacionalização da

ciência e do ensino superior é outros dos vetores a potenciar no quadro da ação deste

Governo.

Prosseguir com o estreitamento da ligação às comunidades portuguesas e a sua

valorização é também um dos desígnios políticos deste Governo, sendo relevante

aproveitar, designadamente, o valor económico da rede da diáspora portuguesa nos seus

países de acolhimento para promover a captação de investimento estrangeiro para

Portugal.

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Saliente-se, aliás, em termos de execução da política externa, a necessidade de enfatizar

a vertente económica da diplomacia, elemento potenciador do comércio externo e da

internacionalização das empresas portuguesas e, consequentemente, do crescimento da

economia portuguesa, aspeto chave para a afirmação de Portugal no mundo. Para o

efeito, é essencial a ação da Agência para o Investimento e Comércio Externo de

Portugal, E. P. E. (AICEP, E. P. E.), e, em particular, as atividades desenvolvidas pela

sua rede externa, em necessária articulação com a rede diplomática e a ação política

externa.

No que respeita à cooperação portuguesa, é essencial prosseguir a coordenação entre os

diferentes atores comprometidos com a ajuda ao desenvolvimento – públicos e

privados, nacionais e multilaterais. Aprofundar-se-ão, neste âmbito, as parcerias já

estabelecidas com os países de língua portuguesa, com o setor privado, e o apoio às

organizações não-governamentais para o desenvolvimento.

O futuro da Europa

No atual contexto europeu, é essencial que Portugal se posicione em defesa dos

interesses nacionais e contribua para o debate sobre o futuro da Europa, sendo também

importante o acompanhamento do processo de saída do Reino Unido da União Europeia

(UE). Do debate sobre o futuro da Europa decorrerão decisões com impacto

considerável, nomeadamente no que se refere à União Económica e Monetária, ao

financiamento da UE e da Zona Euro, e à promoção do emprego, do crescimento e da

convergência social e económica entre Estados-Membros. Para além destas questões

relacionadas com a política orçamental e de crescimento económico, é igualmente

importante promover a consolidação de um espaço europeu em torno dos princípios da

liberdade, segurança e justiça.

Assim, neste âmbito, Portugal concentrará a sua ação política em 2018 nas seguintes

áreas:

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 Participação ativa na reflexão em curso sobre o futuro da UE, em particular no

debate em torno das propostas apresentadas pelo Livro Branco da Comissão

Europeia;

 Continuação da defesa dos interesses nacionais e europeus no quadro da União

Económica e Monetária; Valorização da dimensão social do projeto europeu,

tendo em vista o estabelecimento de um pilar europeu de direitos sociais;

 Participação na preparação do Quadro Financeiro Plurianual pós 2020;

 Consolidação da UE como espaço de livre circulação de pessoas, com o

aperfeiçoamento dos princípios basilares e dos mecanismos que lhe são afetos;

 Participação no desenvolvimento de uma política humanitária para os

migrantes, refugiados e requerentes de asilo;

 Participação no processo de negociação da saída do Reino Unido da UE;

No quadro da preparação do Quadro Financeiro Plurianual para o período

posterior a 2020, o Governo português encetou o processo conducente à definição

de uma nova estratégia nacional para uma década de convergência, designada

Portugal 2030.

Estão previstos deste modo ainda no ano de 2017 um conjunto de audições

públicas com atores económicos e sociais, bem como com os partidos políticos

com assento parlamentar em torno dessas opções estratégicas.

Com base nos elementos a recolher durante o ano de 2017, procurar-se-á assim

consolidar uma posição nacional, obtendo o desejável consenso em torno de

opções que enformarão a posição portuguesa nas futuras negociações junto da

UE. Essas negociações, em momentos diferentes, estruturarão quer o quadro

financeiro, quer posteriormente os instrumentos de política pública, destinados ao

apoio ao desenvolvimento económico e social do país na próxima década.

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 Contribuição para o desenvolvimento da política europeia de vizinhança;

 Envolvimento ativo nos debates destinados a consolidar e reforçar as relações

da UE com regiões/países terceiros, em particular com os países da vizinhança

e parceiros estratégicos, nomeadamente em África;

 Participação ativa nos vários processos negociais de acordos de livre comércio

com países terceiros e nos restantes dossiês da política comercial da UE,

salvaguardando os interesses nacionais.

Um Portugal global

No âmbito das relações multilaterais, as principais medidas de política a desenvolver em

2018, são as seguintes:

 Participação ativa no sistema das Nações Unidas, com destaque para as missões

de paz e de segurança, a defesa e promoção dos direitos humanos, a promoção

da educação e da cultura e o acompanhamento e defesa, perante a Comissão de

Limites da Plataforma Continental das Nações Unidas, da proposta de extensão

da plataforma continental de Portugal;

 Promoção da agenda das alterações climáticas e da agenda humanitária, assim

como da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, através do seu

acompanhamento e implementação;

 Participação nos fóruns multilaterais e regionais de cooperação,

desenvolvimento e segurança, designadamente valorizando a participação nas

organizações da Conferência Ibero-americana, na União para o Mediterrâneo,

no Conselho da Europa e nas atividades do seu Centro Norte-Sul, localizado

em Lisboa.

No atual contexto geoestratégico, de múltiplas e complexas ameaças, a cooperação

internacional assume um papel indispensável na manutenção da paz e da segurança, no

respeito pelo direito internacional, na defesa dos valores democráticos, da paz e dos

direitos humanos. Assim, importa:

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 Contribuir para a afirmação e reputação de Portugal num mundo alargado,

promovendo, pela sua ação, o respeito pelo direito internacional e uma cultura

de defesa dos valores democráticos e dos direitos humanos, o respeito pelo

direito internacional humanitário, a promoção da Paz, da Democracia e do

Estado de Direito;

 Simplificar e sistematizar a cooperação técnico-militar, potenciando-a, sempre

que possível, num contexto mais abrangente de cooperação internacional,

promovendo novas abordagens no quadro da Comunidade dos Países de

Língua Portuguesa (CPLP) ou a nível bilateral, com programas inovadores, nas

áreas da formação, do treino e das indústrias de defesa;

 Aprofundar a cooperação entre as Forças Armadas e as forças e serviços de

segurança, face ao caráter único das ameaças e riscos com que agora nos

confrontamos, nomeadamente no plano da ciberdefesa.

No âmbito das relações bilaterais, em 2018, destaca-se:

 De entre os parceiros europeus, o fortalecimento do relacionamento com

Espanha, tendo já em vista, em particular, a preparação da cooperação

transfronteiriça pós-2020, assim como a colaboração no processo de transição

energética; com a França e a Alemanha, tendo particularmente em conta o seu

lugar quer como fornecedores, quer como clientes e investidores na economia

portuguesa; e, com o Reino Unido, tirando partido dos laços históricos que

unem os dois países, reforçando a relação do ponto de vista económico e tendo

como foco o tratamento das questões que o processo de saída do Reino Unido

da UE coloca, também no plano bilateral;

 Com o continente africano, o aprofundamento da particular relação com os

países de língua portuguesa e do relacionamento com os demais países

africanos, designadamente da região do Magrebe, considerando os interesses

comuns em matéria económica e de segurança, bem como a atenção ao Sahel e

ao Golfo da Guiné;

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 Com os países latino-americanos, o reforço da cooperação com Brasil e o

aprofundamento das relações com a Argentina, Chile e México, assim tirando

partido das recentes iniciativas político-diplomáticas, nomeadamente na sua

vertente económica;

 Com a América do Norte, e em particular com os Estados Unidos da América,

a cooperação no quadro do Acordo de Cooperação e Defesa, assim como a

cooperação nas áreas da economia, energia, ciência e tecnologia e educação;

com o Canadá, o aprofundamento das relações nas diversas vertentes, tendo

nomeadamente em vista a comunidade portuguesa ali residente;

 Com os países da grande região Ásia-pacífico, a intensificação das relações

com a China e a Índia, igualmente tirando partido das recentes iniciativas

político-diplomáticas, de forte pendor económico, e o reforço da aproximação

aos países da Association of Southeast Asian Nations.

No âmbito da política de cooperação para o desenvolvimento, destaca-se, para 2018, a

execução dos programas estratégicos de cooperação com os países africanos de língua

portuguesa e Timor Leste, a implementação de projetos de cooperação delegada da UE

e a concretização das iniciativas de cooperação triangular, assim como a promoção do

alargamento destas iniciativas a novas geografias, como a América Latina e o Norte de

África.

No contexto da política para as comunidades portuguesas, importa continuar, em 2018,

a acompanhar atentamente as comunidades portuguesas, nomeadamente aquelas que se

encontram em países com maior instabilidade política e social, como a Venezuela, ou

em países cujo enquadramento das políticas migratórias poderá ser alterado (como no

caso do Reino Unido). A proteção consular dos portugueses residentes no estrangeiro,

bem como a modernização da rede consular, continuará, também, no centro da ação

política do Governo.

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Promover a língua, a cultura, a ciência portuguesa e a cidadania lusófona

O Governo manterá a promoção da língua portuguesa no centro da política externa.

Assim, neste âmbito, o Governo continuará a favorecer a expansão do português, básico

e secundário, no estrangeiro, quer como língua de herança, quer como língua

estrangeira; continuará a ampliar o número de alunos nas escolas portuguesas no

estrangeiro; e consolidará a rede Camões de ensino superior. O Governo manterá

igualmente a aposta no digital, nos processos de certificação e na credenciação do

português nos sistemas de acesso ao ensino superior. Neste contexto, e também no

quadro da CPLP, é importante valorizar o trabalho do Instituto Internacional da Língua

Portuguesa, os programas de intercâmbio de estudantes entre os países da CPLP, os

projetos culturais comuns e as redes de ciência e tecnologia produzidas por cidadãos

lusófonos ou em português.

A construção de uma cidadania lusófona e a participação no quadro da CPLP continua a

ser, aliás, um objetivo da política externa portuguesa. Assim, Portugal contribuirá para a

implementação da Nova Visão Estratégica, e continuará a apoiar a abertura desta

organização à sociedade civil, aos observadores associados e aos observadores

consultivos e às comunidades lusófonas vivendo fora do espaço da CPLP, bem como a

participação no desenvolvimento de espaço de cooperação multifacetado com forte

importância para Portugal e para a CPLP.

Outra das prioridades deste Governo no âmbito da política externa é prosseguir com a

promoção da cultura portuguesa e a sua internacionalização, designadamente através do

programa da ação cultural externa para 2018. Importa igualmente promover a

diplomacia científica, valorizando a internacionalização do ensino superior e da

investigação científica e tecnológica e a cooperação internacional neste domínio.

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2.CONTEXTO E CENÁRIO MACROECONÓMICO

2.1.Cenário macroeconómico para o período das Grandes Opções do Plano

O cenário macroeconómico atual para 2017 e 2018 foi elaborado tendo em conta a mais

recente informação relativa à atividade económica nacional e internacional, assim como

o impacto estimado das medidas de política perspetivadas para 2018. Entre outros

dados, este cenário incorpora a informação relativa à revisão das Contas Nacionais para

os anos de 2015 e 2016, assim como a informação quantitativa e qualitativa disponível à

data. De assinalar que a revisão das Contas Nacionais para 2015 e 2016 resultou numa

revisão em alta do crescimento real do PIB nestes 2 anos para 1,8% e 1,5%,

respetivamente (+0,2 p.p. e +0,1 p.p. do que inicialmente publicado).

Após um crescimento de 2,9% em termos homólogos reais na primeira metade de 2017,

estima-se que a economia portuguesa cresça 2,6% no conjunto do ano, acelerando 1,1

p.p. face a 2016. Esta estimativa pressupõe uma desaceleração, em termos homólogos,

na segunda metade do ano, embora se continue a prever um crescimento em cadeia

positivo. Face ao inicialmente previsto no Programa de Estabilidade (PE), este valor

traduz uma revisão em alta de 0,8 p.p..

Esta estimativa é sustentada por um conjunto de hipóteses para o enquadramento da

economia portuguesa e envolvente externa, assim como por diversos indicadores

avançados e coincidentes de atividade económica de diversas instituições nacionais e

internacionais, em conjugação com informação relativa à confiança e expetativas dos

diversos agentes económicos.

A procura interna deverá ser o principal motor da atividade económica em 2017, ao

registar um contributo de 2,7 p.p., 1 p.p. acima do inicialmente projetado no PE,

refletindo sobretudo uma maior dinâmica do investimento (FBCF) que deverá crescer

7,7%, refletindo, entre outros, o bom desempenho da atividade nos primeiros seis meses

do ano, assim como a crescente confiança dos agentes económicos. O consumo privado

deverá também contribuir para esta aceleração, estimando-se um crescimento de 2,2%.

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A maior dinâmica da procura interna deverá traduzir-se numa aceleração das

importações para 8%, enquanto as exportações deverão apresentar um maior

crescimento refletindo o elevado desempenho registado na primeira metade do ano (em

especial nos serviços). Assim, espera-se que a capacidade de financiamento da

economia atinja os 0,8% do PIB, enquanto a balança corrente deverá apresentar um

saldo marginalmente negativo (-0,1% do PIB).

Quadro I.3.1. Principais indicadores

(Taxa de variação, %)

PIB e Componentes da Despesa (Taxa de crescimento homólogo real, %)

PIB 1,8 1,5 2,6 2,2 1,8 1,9

Consumo Privado 2,3 2,1 2,2 1,9 1,6 1,6

Consumo Público 1,3 0,6 -0,2 -0,6 -1,0 -0,8

Investimento (FBCF) 5,8 1,6 7,7 5,9 4,8 5,1

Exportações de Bens e Serviços 6,1 4,1 8,3 5,4 4,5 4,5

Importações de Bens e Serviços 8,5 4,1 8,0 5,2 4,1 4,1

Contributos para o crescimento do PIB (pontos percentuais)

Procura Interna 2,8 1,6 2,7 2,2 1,7 1,8

Procura Externa Líquida -1,1 -0,1 -0,1 0,0 0,1 0,1

Evolução dos Preços

Deflator do PIB 2,0 1,4 1,3 1,4 1,4 1,5

IPC 0,5 0,6 1,2 1,4 1,6 1,7

Evolução do Mercado de Trabalho

Emprego (Contas Nacionais) 1,4 1,6 2,7 0,9 1,3 1,0

Taxa de Desemprego (%) 12,4 11,1 9,2 8,6 9,9 9,3

Produtividade aparente do trabalho 0,4 -0,1 -0,1 1,2 0,5 0,8

Saldo das Balanças Corrente e de Capital (em % do PIB)

Capacidade/Necessidade líquida de f inanciamento face ao exterior 0,3 1,0 0,8 1,0 1,1 1,5

- Saldo da Balança Corrente -0,9 0,1 -0,1 0,1 0,2 0,5

da qual Saldo da Balança de Bens e Serviços 0,6 0,9 0,9 1,0 1,2 1,4

- Saldo da Balança de Capital 1,2 0,9 0,9 0,9 1,0 1,0

INE OE 2018 PE 2017-2021

2015 2016 2017(e) 2018(p) 2017(e) 2018(p)

Legenda: (e) estimativa / (p) previsão.

Fontes: INE e Ministério das Finanças.

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Para 2018 é esperado um crescimento do PIB de 2,2%, desacelerando por via de um

menor contributo da procura interna, enquanto a procura externa líquida deverá

apresentar um contributo nulo.

O consumo privado continuará a aumentar, acompanhando as perspetivas para as

remunerações e rendimento disponível real, perspetivando-se uma estabilização da taxa

de poupança. O investimento (FBCF) manter-se-á como a componente mais dinâmica

da procura interna, refletindo o dinamismo do investimento empresarial e do

investimento público. O consumo público estará em grande medida associado às

dinâmicas do emprego público e da contenção do consumo intermédio, enquanto a

evolução do respetivo deflator refletirá sobretudo o impacto das medidas previstas de

descongelamento das carreiras na administração pública.

O contributo da procura externa deverá ser nulo, com a desaceleração das importações a

ser compensada por uma desaceleração das exportações, que convergirão para o

crescimento esperado da procura externa relevante. Assim, a balança comercial deverá

melhorar (de 0,9% do PIB em 2017 para 1% em 2018), enquanto a capacidade de

financiamento deverá melhorar 0,2 p.p. face a 2017.

A evolução do mercado de trabalho continuará a ser marcada por uma descida do

desemprego e pelo aumento do emprego, a um ritmo naturalmente inferior ao de 2017, à

medida que o desemprego se aproxima do nível de desemprego estrutural. Assim,

espera-se um aumento do emprego de 0,9% enquanto a taxa de desemprego descerá

para 8,6%, ou seja, uma evolução positiva da produtividade aparente do trabalho. Por

outro lado, os desenvolvimentos do emprego deverão continuar a refletir a reafectação

de recursos em favor dos setores de bens transacionáveis e mais produtivos da

economia.

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A inflação medida pelo Índice de Preços no Consumidor (IPC) deverá fixar-se nos 1,4%

em 2018, mais 0,2 p.p. do que em 2017, evolução que reflete o equilíbrio de pressões

internas e externas. As pressões internas, no sentido ascendente, estão relacionadas com

os desenvolvimentos esperados para as remunerações (descongelamento das carreiras na

administração pública e aumento do salário mínimo), assim como com o progressivo

aumento do hiato do produto (definido como rácio da diferença entre o produto real e

produto potencial em relação ao produto potencial) que leva a um aumento das pressões

inflacionistas na economia. Por outro lado, as pressões externas pendem sobretudo no

sentido contrário e encontram-se ligadas às perspetivas de relativa estabilização dos

preços das commodities nos mercados internacionais assim como à esperada apreciação

do euro.

No seu conjunto, perspetiva-se uma progressiva melhoria dos desequilíbrios

macroeconómicos quer internos, quer externos, da economia portuguesa.

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3. QUALIFICAÇÃO DOS PORTUGUESES: MENOS INSUCESSO, MAIS

CONHECIMENTO, MAIS E MELHOR EMPREGO

Em quatro décadas, a aposta na educação e em formação, do pré-escolar ao ensino

superior, permitiu alcançar resultados muito positivos. O abandono escolar precoce, por

exemplo, encontra-se agora mais próximo dos níveis europeus. Em termos globais,

subsiste, contudo, um elevado défice de qualificações da população portuguesa, com

53% dos adultos, entre os 25 e os 64 anos, sem terem completado o ensino secundário e

quase metade da força de trabalho com poucas ou nenhumas competências digitais,

situando-se a população empregada com habilitações de nível superior em torno dos

26%.

Ao défice estrutural de qualificações, a crise económica e financeira veio acrescentar

elevados níveis de desemprego. As medidas tomadas pelo Governo, incluindo as de

reposição de rendimentos e direitos já apresentam resultados positivos, nomeadamente

com a redução da taxa de desemprego (fixada em 8,8% no final do segundo trimestre de

2017), com a inversão da tendência de crescimento do peso do desemprego de longa

duração (64% em 2015; 59% no segundo trimestre de 2017), a par da redução

sustentada da taxa de jovens da Estratégia Nacional de Sinalização de Jovens que não

estudam, não trabalham (NEET), que atingiu o valor mais baixo desde 2011 no 2.º

semestre de 2017 (10,8%).

Apesar desta recuperação sustentável do mercado de trabalho, persistem ainda níveis

significativos de desemprego de longa duração e de desemprego jovem, que importa

combater, designadamente através da continuação do apoio a medidas de crescimento

da economia, da adequação das competências dos desempregados ao mercado de

trabalho e da melhoria contínua das políticas ativas de emprego.

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Neste quadro, identificam-se os principais desafios-chave a que é necessário responder:

nos jovens, prosseguir a promoção do sucesso escolar, combatendo desta forma o

abandono precoce da educação e formação e as baixas qualificações à saída do sistema

que afetam as pessoas afastadas do mercado de trabalho e dos percursos formativos.

Nos adultos, contrariar a persistência do desemprego de longa e muito longa duração e

as baixas qualificações, o que exige um melhor ajustamento às necessidades do mercado

de trabalho e o relançamento da aposta em percursos formativos qualificantes,

consubstanciado no Programa Qualifica.

Nas políticas de juventude, o Governo continua a prosseguir uma estratégia

interministerial integrada, centrada na qualificação, inserção e autonomização da

população jovem, reforçando simultaneamente a sua presença cívica, política e

associativa. Neste âmbito, continuará a ser desenvolvida uma política de valorização

dos jovens nos domínios do arrendamento, do apoio às qualificações, nomeadamente

através do reforço da ação social escolar, da empregabilidade e estabilidade do

emprego.

As políticas de desporto, articuladas com as políticas de educação e juventude,

constituem por seu turno um instrumento importante no fomento da saúde e bem-estar

da população, no reforço da coesão social e territorial, no combate ao envelhecimento

demográfico, ao isolamento social, ao individualismo, a todos os tipos de

comportamentos discriminatórios e à degradação ambiental.

Um modelo de desenvolvimento que assente no conhecimento, na ciência, na inovação

e na cultura, essencial para o aumento da empregabilidade e competitividade do país,

requer uma aposta clara e inclusiva na educação e formação, na superação dos défices

de qualificações e no desenvolvimento de competências associadas às novas

tecnologias. Do mesmo modo, exige políticas orientadas para a valorização do trabalho

e da empregabilidade, assegurando o crescimento sustentado dos salários e o

alargamento da contratação coletiva, combatendo as múltiplas formas de precariedade e

promovendo a integração, no mercado de trabalho, dos segmentos da população mais

afetados pelo desemprego, num quadro de valorização da concertação e do diálogo

social.

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Redução do insucesso e do abandono escolar precoce

No que se refere aos jovens, importa prosseguir a aposta no sucesso escolar em todos os

níveis de ensino e combater o abandono, assumindo a generalização do secundário

como patamar mínimo de qualificações. Neste sentido, destacam-se as principais linhas

de ação, que prosseguem e se consolidam em 2018:

 Continuação da expansão da rede do pré-escolar acrescentando 70 novas salas,

em 2018, às 100 salas abertas em 2017, tendo em vista o objetivo programático

de universalização efetiva do acesso a partir dos 3 anos de idade até ao final da

legislatura, assegurando-se a tutela pedagógica de todos os estabelecimentos,

da rede pública e solidária;

 Execução dos Planos de Ação Estratégica, elaborados pelas escolas do básico e

secundário a partir de diagnósticos locais, no âmbito do Programa Nacional de

Promoção do Sucesso Escolar, desenvolvidos de forma colaborativa e em

articulação com as autarquias e outras entidades dos tecidos institucionais

locais;

 Reforço dos mecanismos de acompanhamento individualizado dos alunos,

prosseguindo o Programa de Tutorias no Ensino Básico e dando início à

redução, pedagogicamente orientada, do número de alunos por turma (com

incidência prioritária nas Escolas em Territórios Educativos de Intervenção

Prioritária);

 Reforço da expansão do ensino profissional, tendo em vista diversificar os

percursos formativos no secundário, assegurando a dupla certificação, a

permeabilidade entre vias de ensino e o ajustamento da oferta às necessidades

regionais e setoriais do mercado de trabalho;

 Dinamização do Sistema de Aprendizagem, enquanto plataforma por

excelência da formação de dupla certificação para jovens, no contexto de uma

estratégia global de promoção do sucesso escolar e da empregabilidade dos

jovens.

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Página 19

Ainda no âmbito da promoção do sucesso educativo, pelo reforço do papel da escola na

promoção da igualdade de oportunidades e no fomento da mobilidade social, importa

destacar as seguintes medidas:

 Alargamento da atribuição de manuais escolares gratuitos aos alunos do 1.º

ciclo do ensino básico e, de forma gradual, aos restantes ciclos de ensino,

incentivando a sua reutilização e promovendo a inovação e diversificação de

recursos pedagógicos, no âmbito das novas tecnologias, em formato digital;

 Reforço dos apoios ao nível da Ação Social Escolar, instrumento essencial na

redução do impacto das desigualdades entre os alunos, procedendo-se à criação

do 3.º escalão;

 Reforço dos mecanismos de inclusão de alunos com necessidades educativas

especiais, com a adoção das novas orientações nesta matéria, que reforçam a

presença dos alunos nas atividades de turma, bem como a formação de técnicos

e docentes neste domínio;

 Prossecução das intervenções orientadas para a modernização e requalificação

de escolas básicas e secundárias.

A aposta na valorização do ensino público passa ainda por medidas de natureza

pedagógica e curricular, fomentando uma maior articulação entre os três ciclos do

ensino básico (de modo a atenuar as transições entre ciclos) e promovendo a

estabilidade e valorização da função docente:

 Aprofundamento dos mecanismos de operacionalização do perfil dos alunos à

saída da Escolaridade Obrigatória, que define as áreas de competências-chave a

desenvolver, fomentando o domínio de diferentes linguagens, a análise crítica

da informação e o recurso a diferentes tecnologias;

 Execução do projeto piloto relativo à flexibilização pedagógica das estruturas

curriculares do ensino básico e secundário, num quadro de reforço da

autonomia dos estabelecimentos de ensino na gestão de conteúdos e tempos

letivos, potenciando abordagens interdisciplinares e contextualizadas, assim

como o tratamento transversal de temas e matérias;

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Estabilidade profissional dos docentes e dotação dos assistentes operacionais

nas escolas.

Autonomia Institucional do ensino superior, com ciência aberta e melhores níveis

de qualificação superior da população

Os compromissos assumidos no Programa do XXI Governo Constitucional corporizam

uma visão de Portugal como país de ciência, inovação, cultura e conhecimento. Esta é

uma condição determinante para a modernização do país e para a promoção do

desenvolvimento e o bem-estar, através da formação avançada e da investigação

científica e na sua articulação com o tecido económico, social e cultural. Este é um

desígnio coletivo, alicerçado nos compromissos internacionais assumidos no contexto

europeu e que exige a responsabilidade política de continuar um esforço combinado

entre os setores público e privado, capaz de assegurar o processo de convergência com a

Europa do conhecimento.

Nestes termos, as principais linhas de orientação incidem: (i) no alargamento da base

social de acesso ao ensino superior e às atividades de ciência e tecnologia, num contexto

de maior inclusão; (ii) no aprofundamento da autonomia das instituições, visando a sua

modernização e o seu rejuvenescimento, assente no incentivo ao emprego científico;

(iii) na valorização da diversidade institucional e das redes de intermediação e interface,

num quadro de maior inserção setorial e regional das instituições, a par do reforço da

internacionalização; (iv) na promoção da melhoria dos níveis de sucesso educativo e do

estímulo à maior empregabilidade dos diplomados.

Neste quadro, foram assinados, em julho de 2016, os contratos de legislatura com as

instituições de ensino superior, garantindo as condições para o reforço da autonomia e a

estabilidade do financiamento, num quadro de compromisso e coresponsabilização. Em

2018, serão discutidos os resultados da avaliação desenvolvida pela Organização para a

Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), focada nas melhorias a

implementar no sistema de ciência e ensino superior, o que contribui para clarificar e

consolidar as prioridades políticas que serão prosseguidas com a concretização das

ações que de seguida se enunciam.

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Assim, no âmbito do alargamento, democratização e reforço da inclusão e do sucesso

educativo no ensino superior, a par da melhoria da transição para o mercado laboral e o

reforço da empregabilidade de diplomados serão prosseguidas as seguintes medidas:

 Assegurar o aumento de vagas no ensino superior público, em particular em

áreas estratégicas como a das tecnologias da informação, comunicação e

eletrónica e a física aplicada à saúde;

 Incentivar o ingresso no ensino superior de estudantes oriundos das vias

profissionalizantes do secundário (nomeadamente através dos Cursos Técnicos

Superiores Profissionais) e o acesso em idades acima da idade de referência

(maiores de 23 anos), a par dos estímulos ao ingresso em regiões de baixa

densidade populacional, no âmbito do «Programa + Superior», que será

aprofundado;

 Reforço do apoio social a estudantes com deficiência, designadamente através

da gratuitidade da frequência do ensino superior aos estudantes com deficiência

igual a 60%, através da atribuição de bolsas de estudo correspondentes ao valor

da propina efetivamente paga;

 Prosseguir a implementação do Programa Inclusão para o Conhecimento,

dirigido a minorias e a cidadãos com necessidades educativas especiais que

frequentam instituições científicas e de ensino superior, universitário e

politécnico.

