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16 DE MAIO DE 2018

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2 – Declínio da indústria tauromáquica

Por mais que se pretenda negar o estado debilitado da tauromaquia, os dados a respeito desta revelam

uma atividade em acentuado e reiterado declínio. Senão vejamos. De acordo com os dados da Inspeção-Geral

das Atividades Culturais (doravante IGAC), em 2017:

- Realizaram-se 181 espetáculos tauromáquicos em Portugal, dos quais 154 em praças fixas e 27 em

praças ambulantes.

- Atuaram 34 cavaleiros, dos quais 6 participaram em 20 ou mais espetáculos, sendo que 15 atuaram

menos de 10 vezes. Dos 5 matadores de touros atuantes, 1 somou 11 participações, outro 7, outro 3 e os

restantes 1 atuação cada.

- Atuaram 63 bandarilheiros, dos quais 14 contaram com mais de 30 atuações, 15 entre 20 e 30

atuações, 13 entre 10 e 17 atuações, e os restantes 23 tiveram entre 1 e 9 prestações.

- Foram contratados no total 16 emboladores para o total de espetáculos ocorridos. Seis deles fizeram

152 espetáculos, i.e., 80% do total, sendo que 5 deles foram contratados apenas uma ou duas vezes.

Os números demonstram que o eventual desemprego motivado pela abolição da tauromaquia tem um

carácter absolutamente residual (há em média três trabalhadores por ganadaria), não tendo a maioria

rendimentos exclusivos desta atividade.

Comparando os dados fornecidos pelo Sindicato Nacional de Toureiros Portugueses relativamente à época

de 2013 e aos de 2017 (pela mesma entidade que se constituiu como Associação Nacional de Toureiros),

verificou-se um decréscimo significativo no número de contratos anuais destes profissionais. Assim, o

cavaleiro Luís Rouxinol baixou de 49 atuações em 2013 para 39 em 2017; Marcos Bastinhas de 41 para 29;

Rui Salvador de 41 para 24; Sónia Matias de 41 para 15; Joaquim Bastinhas de 40 para 0; João Caetano de

33 para 15; Filipe Gonçalves de 29 para 19; Ana Batista de 27 para 19; António Brito Paes de 26 para 12; João

Moura de 24 para 16, etc. Neste período, o número de emboladores contratados diminuiu de 22 para 164 5.

Em 2014 encontravam-se licenciadas 121 ganadarias, mas apenas 71 venderam algum animal para lide

em praça do próprio país. Dos 610 animais lidados, 390 – ou seja 56,2% – foram vendidos por 21 ganadarias.

Avaliando a estatísticas oficiais sobre as corridas de touros verifica-se também um declínio acentuado,

senão vejamos:

Recuando ao ano de 2010, último ano em que o Instituto Nacional de Estatística (doravante INE)

contabilizou os bilhetes vendidos e oferecidos para touradas, este Instituto contabilizou nesse ano 311 900

espectadores nos espetáculos tauromáquicos6, tendo ocorrido 301 espetáculos. Sucede que estes dados não

coincidem com os constantes no relatório da Atividade Tauromáquica da IGAC7. Segundo esta mesma

entidade, em 2010 foram contabilizados 681 140 espectadores.

Importa referir que o cálculo de número de espectadores pela IGAC é feito não com base em vendas de

bilhetes (como acontecia com o INE), como em todos os outros espetáculos, mas baseando-se em avaliações

altamente subjetivas por parte dos Diretores de Corrida, os quais têm por base dois únicos critérios: praça

cheia ou meia praça, o que claramente não corresponde à realidade de inúmeros espetáculos que ocorrem em

praças praticamente vazias. Assim, o número de espectadores será tendencialmente inferior ao indicado pela

IGAC.

Ao longo da temporada 2017, a plataforma Basta realizou uma estimativa própria com base nas

observações efetuadas no terreno e nos dados disponibilizados publicamente, nomeadamente informação

publicada na imprensa tauromáquica, e chegou à conclusão que o número de espectadores das touradas é

claramente inferior a 200 000 (que corresponde a uma média de 1100 espectadores por tourada).

Ainda assim, através da consulta daquele relatório, pode-se verificar um declínio acentuado tanto por parte

do número de espetáculos, que em 2017 reduziu para 181 como também do número de espectadores, tendo-

se contabilizado naquele ano 377 952 espectadores.

Uma coisa é certa, tendo em conta os dados da IGAC ou outros, o facto é que, nos últimos 10 anos, as

4 http://www.toureio.pt/Estatistica%202013.pdf 5 http://farpasblogue.blogspot.pt/2017/12/associacao-nacional-de-toureiros-as.html 6 http://basta.pt/estatisticas-publico-nas-touradas-nao-sao-crediveis/ 7https://www.igac.gov.pt/documents/20178/308118/Relat%C3%B3rio+Tauromaquia+2017_17_01_2018/c1b9296f-4579-47ac-838e-a22d88736613