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3 DE MAIO DE 2019

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Em segundo lugar, sublinhamos o caso da cidadã sueca Greta Thunberg, nomeada para o Prémio Nobel

da Paz, que com apenas 15 anos foi notícia em todo o mundo por fazer greve às aulas (presença obrigatória)

em nome do clima, com o escopo de sensibilizar os políticos suecos a envidar esforços no sentido de

desenvolver medidas urgentes que mitiguem os efeitos das alterações climáticas.

O discurso é elucidativo no que concerne à maturidade desta jovem – «nós, as crianças, normalmente não

fazemos aquilo que vocês nos mandam fazer. Fazemos o que vocês fazem. E uma vez que os adultos não

ligam para o meu futuro, eu também não ligarei. O meu nome é Greta e estou numa greve às aulas até às

eleições gerais suecas».

O protesto durou vários dias e surgiu na sequência do atípico último verão – o mais quente na Suécia

desde que há registo (há 262 anos), com as temperaturas a chegar aos 38 graus e mais de 60 incêndios

florestais que devastaram este País.

Num texto partilhado nas redes sociais, Greta recorda a primeira vez que ouviu falar do aquecimento

climático, como «a crise mais grave da história da humanidade», não tendo atribuído grande atenção ao relato

uma vez que pensou que «não podia haver algo tão sério a ameaçar a nossa própria existência», face ao

desinteresse pronunciado dos políticos suecos relativamente a esta problemática.

Greta põe em causa a informação veiculada pelo Governo sueco que assevera ser um «exemplo» no que

tange à emissão de CO2, acrescentando que «a Suécia não é um exemplo. O povo sueco emite anualmente

11 toneladas de CO2 per capita. Estamos em 8.º lugar do mundo, segundo a WWF. Somos nós que

precisamos de ajuda.»

Esta cidadã sueca, agora com 16 anos, recentemente liderou uma manifestação pelo clima com a presença

de milhares jovens.

Tem incentivado milhões de jovens, a nível global, a mobilizarem-se na luta face à letargia dos Governos

face a esta problemática, sendo que nos últimos meses centenas de milhares de estudantes de 112 países

como a Alemanha, Bélgica, Suíça, Estados Unidos e Japão acorreram a esta batalha. Por exemplo, na

Alemanha, mais de 30 mil jovens provenientes de 50 cidades saíram à rua munidos de cartazes que resumiam

a sua luta na seguinte frase «para quê aprender se não há um futuro?»

Sublinhamos que também em Portugal, esta iniciativa foi acolhida em várias cidades com milhares de

estudantes em protesto, numa clara demonstração de total consciência e sensibilidade face à importância do

combate às alterações climáticas.

De resto, a manifestação de dezenas de milhares de estudantes portugueses no âmbito deste protesto

global em defesa do clima foi profusamente difundida pelos meios de comunicação social5. Reitera-se que

estamos perante uma tremenda demonstração de maturidade e politização dos jovens portugueses.

O último exemplo reporta-se presença massiva de milhares de estudantes nos protestos anti-NATO e pela

paz em 2010, em pleno último dia da cimeira da NATO, que decorreu no Parque das Nações, o que atesta o

tremendo interesse por questões políticas internacionais pelos jovens portugueses que demonstraram não

apenas estar munidos da respetiva informação como também a vontade de assumirem uma participação ativa

nestas questões relacionadas com conflitos bélicos no Afeganistão e em outros pontos do globo.

6. Posicionamentos de especialistas

O pediatra Mário Cordeiro defende num artigo de opinião6 que a ideia de estender o direito de voto aos 16

anos representa um «debate que já tem uma longa história – se não no nosso país, pelo menos nos países

nórdicos e, muito particularmente, nos forae de pediatria e de saúde infantil e juvenil.»

Relembrando o número 1 do Expresso, em 1973, em que figurava na primeira página a discussão sobre a

idade mínima para exercer o direito de voto legalmente fixada nos 21 anos nessa época, questiona «será

correto que quase um terço da população portuguesa não tenha direito a voto, ou seja, não possa interferir na

escolha dos vários governantes que, afinal, tomarão decisões que são determinantes para o seu presente e

para o seu futuro? Será este preceito constitucional verdadeiramente democrático?»

5 A título de exemplo, passível de verificação em https://www.jn.pt/nacional/interior/milhares-de-estudantes-portugueses-na-rua-em-defesa-do-clima-10683558.html 6 Datado de 3 de Janeiro de 2013, disponível em https://www.publico.pt/2013/01/03/sociedade/opiniao/deverao-as-criancas-e-os-adolescentes-ter-direito-a-voto-1579321