O reforço da autonomia das instituições de ensino superior será concretizado nos termos

dos acordos de legislatura estabelecidos com as universidades e com os politécnicos

públicos, designadamente ao nível:

 Do estímulo à adoção de regimes de gestão adequados, incluindo consórcios,

pelas instituições de ensino superior, fomentando a sua diversificação

institucional e estabilidade financeira, numa lógica de gestão baseada num

horizonte plurianual;

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 Estímulo ao emprego científico e académico, com a redução da precariedade na

investigação científica, uma vez criadas as condições para promover a

estabilidade e o rejuvenescimento das instituições de ensino superior;

 Da prossecução de ações orientadas para uma maior racionalidade e eficiência

administrativa, diminuindo a burocratização e minorando constrangimentos,

incluindo no domínio da validação e reconhecimento de qualificações,

diplomas e competências adquiridos no estrangeiro;

O reforço do apoio à diferenciação, especialização e internacionalização das instituições

de ensino superior inclui as seguintes medidas:

 Estímulo à colaboração com o tecido produtivo, social e cultural, reforçando e

desenvolvendo parcerias que estimulem o emprego científico e o emprego

qualificado, em estreita colaboração entre instituições públicas e privadas em

todas as áreas do conhecimento;

 Promoção de iniciativas do Programa Nacional para a Coesão Territorial,

visando a criação de redes de instituições de ensino superior no interior, com a

missão específica de fomentar e apoiar estratégias inteligentes de

desenvolvimento económico de base local;

 Prossecução dos incentivos à internacionalização do ensino universitário, ao

fortalecimento da massa crítica das instituições e ao reforço das unidades de

investigação, promovendo a sua especialização, capacidade de aplicação e

translação do conhecimento, apoiando ainda as redes de I&D de referência e de

âmbito internacional em todas as áreas do conhecimento e nas suas relações

interdisciplinares de médio e longo prazo;

 Reforçar a internacionalização da atividade científica e académica no âmbito

mais específico das agendas científicas para o Atlântico e o Mediterrâneo, a par

da prossecução do reforço da participação portuguesa nos Programas Quadro

da Comissão Europeia, bem como no quadro da cooperação com a China, Índia

e PALOP;

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 Promoção da iniciativa “Study in Portugal” e outras atividades de diplomacia

académica e científica, visando a valorização e a promoção do ensino superior

no contexto internacional, em estreita colaboração com as instituições de

ensino superior;

 Prosseguir a modernização e valorização do ensino politécnico, mediante

estímulos continuados para o desenvolvimento das competências e

especificidades de cada instituição no contexto territorial, económico e social

em que se insere, com ênfase em domínios com forte potencial de inovação e

apropriação territorial e através do apoio a atividades de I&D baseadas na

prática;

 Prossecução do estímulo à inserção dos politécnicos em redes internacionais,

potenciando a internacionalização dos institutos e das escolas politécnicas e da

região em que se inserem.

Qualificação de adultos e jovens

No que se refere à qualificação dos adultos, importa responder ao défice de formação,

qualificação e certificação escolares, em particular dos adultos em idade ativa, e criar

instrumentos que propiciem uma segunda oportunidade, potenciando a aprendizagem ao

longo da vida e a valorização individual do trabalhador e criando, ao mesmo tempo,

condições estruturais para incrementar os níveis de produtividade e competitividade do

país.

Trata-se, essencialmente, de concretizar uma estratégia de educação e formação de

adultos, recuperando esta prioridade nacional através do Programa Qualifica, que

assenta numa tripla integração: (i) de meios disponibilizados pelos diversos atores, com

coordenação entre as áreas governativas da Educação, do Trabalho e do Ensino

Superior, tanto na formulação de instrumentos como na sua operacionalização no

terreno; (ii) de respostas e recursos que combinem a educação de adultos e a formação

profissional qualificante, a par do reconhecimento, validação e certificação de

competências (RVCC); (iii) de respostas concebidas e estruturadas na ótica do

formando, favorecendo a coerência, a unidade da rede e a construção personalizada de

portefólios dos percursos formativos.

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Em 2016 e 2017 foram lançadas as bases do Programa Qualifica, através da expansão e

ativação da rede nacional de Centros Qualifica, incluindo nos territórios do interior,

especializados na educação e formação de adultos e vocacionados para o atendimento,

aconselhamento, orientação e encaminhamento para percursos de aprendizagem.

Avançou-se, igualmente, com o desenvolvimento do sistema nacional de créditos do

ensino e formação profissional, alinhado com a estrutura modular da oferta formativa do

Catálogo Nacional de Qualificações e foi criado o Passaporte Qualifica, que permite não

só registar as qualificações obtidas (numa lógica de currículo ou de caderneta), mas

também identificar as competências em falta para completar um determinado percurso

de qualificação. Foi também criado o Portal Qualifica, uma plataforma digital que

pretende ser uma porta de entrada para o Programa Qualifica. Em 2018, o Governo

pretende:

 Potenciar a capacidade da rede de centros existente;

 Consolidar a mobilização e envolvimento dos parceiros locais (escolas

profissionais, centros de formação profissional do Instituto do Emprego e

Formação Profissional, I. P. (IEFP, I. P.), gabinetes de inserção profissional,

municípios e freguesias, associações empresariais e empresas, parceiros

sociais, iniciativas locais);

 Implementar de forma plena os mecanismos de aconselhamento, orientação e

encaminhamento de adultos, através dos Centros Qualifica;

 Consolidar o sistema de reconhecimento, validação e certificação de

competências (RVCC) escolares e profissionais, concretizando a aposta no

RVCC profissional;

 Lançar a iniciativa Qualifica AP, para responder às necessidades de

qualificação do pessoal dos organismos e serviços da Administração Pública

através do estabelecimento de protocolos com os Centros Qualifica.

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No âmbito da formação e ativação dos jovens afastados da qualificação e do emprego,

importa responder aos desafios colocados ao nível da formação e reforço da

empregabilidade de jovens NEET, em estreita articulação com medidas de promoção do

emprego (nomeadamente no âmbito da reorientação das políticas ativas de emprego, do

combate à segmentação do mercado de trabalho e no contexto da própria modernização

do serviço público de emprego). Neste sentido, serão implementadas e consolidadas as

seguintes medidas:

 Apostar na dupla estratégia de aperfeiçoamento da Rede Garantia Jovem;

 Operacionalizar as medidas no âmbito da Estratégia Nacional para a

Sinalização de Jovens que não estudam nem trabalham, desenvolvida com a

OIT e que contou com o apoio da Comissão Europeia;

 Prosseguir o reforço da articulação entre os diversos subsistemas de orientação

e de acompanhamento nas escolas, nos serviços públicos de emprego e nos

Centros Qualifica, de modo a que todos os jovens e adultos conheçam as

ofertas disponíveis.

Promover o emprego, combater a precariedade

Conforme referido anteriormente, as medidas de política do Governo têm vindo a

demonstrar resultados muito positivos, expressos na diminuição da taxa de desemprego,

na evolução da criação de emprego (200 mil postos de trabalho criados) e na redução da

população inativa (menos 67 mil pessoas entre o 2.º trimestre de 2016 e o trimestre

homólogo de 2017). A pertinência da manutenção e reforço destas medidas encontra

eco no facto de, não obstante a evolução positiva registada, continuarem a existir

desafios não negligenciáveis ao nível do desemprego jovem e de longa duração. A

segmentação e precariedade do mercado de trabalho, especialmente entre os jovens,

onde as modalidades de contratação temporária têm ainda peso relevante, refletindo a

precarização das relações laborais, constituem também dimensões a ter em conta na

ação governativa apesar da tendência recente de aumento da contratação permanente,

que é ainda assim inferior à média europeia.

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Importa, portanto, manter a agenda do fomento de emprego de qualidade e de combate

às diversas formas de precariedade, assumindo em plenitude a redinamização do diálogo

social nos diferentes níveis, da concertação social à negociação coletiva. Para tal, será

aprofundada a articulação com as empresas para identificar e promover oportunidades

de emprego, implementando as novas abordagens às políticas de ativação,

reconstituindo o espírito matricial destas medidas e contribuindo para uma integração

sustentada no mercado de trabalho.

Em 2016, no sentido de proceder a uma reorientação sustentada destas medidas, foi

realizada uma avaliação das políticas ativas do mercado de trabalho, a partir da qual foi

promovida a mudança nas regras e critérios de apoios à contratação e nos estágios. Em

2018, continuará a ser levada a cabo essa nova abordagem às políticas ativas de

emprego, salientando-se a aplicação da medida «Contrato-Geração», na vertente de

incentivos cumulativos à contratação simultânea de jovens desempregados ou à procura

do primeiro emprego e de desempregados de longa e muito longa duração, enquadrada

numa estratégia de focalização dos apoios ao emprego nos públicos com maiores

dificuldades de inserção ou regresso ao mercado de trabalho. Irá também proceder-se à

avaliação das estruturas e medidas de apoio à criação de projetos empresariais e do

próprio emprego do IEFP, I. P., e à reavaliação dos Contratos Emprego-Inserção, com o

objetivo de os reaproximar do seu objetivo original de ativação dos desempregados e

inativos mais afastados do mercado de trabalho.

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Será igualmente prosseguida a agenda de combate à precariedade e de promoção de um

maior equilíbrio nas relações laborais, dinamizando a contratação coletiva e procurando

reduzir o recurso inadequado a contratos a prazo, falsos recibos verdes e outras formas

atípicas de trabalho, promovendo para tal, medidas de reforço da regulação do mercado

de trabalho. Neste âmbito, procedeu-se, conforme disposto no Programa do Governo e

conforme acordado no Compromisso Tripartido para um Acordo de Concertação de

Médio Prazo, subscrito pelo Governo e pela maioria dos parceiros sociais, em janeiro de

2016, à publicação da Resolução do Conselho de Ministros n.º 82/2017, de 9 de junho,

que introduz mudanças no enquadramento das portarias de extensão e estabelece

disposições claras sobre os prazos legais razoáveis para a sua publicação (35 dias úteis).

Por outro lado, em 2018 serão encetadas negociações entre o Governo e os parceiros

sociais, em sede de Comissão Permanente de Concertação Social, tendentes a encontrar

respostas concertadas aos principais desafios apontados pelo Livro Verde sobre as

Relações Laborais e que integrem ações de redução da segmentação do mercado de

trabalho e de dinamização da negociação coletiva.

Ao mesmo tempo, para combater o uso abusivo e ilegal de contratos a termo, dos falsos

recibos verdes, do trabalho temporário e do trabalho subdeclarado e não declarado, tem

sido reforçada a capacidade inspetiva da Autoridade para as Condições de Trabalho

(ACT), tanto do ponto de vista do quadro inspetivo (concurso externo para 80

inspetores do trabalho), como do ponto de vista processual, nomeadamente com a

aprovação, no Parlamento, de iniciativas legislativas que devolvem competências em

matéria de segurança e saúde no trabalho no âmbito da Administração Pública e que

alargam o âmbito da ação especial de reconhecimento de contrato de trabalho a todas as

formas de trabalho não declarado, incluindo falsos estágios e falso voluntariado. Em

2018, importa prosseguir com o reforço da capacidade inspetiva e de atuação da ACT,

nomeadamente com a conclusão do processo de reforço do seu quadro inspetivo e com a

continuidade dos trabalhos técnicos já iniciados no quadro da norma prevista no

OE2017, para a interconexão de dados entre os serviços da ACT, da Segurança Social e

da Autoridade Tributária, com vista ao reforço da capacidade de intervenção no

combate às infrações laborais.

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A consolidação da estratégia de combate à precariedade passa, igualmente, pelo

Programa de regularização extraordinária dos vínculos precários na Administração

Pública (PREVPAP), iniciado em 2017, através do qual serão identificadas as

verdadeiras necessidades permanentes dos serviços públicos que estão a ser asseguradas

através de vínculo contratual inadequado e serão definidas as condições de

regularização por parte dos trabalhadores em situação irregular.

Inovação do sistema educativo

A inovação educativa constitui um elemento fundamental para a concretização da

aposta na modernização da economia, enquanto indutora da competitividade, da coesão

social e da afirmação internacional do país. A mesma será acompanhada da valorização

do conhecimento e da cultura, enquanto elementos essenciais de um modelo de

desenvolvimento robusto e sustentável. No âmbito da inovação educativa, serão

desenvolvidas as seguintes ações:

 Prossecução do projeto relativo à rede de Escolas Inovadoras, orientado para o

reforço da autonomia das escolas, que testam modelos de aprendizagem mais

eficazes, no âmbito da organização dos tempos escolares, gestão de conteúdos,

gestão de turmas e teste de diversas metodologias, evitando o recurso às

retenções;

 Implementar, acompanhar e avaliar os projetos-piloto de flexibilidade

curricular, iniciados em 2017, com vista à sua eventual generalização ao

universo das escolas, enquanto estratégia de contextualização do ensino-

aprendizagem e promoção do sucesso escolar;

 Prosseguir, ao nível da educação pré-escolar e do ensino básico e secundário, as

parcerias promovidas pela Direção-Geral de Educação no âmbito da produção,

seleção e disponibilização de recursos digitais, de acesso livre para utilização

pelos alunos e em contexto de sala de aula, a par da desmaterialização de

manuais escolares;

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 Consolidar o desenvolvimento de centros de recursos educativos digitais

disponíveis aos professores, mediante recenseamento, constituição e

manutenção de plataformas de partilha de recursos;

 Reforço da utilização das TIC no âmbito do currículo, tendo em vista a

apreensão, desde cedo, de práticas de aprendizagem baseadas nas novas

tecnologias. Será revista a disciplina de TIC, de modo a introduzir novas

competências (como a programação), assim aproximando o processo educativo

das dinâmicas sociais e profissionais do nosso tempo;

 Implementar um processo de simplificação na administração central do Serviço

Nacional de Educação, tendo em vista uma maior autonomia e melhores

condições de dedicação das escolas às suas atividades fundamentais;

 Desenvolvimento da 2.ª edição do Orçamento Participativo das Escolas,

enquanto instrumento de melhoria dos estabelecimentos públicos de ensino

através da participação democrática dos estudantes e, consequente, reforço do

seu sentido de pertença;

 Na sequência da fase piloto, desenvolvimento do Projeto «Escola 360º», que

visa modernizar e melhorar a gestão de diferentes funcionalidades no âmbito

da organização escolar e da interação das escolas com as famílias, a

comunidade e a administração educativa;

 Desenvolvimento do sistema de gestão integrada do percurso do estudante do

ensino superior, visando a modernização, a simplificação e desburocratização

de procedimentos, permitindo um conhecimento e acompanhamento

transversal com impacto na gestão e análise de resultados, nomeadamente nos

domínios da ação social e do sucesso educativo.

Promoção de competências digitais (Iniciativa Nacional Competências Digitais

e.2030 - Portugal INCoDe.2030)

No âmbito do reforço das competências digitais dos portugueses, fator essencial de uma

economia e sociedade do conhecimento, é essencial elevar os níveis de inclusão digital e

de utilização das novas tecnologias.

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Sublinhe-se aliás que se Portugal tem demonstrado um esforço notável de

acompanhamento da evolução das tecnologias de informação e comunicação (TIC),

continua a revelar um défice de qualificações em segmentos importantes da sua

população neste domínio, em particular no que diz respeito à aquisição e

desenvolvimento competências digitais.

O “Portugal INCoDe.2030” constitui assim um programa que visa responder à

necessidade de desenvolvimento das competências digitais, tendo como referência o

período entre 2017 e 2030. Trata-se de uma iniciativa que comporta três desafios

essenciais: (i) garantir a literacia e a inclusão digitais para o exercício pleno da

cidadania; (ii) estimular a especialização em tecnologias digitais para uma maior

qualificação do emprego e uma economia de maior valor acrescentado; (iii) garantir

uma forte participação nas redes internacionais de I&D e de produção de novos

conhecimentos nas áreas digitais.

Paralelamente, a produtividade e a competitividade da economia são também cada vez

mais dependentes das TIC, o que suscita a crescente necessidade de aquisição e

desenvolvimento de competências digitais, no exercício de diferentes profissões.

Considerando estes desafios, aos quais que se associa a produção de novos

conhecimentos nas áreas digitais e a participação nas redes internacionais de I&D,

importa prosseguir os seguintes eixos e medidas, que enformam o Programa Portugal

INCoDe.2030:

 Ao nível da inclusão, pretende-se assegurar a generalização do acesso às

tecnologias digitais a toda a população, com ênfase nos cidadãos que se

encontram já fora do percurso educativo e até de formação profissional;

 No âmbito da educação, pretende-se assegurar a formação dos mais jovens em

competências digitais em todos os ciclos de ensino. Nestes termos, proceder-

se-á à revisão de conteúdos programáticos e dos processos de ensino,

desenvolvendo novos recursos didáticos e educativos digitais, adequando a

infraestrutura tecnológica do sistema de ensino, promovendo a formação de

docentes e formadores;

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 Ao nível da formação profissional, serão desenvolvidas medidas orientadas

para a capacitação da população ativa em competências digitais, tendo em vista

uma melhor integração no atual mercado de trabalho e garantindo de forma

acrescida a capacidade de atualização e renovação de competências, que

permite acompanhar a própria evolução tecnológica e digital. Neste sentido,

serão reforçadas as ações de formação certificadas e de reorientação

profissional para áreas das competências digitais, a par da formação de técnicos

intermédios em setores económicos específicos, criando uma rede de

academias e laboratórios digitais e garantindo a oferta generalizada de estágios

nas áreas das TIC;

 No domínio da especialização, pretende-se potenciar o número de quadros

especialistas em tecnologias digitais, tendo em vista acrescentar valor em

produtos e mercados que, até há pouco tempo, não recorriam a estas

competências em diferentes setores (saúde, agricultura, mar e pescas, ambiente,

segurança pública e defesa, construção civil, turismo e indústrias criativas,

retalho e distribuição, banca e seguros, etc.);

 Ao nível da investigação, pretende-se garantir a existência de condições para a

produção de novos conhecimentos na área das tecnologias digitais e para o

fomento da participação em redes e programas internacionais de I&D, tendo

em vista manter o país na linha da frente da inovação e na revolução digital.

A atuação nestes cinco eixos permite não só desenvolver e potenciar as vertentes da

economia relacionados com o digital e as novas tecnologias, mas também abranger

vários públicos e promover a inclusão, contribuindo para superar – a diferentes níveis –

os nossos défices de qualificações e competências. Concretamente, será lançado em

2018 um conjunto de ações específicas, orientadas:

 Para o apoio a projetos e novas práticas pedagógicas em escolas do ensino

básico e secundário em temas de lógica, algoritmos e programação, assim

como em formas emergentes de cidadania na era digital;

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 Para assegurar, através do Programa “SWITCH”, a formação na área das TIC

(incluindo estágios em empresas), dirigida a pessoas já inseridas na vida ativa,

designadamente no âmbito da reconversão de licenciados em outras áreas;

 Para o apoio a uma rede alargada de academias e laboratórios de inovação,

orientados para a formação em competências digitais, nos Centros de

Formação Profissional do IEFP, I. P., e nos Institutos Politécnicos em estreita

colaboração com associações empresariais, clusters e com empresas;

 Para reforçar as parcerias internacionais em Ciência e Tecnologia com as

universidades norte americanas (MIT, Carnegie Mellon e a Universidade do

Texas em Austin), tendo em vista dinamizar a cooperação em novas áreas da

«ciência dos dados» e das tecnologias espaciais, lançando ainda uma nova

parceria com os Indian Institute of Technology (Índia), orientada para temas

emergentes das aplicações digitais, tudo isto em estreita cooperação e

envolvimento do tecido empresarial.

Valorizar a cultura

Transversal a todas as esferas da vida social, a cultura constitui uma vertente essencial

dos processos de criatividade, modernização e qualificação da sociedade portuguesa,

contribuindo para a elevação dos padrões de conhecimento e para o fomento da criação

e fruição cultural, a par da promoção da igualdade e do acesso a uma maior qualidade

de vida.

As políticas culturais que assumem estes pressupostos devem por isso assentar num

conjunto de estratégias estruturantes de intervenção, valorizando as articulações com

outras áreas de política setorial. Neste sentido, deve sublinhar-se: (i) o valor

estruturante da cultura, ao reforçar o papel da criação, da experiência estética e do

conhecimento na vida e na qualificação das pessoas; (ii) o valor económico da cultura,

enquanto elemento propulsor de criatividade, inovação e da produção de cadeias de

valor; (iii) o valor social da cultura, seja em termos de desenvolvimento individual

como coletivo e social, contribuindo para promover e reforçar a coesão social e

territorial.

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É neste quadro que se pretende o desenvolvimento de políticas de valorização e

promoção da criação artística, da vida cultural e do património material e imaterial

português, com relevo no plano nacional e internacional.

Em 2018, no âmbito da recuperação dos níveis de investimento, tendo em vista a boa

gestão e o crescimento do tecido cultural português, seja pelo reforço financeiro dos

organismos tutelados seja, indiretamente, pelo aumento dos apoios às atividades

artística e criativa, serão desenvolvidas as seguintes ações:

 Nas artes, a consolidação e incremento progressivo dos apoios ao terceiro setor;

investindo na estabilidade e no crescimento dos projetos de programação e

apostando na criação;

 No cinema, garantindo os valores e mecanismos de distribuição de apoios à

criação, produção, programação, distribuição, circulação, exibição e primeiras

obras;

 No domínio do património, investindo na sua preservação, revitalização e

valorização, visando a plena utilização e garantindo a sua fruição pelos

cidadãos;

 No livro, a promoção do apoio à criação literária, à digitalização e à

disponibilização pública de bens culturais, estabelecendo uma política digital

comum, a par da dinamização das bibliotecas públicas no quadro

interministerial do Plano Nacional de Leitura;

 Na esfera da comunicação social, incrementar a qualidade e eficácia das

políticas públicas, promover a formação dos profissionais da comunicação

social local e regional e incentivar uma reflexão crítica sobre a deontologia

profissional, no exercício da atividade jornalística.

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No âmbito do reforço das práticas e níveis de gestão e da melhoria da competitividade

dos organismos culturais do Estado, será desenvolvida a reestruturação e a atuação dos

serviços e organismos do setor patrimonial, promovendo uma maior autonomia e

flexibilidade na gestão e revitalizando a Rede Portuguesa de Museus. Paralelamente, no

quadro da descentralização administrativa, desencadear um processo de

desconcentração dos museus nacionais.

No âmbito do investimento, salvaguarda e divulgação do património material e

imaterial, a nível local e nacional, serão desenvolvidas as seguintes ações:

 Desenvolver um programa nacional de investimento em recuperação

patrimonial, reconhecendo que o património cultural português, móvel, imóvel

ou imaterial, constitui um ativo único e exclusivo da nossa cultura que importa

preservar, enquanto matriz da nossa identidade e como ativo económico. Um

dos grandes motores da oferta turística, o património cultural português é de

facto essencial no desenvolvimento do interior do país, devendo a

descentralização das rotas turísticas e a criação de riqueza ser potenciada e

harmonizada, no território;

 Prosseguir a promoção, estímulo e articulação das políticas públicas culturais

com outras áreas de governação, evidenciando de forma acrescida a relação

transversal e universal da cultura.

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4.PROMOÇÃO DA INOVAÇÃO NA ECONOMIA PORTUGUESA: MAIS

CONHECIMENTO, MAIS INOVAÇÃO, MAIS COMPETITIVIDADE

Os anos de 2016 e 2017 têm sido marcados pela recuperação do investimento e pela

concentração dos apoios do Portugal 2020 em setores com forte intensidade tecnológica.

Multiplicou-se por sete o peso típico desse investimento realizado pelas empresas nacionais

e aumentou-se em 17% o peso das exportações de alta tecnologia no total das exportações,

face ao valor verificado em 2015.

Os últimos dados oficiais de inquirição ao potencial científico e tecnológico nacional

(IPCTN 2016), embora ainda provisórios, mostram também que, em 2016, foi finalmente

possível inverter a tendência de decréscimo da despesa pública e privada em I&D que se

verificava desde 2010, evidenciando que: i) a despesa em I&D aumentou mais de 5% do

que o aumento relativo do PIB entre 2015 e 2016, tendo sido especialmente expressivo no

setor privado, já que a despesa nesse setor cresceu mais de 8% entre 2015 e 2016; e ii) a

contratação de investigadores pelas empresas cresceu 6% entre 2015 e 2016, em muitos

setores de atividade distintos, sobretudo com base na contratação de doutorados.

O Painel Europeu de Inovação 2017 reflete também uma melhoria nos indicadores

relacionados com doutoramentos, co-publicações de artigos científicos internacionais e

aumento do emprego em atividades intensivas em conhecimento.

Importa por isso continuar a atuar ao nível dos dois fatores críticos da competitividade da

economia portuguesa que mais afetam o crescimento potencial do produto: (i) a existência

de baixos níveis de produtividade e competitividade da economia nacional, decorrente da

redução dos níveis de investimento, de um baixo perfil de especialização produtiva e de um

nível inadequado de competências da população e (ii) o fraco desempenho na cooperação

entre as entidades do sistema de ciência e inovação e as empresas, e na comercialização do

conhecimento. Neste contexto, o desenvolvimento científico e tecnológico e a cooperação

entre ciência e as empresas é encarado como um desafio central para alavancar as atividades

de I&D em Portugal, bem como a tradução dessa colaboração em conhecimento aplicável a

novos produtos, processos e organizações. As medidas a concretizar, na promoção da I&D e

da inovação, continuam a organizar-se em quatro eixos que têm por objetivo:

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 Reforçar o investimento em ciência e tecnologia, democratizando o

conhecimento e inovação e incentivando a cooperação com as associações

empresariais, os clusters e as empresas;

 Renovar as atividades existentes através da inovação e da melhoria das

capacidades de gestão;

 Promover o potencial criador em novas empresas, novos empreendedores e

novas ofertas;

 Estimular a integração não assimétrica de empresas e instituições em cadeias de

valor internacionais, favorecendo a internacionalização da economia

portuguesa.

Reforçar o investimento em ciência e tecnologia, democratizando o conhecimento e

inovação e incentivando a cooperação com as empresas

É objetivo do Governo criar as condições favoráveis ao desenvolvimento da atividade

científica, consolidando os mecanismos de promoção do emprego científico a par do

incentivo continuado à qualificação avançada dos recursos humanos, assim como

estimular e apoiar a diversificação das fontes de financiamento da atividade científica,

reconhecendo a complementaridade entre financiamento público e privado.

O Plano Nacional de Ciência e Tecnologia, lançado em 2017, enquadra a visão de

atuação para o período temporal compreendido até 2020, apontando para o alinhamento

de estratégias e mecanismos que reforcem Portugal ao nível da produção e difusão de

conhecimento em estreita relação com os grandes desafios societais.

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A ação do Governo incluirá ainda o reforço efetivo das infraestruturas científicas,

compreendendo a criação de redes de infraestruturas de utilização comum, a

qualificação dos Institutos e Laboratórios Nacionais de referência, e abrangendo as

infraestruturas de computação e comunicação, contemplando o conjunto e a rede de

repositórios de informação e dados científicos das instituições do sistema de ciência,

tecnologia e ensino superior. O primeiro concurso foi aberto em 2016 e tem já 100 M€

de investimento aprovado, estando em conclusão o mapeamento das infraestruturas

tecnológicas que permitirá capacitar e reforçar o investimento em infraestruturas de

interface, promovendo a valorização económica do conhecimento junto do tecido

empresarial.

O Governo manterá igualmente o desenvolvimento da Política Nacional de Ciência

Aberta, criando as condições necessárias ao cumprimento a 100%, até 2020, do

depósito, num repositório em acesso aberto, dos dados e publicações científicas

resultantes de projetos com financiamento público nacional ou europeu.

Prosseguir-se-á o desenvolvimento do programa Mais Ciência Menos Burocracia,

visando uma maior racionalidade e eficiência administrativa da atividade científica. De

salientar a implementação do Ciência ID, identificador digital único de cidadania

científica, e de um currículo harmonizado para o sistema científico em Portugal.

