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4 DE DEZEMBRO DE 2020

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desarticulando equipas com grande experiência acumulada, desaproveitando a capacidade instalada

(nomeadamente do moderno bloco operatório central que passou a ser utilizado quase exclusivamente para

cirurgia ambulatória, mais leve e menos exigente), fechando as urgências à noite e aos fins-de-semana.

Os exemplos de perda são muitos, como sucede com o serviço de cirurgia cardiotorácica dos HUC – mais

prestigiado pela assistência prestada na patologia cardíaca do que na área torácica – que não aproveitou a

enorme experiência em cirurgia toracoscópica vídeo-assistida acumulada no Hospital dos Covões (a maior a

nível nacional) para colmatar o défice que tinha nesse campo. Preferiu-se anulá-la e ficar sem a capacidade

técnica a que o estado da arte há muitos anos exige em patologias pulmonares não raras, até há pouco

eficazmente prestada a toda a região centro pelo Hospital dos Covões. Também o serviço de hemodinâmica,

mais diferenciado em algumas técnicas que o dos HUC, deixou de as poder assegurar por se ter desmembrado

a sua equipa, com o abandono definitivo do seu diretor.

O encerramento das urgências, apesar de não ter sido total, fruto da luta de utentes e profissionais, foi apenas

o início de um grave processo de descaracterização do Hospital do Covões. A recente tentativa de

desvalorização das urgências insere-se nesse plano de descaracterização e tem de ser travada. Muitas outras

valências foram amputadas no âmbito da fusão: estomatologia, nefrologia, urologia, transplantação renal,

gastroenterologia, medicina física e reabilitação e psiquiatria. O que está em causa é o Hospital dos Covões em

si mesmo e não apenas este ou aquele serviço ou valência. Um hospital sem urgências é um hospital fragilizado.

Na última quinzena de julho de 2019 ocorreram diversas transferências de pacientes puérperas da

Maternidade Daniel de Matos para os cuidados intensivos do hospital geral (Hospital dos Covões), ao contrário

da habitual orientação para o polo HUC. Estas transferências terão ocorrido durante o período em que a

medicina intensiva do polo HUC teve a sua capacidade de resposta reduzida por se encontrar em manutenção.

Importa ainda salientar que a equipa de cuidados intensivos do Hospital dos Covões não foi reforçada durante

estes dias pela equipa de enfermagem da medicina intensiva do polo HUC.

Esta situação traz à discussão alguns aspetos fundamentais:

– As maternidades atualmente em funcionamento não conseguem garantir a prestação de cuidados

intensivos a pacientes com diferentes quadros clínicos de risco, pelo que é necessária uma melhor articulação

com um hospital geral;

– É urgente dotar as atuais maternidades de equipamento moderno e de recursos humanos que reforcem as

equipas de forma a melhorar o serviço até que se conclua a construção da nova maternidade;

– Mais uma vez, e tal como tem feito ao longos dos últimos anos, o Hospital dos Covões provou ter

capacidade de prestar cuidados diferenciados a situações de risco como as já referidas;

– Nesta situação, como noutras, o Hospital dos Covões permitiu descongestionar serviços do polo HUC e

garantir uma melhor assistência às populações.

Em abril de 2019, o serviço de pneumologia foi formalmente extinto, deixando de ter direção própria e

passando para a alçada da pneumologia dos HUC. Em julho de 2019, foi confirmada «a diminuição de lotação

do internamento de pneumologia no hospital geral (Covões)», resultando na concentração de camas de

internamento nos já sobrelotados HUC. Tal como já sucedeu no passado e ainda sucede, a razão invocada foi

a necessidade de dispor de «apoios multidisciplinares e diferenciados para doentes mais complexos» – que

existiam no Hospital dos Covões até terem sido fragmentado ou mesmo eliminados pela administração do

CHUC. A esta perda importante acresce o plano de concentrar a urgência de pneumologia num único serviço

polivalente nos HUC, de que resulta a perda desta importante valência no serviço de urgência do Hospital dos

Covões.

Em 2020, o Hospital dos Covões foi designado hospital de referência para a COVID-19, com todas as

valências (urgência, medicina interna, pneumologia, reanimação, cardiologia, tac, rmn, nefrologia, hemodiálise,

laboratório) para o tratamento dessa doença, complexa e longe de ser apenas uma simples infeção respiratória.

Este hospital é fundamental para Coimbra e para a região centro e, com o surto epidémico as enfermarias

desativadas e camas fechadas foram reativadas e mostraram-se fundamentais.

Com o encerramento do serviço de cardiologia, em maio de 2020, deu-se mais um passo num longo processo

de esvaziamento e a desvalorização das diversas valências médicas e cirúrgicas do Hospital dos Covões –

levadas a cabo pela administração do CHUC.

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