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18 DE FEVEREIRO DE 2021

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aquelas que dependem de um negócio próprio para sobreviver.

Os pedidos de ajuda alimentar têm disparado substancialmente e a procura por uma refeição quente já

supera a oferta nas áreas metropolitanas de Lisboa e do Porto. Há locais de apoio que têm filas de espera

porque não têm mãos a medir com o aumento preocupante do número de famílias que carecem de uma

alimentação digna.

Este é o retrato escondido do país que, dizia o Governo, havia conseguido um «milagre». Este é o estado

em que muitas famílias se encontram atualmente: desempregadas, com os seus negócios encerrados devido

ao confinamento, sem dinheiro para pagar as contas que se acumulam ao final do mês. Enfim, sem uma luz ao

fundo do túnel.

Os números mais recentes mostram que o contágio pelo novo coronavírus está a abrandar. Pedimos às

famílias que se fechassem em casa para conseguir salvar vidas, porque o Sistema Nacional de Saúde não

estava preparado para assegurar o merecido tratamento a todos os contribuintes.

Mas não podemos continuar a pedir às pessoas que fiquem confinadas, porque isso significa estarmos a

pedir-lhes que adiem a sua vida, que percam as suas poupanças de uma vida, que vivam na miséria.

De entre os vários setores mais afetados por este novo confinamento encontramos o da beleza e cuidados

pessoais. Várias associações ligadas a este setor já avisaram o ministro da Economia de que se continuarem

encerrados até ao final de março, tal significará o encerramento de mais de 50% destes estabelecimentos.

É preciso não esquecer que cabeleireiros e barbeiros são, maioritariamente, negócios de famílias que, em

muitos casos, têm nestes pequenos negócios o seu único sustento.

É, por isso, chegada a hora de começar a levantar restrições nestes setores, caso contrário não haverá

forma de recuperar as perdas económicas e psicológicas que advirão da falência de muitas empresas.

De referir ainda que em outros países, como a França e a Bélgica, já é possível encontrar cabeleireiros e

barbeiros abertos desde o último sábado e na Alemanha, por exemplo, o mesmo será possível a partir do dia 1

de março.

Face ao exposto, por que razão o Governo português não tem ainda um plano para uma reabertura

controlada deste setor? As famílias precisam de trabalhar para pagar as suas contas ao final do mês, pois ao

contrário do que a esquerda parlamentar acredita, a larga maioria dos portugueses prefere trabalhar a viver

dos subsídios do Estado.

Esta reabertura deve ser feita em moldes que garantam o cumprimento das regras sanitárias e de higiene

definidas pela Direção-Geral de Saúde, como sendo a garantia de distanciamento entre o profissional e o

cliente e entre os próprios clientes; a garantia de que os clientes só se poderão deslocar aos locais com

marcação prévia, sendo proibido o atendimento a quem não tenha marcação; a obrigatoriedade de janelas e

portas abertas para garantir a renovação do ar; a proibição de os clientes esperarem a sua vez no interior do

cabeleireiro e/ou barbeiro; e a obrigatoriedade do uso de máscara e de higienização das mãos à entrada do

estabelecimento.

Assim, ao abrigo das disposições constitucionais e regimentais aplicáveis, a Assembleia da República,

reunida em sessão plenária, recomenda ao Governo que:

– Promova a reabertura de cabeleireiros e barbeiros, nos quais se incluem os profissionais de manicure e

outros que nestes espaços laborem nesta área de atividade, já a partir do próximo dia 22 de fevereiro;

– Elabore um conjunto de medidas que devem ser cumpridas na efetivação desta reabertura, como as

acima indicadas.

Palácio de São Bento, 15 de fevereiro de 2021.

O Deputado do CH, André Ventura.

A DIVISÃO DE REDAÇÃO.