As prioridades políticas assumidas nesta matéria serão ainda prosseguidas através da

concretização das medidas enquadradas na Agenda «Compromisso com o

Conhecimento e a Ciência» para os anos de 2016 a 2020, salientando-se, no âmbito do

reforço da atividade científica e das instituições científicas:

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 O reforço da colaboração científica e institucional entre vários setores da

sociedade e economia, incluindo: i) a saúde, designadamente através dos

centros académicos clínicos e da promoção da agência nacional para a

investigação clínica e a inovação biomédica, assim como de ações concretas de

estímulo ao desenvolvimento da física médica e à adoção de novas terapias

oncológicas em estreita cooperação internacional; ii) a agricultura, através de

redes de experimentação e desenvolvimento em várias regiões e tipos de

cultura (vinho e vinha; regadio; agricultura de montanha, entre outras); iii) o

ambiente, com o estímulo a formas de economia circular; iv) o mar,

valorizando o conhecimento científico na economia azul; v) a economia,

estimulando a valorização económica do conhecimento e reforçando

instituições de intermediação; e vi) na cultura, promovendo a difusão e a

valorização do património cultural nas suas mais variadas dimensões;

 O lançamento de uma nova agenda para o espaço, incluindo três eixos

estruturantes: i) estímulo a utilizadores de dados espaciais e a novos mercados,

incluindo agricultura, pescas, território, cidades, segurança; ii) estímulo à

produção de dados, através de novos equipamentos, tecnologias de satélites e o

apoio a lançadores de pequenas dimensões, orientados para as “novas

indústrias do espaço”; iii) capacitação científica e técnica e apoio à cultura

científica para o Espaço.

Com vista a reforçar a vertente respeitante às ligações entre empresas, universidades,

politécnicos e centros tecnológicos, estimulando a conexão entre conhecimento

científico e inovação empresarial e construindo mecanismos que melhorem as sinergias

entre empresas, foram lançados o Programa Interface e o Programa de Estímulo ao

Emprego Científico, com forte alinhamento com o Portugal 2020.

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O Programa Interface inclui um conjunto de medidas de reforço da competitividade das

empresas portuguesas, através da valorização dos produtos nacionais, do aumento da

inovação e da melhoria da sua inserção nas cadeias de valor internacionais,

nomeadamente: (i) Laboratórios Colaborativos; (ii) Clube de Fornecedores; (iii)

Certificação de Clusters; (iv) Fundo de Inovação, Tecnologia e Economia Circular; (v)

Investigação e Desenvolvimento e Inovação (I&D&I).

 Com o objetivo principal de definir e implementar agendas e programas de

investigação e de inovação orientadas para a criação de valor económico e

social, está a ser apoiada a criação de Laboratórios Colaborativos que

consistem em consórcios de unidades de investigação, laboratórios associados,

instituições de ensino superior, instituições intermédias e de interface, centros

tecnológicos, empresas, associações empresariais e outros parceiros,

assegurando novas formas colaborativas e de partilha de risco entre setores

público e privado, para a criação de valor e de emprego qualificado. Na

sequência do processo de identificação e reconhecimento de Laboratórios

Colaborativos nacionais, está previsto o lançamento de concursos específicos

no âmbito do Portugal 2020 e de outros programas para o financiamento dos

Laboratórios até final de 2017 e anos subsequentes;

 O Clube de Fornecedores pretende posicionar PME em cadeias de valor

internacionais com o suporte de empresas com dimensão internacional

instaladas em Portugal, induzindo assim valor acrescentado nacional e acesso a

tecnologias e mercados. Foi lançado o concurso para seleção de projetos-

pilotos de clubes/redes de fornecedores, prevendo-se para 2018 um forte

incremento no apoio a PME através de concursos específicos do Portugal 2020

para capacitação dos fornecedores nacionais;

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 Na sequência da conclusão do processo de reconhecimento e certificação de 20

clusters de Competitividade, foi lançado o concurso no âmbito do Portugal

2020 com uma dotação de 10 milhões de euros. Em 2018, para além do

financiamento do Portugal 2020 dirigido à atividade das entidades gestoras,

deverá haver um incremento das atividades de clusterização que levem a

aumentos de cooperação e ganhos de escala que permitam a introdução de mais

inovação nas empresas e a sua internacionalização;

 Foi também criado o Programa de Apoio aos Centros de Interface e o Fundo de

Inovação, Tecnologia e Economia Circular (FITEC) visando o reforço da ação

dos Centros de Interface Tecnológico (Centros de Interface) com uma dotação

de 44 M€. O fundo irá ainda apoiar a melhoria de eficiência energética na

indústria e projetos no domínio da economia circular;

 No âmbito dos apoios a projetos de Investigação e desenvolvimento e inovação

(I&D&I), foram já lançados diversos concursos no âmbito do Portugal 2020:

(i) Programas Mobilizadores, para o desenvolvimento de projetos estratégicos

de I&D desenvolvidos em cooperação por empresas, universidades e outras

entidades de investigação; (ii) Infraestruturas de investigação inseridas no

Roteiro Nacional de Infraestruturas de Investigação de Interesse Estratégico

para a sua capacitação; (iii) I&D empresarial para a realização de investigação

em co-promoção entre empresas e entidades não empresariais do sistema de

I&I e para a realização de ações de demonstração da aplicabilidade de

investigação já realizada; (iv) Investigação Científica para apoio a projetos

científicos. Destaca-se ainda o lançamento de 3 concursos, com recurso a

fundos nacionais, de apoio a projetos de IC&DT no âmbito das parcerias

internacionais MIT-Portugal, UTAustin-Portugal, CMU-Portugal, prevendo-se

o alargamento destes concursos a todos os domínios científicos;

 Destaque-se ainda, no âmbito do Portugal 2020, a forte focalização dos apoios

à I&D&I em áreas com maior potencial de valorização económica.

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O Programa de Estímulo ao Emprego Científico promove a contratação de cerca de

cinco mil doutorados até ao final da legislatura através de oito vias distintas de

contratação. Inclui nomeadamente cerca de dois mil contratos através de instituições

científicas, Centros de Interface Tecnológico, Laboratórios Colaborativos e empresas.

Até final de 2017, antecipa-se a homologação do Regulamento do Emprego Científico,

prevendo-se a subsequente contratação até 2020 de 2200 doutorados inseridos em

Laboratórios Colaborativos e dos restantes através de outras modalidades de contratação

previstas, nomeadamente via CITEC, um programa destinado a Centros de Interface

Tecnológico.

Neste âmbito e até final da legislatura, pretende-se:

 Consolidar o novo regime legal de estímulo ao emprego científico, incluindo

um conjunto de incentivos diversificados promovendo a coresponsabilidade

institucional;

 Promover a atratividade de Portugal para reter e atrair talentos, garantindo

padrões internacionais e promovendo a contratação de jovens investigadores

nas instituições científicas e académicas.

A responsabilização social e aproximação crescentes do sistema científico e tecnológico

nacional à sociedade serão promovidas, nomeadamente através da articulação entre

diversos atores governamentais e não-governamentais de forma a conjugar a capacidade

e interesse da comunidade científica com as necessidades dos cidadãos, de empresas e

de organizações civis, do apoio à difusão da cultura científica e tecnológica, através do

apoio à Ciência Viva – Agência Nacional para a Cultura Científica e Tecnológica,

incluindo o apoio a “Clubes de Ciência” nas escolas e da promoção da rede nacional de

centros de difusão de ciência, estimulando a participação pública na definição de

agendas científicas e do estímulo ao reforço da responsabilidade cultural e patrimonial e

promovendo a preservação e valorização sistemática do património científico e

tecnológico nacional.

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Renovar as atividades existentes através da inovação e da melhoria das

capacidades de gestão

Uma das prioridades críticas para uma efetiva estratégia de crescimento do produto

potencial da economia portuguesa centra-se na retoma e no reforço do investimento em

I&D e na Inovação, acrescentando valor à produção e possibilitando a necessária adaptação

à rapidez da mudança e novas exigências de mercados e consumidores.

O Governo lançou, no início de 2017, o Programa Indústria 4.0 para apoiar as empresas no

sentido de estarem preparadas para aproveitar as oportunidades de negócio no âmbito da

Quarta Revolução Industrial, que se carateriza pela introdução de um conjunto de

tecnologias digitais nos processos de produção, na relação com os fornecedores e com os

clientes e nos produtos produzidos. Atuando sobre a capacitação dos recursos humanos, a

cooperação tecnológica, a criação da startup i4.0, o apoio ao investimento, a

internacionalização e a adaptação legal e normativa, destacam-se as seguintes medidas: (i)

Mobilização de medidas do Portugal 2020 para a consciencialização, adoção e massificação

de tecnologias associadas ao conceito de Indústria 4.0; (ii) Programa de Competências

Digitais INCoDe.2030 (ver capítulo Qualificação dos Portugueses) para promover o

lançamento da iniciativa que permitirá capacitar, até 2020, mais de 20 mil pessoas em TIC

face aos atuais níveis de formação; (iii) Cursos Técnicos i4.0, através da revisão da carteira

de cursos profissionais técnicos em linha com a procura de novas competências por parte

das empresas, no âmbito da digitalização da economia; (iv) Learning Factories, através da

promoção e apoio na criação de infraestruturas físicas com equipamento tecnológico que

recriem ambientes empresariais i4.0, com vista à capacitação do capital humano; (v) Apoio

a diversas formas de cooperação entre empresas e entidades do sistema científico

(laboratórios de fabrico aditivo, incubadoras) para desenvolvimento de novas formas de

projeto e fabrico. Portugal faz já parte da plataforma europeia i4.0, encontrando-se no grupo

de 12 países que tem uma estratégia para indústria 4.0. Foi também lançado, em agosto de

2017, o Vale Indústria 4.0 que tem como objetivo promover a definição de uma estratégia

tecnológica própria, com vista à melhoria da competitividade das empresas, alinhada com

os princípios da Indústria 4.0, tendo-se iniciado a focalização dos apoios a empresas no

âmbito do Portugal 2020 com estratégias alinhadas com a Indústria 4.0 (através da sua

ponderação nos critérios de seleção), tendência que será desenvolvida em 2018.

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O desenvolvimento do plano de ação para a Indústria 4.0 assenta necessariamente em

redes digitais modernas e adequadas a uma economia fortemente dependente da

internet. O Governo acompanhará, avaliando as condições necessárias, o

desenvolvimento de um programa de investimento privado na extensão das redes

digitais até 2020, incluindo nas redes móveis de última geração, cuja cobertura se

pretende alargar a mais 1000 freguesias até 2019, no âmbito da renovação das licenças

móveis. Ainda com o objetivo de reforçar a economia digital, serão implementados

mecanismos de apoio direto às PME para adequação dos seus modelos de negócio com

vista à sua inserção na economia digital, permitindo implementar processos

crescentemente desmaterializados com clientes e fornecedores, através da utilização das

TIC, contribuindo para o desenvolvimento de redes mais modernas de distribuição e

colocação de bens e serviços no mercado.

Até 2019, será implementada uma nova Estratégia do Design em Portugal para reforço

da política pública de introdução do design e da arte na indústria, essencial à promoção

e desenvolvimento do potencial criador quer em empresas existentes, quer no apoio de

novos empreendedores e de novas ofertas no mercado.

A inovação deverá ainda ser considerada nos serviços e produtos mais tradicionais que

constituem uma parte integrante da nossa identidade e da nossa cultura. Serão adotadas

medidas tendentes, por um lado, à promoção do potencial criador em novas empresas,

novos empreendedores e novas ofertas e, por outro, à melhoria das capacidades de

gestão através da redução de custos de contexto, nomeadamente o mapa do comércio,

serviços e restauração, com um estudo preliminar para a criação e implementação de

uma base de dados georreferenciada, disponível online, com informação sobre os

estabelecimentos comerciais e de serviços existentes no território nacional. Em ligação

com o Balcão do Empreendedor, esta base de dados constitui um instrumento que

permitirá à Administração Pública monitorizar, avaliar e definir políticas públicas para o

setor do comércio e serviços e, simultaneamente, permite aos empresários uma melhor

avaliação e identificação de oportunidades de negócio neste setor de atividade.

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Será criado um ponto único de acesso online à informação sistematizada respeitante às

contraordenações económicas e correspondentes coimas que se encontram dispersas por

diversos diplomas legais, facilitando o seu acesso aos agentes económicos e permitindo

avaliar a necessidade de aprovação de novo regime jurídico para as contraordenações

económicas que estabeleça um procedimento geral e garanta a uniformização das

molduras sancionatórias aplicáveis.

Será também fomentado o desenvolvimento da inovação no âmbito da indústria de

defesa como instrumento de geração de valor acrescentado na economia nacional,

mantendo e reforçando o emprego qualificado e promovendo e estimulando a

especialização e a capacidade de exportação das empresas do setor que operam em

Portugal, nomeadamente o setor aeronáutico.

Prosseguir-se-á empenhadamente o processo de participação no consórcio europeu

Space Surveillance and Tracking que, potenciando o acesso a um maior leque de

financiamentos europeus para o desenvolvimento tecnológico na área espacial

articulando necessidades militares, I&D e tecido empresarial português, permitirá a

afirmação de Portugal e das suas indústrias nesta área de futuro. Serão, ainda,

acompanhadas com proximidade as oportunidades criadas pelo Fundo de Defesa

Comum.

Promover o potencial criador em novas empresas, novos empreendedores e novas

ofertas

Apresentando um conjunto abrangente de medidas, a StartUp Portugal, lançada em

2016, visa o contínuo desenvolvimento do empreendedorismo de base tecnológica,

através da criação de um ecossistema de empreendedores sustentado à escala nacional,

da crescente atração de investidores nacionais e estrangeiros e da promoção do

crescimento de startups nos mercados externos, estando já no terreno: (i) Instrumentos

financeiros Portugal 2020; (ii) Fundo de co-investimento 200M; (iii) Startup Voucher;

(iv) Vale Incubação e Vale Aceleração; (v) Programa Momentum; (vi) Programa

Semente; (vii) Estruturação e desenvolvimento do ecossistema nacional de

empreendedorismo.

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A realização do Web Summit em novembro de 2016, o maior evento de

empreendedorismo tecnológico na Europa, reforçou a importância de Portugal enquanto

promotor do empreendedorismo, cujos sinais positivos já estavam patentes na evolução

do número de novas empresas criadas, nomeadamente no que se refere às empresas em

setores de alta e média-alta tecnologia e às empresas de rápido crescimento que

demonstraram maior dinamismo. Será implementado ainda este ano e no âmbito da Web

Summit, um novo fundo de capital de risco - o Fundo 200M - que visa atrair novos

investidores nacionais e estrangeiros e apoiar a constituição ou capitalização de

empresas, prioritariamente nas fases de arranque (seed, startup, later stage venture –

séries A e B) com um novo modelo de gestão.

Estão já em fase de implementação a Linha de Financiamento a Entidades Veículo de

Business Angels e a Linha de Financiamento a Fundos de Capital de Risco, ambas

financiadas por fundos europeus estruturais e de investimento do Portugal 2020 que

permitirão uma alavancagem de fundos na ordem dos 500 M€, tendo também já sido

disponibilizadas as Linhas Capitalizar, num montante de 2700 M€, repartidas por um

conjunto de instrumentos financeiros dirigidos maioritariamente a PME.

No âmbito da StartUp Portugal criou-se o StartupVoucher destinado ao apoio a

projetos empreendedores na fase da ideia através da atribuição de bolsas, com o objetivo

de apoiar a criação de startups (dotação de 10M€) e, na sequência do processo de

seleção das incubadoras de empresas, foi lançado, com o apoio do Portugal 2020, o

Vale Incubação para startups que pretendem adquirir serviços imprescindíveis ao seu

arranque, nomeadamente serviços de gestão, de marketing, assessoria jurídica,

desenvolvimento de produtos e serviços financeiros. Foi também lançado o Programa

Momentum para apoio a recém-licenciados e finalistas do ensino superior que tenham

beneficiado de apoio social durante o curso e que, no final dos estudos, querem

desenvolver uma ideia de negócio, mas não possuem condições financeiras para

poderem focar-se na criação da sua startup.

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O Programa Semente apoia investidores individuais que decidam entrar no capital

Startups Inovadoras através de um regime fiscal mais favorável, favorecendo a criação e

crescimento de projetos empresariais de empreendedorismo e inovação com deduções

fiscais até um máximo de 40%. Dando corpo ao desenvolvimento do ecossistema

nacional de empreendedorismo, está em consolidação a Rede Nacional de Incubadoras

de empresas, bem como a Rede Nacional de FabLabs (ou prototipagem) e Makers com

medidas como a criação de Zonas Livres Tecnológicas constituídas por task forces

regulatórias para facilitar a investigação, teste e produção de tecnologias de ponta (foi já

criada Task Force dos Veículos Autónomos e Drones com coordenação técnica do

CEIIA). Está igualmente em implementação o Simplex para Startups com a

implementação de projetos-piloto na Guarda e em Leiria e visando extensão a mais

zonas do país.

O papel do Estado enquanto promotor da inovação pode também ser incrementado no

âmbito dos mercados públicos, através de duas vias: (i) considerando a inovação das

soluções a concurso como um dos critérios de seleção; (ii) lançando concursos para o

desenvolvimento de soluções ou produtos inovadores, quando deles necessita.

No âmbito da revisão Código dos Contratos Públicos, efetuada pelo Decreto-Lei n.º

111-B/2017, de 31 de agosto, contempla-se a criação de um novo procedimento

contratual - a parceria para a inovação - cujo objetivo é a realização de atividades de

investigação e o desenvolvimento de bens, serviços ou obras inovadoras, tendo em vista

a sua aquisição posterior pela Administração Pública.

Serão também lançados concursos de aquisição de produtos e serviços inovadores pela

Administração Pública que favoreçam, no respeito pelos normativos comunitários

aplicáveis, o seu desenvolvimento e posterior fornecimento por startup de base

tecnológica.

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Estimular a integração de empresas e instituições em cadeias de valor

internacionais, favorecendo a internacionalização da economia portuguesa

O Investimento Direto Estrangeiro (IDE) representa um dos motores de crescimento

económico em Portugal, sendo igualmente um fator muito relevante para a inovação e

sua disseminação no âmbito das redes estabelecidas com PME fornecedoras.

O Portugal 2020 constitui um instrumento de apoio muito importante para o

financiamento de projetos inovadores que contribuam para a alteração do perfil

produtivo do tecido económico. Até ao presente, já foram apoiados inúmeros projetos

que visam a introdução de inovação produtiva nas empresas, com forte focalização em

empresas exportadoras, com um investimento previsto de mais de 4,2 mil milhões de

euros a realizar maioritariamente até final de 2017.

Ainda no âmbito do Portugal 2020, a internacionalização tem também sido uma das

dimensões mais apoiadas. Para além do investimento empresarial, o Portugal 2020

apoiou já, através de ações coletivas implementadas por associações empresariais,

projetos com um investimento superior a 80 milhões de euros que intervêm, de forma

direta, no contributo para o reconhecimento e associação internacional da imagem de

Portugal à qualidade e sustentabilidade dos bens e serviços produzidos no país (da sua

sofisticação e inovação) e, por outro lado, na disponibilização às PME de bens e

serviços coletivos que potenciem mais e melhor inteligência económica na

competitividade nos mercados internacionais.

Para favorecer a internacionalização da economia portuguesa, será ainda implementado

o programa Internacionalizar e o novo plano estratégico da AICEP, E. P. E., no sentido

de aumentar a competitividade das empresas por via da internacionalização e da

inovação. Entre outros, este Programa tem como objetivo o alargamento da base

exportadora e estimular o potencial exportador de empresas, nomeadamente de PME,

bem como potenciar a captação de IDE.

Neste âmbito, serão desenvolvidas, designadamente, as seguintes medidas em 2018:

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 Prosseguir a abertura ao exterior, visando a diversificação de mercados,

potenciando a centralidade atlântica de Portugal e a dimensão económica dos

países de língua portuguesa;

 Prosseguir o apoio à internacionalização de empresas e assegurar maior

proximidade às empresas exportadoras, com atenção acrescida às PME, às

novas exportadoras e às exportadoras para um só mercado, designadamente

através da promoção de soluções digitais que permitam simplificar e

personalizar o apoio prestado pela AICEP, E. P. E.;

 Promover ações com vista à captação de investimento e fomento do

reinvestimento em Portugal;

 Facilitar o acesso das empresas portuguesas a financiamento nacional e

internacional para apoio aos respetivos processos de internacionalização;

 Reforçar o acompanhamento das empresas e clusters, nas ações previstas para

os principais mercados de exportação e captação de IDE, em coordenação com

as respetivas associações, de forma a potenciar a cadeia de valor nacional;

 No contexto da saída do Reino Unido da UE, apoiar as empresas portuguesas e

promover a atração de investimento, acompanhando a articulação entre a

AICEP, E. P. E., o Turismo de Portugal, o IAPMEI, I.P., outras instituições da

Administração Pública, e a Estrutura de Missão Portugal In.

 Prosseguir os esforços de capacitação e qualificação dos recursos humanos para

a internacionalização, através do reforço das parcerias com as Universidades

Portuguesas e da consolidação do programa INOV Contacto.

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Promover a inovação no turismo aumentando a atratividade dos destinos ao longo

do ano

Tendo em consideração o importante papel desempenhado pelo setor do turismo na

economia portuguesa e, concretamente, no seu setor exportador, importa igualmente

salientar a apresentação da Estratégia para o Turismo 2027 (ET 27), aprovada pela

Resolução do Conselho de Ministros n.º 134/2017, de 27 de setembro, que

consubstancia uma visão de longo prazo para a atividade turística em Portugal com um

foco na diversificação de destinos – nomeadamente para as regiões do interior e regiões

autónomas, onde o efeito multiplicador do turismo tem maior impacto, com objetivos e

metas concretas de sustentabilidade económica, social e ambiental – e de redução da

sazonalidade. A valorização das áreas protegidas constitui um importante desafio para o

ano de 2018 que se pretende demonstrativo das virtualidades da integração da

conservação da natureza e biodiversidade em setores produtivos e económicos

fundamentais.

De entre as medidas previstas na ET 27, relevam as seguintes:

 Programa REVIVE, através do qual é promovida a recuperação e valorização

do património do Estado e a sua transformação em ativos económicos com

recurso a investimentos privados, reforçando a atratividade de destinos

regionais, a desconcentração da procura e o desenvolvimento turístico regional

e nacional. Foram selecionados os imóveis a recuperar e lançados os

concursos;

 Criação da Tourism Digital Academy para promover a digitalização das

empresas de turismo por forma a concorrer no mercado global, através da

transferência de conhecimento teórico e prático, com formações direcionadas

aos profissionais, para instruir e disseminar as novas ferramentas digitais para o

turismo;

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 Portuguese Trails para posicionar Portugal enquanto destino de natureza, com

destaque para o cycling e walking, e desconcentrar a procura turística ao longo

do território e ao longo do ano. Foi já lançado projeto piloto na região algarvia,

pretendendo-se a extensão a todo o país e a criação de um site dedicado na

internet;

 Valorizar, programa de apoio ao investimento na valorização de Portugal

enquanto destino turístico, apoiando projetos de investimento e iniciativas que

tenham em vista a regeneração e reabilitação dos espaços públicos com

interesse para o turismo e a valorização turística do património cultural e

natural do país, nomeadamente através da implementação de redes wi-fi

gratuitas nos centros históricos, do apoio a projetos de turismo acessível que

visem a adaptação de espaços, recursos e serviços de interesse turíricos a

pessoas com necessidades especiais e da implementação de projetos que

contribuam para a valorização turística do interior;

 Instrumentos financeiros para o turismo, potenciando a criação de novas formas

de financiamento aplicáveis ao turismo, com especial foco na promoção da

reabilitação turística e no desenvolvimento de oportunidades no interior do

país.

No mesmo âmbito, continuam a destacar-se ainda os seguintes programas:

 Dinamização da formação no turismo – Dinamização e reestruturação da rede

de formação no turismo com revisão dos curricula, reforço das soft skills e

aumento do número de pessoas formadas nas Escolas de Hotelaria e Turismo;

 Programa VIP - Valorização, Inovação e Promoção Turística para captação e

promoção de rotas aéreas, marítimas e operações turísticas;

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 Turismo 4.0 – Programa de formação e dinamização do empreendedorismo no

turismo, concursos para apoio a projetos turísticos relacionados com

património natural e cultural e capacitação digital dos destinos e das empresas

turísticas portuguesas;

 Programa de captação de eventos corporativos e congressos – captação de

congressos e eventos internacionais, bem como criação de fundo de promoção

e plataforma de divulgação;

 Implementação da conta-satélite turismo para monitorização da atividade

turística e os seus impactos;

 Programas de reposicionamento dos destinos turísticos regionais, através da

dinamização de produtos turísticos específicos, da promoção turística

direcionada a segmentos identificados e da dinamização de calendários

regulares de eventos.

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5.VALORIZAÇÃO DO TERRITÓRIO

O desenvolvimento sustentável do território português é fundamental para a melhoria

das condições económicas e sociais do país e condição essencial para a aplicação

equitativa das políticas públicas. Deste modo, devem ser utilizadas, de forma racional,

as valências e potencialidades do território português, maximizando os benefícios daí

decorrentes e, simultaneamente, contribuindo para o cumprimento dos objetivos para o

desenvolvimento sustentável.

Neste contexto, o Governo assume que o Programa Nacional para as Alterações

Climáticas (2020 e 2030), enquadra a execução das diversas políticas de valorização do

território. A aposta neste desígnio já se traduziu, ao longo do ano de 2016, na redução

da dependência energética de Portugal (78,3% em 2015; 74,8% em 2016), com forte

impulso dado pela produção de energia através de fontes renováveis. A valorização do

território resulta assim de um conjunto de intervenções das políticas públicas que,

atuando de forma integrada, garantem as sinergias necessárias ao desenvolvimento de

um território competitivo, coeso e sustentável, ancorado na utilização eficiente de todos

os recursos e no desenvolvimento racional das respetivas infraestruturas de suporte.

Deste modo, a estratégia do Governo para a valorização do território desenvolve-se em

torno de três dimensões:

 Território competitivo – destacando as políticas de habitação e reabilitação

urbana, enquanto motores da qualificação dos territórios urbanos com impactes

no seu povoamento e na promoção do emprego, da eficiência energética e da

inovação social;

 Território coeso – apostando na otimização da utilização dos diversos recursos

endógenos que possuímos, com destaque para a floresta enquanto recurso

inexplorado e património esquecido, nomeadamente no interior;

 Território sustentável – garantindo a utilização eficiente e responsável de

recursos como a água, a energia, o litoral e a biodiversidade e potenciando a

transição para uma economia neutra em carbono baseada nos princípios da

economia circular.

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TERRITÓRIO COMPETITIVO

As cidades caracterizam-se pela concentração e interligação do capital humano, da

inovação, da competitividade, sendo espaços de excelência para a dinamização

económica, social e cultural.

A integração das políticas urbanas nas suas diferentes dimensões, desde a melhoria da

eficiência na provisão de serviços públicos, passando pela sustentabilidade no uso dos

recursos (e.g. gestão da água e resíduos, uso de energias renováveis, eficiência

energética, construção sustentável), pela proteção ambiental e por uma mobilidade mais

inteligente, ou pela crescente incorporação de inovação nas funções e infraestruturas

urbanas a par da dinamização e diversificação da sua base económica e da sua

integração em redes nacionais e internacionais, são hoje elementos essenciais às

cidades, enquanto espaços mais coesos e adaptados aos cidadãos que nelas habitam,

trabalham e que as visitam. Neste sentido, a sua revitalização é também fundamental

para a promoção destas sinergias, importando particularmente combater a degradação

do património edificado, dadas as suas externalidades em matéria de qualidade de vida,

atratividade e competitividade do ambiente urbano. Deste modo, o investimento em

reabilitação urbana deve permitir a construção de novas centralidades nas cidades,

dinamizando zonas em declínio; contribuir para a melhoria do desempenho energético,

hídrico e ambiental dos edifícios; promover a inclusão social; e redinamizar o comércio

local e de proximidade, bem como promover a atratividade turística dos territórios.

Uma renovada e ambiciosa política de habitação é fundamental para a manutenção da

competitividade dos territórios, nomeadamente dos territórios urbanos. Constituindo um

direito consagrado na Constituição, a habitação representa a base de uma sociedade

estável e coesa e o alicerce a partir do qual os cidadãos constroem as condições para

aceder a outros direitos, como a educação, a saúde, o emprego ou a realização pessoal.

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O reconhecimento das profundas alterações dos modos de vida e das necessidades

socioeconómicas das populações, bem como da combinação de carências conjunturais

com necessidades de habitação de natureza estrutural, derivadas das políticas de

habitação anteriores e da mudança de paradigma no acesso ao mercado de habitação

precipitada pela crise económica e financeira internacional, justificam assim a

prioridade a uma política de habitação que contribua para resolver problemas herdados e

dar resposta às novas circunstâncias do setor habitacional.

A reabilitação urbana é atualmente um tema incontornável quer se fale de conservação e

defesa do património, de desenvolvimento sustentado, de ordenamento do território, de

qualificação ambiental ou de coesão territorial. É cada vez mais um instrumento-chave

para a qualificação e o desenvolvimento dos territórios construídos e para a melhoria da

qualidade de vida das populações, sendo a via de excelência para alcançar a

sustentabilidade do desenvolvimento urbano.

A qualidade dos territórios urbanos e a garantia do direito à habitação são condições

críticas, cuja satisfação exige, portanto, políticas que promovam a generalização da

reabilitação como forma de intervir no edificado e garantam aos cidadãos, ao longo do

seu percurso de vida, o acesso e a liberdade de escolha de uma habitação digna e

adequada, não só em termos de custo, mas também ao nível da qualidade, conforto e

segurança dos alojamentos, de localização, acessibilidades, equipamentos e serviços.

Neste quadro, os grandes objetivos a prosseguir são:

i. Dar resposta às famílias que vivem em situações de grave carência habitacional;

ii. Garantir o acesso à habitação para todos os que não têm resposta por via do

mercado;

iii. Criar as condições para que a reabilitação seja a principal forma de intervenção

ao nível do edificado e do desenvolvimento urbano;

iv. Promover a inclusão social e territorial e as oportunidades de escolha

habitacionais.

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Os múltiplos desafios que se colocam à política de habitação – económicos, ambientais

e sociais – mostram a necessidade de uma abordagem integrada e multidimensional,

adaptada às características específicas dos territórios e das comunidades. Por esta razão,

a intervenção proposta assenta em três princípios orientadores que implicam uma

evolução face às políticas anteriores neste domínio, traduzindo-se numa passagem:

De uma política centrada na oferta pública de habitação para os mais

carenciados, para uma política orientada para o acesso universal a uma

habitação;

De uma política de habitação cujos principais instrumentos assentaram na

construção de novos alojamentos e no apoio à compra de casa, para uma política

que privilegia a reabilitação e o arrendamento;

De uma política de habitação centrada nas “casas”, para uma política que coloca

no seu centro as “pessoas”.

A médio prazo (oito anos) o objetivo é aumentar o peso da habitação com apoio público

na globalidade do parque habitacional e baixar a taxa de sobrecarga das despesas com

habitação no regime de arrendamento, em convergência com a atual média europeia.

Atendendo aos objetivos e metas das políticas de habitação e reabilitação definiram-se

quatro eixos de intervenção, em torno dos quais se organizam os instrumentos e

medidas a desenvolver.

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1. Da habitação social ao habitat

O relançamento de uma política de habitação social moderna e adequada à atual

conjuntura deverá ser suportada pela criação de novos programas que integrem ações

com diferentes fins, designadamente: suprir as carências quantitativas ainda presentes e

responder a novas situações de vulnerabilidade; melhorar as condições habitacionais do

parque de habitação social existente; promover a integração territorial da oferta de

habitação social e a diversidade social nos bairros existentes; facilitar a mobilidade dos

agregados familiares na habitação social; dar respostas integradas à concentração de

problemas de exclusão social, económica e territorial das áreas habitacionais

desfavorecidas e incentivar uma maior participação e envolvimento das populações na

gestão das suas áreas habitacionais.

2. Arrendamento acessível

Com vista a promover uma oferta alargada de habitação para arrendamento a custos

acessíveis, será criado um novo Programa de Arrendamento Acessível.

Complementarmente, será reforçado o programa de apoio ao arrendamento jovem.

Pretende-se, assim, dar resposta às necessidades das famílias de rendimentos

intermédios que têm hoje, em alguns territórios, muita dificuldade em aceder ao

mercado habitacional sem que isso comporte uma sobrecarga excessiva para o seu

orçamento familiar. Será promovida a adaptação de programas existentes, tanto de

apoio à procura (e.g., Programa Porta 65 – Jovem) como de apoio ao investimento (e.g.,

Programa Reabilitar para Arrendar), a fim de assegurar a plena articulação e

complementaridade com o Programa de Arrendamento Acessível, otimizando os

instrumentos no seu conjunto.

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3. A reabilitação como regra

Será promovida a revisão do quadro legal e regulamentar da construção de modo a

adequá-lo à reabilitação energética e funcional de edifícios. Enquadra-se nesta linha a

definição de orientações para melhoria das condições de segurança estrutural e sísmica

na reabilitação de edifícios. Pretende-se dotar a reabilitação de um quadro regulamentar

adequado às suas especificidades, no qual estejam conciliadas as legítimas expetativas

em termos de adequação aos padrões de segurança, habitabilidade e conforto atuais,

com os princípios da sustentabilidade ambiental e da proteção do património.

Adicionalmente, os fenómenos de degradação e abandono do parque edificado já não se

cingem aos edifícios mais antigos ou às zonas ditas “históricas”, estando hoje

disseminados pelas áreas urbanas. Dado este fenómeno se manifestar cada vez mais de

forma disseminada, e a sua resolução ser em todos os casos uma matéria de interesse

público, este deve ser abordado não com base em parâmetros de localização geográfica

(como, por exemplo, as Áreas de Reabilitação Urbana), mas com base em critérios

como o estado de conservação e a ocupação dos imóveis. Na escala urbana, as áreas

territoriais a necessitar de intervenções integradas de reabilitação já não se cingem aos

centros ditos “históricos” e exigem instrumentos que permitam uma melhor integração

territorial das políticas setoriais nestas intervenções. Justifica-se assim também uma

revisão do enquadramento legal e regulamentar da reabilitação urbana para o adequar a

estes fins.

4. Apoios à reabilitação

Continuará a ser colocado especial enfâse na dinamização da reabilitação do edificado e

urbana. Nesse âmbito assume relevância a implementação do Fundo Nacional da

Reabilitação do Edificado, do Instrumento Financeiro para a Reabilitação e

Revitalização Urbanas, do Programa Reabilitar para Arrendar e do Programa “Casa

Eficiente 2020”. Complementarmente, continuará a ser disponibilizado apoio

financeiro, através do Portugal 2020, para os municípios promoverem intervenções nos

domínios da regeneração urbana e para as comunidades desfavorecidas. Terá, também,

continuidade a linha de apoio a intervenções de reabilitação que visem melhorar a

eficiência energética nos bairros sociais.

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Neste sentido, importa referir que, ao longo de 2017, já foi possível obter avanços em

programas como o Programa Reabilitar para Arrendar, que visa promover a reabilitação

de edifícios com mais de 30 anos para arrendamento posterior de valor não superior ao

da renda condicionada, com mais de 90 edifícios com intervenções aprovadas,

envolvendo um investimento de mais de 19 milhões de euros e 370 frações, bem como

nos apoios do Portugal 2020 à requalificação e revitalização do espaço urbano, com a

contratualização de planos de ação para a regeneração urbana, abrangendo a quase

totalidade dos municípios de Portugal continental, envolvendo um montante total de

investimento superior a 1.000 milhões de euros. Neste momento, já foram aprovados

364 projetos, representando um investimento de 187 milhões de euros que serão

executados ao longo dos anos de 2017 e 2018.

Em complemento, importa destacar que em 2016, a evolução da atividade do setor da

construção foi muito positiva, tendo aumentado em mais de 10% os edifícios

licenciados, perspetivando-se que em 2017 seja mantida esta tendência. Este clima de

retoma é confirmado também pela evolução positiva do indicador de confiança da

Construção e Obras Públicas, atingindo, em agosto de 2017, o valor máximo desde

setembro de 2002.

No âmbito da política do Governo, serão adotadas medidas tendentes à redinamização

do comércio local e de proximidade, nomeadamente através da criação de um plano de

promoção nacional e internacional das “Lojas com História” e desenvolvimento de uma

plataforma online de informação sobre estabelecimentos comerciais de interesse

histórico e cultural ou social.

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A reabilitação do ambiente urbano incorpora ainda a preservação e qualificação do

património histórico e cultural (material e imaterial), enquanto matriz da nossa

identidade e também como ativo económico. O património cultural é um dos grandes

motores da oferta turística portuguesa, do desenvolvimento do interior do país e tem o

potencial de descentralização das rotas turísticas habituais e de criação de riqueza

harmonizada no território. Neste sentido, importa relevar o apoio aprovado no âmbito

do Portugal 2020 a cerca de 300 projetos de conservação e requalificação do património

material e imaterial, consubstanciando em cerca de 200 milhões de euros de

investimento, a executar ao longo de 2018 e anos seguintes.

No que se refere à descarbonização do ambiente urbano, importa destacar a seleção das

12 cidades que vão acolher o programa Laboratórios Vivos para a Descarbonização,

cujos planos de ação para fomentar a descarbonização através de soluções tecnológicas

que aumentem a eficiência e reduzam o consumo de energia, melhorando a

sustentabilidade, a inclusão social e a qualidade de vida destes territórios serão

implementados em 2018. O programa Casa Eficiente estará totalmente operacionalizado

em 2018, com as primeiras operações a serem aprovadas durante esse ano.

Neste âmbito, importa ainda destacar, que para além dos apoios do Portugal 2020 já

concedidos para a eficiência energética na Administração Pública (com 27 projetos

aprovados, representando um investimento total de 61,8 milhões de euros), o ano de

2018 será marcado pelo aprofundamento destes apoios, nomeadamente no que se refere

à esfera da administração local. O Governo prevê ainda agilizar o Fundo de Eficiência

Energética e os programas ECO.AP, bem como estabelecer para a administração central

do Estado (por ministério), um caderno de encargos para implementação de medidas de

eficiência energética e hídrica, de promoção de produção de energia para autoconsumo

e de descarbonização da frota automóvel.

Adicionalmente, serão iniciados os processos tendentes a uma agenda mais ambiciosa

de descarbonização, que passa pela transição da utilização de derivados do petróleo para

outras fontes de energia, nomeadamente através de medidas como:

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oObrigatoriedade de as novas habitações e/ou garagens terem um ponto de

carregamento para veículo elétrico a partir de 2019;

oReforço das redes urbanas de postos de carregamento tendo como base a

tipologia do edificado;

oInstalação obrigatória de sistemas de AQS, ou com base em fontes renováveis

em novas habitações a partir de 2020.

No domínio dos edifícios, instalações e equipamentos onde se prestam serviços públicos

que apresentem materiais contendo amianto, o Governo continuará em 2018 os

trabalhos iniciados em 2016 e que já permitiram a identificação e priorização das

intervenções a executar (sendo que as mais prioritárias já estão em execução em cerca

de 86 edifícios), nomeadamente no que se refere à obtenção do financiamento

necessário à prossecução destes investimentos.

TERRITÓRIO COESO

O pleno aproveitamento das oportunidades e desafios do território português só pode ser

garantindo através da promoção da coesão territorial. A prossecução desse objetivo é

assegurada através da mobilização de todos os recursos territoriais, tendo por objetivo a

fixação da população, a coesão social e a competitividade territorial. Importa, deste

modo, aproveitar os principais ativos territoriais, com especial atenção para a floresta,

para os recursos endógenos do interior e para o mar, bem como potenciar a conetividade

territorial enquanto instrumento funcional para a concretização da coesão territorial.

FLORESTA

A reforma do setor florestal, recentemente aprovada, está estruturada em três áreas de

intervenção: gestão e ordenamento florestal; titularidade de propriedade florestal; e

defesa da floresta, nas vertentes de prevenção e de combate aos incêndios. As medidas

aprovadas impõem uma reformulação das políticas públicas neste setor, com início em

2017 e desenvolvimento ao longo dos próximos anos, tendo em vista proteger e

promover os ativos de um recurso de enorme relevância estratégica para o

desenvolvimento económico e para a sustentabilidade ambiental do país.

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No que se refere à gestão e ordenamento florestal, o Governo criou as Entidades de

Gestão Florestal, a fim de aumentar a produtividade e rentabilidade dos ativos florestais

e de melhorar o ordenamento do território, e criou também um regime especial e

extraordinário para a instalação de novas centrais de valorização de resíduos de

biomassa florestal, de modo a contribuir para a dinamização do mercado da biomassa

florestal residual, através da limpeza das áreas florestais.

Foi criado o Sistema de Informação Cadastral Simplificada, que visa promover uma

adequada gestão e um melhor planeamento, controlo, e apoio à decisão sobre a

ocupação e uso do território, através da agregação da informação registral, matricial e

georreferenciada, relacionada com os prédios, numa primeira fase, rústicos e mistos.

Com a Lei n.º 78/2017, de 17 de agosto, o Balcão Único do Prédio (BUPi), apresenta-se

como a interface, física e digital, que simplifica o registo da propriedade, incluindo a

comunicação de informação cadastral georreferenciada por parte de proprietários,

autarquias locais e de outras entidades públicas com competência de natureza territorial,

criando assim uma plataforma de articulação dos cidadãos com a Administração

Pública, simplificadora de procedimentos. No que respeita à defesa da floresta, foi

definido o Programa de Fogo Controlado e o reforço do Programa de Sapadores

Florestais, quer do ponto de vista material e humano, quer financeiro. Simplificou-se

ainda o procedimento de autorização de ações de arborização e rearborização, sob as

regras de uma gestão florestal sustentável e com respeito das boas práticas silvícolas, e a

determinação da restrição à expansão da área do eucalipto, designadamente, através do

fortalecimento dos mecanismos associados à fiscalização.

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INTERIOR

O desenvolvimento dos territórios do interior é essencial para a coesão territorial. O

Programa Nacional para a Coesão Territorial (PNCT), aprovado em outubro de 2016,

pretende reforçar sistemas de centralidades capazes de garantir a equidade territorial no

acesso aos serviços públicos, articulando ofertas setoriais e propondo novos serviços e

sistemas de organização, através de visões intersetoriais e interescalares, tendo em vista

a qualidade de vida das populações. Este programa inclui mais de 160 medidas

transversais às diversas áreas de governação, situadas em torno de cinco grandes eixos:

a) território interior + coeso, garantindo a inclusão social e a equidade territorial no

acesso aos serviços; b) território interior + competitivo, alargando as capacidades de

desenvolvimento dos territórios rurais, através da valorização dos recursos endógenos;

c) território interior + sustentável, valorizando os espaços de montanha, de fronteira e os

territórios mais periféricos; d) território interior + conectado, reforçando as relações

urbano-rurais e as articulações entre as bases produtivas litoral-interior e com a

diáspora; e) território interior + colaborativo, promovendo a transversalidade e a

atuação interministerial em processos inovadores de governança territorial.

Em paralelo, o PNCT define a Agenda para o Interior, constituída por oito iniciativas

organizadas em torno de desafios e questões estruturantes: Envelhecimento com

Qualidade; Inovação da Base Económica; Capital Territorial; Cooperação

Transfronteiriça; Relação Rural-Urbana; Acessibilidade Digital; Atratividade

Territorial; Abordagens, Redes e Participação. Estas iniciativas assentam no reforço do

trabalho colaborativo, com vista a aumentar o conhecimento sobre os problemas, refletir

sobre os desafios estratégicos e formular propostas, de forma a preparar os processos de

intervenção em torno de temas considerados prioritários para o desenvolvimento do

interior.

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Desde a sua aprovação, foi (i) criado um sistema de incentivos ao empreendedorismo e

ao emprego (SI2E), com especial foco nos territórios do interior, potenciando a fixação

das populações e a dinamização económica e social destes territórios, tendo sido para

isso lançados concursos que representam um volume total de apoio de 159 milhões de

euros; (ii) concedidos incentivos fiscais ao interior em sede de IRC; (iii) estabelecidos

incentivos aos médicos, nas diferentes especialidades, para a mobilidade para regiões

menos favorecidas, com vista à promoção da equidade no acesso a cuidados de saúde de

qualidade; (iv) reativadas 20 circunscrições extintas cumprindo o desígnio de aproximar

a justiça dos cidadãos; e, (v) lançadas medidas na área do turismo, como o programa de

valorização turística do interior, com uma dotação de 10 milhões de euros, e o programa

REVIVE.

Em 2018, no âmbito do PNCT, o Governo criará, entre outros, um programa de

formação profissional agrícola, em cooperação com as escolas agrícolas e escolas

superiores agrárias, visando o rejuvenescimento empresarial agrícola e a recuperação da

extensão rural, bem como a valorização dos circuitos curtos e a economia de

proximidade.

A expansão da área irrigável assume uma relevância central para a melhoria do

desempenho na atividade agrícola e das condições de vida do meio rural, constituindo-

se como um instrumento de dinamização económica, de aumento do

autoaprovisionamento agroalimentar e de incremento das exportações, para além de

contribuir de forma decisiva para a fixação das populações nos territórios do interior.

Estas intervenções também assegurarão as condições de segurança das barragens e a

construção de diques para a defesa dos solos contra os efeitos das marés. Nestes termos,

o Governo promoverá a reabilitação e a instalação de novos aproveitamentos

hidroagrícolas em todo o território nacional, num total de cerca de 90.000 hectares, com

financiamento através do FEADER e do BEI (que se encontra em fase de negociação),

neste caso para a ampliação de 47.000 hectares do Empreendimento de Alqueva.

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No âmbito da pequena agricultura em 2017, foi iniciado o pagamento redistributivo aos

5 primeiros hectares das explorações agrícolas, foi aumentado o pagamento do regime

da pequena agricultura bem como o limiar máximo de investimento elegível por projeto

nos pequenos investimentos, via PDR 2020, iniciativas que se manterão nos anos

seguintes. A concretização, em 2018, do Estatuto da Pequena Agricultura Familiar será

um instrumento essencial de política para a manutenção da atividade e para o

reconhecimento da importância que os pequenos agricultores têm nas economias locais

e nos equilíbrios social e territorial do país.

A prioridade dada à floresta é ainda manifestada na implementação do Plano de

Revitalização do Pinhal Interior (PRPI), constituído na sequência do incêndio ocorrido

na região centro do país em junho de 2017 e era previsto pela Resolução do Conselho

de Ministros n.º 101-A/2017, de 12 de julho, tendo em vista assegurar as mais-valias

económicas, sociais e ambientais na implementação de medidas para a promoção

integrada da valorização do território, numa perspetiva integral e multidimensional de

um novo paradigma de políticas públicas nos territórios do interior. Em particular, no

âmbito da adoção de medidas de prevenção estrutural e de relançamento da economia,

pretende-se promover uma gestão florestal sustentada e o aumento da resiliência

económica e social dos territórios, com os seguintes objetivos:

•Desenvolver um projeto-piloto na região centro de promoção do reordenamento

sustentado da floresta, através de medidas de gestão integrada da floresta,

valorizando as zonas de intervenção florestal e as entidades de gestão florestal;

•Promover a dinamização empresarial nas regiões afetadas, visando a atração e

fixação de investimento produtivo e a criação de emprego mais sustentado.

•Implementar medidas de prevenção e gestão estratégicas de risco de incêndio,

assumidas pelas autoridades e pelos utilizadores das florestas, incluindo os

produtores e a população em geral, em articulação com a gestão integrada da

floresta no âmbito do projeto-piloto.

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MAR

O Mar é um ativo fundamental para a coesão territorial e a valorização competitiva do

país. A Estratégia do Governo para o Mar tem como objetivo primordial o crescimento

da economia do mar, assente num modelo de desenvolvimento sustentável de

aproveitamento dos recursos marinhos, dando cumprimento aos compromissos

internacionais de Portugal e contribuindo para a estratégia Europa 2020, em matéria de

crescimento inteligente, sustentável e inclusivo. Neste sentido, a área governativa para o

Mar desenvolve a sua ação de acordo com três eixos estratégicos que se encontram

plasmados no Programa Nacional de Reformas 2017 (PNR 2017):

 Afirmação da soberania – reforçar e consolidar a importância geoestratégica

atlântica do país e afirmar Portugal como país marítimo que preserva o seu

capital natural, promovendo um melhor ordenamento marítimo, garantindo

uma presença efetiva no mar e uma capacidade adequada de defesa e segurança

do mar, através das seguintes medidas de ação política:

o Garantir que a proposta de extensão da Plataforma Continental apresentada

por Portugal na Comissão de Limites das Nações Unidas atinge os seus

objetivos, com vista ao reconhecimento, por parte da comunidade

internacional, dos novos limites da plataforma continental portuguesa. A

proposta de extensão da Plataforma Continental para além das 200 milhas

náuticas irá reforçar e consolidar a importância geoestratégica atlântica do

país, criando um espaço marítimo que une os territórios emersos do país e

acentua a territorialidade funcional das colunas de água sobrejacentes;

o Dinamizar a fiscalização e intervenção, assegurando a observância da lei,

da ordem e da segurança nos espaços sob soberania e jurisdição nacionais;

o Valorizar e promover o conhecimento e mapeamento dos espaços

marítimos sob soberania ou jurisdição nacional e respetivos recursos,

através do desenvolvimento, manutenção e operação do ROV Luso e de

outras tecnologias de mar profundo. É de sublinhar que este também é um

dos resultados decorrente do projeto de extensão da plataforma

continental;

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o Promover a liderança nacional de projetos de inovação e desenvolvimento

de tecnologias focados no conhecimento e mapeamento dos recursos do

mar profundo nos espaços marítimos sob soberania ou jurisdição nacional.

 Desenvolvimento da economia azul – uma economia do mar inovadora,

sustentável e de valor acrescentado, através de duas linhas de ação: 1)

promoção da investigação científica e da proteção e monitorização do meio

marinho, dinamizando um tecido empresarial de base tecnológica cuja

atividade esteja centrada no mar, e consolidando as atividades marítimas

tradicionais e as atividades emergentes; 2) a capacitação dos portos nacionais

para dar resposta às mudanças globais no transporte marítimo internacional,

permitindo aumentar a conetividade territorial, a competitividade e atratividade

económicas, posicionando Portugal de forma competitiva no contexto marítimo

internacional, através das seguintes medidas de ação política:

o Dar continuidade à execução da Estratégia para o Aumento da

Competitividade Portuária – Horizonte 2026, através da implementação

dos projetos de investimento estratégicos aí previstos, os quais visam

afirmar o sistema portuário como uma alavanca fundamental para o

desenvolvimento económico de Portugal, fomentando o aumento das

exportações e do transporte marítimo, aproveitando de forma mais

eficiente as vantagens competitivas do posicionamento estratégico do País,

através da promoção do aumento da competitividade global dos portos

comerciais do continente e das cadeias logísticas nacionais, bem como,

simultaneamente, do reforço da ligação dos portos nacionais à Rede

Transeuropeia de Transportes (RTE-T);

o Melhorar as condições de exercício da pesca e das comunidades

piscatórias, salvaguardando os seus espaços marítimos tradicionais,

valorizando os produtos da pesca, tendo em vista promover uma pesca

mais sustentável e competitiva, baseada no conhecimento científico, na

inovação e na criação de emprego;

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o Desenvolver e promover uma estratégia nacional para o gás natural

liquefeito marítimo, contribuindo assim para a descarbonização do

transporte marítimo e para a redução dos seus impactes ambientais;

o Desenvolver e promover a estratégia industrial das energias renováveis

oceânicas;

o Promover o desenvolvimento e exploração das vias navegáveis interiores

portuguesas, nomeadamente da via navegável do Douro e do Rio Tejo até

Castanheira do Ribatejo;

o Implementar o Fundo Azul, criado em 2017, tendo em vista a promoção e

inovação da economia do mar, incentivando a criação de startups e de

modelos de negócio assentes no conceito de economia circular do mar;

o Implementar o novo Programa EEA Grants para área do mar, que terá

início em 2018;

o Dar continuidade ao programa operacional MAR2020, promovendo a

competitividade com base na inovação sustentável e no conhecimento;

o Criar o Observatório do Atlântico, enquanto centro internacional para o

conhecimento e exploração sustentável dos recursos oceânicos,

incentivando a cooperação internacional e a I&D entre universidades e o

setor empresarial;

o Desenvolver a aquicultura semi-intensiva e extensiva de bivalves nos

estuários, definindo áreas de produção com base na qualidade

microbiológica, e implementar um programa de aquicultura offshore;

o Implementar a Janela Única Logística, tendo em vista a digitalização e a

descarbonização do setor marítimo-portuário, o que envolve,

designadamente: evolução da Janela Única Portuária (JUP) para o conceito

mais alargado da Logística, o qual em 2020 estará implementado em todo

o território nacional, integrando não só os meios de transportes terrestres

numa lógica intermodal, como também a ligação aos portos secos;

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o Implementar o “Conceito de Porto Seco”, de cariz essencialmente

aduaneiro, tendo em vista a criação de um modelo simplificado de

transferências de mercadorias por ferrovia entre os Portos Marítimos e os

Portos Secos;

o Prosseguir a simplificação administrativa de alguns processos,

nomeadamente o de licenciamento, as vistorias e as inspeções, revendo

procedimentos, diminuindo os prazos de resposta e apostando na

Plataforma do Mar (ponto único de acesso digital a toda a informação e

processos de registo e licenciamento da atividade económica em meio

marinho:), visando uma melhor articulação entre as diversas entidades

intervenientes, tal como previsto no Programa SIMPLEX+ 2016.

 Valorização sustentável e proteção dos recursos do mar – valorizar os serviços

dos ecossistemas marinhos, recuperar e proteger o capital natural e promover a

cultura marítima na identidade nacional, através de:

o Promover a gestão efetiva de áreas marinhas protegidas para valorização

do capital natural dos oceanos, através da promoção de uma Rede

Nacional de Áreas Marinhas Protegidas integrada e ecossistemicamente

coerente;

o Concluir e implementar o Plano de Situação do Ordenamento do Espaço

Marítimo Nacional, promovendo-o como instrumento de desenvolvimento

económico, social e ambiental e de afirmação geopolítica de Portugal na

bacia do Atlântico;

o Dar continuidade à implementação do Plano Estratégico para a

Aquicultura Portuguesa, nomeadamente no que respeita ao ordenamento

das áreas com maior potencial para esta atividade, na medida da

competitividade final, bem como pela elaboração de um Plano Específico

para a Aquicultura em cada uma das áreas com potencial aquícola;

o Assegurar, através do MAR2020, a sustentabilidade económica, social e

ambiental do setor da pesca e aquicultura e executar a Política Marítima

Integrada, no âmbito da UE;

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o Alargar os planos de gestão a todas as espécies com importância

económica para Portugal, para uma gestão sustentável dos recursos

pesqueiros da ZEE;

o Desenvolver a certificação e promoção dos produtos da pesca e da

aquicultura, com diferenciação positiva para a qualidade biológica e

ambiental dos sistemas de pesca, apanha e cultivo;

o Garantir a segurança alimentar dos bivalves, estendendo a monitorização a

todas as biotoxinas, defendendo produtores e consumidores e apoiando a

exportação da moluscicultura nacional;

o Instalar um centro de depuração, cozedura e transformação de bivalves no

estuário do Tejo, garantindo padrões de segurança a esta atividade.

CONETIVIDADE TERRITORIAL

No que se refere à conetividade territorial, a execução do Plano Ferrovia 2020 garantirá,

de forma integrada e complementar, o aumento da mobilidade ferroviária de pessoas e

bens através do (i) aumento da capacidade da rede, quer em passageiros, quer em carga,

quer em número de comboios; (ii) redução dos custos de transporte; (iii) redução dos

tempos e trajeto; e (iv) melhoria das condições de segurança e fiabilidade,

designadamente através de intervenções complementares na disponibilidade de material

circulante. Em 2018, prosseguirá o desenvolvimento do Plano Ferrovia 2020, com a

continuação das obras nas linhas do Norte, Minho e Douro e o lançamento dos

investimentos nos dois corredores internacionais.

Em 2018, o Governo prosseguirá os investimentos decorrentes do programa de

valorização das áreas empresariais estimados em cerca de 180 milhões de euros, que

contempla um conjunto de investimentos na criação e expansão de áreas de acolhimento

empresarial e em acessos rodoviários a áreas de acolhimento empresarial que se

encontram consolidadas e que apresentam elevada relevância nos contextos regional e

nacional, promovendo a redução do tempo de ligação às principais vias rodoviárias, o

decréscimo dos custos de contexto das empresas, e, simultaneamente, aumentando a

segurança rodoviária.

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O ano de 2018 será decisivo para a consolidação dos trabalhos tendentes à

concretização de soluções alternativas para a expansão da capacidade aeroportuária da

região de Lisboa.

Paralelamente, serão executados investimentos na rede de aeroportos nacionais, com

vista à sua progressiva melhoria e adaptação à evolução da procura.

No domínio aeronáutico, 2018 marcará o avanço decisivo no desenvolvimento e

implementação do novo Sistema de Gestão de Tráfego Aéreo (sistema ATM), o qual se

revela cada vez mais imprescindível para a NAV, Navegação Aérea de Portugal, E.P.E.,

fazer face à pressão cada vez mais intensa do tráfego no espaço aéreo português.

TERRITÓRIO SUSTENTÁVEL

MOBILIDADE SUSTENTÁVEL

A alteração dos padrões de mobilidade dos portugueses constitui uma preocupação

central na política de transportes urbanos encetada pelo Governo. Num cenário de

elevada dependência do transporte individual, associada a níveis baixo de

intermodalidade dos transportes urbanos, assim como o desenvolvimento pouco

eficiente de outros meios de transporte, o Governo tem vindo a prosseguir políticas

indutoras de alterações aos comportamentos dos portugueses quanto à sua mobilidade,

apostando na transferência modal e na eficiência energética como os motores dessa

mudança.

Neste âmbito, no contexto da transferência da gestão dos transportes urbanos coletivos

rodoviários para o nível metropolitano na Área Metropolitana do Porto (STCP) e para o

município de Lisboa (CARRIS), foram clarificadas as obrigações de serviço público das

empresas, mantendo-se o Estado responsável pelas obrigações de interesse nacional,

sem prejuízo das responsabilidades dos Municípios. Este processo foi realizado

garantindo que a gestão da dívida histórica das empresas não colocava em causa a

sustentabilidade futura das empresas, nem os investimentos necessários à sua correta

operação.

II SÉRIE-A — NÚMERO 41____________________________________________________________________________________________________

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Neste contexto, é de notar que em 2018 será dada continuidade aos trabalhos de

expansão do Metropolitano de Lisboa e Metro do Porto, em particular ao nível do

desenvolvimento dos projetos de execução e preparação dos procedimentos de

empreitada, com vista ao início das obras em 2019.

Prevê-se, ainda em 2018, proceder à revisão dos contratos de serviço público das

empresas de transporte urbano do setor empresarial do Estado, dando maior

transparência e sustentabilidade à sua atividade operacional.

No que se refere à descarbonização do transporte público de passageiros, foram

aprovadas nove operações de apoio à eficiência energética dos transportes, financiados

pelo Fundo de Coesão, para reconversão das frotas de transportes públicos de

passageiros, envolvendo a aquisição de mais de 500 autocarros limpos (elétricos ou a

gás natural) com um investimento total de 145 milhões de euros cuja execução física

tem início em 2018. Será ainda promovido o apoio a sistemas de gestão de frota, num

valor de até 5M€, que contribuirá para a descarbonização das frotas de transporte

público bem como para a melhoria da informação disponível ao público.

No setor do táxi, serão promovidos instrumentos que potenciem a sua modernização,

com especial atenção para a renovação das frotas, em que serão implementadas medidas

tendentes à sua renovação e descarbonização.

No caso da mobilidade elétrica, será prosseguido o esforço para incentivar a adoção da

mobilidade elétrica enquanto tecnologia essencial para uma efetiva descarbonização da

economia, nomeadamente através de incentivos ao aumento do parque nacional de

veículos elétricos, ao nível de particulares, empresas e Administração Pública.

Adicionalmente, será desenvolvida a MOBI.E de carregamento de acesso público

inovadora e com cobertura em todo o território nacional. Para garantir a qualidade e

sustentabilidade do serviço prestado pela rede pública de carregamento, será iniciada a

abertura do mercado de comercialização de energia para a mobilidade elétrica.

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Relativamente à mobilidade suave e ativa, o Governo prevê lançar as bases para a

definição do Plano Estratégico para a Mobilidade Suave e Ativa, sendo que 2018 deverá

marcar a conclusão da execução do projeto U-Bike Portugal, de promoção da utilização

de bicicletas elétricas e convencionais nas comunidades académicas.

ECONOMIA CIRCULAR, RESILIENTE E NEUTRA EM CARBONO

O desenvolvimento da economia portuguesa está intimamente ligado à capacidade que

teremos de garantir uma utilização mais eficiente e produtiva dos recursos mobilizados

na economia. Neste sentido, o Governo desenvolveu um conjunto de medidas de aposta

na economia circular, enquanto abordagem que garante, sempre que possível, a

circulação de recursos (materiais e energéticos) no seu máximo valor, prolongando no

tempo a sua utilidade e função. De modo a garantir a integração transversal da

economia circular em diversas áreas de política (e.g. política da água ou política de

educação), o Plano Nacional de Ação para a Economia Circular, que foi objeto de

consulta pública, será um importante contributo para impulsionar o uso eficiente dos

recursos mobilizados na economia, gerando ganhos e produtividade material, ambiental

e económica. Para 2018, será dado mais um impulso a este Plano através do

financiamento de projetos de economia circular pelo Fundo Ambiental.

Será ainda posto em execução o plano de ação decorrente da Estratégia Nacional para o

Combate ao Desperdício Alimentar, que se encontra neste momento em fase de

discussão pública.

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Visando a concretização do compromisso assumido pelo Estado Português na COP 22

em Marraquexe, de atingir a neutralidade carbónica até ao final da primeira metade

deste século, 2018 será marcado pelo desenvolvimento do Roteiro para a Neutralidade

Carbónica 2050, acompanhado por um amplo envolvimento da sociedade. Neste

âmbito, importa continuar a desenvolver os apoios à mobilidade elétrica, a projetos de

descarbonização das cidades, a descarbonização de processos industriais e a

descarbonização de gases fluorados. Em 2017 foi criada a Estratégia Nacional para a

Agricultura Biológica (ENAB) e o respetivo Plano de Ação aprovadas na Resolução do

Conselho de Ministros n.º 110/2017, de 27 de julho, visando contribuir para a evolução

da atividade, no sentido do reforço da dimensão económica e da competitividade, do

aumento do consumo de produtos biológicos e da oferta quer no mercado nacional, quer

através do fomento da exportação. Em 2018, será executado o plano de ação,

nomeadamente, ao nível do PDR 2020, através das medidas de melhoria da gestão dos

recursos naturais e da proteção do solo, água, ar, biodiversidade e paisagem; a

descarbonização e promoção da economia circular; a dinamização da atividade

económica e das economias locais.

Importa relevar que em 2018 serão continuados os investimentos que estão a ser

realizados no setor dos resíduos, nomeadamente no tratamento mecânico e biológico e

na prevenção, redução, reutilização e reciclagem de resíduos, sendo que o valor de

projetos aprovados para apoio do Fundo de Coesão já ascende a 52 milhões de euros.

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SUSTENTABILIDADE E EFICIÊNCIA DO CICLO URBANO DA ÁGUA E DOS

RECURSOS HÍDRICOS

Ao longo das últimas décadas, os serviços urbanos de abastecimento de água e de

saneamento de águas residuais registaram um desenvolvimento assinalável, evidente na

evolução dos principais indicadores destes serviços. O importante e rápido

desenvolvimento deste setor impõe importantes desafios ao nível da gestão de modo a

ultrapassar um conjunto de constrangimentos em termos de sustentabilidade e

eficiência. Neste enquadramento e face à heterogeneidade do nosso território, é

necessário promover a especialização em paralelo com a implementação da nova

Estratégia para o Setor de Abastecimento de Água e Saneamento de Águas Residuais

(PENSAAR 2020).

Neste sentido, o Governo assumiu como prioridade a reorganização do setor das águas,

reavaliando e corrigindo as agregações impostas aos municípios na última reforma do

setor, garantindo, ao mesmo tempo, a melhoria da eficiência nos sistemas. Para tal,

foram aprovados os instrumentos legais necessários à criação de sistemas

multimunicipais de abastecimento de água e de saneamento de águas residuais por

destaque dos sistemas multimunicipais resultantes de agregações. No âmbito da

melhoria da eficiência dos sistemas, em particular fora das grandes áreas urbanas, foram

adotadas medidas que visam incentivar a criação de entidades gestoras regionais com

escala suficiente para viabilizar os investimentos que vierem a ser efetuados.

Em 2018, serão continuados os investimentos já iniciados que visem o fecho de

sistemas de abastecimento de água em baixa e de sistemas de saneamento de águas

residuais e ainda para operações que visam a redução da poluição urbana nas massas de

água e para operações com vista à melhoria da qualidade de água fornecida em zonas de

abastecimento ainda com problemas. No âmbito do Portugal 2020, já foram aprovadas

mais de 550 operações, com um investimento total superior a 500 milhões de euros,

sendo que a sua execução ocorrerá ao longo dos próximos anos.

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Por outro lado, o Plano de Investimento de Médio Prazo do Grupo Águas de Portugal

(AdP) representa um valor de investimento superior a 800 milhões de euros. Os

objetivos do Plano de Investimento de Médio Prazo da AdP são, por exemplo: a

melhoria dos níveis de saneamento, desenvolvendo as condições de ambiente, das

massas de água, de saúde pública e de qualidade de vida das populações; o aumento da

população servida pelo Grupo AdP; e o aumento da robustez dos sistemas,

nomeadamente para enfrentar eventos extremos, como a seca e as alterações climáticas.

A montante do ciclo urbano da água, o Governo assumiu o desafio de promover a

sustentabilidade e qualidade dos recursos hídricos, num quadro marcado pelo efeito que

as alterações climáticas têm sobre estes recursos. Neste âmbito, os Planos de Gestão dos

Riscos de Inundação (PGRI), aprovados em 2016, estabelecem o quadro para a

avaliação e para a gestão dos riscos de inundação, cuja implementação está a ser

suportada pelo Fundo de Coesão, estando já aprovados investimentos superiores a 40

milhões de euros para 7 intervenções estruturais de desobstrução, regularização fluvial e

controlo de cheias, em zonas de inundações frequentes e danos elevados. A execução

destes projetos continuará a ser prosseguida ao longo de 2018.

Em matéria de resíduos continuará o investimento no setor dos resíduos, nomeadamente

no Tratamento Mecânico e Biológico e na prevenção e redução, reutilização e

reciclagem de resíduos, sendo que o valor de projetos aprovados para apoio do Fundo

de Coesão já ascende a 52 milhões de euros.

Paralelamente, serão alinhadas as ações e medidas previstas no Plano Estratégico para

os Resíduos Urbanos (PERSU 2020) com os objetivos preconizados na revisão das

diretivas de resíduos em curso a nível europeu, assim como se procederá à revisão das

metas associadas ao desempenho dos Sistemas de Gestão de Resíduos Urbanos. Os

objetivos do PERSU 2020 serão enquadrados com o Plano de Ação para a Economia

Circular, reavaliando-se o quadro dos objetivos a cumprir para 2030, nomeadamente o

aumento da recolha seletiva de outras frações e o reforço da multimaterial, a promoção

do desvio de aterro através da aplicação mais eficiente de instrumentos económico-

financeiros e o incentivo da eficiência e otimização dos tratamentos de resíduos para

fomento da reciclagem e desvio de aterro de resíduos biodegradáveis.

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ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO

Com a conclusão da elaboração do novo Programa de Ação do Plano Nacional da

Política do Ordenamento do Território (PNPOT) em 2018, a agenda política para o

ordenamento do território será renovada e reforçado o papel do PNPOT no sistema de

gestão territorial, ficando criadas as condições necessárias para uma melhor governação

e gestão territorial mediante a emissão de orientações e definição de ações coordenadas

entre as diversas áreas setoriais pelo envolvimento e mobilização dos diferentes níveis

da administração. Neste contexto, inclui-se pela primeira vez a oportunidade de

articulação dos instrumentos de gestão territorial com os de ordenamento e gestão do

espaço marítimo nacional, e concomitantemente a integração da componente

socioeconómica, dando seguimento à prioridade política para o mar. Pretende-se que o

novo PNPOT seja um referencial estratégico para o desenvolvimento territorial, para os

próximos ciclos de programação e para os grandes investimentos públicos.

O desenvolvimento, em 2018, do Sistema Nacional de Informação Cadastral permitirá a

criação de condições para a produção, conversão, conservação e gestão do cadastro.

No domínio da cartografia será prosseguida uma política de dados abertos, que

proporcionará a utilização gratuita de dados geográficos harmonizados e interoperáveis,

promovendo uma gestão mais inteligente nas diversas áreas temáticas do território.

A nível europeu, a poluição sonora é considerada o segundo maior problema ambiental

que afeta a saúde, logo a seguir à poluição do ar, constituindo um dos fatores ambientais

que mais queixas e denúncias gera por parte da população, o que justifica a preparação,

em curso, da Estratégia Nacional de Ruído Ambiente e o desenvolvimento de uma

plataforma para a partilha de informação em matéria de ruído.

Será intensificada a implementação da Estratégia Nacional do Ar 2020, aprovada pela

Resolução de Conselho de Ministros n.º 46/2016, de 26 de agosto, articulando políticas

e medidas setoriais e entre os vários níveis de governação, com vista a contribuir para a

melhoria da qualidade do ar nos vários setores de atividade.

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PROMOÇÃO DOS VALORES NATURAIS E DA BIODIVERSIDADE

Em 2018, após a aprovação da Estratégia Nacional da Conservação da Natureza e

Biodiversidade, vai-se dar início à concretização das 100 medidas previstas neste

documento até 2025.

A conservação da natureza e da biodiversidade tem por objetivo, no essencial, projetar

as áreas classificadas enquanto ativos estratégicos para o desenvolvimento nacional.

Neste contexto, o Governo pretende concretizar um conjunto de medidas que visam

promover a valorização dessas áreas. Neste âmbito merece destaque a continuidade da

execução do Projeto Piloto de recuperação e valorização do Parque Nacional Peneda-

Gerês, permitindo restituir habitats degradados, cujos resultados devem decorrer do

esforço concertado dos diversos intervenientes, ICNF, municípios, baldios e entidades

privadas.

Outra medida concreta dirige-se à conceção de um novo modelo de gestão que

aproxime a gestão destas áreas de quem está no território, fazendo convergir e articular

propósitos. O Projeto Piloto de Cogestão do Parque Natural do Tejo Internacional visa

precisamente implementar um novo modelo de gestão colaborativa e de proximidade,

designadamente com o envolvimento das pessoas e das organizações presentes no

território, nomeadamente das autarquias locais.

É de relevar o lançamento do processo que visa a elaboração dos planos de gestão dos

Sítios de Interesse Comunitário, permitindo a sua designação como Zonas Especiais de

Conservação. Ainda no domínio da Rede Natura 2000 deve destacar-se o processo que

visa completar a referida rede em meio marinho com a definição de um conjunto de

quatro áreas, após conclusão da consulta pública.

Na vertente da conservação ativa, importa assinalar a concretização de iniciativas

legislativas com especial destaque para o lince ibérico, assim como a plena aplicação do

regime de proteção do lobo, das aves necrófagas e do saramugo.

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No âmbito da política de defesa e proteção do litoral destaca-se a prossecução de ações

tendentes à diminuição da exposição ao risco, ao reforço da resiliência dos sistemas

costeiros e à reposição do ciclo sedimentar e restabelecimento natural do trânsito dos

sedimentos numa lógica sistémica e que abrange o litoral e as bacias hidrográficas. Em

2018, com a conclusão do processo de aprovação de todos os Programas da Orla

Costeira, o litoral passa a dispor, em toda a sua extensão, de instrumentos harmonizados

de planeamento e gestão territorial.

ENERGIA

Apesar da evolução positiva demonstrada no último ano, Portugal ainda se debate com

um elevado nível de dependência energética que constitui um obstáculo a uma maior

competitividade da produção nacional e dificulta o caminho a percorrer para a

descarbonização dos territórios. Para fazer face a este desafio, o Governo tem vindo a

promover um conjunto de medidas para transformar o setor energético, tornando-o mais

eficiente e sustentável, do ponto de vista económico, ambiental e social.

No sentido de continuar a redução de rendas excessivas pagas aos produtores de energia

elétrica, assim como a redução do custo final da energia para os consumidores, o

Governo introduziu, em 2017, um mecanismo de mercado (leilão) na atribuição de

compensação pela garantia de potência e determinou, após consulta informada ao

regulador setorial e à entidade responsável pela gestão do sistema, as reservas de

capacidade e o custo máximo para os consumidores.

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Igualmente significativa é a prioridade ao investimento na infraestrutura elétrica

nacional no sul e interior do país, com vista a um aproveitamento do potencial solar em

termos energéticos, sem apoio à tarifa, cujas zonas de aproveitamento mais eficiente de

investimento coincidem com as zonas do território mais carentes de dinamização

económica e que mais beneficiarão da constituição de polos de criação de emprego e

consequente fixação de populações. Para o efeito, o Governo apresentará um Plano

Nacional Solar que disponibilize numa plataforma os dados geográficos relativos às

condicionantes locais para o desenvolvimento de centros electroprodutores a partir de

energia solar, nomeadamente para novos investimentos. Serão ainda promovidos e

agregados virtualmente produtores-consumidores de energia (pooling), relativamente a

centrais dedicadas de mini-geração de eletricidade a partir de fontes renováveis e sem

qualquer subsidiação tarifária, através da criação do comercializador local.

Também numa perspetiva de conectividade do território e de integração e dinamização

do mercado ibérico, europeu e internacional, destaca-se a aposta no reforço das

interligações da área da energia entre Portugal e Espanha, a defesa do cumprimento dos

objetivos da rede europeia na interligação entre a península ibérica e o resto da Europa e

o estudo e desenvolvimento projetado de uma interligação elétrica com Marrocos.

Destaca-se ainda a preparação de um convénio com o Reino de Espanha para se vir a

desenvolver o MIBGAS – mercado ibérico do gás, assente precisamente nas

interligações existentes e futuras.

Relativamente às redes de energia elétrica em território nacional, serão ainda

promovidas e implementadas redes elétricas inteligentes (smart grids e smart meters)

que permitam uma gestão mais eficiente dos consumos de energia, e as trocas locais de

energia a nível local entre produtores e consumidores. Serão igualmente introduzidos

critérios relativos à sobrepassagem de determinadas infraestruturas por linhas de Alta e

Muito Alta Tensão e reforçada a interação com as comunidades no âmbito de novos

projetos para esta tipologia de linhas.

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O mercado de energia (eletricidade e gás) carece ainda de mais instrumentos que

promovam o melhor funcionamento do mercado, garantindo maior competitividade e

dando maior poder de escolha aos consumidores. Neste sentido, o Governo já aprovou,

em Conselho de Ministros, a criação do operador logístico de mudança de

comercializador de energia (o “Poupa Energia”) que promoverá a redução de barreiras à

mudança de operador energético e prestará serviços alargados de apoio aos

consumidores, aumentando a percetibilidade e comparabilidade das tarifas, consumos e

faturações de energia. Deverá ser concretizada igualmente a breve prazo a

reestruturação orgânica da fiscalização no setor energético prevista no OE2017 com a

criação de uma entidade fiscalizadora especializada para o setor energético.

Ainda com o intuito de promover a concorrência no setor da energia, identificaram-se

falhas de mercado ao nível da importação, receção e armazenamento do gás.

Consequentemente, proceder-se-á à eliminação das barreiras à concorrência na logística

e armazenamento, dinamizando-se a separação do mercado dos combustíveis,

introduzindo condições para a verdadeira competição no setor com a construção de um

canal físico não proprietário e oferta de armazenamento. O objetivo passa por

possibilitar o acesso de todos os agentes à importação e utilização das infraestruturas

logísticas nacionais, fomentando assim condições para maior concorrência e melhores

preços.

Adicionalmente, está em curso a capacitação do regulador do setor da energia para

regular e supervisionar os mercados de combustíveis e o setor do gás de petróleo

liquefeito, completando-se assim as suas competências e contribuindo, igualmente, para

eliminar falhas de mercado existentes.

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Com vista a desenvolver as zonas mais carentes de investimento e de geração de riqueza

no território nacional, vai ser dinamizado o setor extrativo, seja por via da ampliação

projetada de minas já em operação, seja pela abertura de várias novas áreas de

concessão que se encontram projetadas para o ano de 2017 e seguintes. Neste sentido,

será criado um Fundo de Recursos Geológicos que permita garantir a sustentabilidade

do setor extrativo através de apoios financeiros diretos para o seu desenvolvimento, bem

como desenvolvida a cartografia geológica nacional, enquanto instrumento de

dinamização do setor dos recursos geológicos.

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6.MODERNIZAÇÃO DO ESTADO

As medidas executadas ao longo do último ano conduzem a que o Estado se esteja a

tornar mais simples, reduzindo os encargos administrativos para as empresas e para os

cidadãos. Foram preparadas as bases para uma efetiva descentralização do Estado, com

as propostas de democratização das Comissões de Coordenação e Desenvolvimento

Regional (CCDR) e uma maior cooperação intermunicipal, a par do reforço de

competências das autarquias locais. Também o sistema judicial está mais ágil e

capacitado, permitindo recuperar o atraso histórico dos processos e proporcionar aos

cidadãos uma Justiça mais próxima e ao serviço do desenvolvimento.

Apesar do impulso dado em 2016 e 2017 para a modernização do Estado, esta está

longe de estar concluída. Pelo contrário, Portugal assume a realização de reformas

relevantes de modernização do Estado como uma prioridade estratégica, ultrapassando

barreiras regulamentares, custos de contexto e complexidades nos procedimentos

legislativo e administrativo.

A modernização do Estado e dos serviços por ele prestados, facilitando a vida aos

cidadãos e às empresas, requer uma Administração Pública qualificada, competente e

motivada. Nesse sentido, foram prosseguidas em 2016 e 2017 diversas políticas, de que

se salienta as seguintes:

 Inversão da desqualificação e desmotivação da Administração Pública.

 Reposição gradual dos rendimentos dos funcionários públicos, aumentando a

sua motivação e reduzindo a conflitualidade laboral.

 Foi aprovada a criação de um programa de regularização extraordinária dos

vínculos precários na Administração Pública, através do qual serão

identificadas as verdadeiras necessidades permanentes dos serviços públicos

que estão a ser asseguradas através de vínculo contratual inadequado e serão

definidas as condições de regularização por parte dos trabalhadores em

situação irregular. Este programa terá início em 2017 e deverá estar concluído

até ao final de 2018.

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A partir de 2018 serão implementadas novas dimensões do eixo de intervenção centrado

na valorização individual dos trabalhadores e do trabalho em funções públicas,

garantindo perspetivas de desenvolvimento pessoal e profissional dos trabalhadores,

com remuneração adequada, formação de qualidade, a possibilidade de adquirir novas

competências através de uma experiência profissional rica e diversificada, de que se

destacam:

 Descongelamento gradual das progressões na Administração Pública, dando

aos funcionários públicos perspetivas de valorização na carreira, de acordo

com regras justas e baseadas no mérito.

 Aposta na qualificação digital dos trabalhadores da Administração Pública

(Programa INCoDe.2030).

Serão ainda implementadas medidas que revelam a aposta em dois outros eixos de

intervenção:

 O desenvolvimento de boas condições de trabalho e a promoção da saúde

ocupacional, para que os trabalhadores públicos sejam os primeiros agentes

ativos da melhoria do funcionamento da Administração Pública e estejam

mobilizados na prestação de bons serviços e na criação de valor para cidadãos

e empresas;

 A melhoria da organização e da gestão pública, promovendo a utilização

racional dos recursos e a boa gestão das pessoas, das quais depende a eficiência

na gestão e a eficácia na concretização das missões dos serviços públicos. É

necessário investir na gestão ao nível micro, de cada local de trabalho, para

construir bons ambientes de trabalho, produtivos, motivadores, inovadores e

sustentáveis.

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UM ESTADO MAIS SIMPLES E MAIS PRÓXIMO

A simplificação da vida dos cidadãos e das empresas na sua interação com os serviços

públicos é um elemento essencial para uma economia mais competitiva e para reforçar a

relação de confiança entre os cidadãos e o Estado.

Uma das medidas centrais para a concretização deste desígnio é o Programa

SIMPLEX+, com programação anual, envolvendo todo o Governo e todas as áreas de

intervenção da administração central, administração local e regional, bem como diversas

entidades privadas.

O SIMPLEX+ 2016, foi lançado em maio de 2016, com 255 medidas, com uma taxa de

execução efetiva de 89% à data de balanço a junho de 2017, e com a conclusão de 157

das 176 medidas previstas até junho de 2017.

Com a sua execução, passou a ser mais simples cumprir obrigações perante o Estado

através de medidas como:

 Declaração de remunerações para a segurança social interativa.

 IRS automático.

 Obtenção de documentos e certidões de forma mais fácil e mais rápida, tais

como:

oalteração de morada de uma só vez;

omodernização da carta de condução;

oatribuição de novas funcionalidades ao cartão de cidadão;

oalargamento progressivo do modelo de certidão permanente online ao

registo civil e ao registo criminal.

Em junho de 2017 foi lançado o SIMPLEX+2017, assumindo novos compromissos para

a modernização e simplificação administrativa e legislativa, introduzindo melhorias

qualitativas, sendo:

 Mais participativa, designadamente através de processo colaborativo

desenvolvido com funcionários da Administração Pública (SIMPLEX JAM);

 Mais inclusiva (agendamento telefónico e call center);

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 Mais vocacionada para resolver os problemas do atendimento (educação, saúde

e outras).

O SIMPLEX+2017 contém 172 medidas de simplificação e modernização

administrativa e legislativa para todas as áreas da governação, sendo que a estas

medidas juntam-se 65 medidas plurianuais iniciadas no SIMPLEX+2016. A maioria das

medidas do Programa deverá ser concluída ao longo de ano de 2018.

Este programa centra-se na facilitação da vida de todos os cidadãos bem como em

medidas direcionadas a públicos e áreas específicas, tais como:

 Refugiados e os portugueses a viver no estrangeiro;

 Atividades económicas e setores estratégicos, em áreas como a agricultura

biológica, a floresta, o comércio e turismo, indústrias criativas, o cinema ou a

publicidade;

 Medidas que articulam e integram diferentes níveis de governação central e

local;

 Medidas que concretizam mais e melhor intercomunicação e interconexão entre

serviços e sistemas de informação para aprofundar o princípio “only once”;

 Medidas direcionadas para a qualidade do atendimento público a cidadãos e

empresas, nomeadamente através de,

oConcentração de serviços em «balcões únicos» presenciais e eletrónicos,

que evitem múltiplas deslocações, como sejam o Gabinete do Investidor

ou Balcão de Cidadão Móvel;

oDesenvolvimento de portais de serviços integrados, como a plataforma de

renda apoiada, a plataforma única para registo de animais, o portal da

cultura com integração de diferentes setores culturais, ou o portal escola

360.º já em funcionamento em escolas piloto;

 Simplificação dos regimes de licenciamento, incluindo a usabilidade das

plataformas a eles associadas, a integração e diálogo entre diferentes regimes e

a publicação e avaliação dos prazos efetivamente observados;

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 Modernização e alargamento do «Balcão do Empreendedor», integrando

regimes conexos, e alargamento do conceito de «Licenciamento Zero»,

eliminando licenças e atos de controlo prévios e substituindo-os por uma

fiscalização reforçada;

 Novo Portal de Cidadão, organizado em função das necessidades dos

utilizadores e com diferentes componentes, como autenticação única e livro de

reclamações eletrónico, que passará a constituir a porta principal de entrada na

Administração Pública eletrónica;

 Desenvolvimento do serviço público de notificações eletrónicas, associado à

morada única digital, que permitirá todas as entidades publicas notificarem os

cidadãos e empresas através de uma única morada eletrónica.

Neste âmbito, devem ainda ser implementadas em 2018 as seguintes medidas, tendentes

à dinamização da economia portuguesa através do reforço da confiança dos

consumidores:

 Consumo financeiro + informado: divulgar online, num ponto único, a

informação disponibilizada pelas instituições de crédito quanto a produtos

financeiros, designadamente em matéria de serviços mínimos bancários,

comissões bancárias, cartões de crédito, crédito hipotecário, crédito ao

consumo e seguros, tendo em vista permitir aos consumidores a consulta de

informação harmonizada e comparável;

 Plataforma única de resolução de contratos: criação de uma plataforma online

que permita aos consumidores comunicar a resolução de contratos relativos a

serviços públicos essenciais num único ponto, disponível no Portal do Cidadão,

sendo os prestadores de serviços notificados por via eletrónica.

Em 2018 será lançado um novo programa SIMPLEX+.

II SÉRIE-A — NÚMERO 41____________________________________________________________________________________________________

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LEGISLAR MELHOR

A modernização do Estado passa também pela melhoria da qualidade legislativa e pela

redução do stock legislativo. Estando executados alguns dos mecanismos essenciais de

garantia da qualidade, simplificação e previsibilidade da legislação, tais mantêm-se em

2018, com enfoque nas medidas a consolidar ou que têm neste momento menor nível de

desenvolvimento. Serão desenvolvidas as seguintes medidas:

 Concluída a disponibilização do acervo legislativo do Diário da República, de

forma gratuita, na Internet, há que passar à fase de desenvolvimento de

instrumentos secundários, como ferramentas de pesquisa através da associação

da legislação a descritores de forma mais eficaz, alargamento do acervo de

legislação consolidada, criação de um tradutor jurídico e de um dicionário

jurídico;

 Garantir a existência de um suporte áudio para os sumários em linguagem

clara, em português e em inglês, e alargar a criação destes sumários para outro

tipo de atos;

 Alargar a consolidação de diplomas dispersos a novas áreas;

 Continuar a identificação de atos que não estejam em vigor, por caducidade ou

revogação tácita, para efetivar a sua revogação expressa, tornando assim clara

para o cidadão a legislação aplicável em cada matéria;

 Uniformização das regras de legística entre a Assembleia da República e o

Governo;

 Elaborar guias de orientação para as instituições responsáveis pela aplicação da

legislação e dos regulamentos, por forma a melhorar a sua aplicação e a

assegurar o mais elevado nível de uniformização possível;

 Implementar nas várias áreas governamentais mecanismos que garantam uma

avaliação prévia e rigorosa das medidas legislativas a adotar e que permitam

quantificar os encargos criados para pessoas e empresas, em especial sobre as

PME.

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PROMOVER A INOVAÇÃO E A COLABORAÇÃO ENTRE SERVIÇOS

PÚBLICOS

A modernização do Estado e a redução da burocracia exige a promoção de uma cultura

de inovação no setor público e depende de maior colaboração entre serviços públicos

em áreas críticas para a melhoria da sua atividade em condições de maior eficiência e

eficácia.

Para esse efeito:

 Foi criado um laboratório de inovação no setor público (LabX), para a

experimentação e novos serviços, envolvendo instituições públicas e

mobilizando o conhecimento e a criatividade dos centros de investigação,

incubadoras e entidades privadas. O Laboratório está a trabalhar atualmente, e

continuará em 2018, em 3 projetos inovadores – Balcão Único do Emprego,

Espaço Óbito e Roteiro da Despesa Pública –, visando a sua posterior

implementação. Outros serão introduzidos e concluídos em 2018, bem como

ações de formação nestes domínios;

 Em março de 2017 o Governo aprovou a Estratégia para a Transformação

Digital na Administração Pública até 2020, preparada ao longo do ano anterior.

Assenta em três Eixos de Ação: Integração e interoperabilidade; Inovação e

competitividade; Partilha de recursos. A Estratégia TIC 2020, cuja

implementação continuará em 2018, contém 37 ações, que enquadram as

atividades a implementar transversalmente e de forma distribuída pelas

diferentes áreas de governo, contemplando os projetos estratégicos e os planos

setoriais detalhados de cada área governativa, todos devidamente orçamentados

e analisados os respetivos benefícios previstos;

 Em julho de 2017 foi criado o Centro de Competências Jurídicas que prestará

serviços transversalmente a toda a Administração Pública, com implementação

faseada. O princípio de desenvolvimento de centros de competências será

estendido a outros domínios como as tecnologias de informação e

comunicação, ao longo do ano de 2018.

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TRANSPARÊNCIA E CONCORRÊNCIA

No que respeita à Diretiva n.º 2006/123/CE (pacote serviços no mercado interno), após

a apresentação pela Comissão Europeia, em janeiro de 2017, de um pacote legislativo

com vista à alteração e aperfeiçoamento da Diretiva, foi iniciado o processo de

negociação em sede do Conselho Europeu. Portugal tem tido uma participação ativa

nesta negociação, designadamente na defesa do exercício do poder legislativo dos

Estados-Membros, relativamente à notificação de medidas de natureza diferente em

matéria de prestação de serviços.

Por outro lado, foram tomadas medidas para promover a concorrência nos setores mais

críticos, em que existem monopólios naturais. Na área da energia (eletricidade e gás,

foram reduzidas as barreiras à mudança de operador energético (criação do operador

logístico de mudança de comercializador de energia); nas telecomunicações, foi

imposta, pelo regulador do setor, a redução de 72,8% o valor das tarifas de utilização do

cabo submarino que liga o continente às regiões autónomas da Madeira e dos Açores,

cobradas pelo incumbente às restantes operadoras, permitindo baixar o custo dos

operadores nessas regiões e, dessa forma, aumentar a concorrência nos preços das

comunicações para as empresas e particulares. Nos resíduos, promoveu-se a

concorrência através da entrada de um novo agente de tratamento dos resíduos de

embalagens.

A Lei n.º 26/2017, de 30 de maio, procedeu à transposição da Diretiva n.º 2013/55/EU

do Parlamento Europeu e do Conselho, de 20 de novembro de 2013, que altera a

Diretiva 2005/36/CE, relativa ao reconhecimento das qualificações profissionais.

A simplificação da contratação pública para favorecer a inovação terá um impulso

decisivo com entrada em vigor das alterações ao Código dos Contratos Públicos, em 1

de janeiro de 2018, que simplifica a contratação, promovendo mecanismos mais

flexíveis e transparentes de contratação pública e estimulando a inovação nas empresas.

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DESCENTRALIZAÇÃO E SUBSIDIARIEDADE COMO BASE DA REFORMA

DO ESTADO

O Governo defende o princípio da subsidiariedade como orientador da decisão sobre o

nível mais adequado para o exercício de atribuições e competências (nacional, regional

ou local). Nesse contexto, estão em discussão os diplomas que procedem à transferência

de competências para os níveis mais adequados, designadamente o nível das freguesias,

dos municípios e das comunidades intermunicipais.

No que toca aos municípios, enquanto estrutura fundamental para a gestão de serviços

públicos numa dimensão de proximidade, e sem prejuízo da salvaguarda da

universalidade das funções do Estado e da devida e comprovada afetação dos meios que

garantem o seu exercício efetivo, encontra-se em discussão o elenco das suas

competências em múltiplos domínios: saúde, educação, ação social, proteção civil,

policiamento, habitação, cultura, estacionamento, promoção turística, captação de

investimento e gestão de fundos europeus, infraestruturas portuárias, praias, áreas

protegidas, estradas, infraestruturas de atendimento ao cidadão, saúde animal e

segurança dos alimentos e património. No contexto deste debate, as freguesias poderão

vir a ter competências diferenciadas em função da sua natureza e exercerão poderes em

domínios que hoje lhes são atribuídos por delegação municipal.

O Governo dará coerência territorial à administração desconcentrada do Estado e

promoverá a integração de serviços desconcentrados do Estado nas CCDR, dando

prioridade à generalização da rede de serviços públicos de proximidade a desenvolver

em estreita colaboração com as autarquias locais. Serão ainda criadas unidades móveis

de proximidade, de modo a assegurar um serviço público de qualidade nos territórios do

interior, e promovida a utilização assistida de serviços de apoio eletrónico.

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A transferência de competências para órgãos com maior proximidade deve ser

acompanhada de uma maior legitimidade democrática desses órgãos. Para tal, o

Governo pretende, designadamente, criar um novo modelo territorial assente em cinco

zonas de planeamento e desenvolvimento territorial, correspondentes às áreas de

intervenção das Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) e

democratizar o modelo de organização das CCDR, estabelecendo a eleição do órgão

executivo por um colégio eleitoral formado pelos membros das câmaras e das

assembleias municipais (incluindo os presidentes de junta de freguesia), cuja atividade é

acompanhada pelo conselho regional e as funções exercidas em regime de exclusividade

e de incompatibilidade com quaisquer outras funções políticas ou administrativas do

Estado ou do setor público empresarial de natureza nacional ou autárquica.

Será ainda promovida a alteração das regras de financiamento local, assente no reforço

de competências e em critérios de valorização da coesão social e territorial, de modo a

que o financiamento das autarquias não só acompanhe o reforço das suas competências,

mas também permita convergir para a média europeia de participação na receita pública.

PARTICIPAÇÃO CÍVICA E DEMOCRÁTICA

De modo a reforçar a participação democrática no processo eleitoral, e dando continuidade às

iniciativas já aprovadas pelo Governo, pretende-se modernizar o processo eleitoral,

designadamente:

 Desmaterializar os cadernos eleitorais;

 Implementar o recenseamento automático para eleitores nacionais residentes no

estrangeiro.

De modo a aumentar e diversificar a participação cívica, foi criado, em 2017, o Orçamento

Participativo de Portugal, através da afetação de uma verba anual do Orçamento do Estado à

concretização de projetos propostos e escolhidos pelos cidadãos.

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VALORIZAÇÃO E EFICIÊNCIA DA DEFESA NACIONAL

A defesa dos objetivos vitais de Portugal enquanto Estado soberano, independente e

seguro é função primordial do Governo e peça fundamental na ambição de um Estado

de Direito democrático. No atual contexto geoestratégico, caracterizado pela

complexidade e dificuldade na antecipação das ameaças e qualificado pelo Conselho de

Segurança das Nações Unidas como “ameaça global sem precedentes à paz e segurança

internacionais”, mantém-se a orientação no sentido de assegurar que o Estado dispõe de

Forças Armadas modernas, capazes, motivadas e resilientes que, com meios, forças e

organização adequadas, possam responder eficazmente às missões que lhes sejam

atribuídas ao serviço do País e dos seus cidadãos.

A concretização deste desígnio requer a melhoria da eficiência das Forças Armadas,

mas convoca também a valorização do exercício das funções na área da Defesa e a

aproximação aos cidadãos, para uma melhor compreensão da importância estratégica da

Defesa Nacional como garantia da soberania e da cidadania.

Melhorar a eficiência das Forças Armadas:

 Aprofundar a racionalidade da gestão de recursos, pugnando pela concretização

eficaz do estabelecido nas Leis de Programação Militar e de Infraestruturas,

tendo em vista a modernização e o investimento nas áreas das Forças Armadas,

segundo critérios de necessidade, eficiência e transparência e valorizando os

meios e recursos disponíveis;

 Rentabilizar recursos, reforçando a partilha no âmbito dos serviços, sistemas

transversais de apoio e logística do universo da Defesa Nacional, como facto

normal, devendo ser comum aquilo que possa ser mais eficiente, sem pôr em

causa a identidade e grau de especialização de cada um dos ramos das Forças

Armadas;

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 Promover a gestão dinâmica e racional de capacidades e recursos, explorando a

possibilidade de venda de equipamentos prestes a atingirem o ciclo de

utilização ou excedentários, com vista à obtenção de recursos e valorizando o

reposicionamento estratégico nos mercados internacionais de Defesa e a

reputação internacional do país no exterior;

 Maximizar as capacidades civis e militares existentes, mediante uma

abordagem integrada na resposta às ameaças e riscos, operacionalizando um

efetivo sistema nacional de gestão de crises.

Valorizar o exercício de funções na área da defesa:

 No que respeita ao número de efetivos nas Forças Armadas e a ampliação da

base de recrutamento, serão implementadas medidas estatutariamente previstas

que carecem de regulamentação, promovendo as alterações estatutárias

necessárias;

 Reforçar as qualificações e outros fatores que contribuam para a qualidade,

como aspetos fundamentais para garantir a coesão, motivação e a manutenção

dos efetivos;

 Prosseguir o desenvolvimento adequado de um sistema de qualificações da

formação conferida nas Forças Armadas, que permita alinhar as suas formas e

duração ao longo da prestação do serviço militar, com o Sistema Nacional de

Qualificações (SNQ) como medida fundamental para a atratividade do

Recrutamento;

 Implementar o Instituto Universitário Militar, trave-mestra para a concretização

de um desígnio de maior igualdade e qualificação em diferentes níveis, num

processo de responsabilização do ensino militar, tradicionalmente pioneiro no

desenvolvimento do pensamento, do saber e da modernização, prosseguindo a

excelência dos resultados;

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 Reconhecer a especificidade da condição militar, com especial atenção aos

deficientes das Forças Armadas e aos Antigos Combatentes, dando a devida

prioridade ao apoio social e à assistência na doença;

 Desenvolver a ação social complementar, conciliando, em termos de razões

circunstanciais e de estrutura, as expectativas legítimas dos utilizadores com as

boas práticas de serviço e de gestão e promovendo a responsabilidade

partilhada dos vários interlocutores e parceiros;

 Prosseguir o processo de instalação e operacionalidade do Hospital das Forças

Armadas, melhorando as boas práticas e os cuidados de saúde prestados,

enquadrando esta prioridade na valorização do elemento humano da Defesa

Nacional, e de mais-valia pública, a explorar mediante critérios de escala e de

oportunidade no setor da saúde.

Reforçar a ligação da Defesa Nacional aos cidadãos:

 Desenvolver uma cultura de aproximação aos cidadãos, levando-os a

percecionar e compreender a importância estratégica do universo da Defesa e

sua responsabilidade individual e coletiva, como fator crucial de afirmação da

cidadania;

 Estimular a adoção de uma cultura de defesa, aberta aos cidadãos, valorizando

os ativos culturais da Defesa Nacional (museus, bandas, monumentos,

cerimoniais e locais de informação digital, entre outros) em estreita articulação

com os setores da educação, ciência, cultura, desporto e turismo,

nomeadamente através do Dia da Defesa Nacional e, neste ano de 2018 em

particular, no âmbito da Evocação do Centenário da I Guerra Mundial.

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FORÇAS E SERVIÇOS DE SEGURANÇA MODERNOS E EFICAZES

A modernização e capacitação das Forças e Serviços de Segurança (FSS) constitui uma

prioridade estratégica para a consolidação democrática de um Estado seguro, garantindo quer

a prevenção e o combate aos diversos tipos de violência e de criminalidade, quer a capacidade

de resposta do sistema de proteção e socorro. Nessa medida, a definição estratégica orientada

aos objetivos de segurança interna impõe, por um lado, a melhoria da eficiência das estruturas

de suporte à missão das FSS e, por outro, a salvaguarda das condições materiais para o seu

cumprimento.

Em 2018, as orientações relativas às políticas de segurança interna, de controlo de fronteiras,

de proteção e socorro e de segurança rodoviária, são concretizadas, designadamente, através

das seguintes medidas:

No âmbito da prevenção e combate à criminalidade:

 Continuidade da implementação da nova geração de Contratos Locais de

Segurança, nas suas diferentes tipologias, de acordo com as necessidades

preventivas identificadas pelas Forças de Segurança (FS), em estreita

colaboração com as autarquias locais e as instituições sociais;

 Consolidação e melhoria dos Programas Especiais de Policiamento de

Proximidade - desenvolvidos pelas FS, designadamente os Programas “Campo

Seguro”, “Escola Segura”, “Comércio Seguro”, “Apoio 65 – Idosos em

Segurança”, “Apoio à Vítima” e “Apoio aos turistas”, que fazem parte de um

conjunto de atividades que visam prevenir a criminalidade, garantir a ordem, a

segurança e a tranquilidade públicas e proteger as pessoas e bens;

 Implementação de várias medidas de segurança escolar, a desenvolver no

âmbito do Grupo Coordenador da Escola Segura;

 Revisão do regime jurídico dos conselhos municipais de segurança, dotando-os

de maior eficácia e maior representação comunitária;

 Reforço das ações de formação conjunta e partilhada entre forças e serviços de

segurança (FSS).

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Execução da lei de programação de infraestruturas e equipamentos das forças e serviços de

segurança do Ministério da Administração Interna, aprovada pela Lei nº 10/2017, de 3 de

março, que estabelece a programação dos investimentos na modernização e operacionalidade

das FSS sob tutela do membro do Governo responsável pela área da Administração Interna,

para o quinquénio de 2017-2021. Desta forma, será possível, por um lado, assegurar a

modernização contínua dos meios operacionais das FSS, elevando os seus níveis de

operacionalidade, a sua capacidade de atuação e o seu desempenho e, por outro lado, garantir

o planeamento estratégico das aquisições, orientando os recursos financeiros para

investimento no funcionamento das FSS. Neste sentido, está previsto que entre 2018 e 2021

sejam adquiridos cerca de 1.900 novos veículos para as FSS, o que permitirá renovar as suas

frotas automóveis e reduzir, em simultâneo e de forma sustentada, os respetivos custos de

manutenção, o consumo de combustíveis rodoviários e os impactos ambientais associados.

Neste âmbito, releva também a criação de centros de manutenção da frota automóvel.

Reorganização das estruturas de suporte das FSS que permita libertar efetivos e recursos para

a componente operacional, designadamente através de:

 Implementação do programa específico de mobilidade que permita substituir

militares e polícias que atualmente estão afetos a funções administrativas por

pessoal civil;

 Adoção do modelo de serviços partilhados interno a cada serviço nas áreas de

gestão financeira, patrimonial e de recursos humanos, que permita eliminar

redundâncias e replicação de tarefas ao longo da estrutura hierárquica,

tornando os processos mais eficientes em termos de planeamento,

monitorização e controlo, com a inerente redução de tarefas administrativas e

de recursos humanos afetos às mesmas, através da utilização de plataformas

tecnológicas de uso partilhado.

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Racionalização e rentabilização de recursos, designadamente através de:

 Otimização da gestão do património imobiliário das FSS, visando uma

utilização mais eficiente dos edifícios que lhes estão afetos, incluindo a

revisão/cessação seletiva de contratos de arrendamento e a melhoria da gestão

de imóveis destinados a arquivo usados por serviços administrativos;

 Adoção de novos modelos de gestão e manutenção das frotas de veículos das

FS, em articulação com a ESPAP, de modo a garantir uma maior

operacionalidade das frotas e reduzir sustentadamente os respetivos custos de

manutenção;

 Agilização do processo de gestão de veículos apreendidos em processo-crime

ou contraordenacional, tendo em vista a diminuição dos custos associados e a

libertação de efetivos das FS encarregados da sua guarda;

 Transferência para os órgãos municipais da competência para autorizar a

exploração das modalidades afins de jogos de fortuna ou azar e outras formas

de jogo.

Continuação dos esforços de recrutamento e de rejuvenescimento das FSS;

Afirmação da política de fronteiras, baseada nos princípios da solidariedade e da

responsabilidade partilhada:

 Implementação das medidas previstas no Plano de Ação de Gestão Integrada de

Fronteiras;

 Modernização do controlo de fronteira através da utilização de meios

tecnológicos nos postos de fronteira de modo a melhorar a eficácia do serviço

prestado;

 Consolidação do Sistema Integrado de Vigilância, Comando e Controlo

(SIVICC) – através da sua integração e interoperabilidade com o SIVE

Espanhol e com o EUROSUR, visando assegurar a partilha de informação em

tempo real.

 Planeamento da extensão do SIVICC às regiões autónomas da Madeira e dos

Açores, de modo a garantir a cobertura de todo o território nacional.

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 Melhoria do serviço prestado ao cidadão estrangeiro residente, conferindo

celeridade nos processos de concessão e renovação de autorizações de

residência e na melhoria do atendimento ao público, nomeadamente através de

serviços online.

No âmbito da proteção e socorro:

 Reforço da capacidade de monitorização e gestão dos riscos, dos sistemas de

alerta e de aviso às populações e do envolvimento dos cidadãos para consolidar

o sistema de proteção civil, por via da implementação da Estratégia Nacional

de Proteção Civil Preventiva e da criação de comunidades resilientes a

catástrofes;

 Descentralização de competências através do reforço do patamar municipal,

promovendo a consolidação dos serviços municipais de proteção civil e

melhorando os níveis de coordenação local à escala municipal e promovendo a

criação de unidades locais de proteção civil das freguesias, enquanto estruturas

de concretização de ações essencialmente preventivas, em articulação com os

serviços e agentes locais de proteção civil;

 Aumento da capacidade e da resposta operacional através das Equipas de

Intervenção Permanente, do empenhamento do Grupo de Intervenção de

Proteção e Socorro (GIPS), da Força Especial de Bombeiros (FEB) e das

Forças Armadas.

 Valorização dos bombeiros como agentes de proteção civil, implementando

novas regras de financiamento das AHBV, bem como o cartão social do

bombeiro e os novos regimes jurídicos referentes aos estatutos e carreiras dos

bombeiros profissionais e dos bombeiros voluntários;

 Consolidação do investimento no setor, através da modernização das

infraestruturas e dos equipamentos dos bombeiros e demais agentes de

proteção civil e de sistemas de informação de apoio à decisão operacional.

No âmbito da segurança rodoviária:

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 Territorialização dos instrumentos de combate à sinistralidade rodoviária

através da elaboração de planos municipais e intermunicipais de segurança

rodoviária (tendo o PENSE 2020 como matriz orientadora), da avaliação

técnica nos lanços de estradas com maior concentração de acidentes e da

classificação de segurança da rede rodoviária nacional e municipal;

 Reforço e modernização da fiscalização rodoviária através do alargamento do

SINCRO, da implementação do plano nacional de fiscalização e da

simplificação dos processos contraordenacionais;

 Promoção do acesso e da gestão partilhada da informação rodoviária através de

ações como a partilha de informação entre serviços sobre veículos,

proprietários e condutores, da georreferenciação e simplificação do

levantamento da informação dos acidentes de viação e da desmaterialização,

otimização e introdução de novas funcionalidades;

 Desenvolvimento de estratégias de educação e sensibilização, com

envolvimento de ONG; formação cívica nas escolas, através de novos recursos

educativos sobre prevenção rodoviária;

 Implementação do plano de proteção pedonal e combate aos atropelamentos.

Dinamização da utilização das TIC, em alinhamento com o previsto na Estratégia TIC 2020,

em particular:

 Reforço da resiliência, da redundância e da cobertura do Sistema Integrado de

Redes de Emergência e Segurança de Portugal (SIRESP);

 Ampliação do projeto de Georreferenciação (SIRESP GL) e implementação do

SIRESP ST, de modo a permitir a localização exata das ocorrências;

 Reforço das comunicações de dados da Rede Nacional de Segurança Interna e

da cibersegurança no MAI;

 Desenvolvimento do GeoMAI — plataforma de informação geográfica

partilhada por todas as FSS, com elevadas potencialidades nos sistemas de

gestão e controlo operacional;

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 Atualização dos sistemas de informação policial das FSS;

 Implementação da convergência de sistemas e criação de um sistema de

informação único de acidentes de viação.

UMA JUSTIÇA AO SERVIÇO DA CIDADANIA E DO DESENVOLVIMENTO

A reforma da justiça é um dos grandes desafios que o Governo enfrenta, visando

fortalecer a confiança dos cidadãos e agentes económicos na justiça e no Estado,

melhorar o ambiente de negócios e reforçar a competitividade da economia. Para tal, a

abordagem prosseguida pelo Governo nesta matéria pretende responder aos desafios em

áreas como a administração da justiça, o os registos públicos, a prevenção e combate à

criminalidade, a proteção de vítimas, a execução de penas e reinserção social.

Prosseguindo o objetivo de tornar a justiça mais próxima dos cidadãos e um fator de

competitividade da economia e das empresas, o Governo continua a adotar e

desenvolver instrumentos de gestão orientados para a modernização, simplificação e

racionalização de meios. A complexidade nos domínios legislativo e regulamentar, a

oferta de meios de resolução alternativa de litígios e a morosidade processual em alguns

domínios são áreas onde o Governo está e continuará a intervir, para melhorar a

qualidade do serviço público de justiça.

A ação do Governo relativamente à melhoria da gestão do sistema judicial e

descongestionamento dos tribunais tem por objetivo a modernização do sistema e

qualificação dos agentes e a promoção da cooperação entre os operadores judiciários,

através do desenvolvimento de medidas já identificadas e, em alguns casos, em

execução. Para tal, continuarão em curso as medidas previstas no programa Justiça

+Próxima, bem como a simplificação e racionalização das práticas dos tribunais; será

reforçada e melhorada a oferta formativa para gestão dos tribunais e para a gestão dos

processos; consolidado um programa de Justiça Económica que contribua para a

melhoria da atividade económica das empresas e dos cidadãos, designadamente

agilizando a ação executiva e reforçando a eficiência dos juízos de comércio em

articulação com o Programa Capitalizar. Será ainda melhorado o planeamento dos

meios humanos, materiais e financeiros envolvidos na atividade judicial.

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O Governo promoverá o alargamento da oferta de justiça, designadamente através de

meios alternativos de resolução de conflitos e de ferramentas específicas para a sua

prevenção. Neste sentido, e para aumentar o número de processos resolvidos nos meios

de resolução alternativa de litígios será desenvolvida uma plataforma comum, de cariz

inovador, para a tramitação de processos e acesso aos mesmos pelas partes nos

processos que correm nos julgados de paz e nos centros de arbitragem de conflitos de

consumo. Serão ainda criadas as condições necessárias para modernizar a tramitação

dos processos instaurados nos julgados de paz.

Neste âmbito, releva a implementação e dinamização da rede nacional de arbitragem de

consumo, promovendo a resolução extrajudicial de litígios entre consumidores e

empresas, em todo o território nacional, assegurando que muitos conflitos sejam

resolvidos fora dos tribunais judiciais e de forma célere e tendencialmente gratuita.

Ainda no domínio da administração da justiça, continuarão a ser tomadas medidas para

tornar o sistema de justiça mais célere, transparente e eficaz, num esforço de melhoria

contínua e de adequação tecnológica assentes nas necessidades efetivas dos vários

intervenientes; avaliar a complexidade processual e, sempre que se justifique,

simplificar e automatizar procedimentos; prosseguir o trabalho de reforço da segurança

e resiliência dos sistemas de informação de suporte, tanto do ponto de vista de

infraestruturas tecnológicas como de segurança da informação. Neste sentido, importa

destacar medidas como a implementação do modelo Tribunal +, na dimensão

reorganização das secretarias, com a introdução de novos métodos e ferramentas de

trabalho em prol da otimização de recursos; e o reforço dos sistemas informáticos de

gestão processual CITIUS e SITAF em estreita colaboração com os seus utilizadores,

contemplando novas funcionalidades, com segurança, robustez e eficácia,

nomeadamente o desenvolvimento de interfaces mais amigáveis para magistrados e

mandatários.

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Importa ainda garantir a aproximação da justiça aos cidadãos, bem como a qualidade do

serviço público de justiça, facilitando o acesso à informação, aumentando a

transparência, a comunicação e reforço da proximidade aos utentes dos serviços de

justiça, e ainda, reforçando a qualidade dos serviços assegurados. Para tal, o Governo

continuará a executar medidas como a criação da Plataforma de Serviços Digitais da

Justiça na Internet; a introdução de mecanismos de informação ao utente,

designadamente nas citações e notificações, com indicação da duração média expectável

do processo que está em curso; e a implementação do modelo Tribunal + na dimensão

atendimento com criação de front office centralizado facilitando o acesso à informação

no Tribunal e oferecendo um ambiente mais amigável aos utentes e aos profissionais do

setor. Este projeto é plurianual, prevendo-se, em 2018, completar uma primeira vaga de

intervenção nas 23 comarcas. Será ainda promovida uma avaliação de qualidade do

sistema de acesso ao direito, com implementação de medidas que eliminem

constrangimentos e garantam mais efetividade no acesso ao direito.

Em 2018, será prosseguida a monitorização dos resultados do reajustamento ao mapa

judiciário concretizado em janeiro de 2017 e empreender-se-á a 2.ª fase de avaliação da

reforma judiciária implementada pela Lei n.º 62/2013, de 26 de agosto, na ótica da

correção de disfunções, de aproximação da justiça aos cidadãos e da valorização do

interior.

O Governo vai ainda dar execução à reforma da justiça administrativa e fiscal, cujos

estudos estão concluídos, com o intuito de descongestionar estes tribunais, num

contexto de promoção do acesso à justiça e de promoção da justiça fiscal.

A função registal é essencial para a atividade corrente de cidadãos e empresas, dando-

lhes segurança jurídica no que se reporta à identificação civil, à nacionalidade, em

matéria de registos – comercial, predial e automóvel – e também no que respeita à

propriedade industrial, nas duas vertentes de marcas e patentes. Ao conferir certeza e

assegurar a publicidade dos direitos, os Registos são, igualmente, a parte do sistema de

segurança jurídica preventiva que facilita as transações e as operações financeiras.

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Neste sentido, o Governo irá prosseguir com a reestruturação na área dos registos

através do desenvolvimento de serviços mais cómodos e mais simples, que garantam

eficazmente o exercício dos direitos dos cidadãos e empresas, contribuindo igualmente

para o desenvolvimento económico. Para aumentar o contributo para a eficácia destes

serviços, o Governo irá, nomeadamente:

 Prosseguir com o redesenho da oferta dos serviços online dos Registos,

tornando-os mais acessíveis, compreensíveis e fáceis de utilizar, integrados e

potenciados pela “Plataforma de Serviços Digitais da Justiça”;

 Implementar, faseadamente, o novo sistema de informação do registo

automóvel (SIRAUTO);

 Prosseguir com a reengenharia dos diversos sistemas de informação de suporte

aos Registos;

 Renovar a oferta de serviços online relativos à propriedade industrial,

melhorando a usabilidade dos serviços online existentes e acrescentando novos,

fomentada pela maior acessibilidade que a Plataforma de Serviços da Digitais

da Justiça oferece.

A prevenção e o combate ao crime e às ameaças externas e a proteção das vítimas de

crimes e de pessoas em risco constituem uma clara opção do Governo para a legislatura.

A criminalidade, principalmente a organizada, constitui uma ameaça grave para os

valores da democracia, o que requer a capacitação adequada do Ministério Público, da

Polícia Judiciária e dos demais órgãos de polícia criminal, de modo a garantir a

efetividade da prevenção e da reação criminal, contribuindo igualmente para a

segurança do espaço europeu.

Os novos desafios obrigam à atualização organizacional, de recursos e soluções

tecnológicas específicas, orientadas para a prevenção e combate ao crime,

designadamente o terrorismo, o cibercrime, os crimes contra a liberdade e

autodeterminação sexual e a criminalidade económico-financeira. Nesta matéria, entre

as medidas previstas, salientam-se:

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 Implementação das novas orientações de política criminal, compaginando-as com a

evolução dos fenómenos criminais, num quadro de rigoroso respeito pelo princípio

da separação de poderes;

 Continuação do reforço dos sistemas e tecnologias de informação, da gestão da

função informática, aumentando a capacidade para a investigação criminal,

designadamente na área do cibercrime e de aquisição da prova digital;

 Promoção de políticas pró-ativas de prevenção e de investigação da corrupção;

 Implementação do “Registo Central do Beneficiário Efetivo” (Gestão do IRN,

I.P.), para facilitar a identificação das pessoas singulares que detêm o controlo de

pessoas coletivas ou entidades equiparadas, tornando acessíveis os elementos de

identificação respetivos e auxiliando o cumprimento dos deveres de prevenção do

branqueamento de capitais e do financiamento do terrorismo.

No que se refere ao sistema de proteção às vítimas de crime violento e de violência

doméstica, bem como às pessoas em situação de risco, o Governo irá concretizar o

aprofundamento do quadro legal da criminalização da violência de género e doméstica e da

criminalidade sexual, em linha com os Convénios Internacionais a que Portugal se encontra

vinculado; promover a utilização dos mecanismos da vigilância eletrónica no controlo dos

agressores e na proteção das vítimas de violência doméstica; e reforçar o financiamento da

comissão competente em matéria de apoio às vítimas de crime.

O aperfeiçoamento do sistema de execução de penas e a valorização da reinserção social

são também prioridades da ação do Governo que procurará, de forma gradual, implementar

medidas que permitam qualificar o sistema prisional e investir na reinserção social. Neste

âmbito destaca-se a elaboração e o início de execução de um plano, com o horizonte de uma

década, com o objetivo de racionalizar e modernizar a rede de estabelecimentos prisionais e

ajustar a rede nacional de centros educativos; a introdução de medidas de adequação do

regime penal aplicável aos jovens delinquentes aos novos desafios da sociedade; a melhoria

das condições materiais dos estabelecimentos prisionais e centros educativos; o reforço da

resposta do sistema nacional de vigilância eletrónica; e a promoção da reinserção social dos

condenados em cumprimento de pena de prisão ou de medidas e sanções penais na

comunidade, através da implementação de programas de reabilitação.

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No que respeita à reincidência criminal, o Governo investirá na sua prevenção,

procurando dinamizar ferramentas de reinserção social, designadamente quanto aos

mais jovens. Para tal, o Governo pretende investir na formação profissional dos reclusos

e no trabalho prisional, mediante justa remuneração; aprofundar a relação das entidades

penitenciárias com as comunidades locais e o setor empresarial; e dinamizar uma bolsa

de ofertas de emprego para o período posterior ao cumprimento de pena de prisão,

reforçando os apoios sociais para a reintegração na vida ativa.

CAPACITAÇÃO E BOA GESTÃO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Os recursos humanos são o ativo mais precioso de qualquer organização e a sua

qualidade é determinante para a implementação bem-sucedida das políticas públicas.

Neste sentido, importa revalorizar os trabalhadores públicos enquanto o principal ativo

da Administração Pública e enquanto atores chave da atuação do Estado e da sua

relação com os cidadãos e empresas. As políticas prosseguidas pelo Governo em

matéria de reposição de rendimentos e de condições laborais para os funcionários

públicos permitiram iniciar o percurso de valorização e dignificação do trabalho

público.

O Governo irá, durante 2018, proceder a uma avaliação global das carências de recursos

humanos em todos as estruturas públicas, da administração direta e indireta do Estado,

no sentido de assegurar a necessária renovação etária dos trabalhadores da

Administração Pública e de capacitar e melhorar a qualidade do serviço público.

No ano de 2018 serão implementadas políticas que reforçam esse movimento,

nomeadamente através do descongelamento progressivo das carreiras da administração

pública, bem como pela consolidação da operacionalização do PREVPAP, através do

qual o Governo assume a linha da frente no combate à precariedade, começando por

assegurar a regularização da situação dos trabalhadores de serviços públicos que se

encontrem em situação irregular.

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Por outro lado, em complemento dos avanços já atingidos através da aprovação do novo

regime jurídico da formação profissional na Administração Pública, que pretende

garantir a formação profissional em áreas estratégicas que decorrem da necessidade de

capacitar a AP para a boa governação e gestão pública, importa continuar o esforço de

apetrechamento e organização funcional da AP, no sentido de reforçar e potenciar

competências específicas dos seus quadros e reduzindo o recurso à prestação de

serviços.

Serão de igual modo implementados projetos piloto de promoção da saúde ocupacional,

da adoção de regimes de trabalho que favoreçam a conciliação da vida profissional com

a vida pessoal

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7. REDUÇÃO DO ENDIVIDAMENTO DA ECONOMIA

O primeiro semestre de 2017 mostrou uma recuperação do investimento na economia

portuguesa, alavancada certamente na forte recuperação dos índices de confiança das

famílias e das empresas. No entanto, os níveis de endividamento no tecido produtivo

mantêm-se demasiado elevados e pouco diversificados, nomeadamente devido à

concentração da dívida no setor bancário. Tal situação continua, assim, a condicionar o

potencial de crescimento da economia nacional, sendo essencial prosseguir uma

estratégia de desenvolvimento que garanta a sustentabilidade da dívida, bem como a

diversificação de fontes de financiamento por parte das empresas.

As medidas presentes neste capítulo destinam-se a complementar o trabalho já

realizado, nomeadamente através do Programa Capitalizar, para agilizar o acesso das

PME ao financiamento, promover a sua capitalização e o reforço do equilíbrio das

estruturas financeiras, bem como criar condições que garantam a sobrevivência de

empresas consideradas economicamente viáveis, contribuindo para manter a atividade

económica e o emprego existente, e impulsionando movimentos de reorganização e

regeneração destas empresas.

Programa CAPITALIZAR

O Governo aprovou, em 2016, o Programa Capitalizar integrando um conjunto de 64

medidas que representam a estratégia de apoio à capitalização das empresas, à retoma

do investimento e ao relançamento da economia, com o objetivo de promover estruturas

financeiras mais equilibradas, bem como de melhorar as condições de acesso ao

financiamento das PME. As medidas de política pública repartem-se em cinco áreas

estratégicas de intervenção: alavancagem de financiamento e investimento; fiscalidade;

reestruturação empresarial; simplificação administrativa e enquadramento sistémico; e,

por último, dinamização do mercado de capitais.

A contínua execução do Programa Capitalizar, que contempla um conjunto de medidas

estruturais dirigidas à capitalização e ao financiamento das empresas portuguesas,

implicará ainda as seguintes medidas:

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 Implementação e estímulo à adoção pelas empresas dos mecanismos

concebidos e lançados no primeiro ano de vigência do programa, promovendo

uma comunicação integrada dos instrumentos disponíveis, potenciando os seus

pontos de interligação para maximizar assim o respetivo retorno para as

empresas, em particular no âmbito da restruturação empresarial e crescimento,

e criando incentivos à sua adesão para que tenham um efeito demonstrativo;

 Definição de um mecanismo de acompanhamento e reporte da

operacionalização das medidas emblemáticas que envolvam projetos em curso

impactantes no contexto do ambiente empresarial: mecanismo de alerta

precoce e auto diagnóstico (Early Warning) com informação económico-

financeira dirigida aos titulares dos órgãos de administração das empresas;

balcão único para gestão integrada dos créditos públicos (envolvendo AT e

Segurança Social); portal para disponibilização de informação relativa a

soluções de financiamento/capitalização e ativação de redes existentes para

divulgação de oportunidades de negócio e de empresas nacionais;

 Acompanhamento da implementação dos novos mecanismos de recuperação de

empresas, em particular daqueles que têm um cariz extrajudicial, de forma a

monitorizar a adesão da realidade ao novo quadro legislativo e a identificar

bloqueios e canais de melhoria, garantindo a simplificação do processo de

recuperação empresarial e a ação precoce para salvaguarda do valor inerente às

empresas e aos postos de trabalho;

 Criar condições para o reforço dos capitais próprios das empresas através de

medidas de política pública, nomeadamente no que se refere ao tratamento do

financiamento através de capitais próprios e de dívida;

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 Operacionalização de um conjunto de instrumentos financeiros para integrar

um fundo de reestruturação empresarial: através da conjugação de soluções de

financiamento de maturidades mais longas, soluções de partilha de risco,

soluções de melhoria do perfil de risco das empresas, soluções de

desenvolvimento estratégico, soluções para pequenos negócios, avaliação das

necessidades de extensão do âmbito das empresas abrangidas por estes

instrumentos e respostas às necessidades adicionais de financiamento em fresh

money direcionado à reestruturação e ao relançamento de empresas viáveis e

com potencial de expansão;

 Dinamização do Fundo de CoInvestimento 200M: com o objetivo de fomentar

a constituição ou capitalização de empresas, prioritariamente nas fases iniciais

do desenvolvimento;

 Reorganização das entidades financeiras na esfera do Ministério da Economia

que operam no domínio da facilitação do acesso das empresas a crédito e

capital para otimização dos instrumentos disponíveis no sentido de colmatar

falhas de mercado e para melhoria da eficiência destas entidades, resultante de

economias de escala e do trabalho em rede, necessariamente mais coerente.

Financiamento da Economia

O setor financeiro português, como o europeu, foi severamente afetado pela crise

financeira de 2008 e subsequente crise das dívidas soberanas. O Programa de

Assistência Económica e Financeira (PAEF), presente em Portugal entre 2011 e 2014,

não foi eficaz na implementação em tempo útil de uma solução para o aumento

significativo do crédito mal-parado que se verificou devido à acentuada recessão

económica. Como consequência, verificou-se a necessidade de aplicar medidas de

resolução a atores significativos do sistema financeiro pouco tempo depois do fim

oficial do PAEF.

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Um sistema financeiro bem capitalizado é essencial para lidar com o problema do

crédito mal-parado. Desde a tomada de posse do XXI Governo, a estabilização do

sistema financeiro foi uma prioridade, dado ser condição essencial para a recuperação

da confiança e para o crescimento económico. A estabilização das instituições

financeiras, que detêm nos seus balanços uma larga maioria da totalidade do crédito

mal-parado, é essencial para a recuperação das condições do financiamento da

economia a níveis adequados.

Neste contexto, registam-se os desenvolvimentos que estão a ser efetuados pelos

principais Bancos portugueses no desenvolvimento de uma plataforma de coordenação

de NPLs (non performing loans), plataforma que tem por objetivo a cooperação dos

Bancos na reestruturação de empresas em dificuldade, mas consideradas viáveis.

No âmbito legal, judicial e fiscal, é importante facilitar a reestruturação de empresas de

uma forma célere e atempada, prevenindo a sobrevida de empresas que não sejam

económica e financeiramente viáveis e acelerando os procedimentos de insolvência.

Entre as medidas previstas, entre outras, estão a criação de mecanismos de early-

warning relativos à situação financeira das empresas e a facilitação de procedimentos

arbitrais de reestruturação.

Em termos de supervisão prudencial, está prevista a melhoria da informação sobre o

crédito mal-parado, nomeadamente em termos de granularidade, e também a criação de

planos de ação para as instituições que exibam rácios de crédito mal-parado acima da

média europeia.

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8. REFORÇO DA IGUALDADE E DA COESÃO SOCIAL

Considerando que uma economia competitiva, saudável e sustentável no longo prazo só

o conseguirá sendo capaz de contribuir, em simultâneo, para a melhoria da qualidade de

vida dos cidadãos e para o reforço da coesão e igualdade social, o atual Governo vem

privilegiando uma estratégia baseada em opções que, de forma integrada atuam no

sentido de reforçar a coesão social e combater as desigualdades nas suas múltiplas

dimensões.

O facto de os anos mais recentes se terem caracterizado por um período de opções

políticas fortemente penalizadoras das famílias e dos seus rendimentos, bem como dos

indivíduos em situações de maior vulnerabilidade, agravando ainda mais os níveis de

desigualdade social, historicamente elevados no nosso país, levaram a que se tornasse

prioritário um conjunto coordenado de medidas, capazes de inverter o ciclo induzido

por anteriores políticas e de atuar no sentido de aumentar o emprego, repor rendimentos,

proporcionar maior justiça e equidade fiscal e defender e fortalecer o Estado Social. Na

prossecução deste objetivo, o Governo continua, em 2018, o trabalho em torno de três

grandes prioridades definidas em 2016:

 A redução das desigualdades através do combate à pobreza e à exclusão social,

privilegiando os grupos mais vulneráveis, nomeadamente os idosos, as pessoas

com deficiência e, em especial, as crianças e jovens, tendo em conta não só a

elevada incidência da pobreza infantil, mas igualmente a vulnerabilidade

acrescida dos agregados familiares com crianças;

 A redução das desigualdades através de medidas propiciadoras da elevação do

rendimento disponível das famílias e de uma maior justiça e equidade fiscais;

 A redução das desigualdades através da promoção do acesso de todos os

cidadãos a bens e serviços públicos de primeira necessidade, articulando as

atuações na área da saúde, educação e demais serviços e reforçando esta

vertente no combate ao empobrecimento e na garantia da dignidade humana.

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8.1. Combate à pobreza e desigualdades

A prevalência de alguns fatores geradores de fenómenos de pobreza e exclusão social

em Portugal vem exigindo uma intervenção multifacetada e estruturada ao longo do

tempo, que abranja áreas tão diversas como a educação - alargando a sua abrangência e

reforçando a sua importância na diminuição das desigualdades nos rendimentos

primários e na quebra da transmissão intergeracional da pobreza - um mercado de

trabalho mais justo e inclusivo, capaz de responder às situações mais difíceis de

integração, uma repartição de rendimentos mais equilibrada por via de transferências

sociais, uma melhor distribuição da carga fiscal ou um sistema de proteção social

abrangente, capaz de responder e ajustar-se às necessidades e mutações da realidade

social.

O ano de 2016 foi, por isso, marcado pelo combate às situações de pobreza e

desigualdade, desde logo iniciado com o reforço das prestações sociais direcionadas

para situações de pobreza extrema, famílias com crianças, idosos e trabalhadores com

baixos rendimentos e com a elevação do rendimento disponível das famílias. Destaca-se

a atualização dos montantes do Abono de Família e do aumento da sua majoração para

as famílias monoparentais; o início da convergência gradual dos montantes do Abono

atribuídos a crianças com idade entre os 12 e os 36 meses com o montante que é

atribuído no primeiro ano de vida, e também o início da reposição do 4.º escalão de

rendimentos até aos 36 meses; nas pensões, a reposição do mecanismo de atualização

anual automática e o alargamento da abrangência, até duas vezes o Indexante de Apoios

Sociais (IAS), do primeiro escalão daquele mecanismo; no mesmo processo, o

levantamento da suspensão da atualização do IAS, em vigor desde 2009, que teve como

impacto direto a atualização de diversas prestações sociais (subsídio de desemprego,

subsídio social de desemprego, subsídio de doença, subsídio por morte, etc.); no

Rendimento Social de Inserção (RSI), a reposição da escala de equivalência em vigor

até 2012 e a reposição faseada do valor de referência, anterior à redução operada em

2013; ainda no RSI, a desburocratização do processo de renovação anual, que passa a

ser efetuado mediante avaliação rigorosa da manutenção das condições de atribuição e

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de uma verificação oficiosa dos rendimentos; o aumento dos valores de referência do

Complemento Solidário para Idosos (CSI); o apoio pecuniário de caráter extraordinário

a desempregados de longa duração; a garantia da não aplicação da redução de 10% do

valor do subsídio de desemprego passados seis meses, abaixo dos limiares mínimos; o

aumento significativo dos valores da bonificação por deficiência e o aumento do

montante mensal do subsídio por assistência de 3.ª pessoa, prestações que não eram

atualizadas desde 2009.

Em 2018, a abordagem continuará a ser a de articulação de diversas medidas setoriais

complementares apostando em medidas de proximidade, com foco no combate à

Pobreza das Crianças e Jovens, dirigidas em particular à primeira infância que, de forma

integrada, continuam a recuperar a centralidade do Abono de Família como apoio

público de referência às famílias e que prevê, nomeadamente:

 A continuidade da convergência dos montantes auferidos pelas crianças com

idade entre 12 e 36 meses com aqueles atribuídos até aos 12 meses, bem como

a continuidade na reposição progressiva do montante atribuído no 4.º escalão

de rendimentos;

 A conclusão no prazo da legislatura de medidas complementares no âmbito da

educação e da saúde, e um acompanhamento das crianças beneficiárias de

abono de família, sinalizando situações de precariedade e possibilitando

respostas integradas do sistema de proteção social, em casos de acionamento.

Continuar-se-á, também, o reforço das políticas de mínimos sociais com impacte nas

famílias, designadamente através:

 Da continuação da reposição do valor de referência do RSI;

 Da estabilização do aumento anual do valor de referência do CSI em linha com

a evolução dos preços (já levado à prática), medida em harmonia com a

atualização de pensões.

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Promover a inclusão das pessoas com deficiência

A inclusão das pessoas com deficiência ou incapacidade constitui, igualmente, uma

prioridade central do Governo, considerando-se que estes cidadãos se encontram entre

os grupos populacionais mais excluídos em qualquer sociedade.

Nesse sentido, o Governo criou a nova Prestação Social para a Inclusão, cuja

implementação na totalidade será efetivada até 2019, e que simplifica o quadro de

benefícios existente e visa proteger as pessoas com deficiência, melhorando a proteção

social nesta vertente e promovendo o combate à pobreza, ao mesmo tempo que se

constitui como um incentivo à participação laboral e à autonomização. Foi também

criado em 2017 um modelo de apoio à vida independente das pessoas com deficiência.

De base comunitária e com recurso à figura da “assistência pessoal” para auxílio na

execução das suas atividades da vida diária e participação social, conta com o apoio de

Centros de Apoio à Vida Independente (CAVI) para possibilitar maior autonomia e

mais cidadania a pessoas com deficiência ou incapacidade, prevendo-se o lançamento

de um conjunto de projetos-piloto para o período 2017-2020. Foi ainda reforçada a rede

integrada de atendimento especializado - Balcões da Inclusão, nos quais é

disponibilizada informação detalhada nos vários domínios de interesse da área da

deficiência, prevendo-se, para 2018, o reforço da abrangência territorial em cooperação

com os municípios aderentes.

O Governo continuará, em 2018, a intensificar um conjunto de políticas transversais que

procuram promover, a curto prazo, uma efetiva igualdade de oportunidades e garantir o

exercício pleno de direitos nas áreas da mobilidade, da aprendizagem ao longo da vida,

do combate à violência e discriminação e o acesso à saúde:

 Definindo uma estratégia de emprego e trabalho para todos, envolvendo os

diferentes atores, que aposte em ações de formação profissional no sistema

regular de formação, no aumento da oferta de estágios profissionais em

empresas e organizações do setor público e solidário e na implementação de

quotas específicas para o emprego de pessoas com deficiência ou incapacidade;

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 Apostando numa escola inclusiva de 2.ª geração, que deverá intervir no âmbito

da educação especial e da organização dos apoios educativos às crianças e aos

jovens que deles necessitem, reforçando a aplicação que Portugal faz do

espírito e da letra da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com

Deficiência, das Nações Unidas;

 Promovendo o reforço das acessibilidades ao edificado público, atribuindo uma

nova centralidade à ação do Instituto Nacional para a Reabilitação, I.P. na

promoção, sensibilização e fiscalização no domínio da adaptação de

instalações, edifícios, estabelecimentos, equipamentos públicos e de utilização

pública e via pública, com as normas técnicas de acessibilidade;

 Desenvolvendo, em articulação com os municípios, um programa “Territórios

Inclusivos”, que assegure as acessibilidades físicas e comunicacionais.

Garantir a sustentabilidade da segurança social

A atual situação económica do país, com a recuperação e aceleração do crescimento

económico, a melhoria sustentada do mercado de trabalho e do rendimento disponível

das famílias - o desemprego diminuiu para valores inferiores aos do início da crise -

levando ao consequente crescimento significativo da receita de contribuições, e o

conjunto de medidas adotadas pelo atual governo, aliado a um plano de combate à

evasão contributiva e prestacional, tem vindo a traduzir-se numa melhoria global e

sustentada do equilíbrio financeiro do Sistema de Segurança Social. A garantia desta

sustentabilidade e a retoma de confiança no sistema são, por isso, vetores essenciais no

reforço e garantia de uma maior solidariedade intergeracional e coesão social.

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A reforma da Segurança Social acordada entre Governo e parceiros sociais em 2007 e

levada à prática desde então, tem contribuído para reforçar estruturalmente o Sistema de

Segurança Social e para garantir a sua sustentabilidade social, económica e financeira.

Em 2017 foi autorizada a consignação da receita do “Adicional ao IMI - Imposto

Municipal sobre Imóveis”, deduzido dos encargos de cobrança, constituindo-se como

uma nova fonte de financiamento do sistema, que reforçará o Fundo de Estabilidade

Financeira da Segurança Social (FEFSS). Para além disso, têm vindo a ser

desenvolvidas pelo Governo várias iniciativas no plano da sustentabilidade e

estabilidade do sistema, designadamente: a reposição do mecanismo de atualização de

pensões e garantia de não alteração das regras de cálculo das prestações já atribuídas a

título definitivo; a definição do fator de sustentabilidade para 2017 em cumprimento da

legislação em vigor e que veio estabelecer a idade normal de reforma para 2018; a

reavaliação de todo o regime das pensões antecipadas por flexibilização, com discussão

em sede de concertação social, tendo-se avançado em 2017 com o regime de proteção

das muito longas carreiras contributivas através da eliminação das penalizações; a

convergência do regime da Caixa Geral de Aposentações (CGA) com o regime geral de

Segurança Social (RGSS) - para reforço desta convergência foram estabelecidas as

condições de acesso e o cálculo das pensões do pessoal militar e militarizado e do

pessoal com funções policiais.

Deste modo, e no âmbito da equidade e eficácia redistributiva do sistema de Segurança

Social, propõe-se ainda o Governo a:

 Desenvolver um novo modelo de proteção social dos trabalhadores

independentes;

 Continuar o processo de reavaliação do regime de antecipação por

flexibilização.

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No sentido da promoção de uma gestão sustentável e transparente da Segurança Social

mediante a avaliação rigorosa da evolução do sistema – o Governo prosseguirá nos seus

objetivos de simplificar, aproximar e facilitar o acesso dos cidadãos à informação, bem

como reforçar a solidariedade inter e intragerações, no pressuposto da garantia de

estabilidade e previsibilidade nas regras e garantia de sustentabilidade. Continuam a

destacar-se a avaliação do sistema de Segurança Social nos últimos anos, bem como os

novos desafios decorrentes das transformações demográficas e do mercado de trabalho,

o acompanhamento e monitorização das políticas sociais e a construção de um Sistema

de Estatísticas da Segurança Social que permita a divulgação atempada dos dados

relevantes.

No âmbito das medidas de combate à fraude e à evasão contributiva e prestacional,

destaca-se a nova declaração de remunerações, a publicação da lista de devedores à

Segurança Social (suspensa desde agosto de 2013), a flexibilização do pagamento de

dívidas à Segurança Social, através de acordos prestacionais, e a aposta no Serviço de

Verificação de Incapacidades, através, designadamente, de convocatórias

extraordinárias, reforço de atos médicos contratados e alteração dos critérios da bolsa de

convocáveis.

No sentido de continuar a combater a fraude e a evasão contributivas e prestacionais

através da desburocratização de procedimentos, melhoria das metodologias de atuação e

utilização crescente de novas tecnologias, com vista a diminuir o stock da dívida e a

aumentar os recursos financeiros da Segurança Social, o Governo pretende:

 Introduzir permanentes melhorias ao processo de declaração de remunerações à

Segurança Social, prosseguindo com medidas complementares às

implementadas desde 2016, designadamente através da implementação de um

processo de declaração de remunerações oficiosas;

 Repor a relevância das ações de fiscalização e dos respetivos resultados, de

forma a direcionar as ações de fiscalização para zonas e grupos mais

suscetíveis de gerar situações de incumprimento.

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 Flexibilizar e reforçar os mecanismos de cobrança da dívida, por via do

aperfeiçoamento do processo de participação de dívida, da agilização dos

procedimentos para pagamento e celebração de planos de pagamento, com

particular enfoque na viabilização das empresas, e aperfeiçoar e tornar mais

eficaz o processo de recuperação de pagamentos indevidos e reduzir o volume

de prestações sociais atribuídas indevidamente.

Finalmente, de forma a proporcionar melhor acesso à informação, aumentar a

transparência e a comunicação, bem como a reforçar a qualidade dos serviços prestados,

ir-se-á desenvolver novas funcionalidades que permitam a consulta da carreira

contributiva e o histórico de prestações auferidas, a previsão do valor da pensão a

receber através de um simulador, e a submissão online de requerimentos, assim como a

exploração do potencial dos dispositivos móveis enquanto canais emergentes de

comunicação, garantindo-se a possibilidade de uma interação permanente entre

contribuintes e beneficiários e a Segurança Social. Em paralelo às novas

funcionalidades, pretende-se disponibilizar, ainda em 2017, um serviço de atendimento

telefónico com efetiva capacidade de resposta às necessidades do cidadão.

8.2. Elevação do rendimento disponível das famílias

A recuperação do rendimento disponível das famílias, considerada vertente essencial no

combate à pobreza e desigualdades por reduzir grandemente o risco de exclusão social,

continua a fazer-se através da implementação coordenada de um conjunto de medidas.

O Governo tem atuado ao nível da reposição e melhoramento contínuo dos apoios que

garantem os mínimos sociais aos cidadãos mais vulneráveis (Rendimento Social de

Inserção e Complemento Solidário para Idosos, criação da Prestação Social para a

Inclusão); da reposição das regras de atualização das pensões e, em 2017, de uma

atualização extraordinária das mesmas; do aumento da Retribuição Mínima Mensal

Garantida (RMMG) e de medidas que reponham e melhorem outras prestações sociais,

designadamente através do descongelamento do Indexante de Apoios Sociais,

acompanhadas de uma maior justiça fiscal e de maior igualdade salarial de género, em

prol da construção de uma sociedade mais digna e solidária.

II SÉRIE-A — NÚMERO 41____________________________________________________________________________________________________

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Foi levado a cabo o aumento da RMMG para 557€ em 2017, tendo o Governo e a

maioria dos parceiros sociais subscrito um Compromisso, em sede de Comissão

Permanente de Concertação Social, no sentido de desenvolver esforços para tornar

exequível a progressiva evolução do valor da RMMG até 2019; em 2016, foi reposto o

mecanismo de atualização das pensões, com respetivo aumento em 2017, tendo-se

procedido a atualizações extraordinárias das pensões mais baixas; foi efetivada a

redução dos anteriores cortes salariais na Administração Pública (menos 30% de corte

em 2016 e fim previsto dos cortes em 2017) e o aumento do subsídio de refeição

(congelado desde 2009); até final de 2017, será completada a extinção da sobretaxa que

incide, designadamente, sobre rendimentos do trabalho, tendo sido já efetuada a

substituição do regime do quociente familiar por uma dedução fixa por dependente (e

ascendente), com um concomitante aumento da dedução por dependente e ascendente

deficiente - o novo regime, mantendo a consideração no imposto da dimensão do

agregado familiar, alargou essa consideração às famílias de menores rendimentos;

finalmente, levou-se a cabo a redução do limite máximo da taxa de IMI a aplicar pelas

autarquias de 0,5% para 0,45% e a reintrodução da cláusula de salvaguarda no IMI, bem

como da proteção da casa de morada de família, evitando vendas resultantes de

processos de execução fiscal.

Ainda no quadro de elevação do rendimento disponível das famílias, e da promoção da

dignidade social e do mercado de trabalho, propõe-se ainda o Governo continuar a

dinamizar a contratação coletiva, com a promoção de uma política de rendimentos numa

perspetiva de trabalho digno e, em particular, garantindo a revalorização da RMMG,

tendo em consideração o acompanhamento trimestral do impacto do seu aumento, que

tem vindo a ser desenvolvido no quadro da Comissão Permanente de Concertação

Social, e a continuar a recuperação salarial dos trabalhadores do Estado e o

descongelamento de carreiras.

15 DE DEZEMBRO DE 2017____________________________________________________________________________________________________

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No sentido de continuar a promover a redução das desigualdades através da elevação do

rendimento disponível das famílias e, para além das medidas já elencadas no que se

refere às prestações sociais e sistema de pensões, o Governo continuará a assegurar o

reforço da progressividade fiscal e uma política de redução da carga fiscal,

designadamente através da revisão dos escalões do IRS.

Reforço da justiça e equidade fiscal e da justa repartição do esforço tributário

Ao longo da presente legislatura a opção do Governo tem sido a de procurar assegurar

estabilidade fiscal, garantindo a previsibilidade das regras fiscais e a redução dos custos

de adaptação decorrentes de alterações legislativas nesta área, sem prejuízo da correção

de situações e da tomada de medidas que se afiguram necessárias para a simplificação

administrativa ou para o reforço da justiça fiscal.

No âmbito do reforço da justiça e equidade fiscais, e extinta a sobretaxa, no quadro do

Programa do Governo, assume-se a prioridade de aumentar a progressividade do IRS e

de alívio da carga fiscal para os agregados com menores rendimentos.

O Governo continuará a tomar medidas tendentes à redução das oportunidades de

planeamento fiscal agressivo, assim como prosseguirá a aposta no combate à fraude e

evasão fiscais, designadamente pela dinamização dos mecanismos de troca de

informações financeiras entre jurisdições.

No âmbito da simplificação administrativa, e num quadro de otimização da estabilidade

legislativa, continuaremos a desenvolver procedimentos de redução dos custos de

contexto das empresas e de cumprimentos das obrigações fiscais e declarativas dos

demais agentes económicos. O cumprimento dos deveres perante a administração não

deve gerar encargos adicionais que resultem da mera execução daqueles deveres. Nesta

legislatura foram já dados passos importantes neste sentido, e que reforçam o objetivo

de excelência que procuramos para a Administração Pública, aumentando a eficiência

da sua ação. O Governo continuará, assim, comprometido, também na área fiscal, com

as medidas inscritas no Programa Simplex+.

II SÉRIE-A — NÚMERO 41____________________________________________________________________________________________________

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Promoção da igualdade e da não discriminação

No domínio da Coesão Social, a promoção da igualdade entre mulheres e homens e da

não discriminação é também encarada como um imperativo ético, jurídico e

constitucional na defesa e na garantia dos direitos fundamentais.

Entre medidas já efetivadas, destaca-se a lei que institui a representação equilibrada

entre mulheres e homens nos órgãos de administração e de fiscalização das empresas do

setor público empresarial e das empresas cotadas em bolsa, para vigorar a partir de

2018. Para efetivar o princípio constitucional «salário igual para trabalho igual e de

igual valor», o Governo vai apresentar um conjunto de medidas promotoras da

igualdade entre mulheres e homens no âmbito da «Agenda para a igualdade no mercado

de trabalho e nas empresas», promovendo, designadamente, a adoção de mecanismos

que pugnem pela eliminação das disparidades salariais, a implementar de modo

progressivo entre 2018 e 2019.

Neste contexto, o Governo prosseguirá também uma política de garantia da igualdade

entre mulheres e homens, através da promoção de ações específicas e integrando, em

todas as políticas, a dimensão de género, considerando-se que a discriminação das

mulheres é multifacetada e agrava outras formas de discriminação. Deste modo, o

Governo promoverá o desenvolvimento das seguintes ações:

 Prossecução do debate com os parceiros sociais, de modo a alcançar um

compromisso para introduzir nos instrumentos de contratação coletiva

disposições relativas à conciliação da vida privada e familiar com a atividade

profissional, à prevenção das desigualdades de género e ao assédio no local de

trabalho;

 Implementação da Estratégia Nacional para a Igualdade de Género, assente

num conjunto de planos de ação correspondentes a áreas como a violência de

género, a igualdade e não discriminação, as práticas nefastas, LGBTI, entre

outras, enquanto instrumentos de execução das políticas públicas na área da

cidadania e da igualdade de género.

No âmbito da política de acolhimento e integração de migrantes:

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 Desenvolvimento de uma política migratória moderna e transversal, de atração

e fixação de migrantes, que proporcione uma resposta integrada e mais

adequada às dinâmicas migratórias contemporâneas e às necessidades atuais de

integração das pessoas migrantes;

 Melhoria do sistema de acolhimento e integração de refugiados em Portugal ao

nível da reinstalação, recolocação e pedidos espontâneos de proteção

internacional, incluindo os menores estrangeiros não acompanhados, tendo em

vista a sua plena integração na sociedade portuguesa.

Continuará também a ser implementada a Estratégia Nacional de Educação para a

Cidadania nas escolas do ensino público, já em curso no ano letivo 2017-2018, com o

objetivo de promover um conjunto de competências e conhecimentos em áreas como a

sustentabilidade, a identidade, a participação democrática, a segurança, a literacia

mediática ou a educação financeira.

8.3. Promoção do acesso a bens e serviços públicos de primeira necessidade

A promoção do acesso de todos os cidadãos a bens e serviços públicos de primeira

necessidade, articulando as atuações na área da saúde, educação e demais serviços e

reforçando esta vertente no combate ao empobrecimento e à garantia da dignidade

humana, é mais um fator de redução das desigualdades através da política pública e

forma de construção de uma sociedade mais igualitária, justa e solidária.

SAÚDE

O Governo vem implementando desde o início da legislatura, um conjunto de medidas

que visam a promoção de uma efetiva redução das desigualdades e uma maior equidade

no acesso à saúde com reforço da qualidade e eficiência dos cuidados.

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Foi efetivada a redução global das taxas moderadoras nas urgências e nas consultas de

medicina geral e familiar, de enfermagem e no domicílio. Foi também reposto o direito

ao transporte de doentes não urgentes de acordo com as suas condições clínicas e

económicas, realizado um alargamento da Rede Nacional de Cuidados Continuados

Integrados (mais 684 camas nas diversas tipologias e 20 lugares para prestação de

cuidados integrados pediátricos), com reforço particular da componente de saúde mental

(unidades-piloto com mais 360 camas/lugares), e foi relançada a reforma dos Cuidados

de Saúde Primários através da expansão e melhoria da capacidade da Rede, com a

criação de 30 novas Unidades de Saúde Familiar e com particular atenção para a

ampliação da cobertura das áreas de saúde oral em centros de saúde (13 novas equipas e

implementação de um sistema informático) e visual (rastreio de ambliopia em crianças e

DMI em diabéticos, em 4 ACES na ARS Norte, abrangendo 17 centros de saúde); e

com a contratação de mais 300 médicos de família, abrangendo cerca de 500 mil

pessoas; com a contratação de cerca de mais 4.000 novos profissionais de saúde. Foi

também criada a Comissão Nacional dos Cuidados Paliativos e as respetivas

coordenações regionais, e reforçado o esforço na criação de equipas de cuidados

paliativos na comunidade. Foi finalmente efetivado o aumento da quota de

medicamentos genéricos (para 47,3%), com redução de custos para o utente.

No âmbito da promoção do acesso e da livre circulação de utentes no SNS foi criado o

SIGA – Sistema Integrado de Gestão do Acesso, que permite uma monitorização e

escolha por parte dos utentes do hospital da preferência para tratamento e o lançamento

do Portal do SNS está a contribuir também para o ajustamento da procura para os

serviços com menor pressão, nomeadamente através da divulgação em tempo real dos

tempos de espera em cada serviço de urgência hospitalar.

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A ação do Governo já permitiu melhorar as condições de acesso e provisão de serviços

médicos, expressa pelo maior aumento de sempre do número de médicos de família e

especialistas, no total de 1400; pela contração de mais de 2 mil enfermeiros; pelo

aumento das consultas médicas, quer em cuidados primários (mais 612 mil em 2016

face a 2015), quer em ambiente hospitalar (mais 50 mil em 2016 face a 2015); e o

reforço do número de intervenções cirúrgicas em hospitais do SNS (mais 12 mil em

2016 face a 2015).

Em 2018, será dada continuidade às políticas que vêm sendo desenvolvidas no sentido

da redução das desigualdades entre cidadãos no acesso à saúde, visando responder

melhor e de forma adequada às necessidades dos cidadãos, valorizando a perspetiva da

proximidade e continuando a ampliar a capacidade de resposta interna do SNS,

reforçando a articulação entre os diferentes níveis de cuidados.

Continuar-se-á:

A expansão e melhoria da integração da Rede Nacional de Cuidados Continuados e de

outros serviços de apoio às pessoas em situação de dependência, visando:

 Desenvolver uma estratégia integrada de intervenção na área da dependência,

em particular ao nível do apoio domiciliário;

 Continuar a reforçar os cuidados continuados prestados no domicílio e em

ambulatório (experiência piloto a ter início em 2017/2018);

 Continuar a reforçar a rede nacional com um aumento em 600 vagas em

cuidados continuados integrados em todas as suas tipologias;

 Reconhecer e apoiar os cuidadores informais que apoiam as pessoas

dependentes nos seus domicílios;

 Continuar a reforçar a componente de saúde mental;

 Alargar e robustecer a Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados

Pediátricos;

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 Continuar a expansão dos cuidados paliativos hospitalares, através da

dinamização de equipas intra-hospitalares e da criação de equipas

comunitárias, bem como da abertura de novas camas.

A expansão e melhoria da capacidade da rede de cuidados de saúde primários:

 Dotar este nível de cuidados com um novo tipo de respostas (meios auxiliares

de diagnóstico e de terapêutica);

 Continuar a reforçar a capacidade dos cuidados de saúde primários (através do

apoio complementar em áreas como a saúde mental, psicologia, oftalmologia,

obstetrícia, pediatria e medicina física e de reabilitação);

 Implementar programas de prevenção e medidas estratégicas para a gestão

integrada da doença crónica (hipertensão, insuficiência renal crónica, diabetes,

doença cardiovascular e doença oncológica);

 Ampliar e melhorar a cobertura do SNS nas áreas da saúde oral e da saúde

visual;

 Prosseguir o objetivo de garantir que todos os portugueses têm um médico de

família atribuído;

 Criar novas Unidades de Saúde Familiar;

 Desenvolver os trabalhos do grupo de trabalho interministerial para a promoção

do envelhecimento ativo e saudável, reduzindo a carga da doença e o recurso

ao SNS.

O Governo prosseguirá, em 2018, os trabalhos tendentes ao reforço das redes

hospitalares metropolitanas e regionais, no sentido de melhorar e garantir

atempadamente a adequação dos serviços a prestar às populações, de acordo com a sua

distribuição pelo território e com as suas necessidades específicas.

A inclusão de pessoas com deficiência ou incapacidade será promovida através da

resolução dos constrangimentos ao nível do acesso e adequação do apoio terapêutico.

Nas situações de comportamentos aditivos, doenças infeciosas e doenças do foro da

saúde mental serão proporcionados os cuidados de saúde necessários.

A Promoção da Saúde Através de uma Nova Ambição para a Saúde Pública.

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A Saúde Pública será valorizada enquanto área de intervenção, para a boa gestão dos

sistemas de alerta e de resposta atempada dos serviços, o diagnóstico de situações

problemáticas e a elaboração, com a comunidade, de planos estratégicos de ação.

Continuam em destaque as seguintes medidas:

 Implementar o Programa Nacional de Educação para a Saúde, Literacia e

Autocuidados;

 Implementar os Planos Locais de Saúde em cumprimento do Plano Nacional de

Saúde (PNS);

 Reforçar a vigilância epidemiológica, da promoção da saúde, da prevenção

primária e da prevenção secundária;

 Revitalizar o Programa de Controlo das Doenças Transmissíveis;

 Promover medidas de prevenção do tabagismo, de alimentação saudável, de

promoção da atividade física e de prevenção do consumo de álcool e demais

produtos geradores de dependência;

 Implementar integralmente o novo Programa Nacional de Vacinação.

Em 2018 dar-se-á também continuidade às políticas e programas de melhoria da

qualidade dos cuidados de saúde, nomeadamente a aposta na promoção da saúde e na

prevenção da doença e dos estilos de vida saudáveis e de envelhecimento ativo, em

colaboração com os municípios.

Sustentabilidade do setor da saúde

Em 2018 serão prosseguidas as políticas de consolidação orçamental, no setor da saúde,

tendo em vista a melhoria da sustentabilidade económica e financeira do Serviço

Nacional de Saúde (SNS). Estas medidas têm como objetivo fazer conciliar a melhoria

da equidade no acesso a cuidados de saúde de qualidade com o indispensável equilíbrio

orçamental visando a sustentabilidade a médio prazo. Do conjunto de medidas em

desenvolvimento merecem destaque as seguintes:

 Aprofundamento dos regimes de contratualização entre a ACSS e as entidades

prestadoras de cuidados de saúde, introduzindo um maior nível de exigência e

de responsabilização associado ao desempenho;

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 Introdução de mecanismos de monitorização e controlo com o objetivo de

melhorar os níveis de eficiência global do sistema tendo em vista a eliminação

de diferenciais de produtividade entre as unidades do SNS;

 Criação de unidades autónomas de gestão (Centros de Responsabilidade

Integrada) de alto desempenho;

 Reforço dos mecanismos de transparência e de auditoria;

 Implementação de medidas de política do medicamento e dos dispositivos

médicos de base estratégica tendo em vista o estabelecimento de acordos

plurianuais para o acesso à inovação terapêutica disruptiva, reforço das quotas

de mercado de medicamentos genéricos e de biossimilares;

 Desmaterialização integral dos procedimentos com influência no ciclo da

despesa (receita sem papel, meios complementares de diagnóstico e

terapêutica, transporte de doentes não urgentes, setor convencionado, entre

outros);

 Gestão partilhada de recursos entre unidades que integram o SNS através de

mecanismos de afiliação tendo em vista a internalização progressiva da

atividade e os consequentes ganhos de eficiência através de uma maior

rentabilização da capacidade instalada;

 Centralização na ACSS e na SPMS dos processos de negociação, aquisição de

bens e serviços e gestão integrada de contratos com entidades externas ao SNS;

 Redução progressiva dos fornecimentos de serviços externos nomeadamente no

que se refere a recursos humanos;

 Revisão sistemática de acordos, subcontratos e convenções tendo em vista a

reapreciação da sua utilidade e das condições de mercado;

 Criação no Orçamento do Estado de uma reserva para a regularização de

passivos não financeiros da Administração Central. Esta reserva tem permitido

reduzir as dívidas do SNS a fornecedores.

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EDUCAÇÃO

A área da Educação, do pré-escolar ao ensino superior, é outra das áreas onde se

considera essencial uma intervenção no sentido da redução das desigualdades,

nomeadamente pelo efeito potencial que tem na interrupção dos ciclos de pobreza e na

sua transmissão intergeracional.

Foram abertas 100 novas salas para ensino pré-escolar em cooperação com o setor

social e solidário, dando início à sua universalização efetiva a partir dos 3 anos;

estabeleceu-se a gratuidade dos manuais escolares no 1.º ciclo do ensino básico,

começando por introduzir essa gratuitidade no primeiro ano daquele nível de ensino,

abrangendo 370.000 alunos e contribuindo assim para a redução dos encargos das

famílias; foi igualmente reforçada a ação social escolar para que todos possam cumprir

os 12 anos de escolaridade obrigatória com menor esforço financeiro; foi iniciado o

Programa Nacional de Promoção do Sucesso Escolar e implementado o Programa de

Tutorias, para cerca de 25.000 alunos e um acréscimo de 10.000 horas semanais, para

melhoria integrada das aprendizagens dos alunos em situações repetidas de insucesso.

Importa ainda referir o esforço de investimento na renovação do parque escolar em todo

o território nacional, com mais de 254 estabelecimentos escolares a serem objeto de

intervenção, representando um investimento superior a 280 milhões de euros

cofinanciado pelos fundos europeus.

No sentido de dar continuidade a este desígnio, o Governo continuará a desenvolver e

consolidar:

 A extensão da gratuitidade dos manuais escolares a todo o 1.º ciclo do ensino

básico, bem como a expansão gradual aos restantes ciclos de ensino, e a sua

progressiva desmaterialização (bem como de outros recursos educativos) no

sentido do desenvolvimento de conteúdos digitais;

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 O reforço contínuo da Ação Social Escolar procedendo-se à criação do 3.º

escalão de Ação Social Escolar para combater as desigualdades e o insucesso

escolar, e que continuará a passar pela articulação da atividade das equipas

educativas das escolas, não só na sua vertente escolar, mas também nas de

apoio, orientação e mediação educativa e social, com toda a capacitação e

oferta existente ao nível local e nacional.

 O alargamento da oferta pública de pré-escolar, com a criação de 70 novas

salas, com especial incidência nos municípios mais carenciados em cooperação

com o setor social e solidário e as autarquias locais;

 A continuação da implementação do Programa Nacional de Promoção do

Sucesso Escolar junto dos alunos para melhoria integrada das suas

aprendizagens e o alargamento faseado do programa Escola a Tempo Inteiro;

 Reforço dos mecanismos de inclusão de alunos com necessidades educativas

especiais, com a adoção das novas orientações nesta matéria, que

complementam as medidas orientadas para o aumento da presença dos alunos

nas atividades de turma e o reforço da formação de técnicos e docentes neste

domínio.

No que se refere ao Ensino Superior Público, o número de candidatos ultrapassou os

52.500 (2017/18), tendo atingido o maior valor desde 2009, com mais de 2.500

candidatos face a 2016/17. Os jovens com vinte anos a frequentar o ensino superior

ultrapassam, finalmente, 40% da população nessa idade. E, simultaneamente, o número

de bolseiros da ação social no ensino superior atingiu o mais alto valor desde 2010 (com

71.941 bolsas atribuídas em 2016/17, representando 20% do total dos estudantes) com

um aumento de mais de 3,7% face a 2015.

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Estas melhorias resultam em grande parte do conjunto de medidas implementadas no

sentido de dar continuidade ao alargamento e contínua democratização do Ensino

Superior num contexto de maior inclusão social. Foi reforçado o apoio social a

estudantes carenciados, designadamente através do aumento das dotações totais

destinadas ao Fundo de Ação Social, da desburocratização progressiva do processo de

atribuição de bolsas de estudo com procedimentos simplificados e automáticos de

renovação (medida SIMPLEX+) e do complemento do apoio social direto com o

reforço de mecanismos de apoio a estudantes. Foi ainda efetivada a dedução das

refeições escolares em sede de IRS. Adicionalmente, foi redefinido o programa +

Superior, reforçando os objetivos de estímulo à coesão territorial através do apoio ao

ensino superior em regiões do interior e privilegiando os estudantes economicamente

carenciados, complementando os mecanismos de ação social direta com majorações

para estudantes oriundos de cursos profissionais e para públicos adultos.

A ação do Governo continuará a ser orientada nomeadamente para:

 Reforçar o apoio social a estudantes carenciados, designadamente através do

aumento das dotações totais destinadas à ação social escolar direta, e melhoria

de tempos de resposta através do novo processo desburocratizado de atribuição

de bolsas de estudo;

 Aprofundar o programa + Superior, reforçando os objetivos de estimulo à

coesão territorial através do reforço do apoio ao acesso ao ensino superior em

regiões de baixa densidade populacional;

 Implementar o programa Inclusão para o Conhecimento, programa de inclusão

social dirigido a minorias e aos cidadãos com necessidades especiais nas

instituições científicas e de ensino superior;

 Garantir a gratuitidade da frequência do ensino superior aos estudantes com

deficiência igual a 60%, através da atribuição de bolsas de estudo

correspondentes a valor da propina efetivamente paga.

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TRANSPORTES

O acesso de todos a mais e melhores serviços de transporte destaca-se como outra das

vertentes essenciais no sentido de recuperar o serviço público de transporte e devolver a

mobilidade aos cidadãos, aumentando a sua qualidade de vida.

Em 2017, foram implementadas diversas medidas de promoção do acesso aos

transportes públicos, por via da redução tarifária destinada a públicos-alvo prioritários.

Foi implementado o desconto para terceira idade e reformados na cidade de Lisboa

(resultando num valor final de 14,50€) e instituída a gratuitidade para crianças até aos

12 anos no Metropolitano de Lisboa e Carris. A título geral, foi ainda instituído um

benefício fiscal para um montante correspondente a 100% do IVA suportado por

qualquer membro do agregado familiar com a aquisição de passes mensais para

utilização de transportes públicos coletivos de passageiros. Foi ainda removida a

aplicação da condição de recursos no passe sub23@superior.tp, passando a ser de

acesso universal a todos os estudantes com idade até 23 anos o desconto de 25% sobre o

preço dos passes mensais em vigor, sem prejuízo dos descontos já previstos no âmbito

da Ação Social Direta do Ensino Superior.

Em 2018, com a aplicação do novo modelo de organização e gestão dos transportes nas

áreas metropolitanas, será dada continuidade ao planeamento e estruturação da

expansão das redes de metropolitano de Lisboa e do Porto, incentivada a integração

modal em termos de bilhética, reforçado o apoio do Estado aos tarifários sociais nos

transportes públicos e promovidos os serviços de transporte flexível e a pedido, sempre

que tal seja adequado, nomeadamente em regiões de baixa densidade e horários de baixa

procura.

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Será desenvolvido um programa de investimento em material circulante melhorando as

condições do transporte ferroviário de passageiros, quer a nível urbano e regional,

dando continuidade à política de investimento em frota, contratação e formação de

novos motoristas, disponibilização de novos serviços e modernização tecnológica

proporcionando melhor serviço ao cidadão. Será desenvolvido o sistema

desmaterializado ANDANTE, cofinanciado pelo Fundo Ambiental, e realizados

upgrades nas infraestruturas de bilhética, com vista à desmaterialização e promoção de

soluções de pagamento pós-pago, na cidade de Lisboa.

Em cumprimento do Programa do Governo, está em análise a criação de um vale social

“Cartão de Mobilidade”, cuja utilização é limitada às entidades aderentes na área do

transporte público e modos partilhados. Com este cartão um trabalhador tem acesso a

meios alternativos ao seu carro próprio ou de serviço para assegurar a cadeia de

mobilidade da família. Ao contrário de medidas passadas, este cartão reconhece a opção

de escolha e a flexibilidade com um fator chave de sucesso, permitindo a opção de

cadeias de mobilidade combinadas não dependentes de um único modo, o acesso a

modos partilhados de uso coletivo ou individual.

ÁGUA E ENERGIA

O acesso a bens essenciais, onde se incluem também os bens energéticos, deve ser

facilitado, e ter em especial consideração os agregados familiares economicamente

vulneráveis. Assim, a 1 de julho de 2016, entrou em vigor o novo regime de atribuição

da tarifa social de fornecimento de energia elétrica e de gás natural. Este novo regime

permitiu que o número de agregados familiares com acesso à tarifa social de

eletricidade e à tarifa social de gás natural aumentasse de cerca de 80 mil para mais de

800 mil famílias.

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Importa agora continuar a reforçar os mecanismos que garantam o bom funcionamento

do sistema e a correta aplicação da tarifa social, e simultaneamente, proteger e informar

os consumidores. Essas funções, serão asseguradas pelo Observatório para a Energia, e

pelo Centro de Informação da Energia, com a missão de avaliar as políticas públicas,

recolher informações sobre o setor da energia, promover a literacia energética, entre

outras, e ainda pelo operador logístico de mudança de comercializador “Poupa Energia”

que visa comparar as diferentes ofertas dos comercializadores de eletricidade e gás

natural e, deste modo, garantir uma escolha mais informada a todos os consumidores.

De igual forma, foi adiado o prazo para a extinção das tarifas transitórias para

fornecimento de eletricidade, para 31 de dezembro de 2020 e criada a possibilidade de

os consumidores em regime de preço livre poderem optar por regressar a um regime

equiparado ao das tarifas transitórias para fornecimento de eletricidade aos clientes

finais de baixa tensão normal, reforçando-se assim, os direitos dos consumidores.

Por outro lado, foi criado o Fundo Ambiental para, entre outros, contribuir para a

sustentabilidade dos serviços de águas, apoiando os sistemas de molde a que estes

possam aplicar tarifas que não comprometam a acessibilidade social a serviços públicos

essenciais. Em 2017, foi igualmente consagrada autorização ao Governo para criar um

regime que vise a atribuição de tarifas sociais para a prestação dos serviços de águas, a

atribuir pelo município territorialmente competente, e a aplicar aos clientes finais. A

adesão dos municípios ao regime de tarifa social é voluntária, sendo competência da

câmara municipal a instrução e decisão relativa à atribuição da mesma, bem como o

respetivo financiamento.

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CULTURA

A cultura é transversal a todas as áreas da vida e da sociedade e elemento estruturante e

motor de desenvolvimento do indivíduo, da sociedade e do território, sendo igualmente

elemento diferenciador da afirmação de Portugal no mundo e um veículo importante

para o seu reconhecimento no espaço internacional. É por isso essencial promover o seu

valor estruturante e o papel da criação, da experiência estética e do conhecimento na

vida e na qualificação dos cidadãos, mas igualmente o seu valor económico e social

enquanto fator de desenvolvimento individual e coletivo/social bem como, de promoção

da coesão territorial e social.

Neste sentido, o acesso e a fruição de bens culturais constitui um poderoso instrumento

de emancipação social. Dispondo Portugal de um vasto património cultural e de uma

densa rede de museus e espaços culturais, foi reposto o acesso gratuito a estes locais aos

domingos e feriados, e no sentido de garantir equidade territorial na acessibilidade aos

bens e serviços culturais, tem vindo a ser apoiada a criação e funcionamento das

orquestras regionais, com o objetivo de promover o acesso e divulgação musical e

desenvolvido um programa de promoção da inclusão social e emprego através de

práticas culturais (Cultura para Todos).

Foram também desenvolvidos esforços para assegurar a disponibilização de mais

conteúdos culturais, quer na Agência LUSA, quer na televisão pública através da

substituição dos tempos reservados à publicidade por espaços de promoção e divulgação

cultural, tanto na emissão da RTP3 como na RTP Memória, emitidas através da rede de

televisão digital terrestre.

Em 2018, o Governo continuará o seu trabalho olhando a cultura e a arte como fatores

de inclusão social e de criação de emprego, investindo na criação de projetos de

incentivo à inovação e coesão social, através:

 Da criação de um plano integrado de agregação do acesso dos cidadãos a todas

as expressões artísticas, o Plano Nacional das Artes que funcionará em

integração com o Plano Nacional de Leitura e o Plano Nacional de Cinema;

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 Do desenvolvimento de projetos em parceria para territórios específicos

visando a coesão territorial;

 Do desenvolvimento de um programa de promoção do ensino artístico.

E continuará a investir na promoção da informação, do conhecimento e do acesso à

Cultura, nomeadamente:

 Lançando e consolidando plataformas que agreguem a informação cultural do

país e a disponibilizem a todos os públicos;

 Facilitando o acesso à cultura, através da digitalização e disponibilização para

fruição pública de bens, obras, acervos e arquivos culturais;

 Desenvolvendo estratégias de facilitação à acessibilidade dos cidadãos aos

organismos e iniciativas culturais.

A DIVISÃO DE REDAÇÃO E APOIO AUDIOVISUAL.

15 DE DEZEMBRO DE 2017____________________________________________________________________________________________________

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