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7 DE MARÇO DE 2015

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Fernando Alvim, que assumia gostar ‘(…) de acompanhar e harmonizar, de tirar tons’, grava, em 1969, o

intemporal tema Pedra Filosofal, ao lado de Manuel Freire, ano em que também é convidado por Amália

Rodrigues para gravar o tema Formiga bossa nossa, de Alexandre O'Neil e Alain Oulman.

Mas, de todos os seus trabalhos, é a cumplicidade com Carlos Paredes o que mais se destaca. Nunca

reivindicando para si qualquer protagonismo, Fernando Alvim era dos poucos músicos com o talento e a

versatilidade necessários para conseguir acompanhar a criatividade e energia do genial guitarrista. Fazia-o com

paixão e descrição, e embora tivesse um papel fundamental no envolvimento criativo da música de Paredes,

sempre considerou ser necessário ‘(...) um certo recato, acompanhar sem grandes malabarismos’.

A sua paixão pelo fado, que dizia ter começado ao 14 anos, depois de ouvir a Amália a cantar, nunca o

abandonou, tendo mais recentemente colaborado com Carlos do Carmo, Ana Moura, Camané, Pedro Joia ou

Ricardo Pereira.

O jazz e a bossa nova são outras das suas paixões, o que lhe permitiu colaborar com músicos e artistas tão

diversos como Adriano Correia de Oliveira, Caetano Veloso, Charlie Hayden, Chico Buarque, José Carlos Ary

dos Santos, Vinícius de Moraes, José Afonso, Rão Kyao, Teresa Salgueiro, entre muitos outros.

Homem discreto e delicado, queria ser recordado ‘(...) como um simples acompanhador de fados e

guitarradas», mas foi um virtuoso que, durante mais de cinco décadas, graças ao seu talento e à sua

generosidade, permitiu «que outros brilhassem’.

A 7 de junho de 2005, foi agraciado com a Medalha de Mérito Cultural, atribuída pela Câmara Municipal de

Cascais, e, em 2012, com a Medalha de Honra da Sociedade Portuguesa de Autores, como forma de

reconhecimento pelo trabalho de décadas ao serviço da dignificação da música portuguesa que muito lhe deve.

A Assembleia da República, reunida em sessão plenária, presta a devida homenagem a Fernando Alvim e

envia sentidas condolências à sua família, aos seus amigos e companheiros na música e no canto.

Assembleia da República, 6 de março de 2015.

Os Deputados, Ferro Rodrigues (PS)— Idália Salvador Serrão (PS) — Jorge Lacão (PS) — Agostinho Santa

(PS) — Hortense Martins (PS) — Ivo Oliveira (PS) — Alberto Martins (PS) — Maria de Belém Roseira (PS) —

Ramos Preto (PS) — Luís Montenegro (PSD) — Amadeu Soares Albergaria (PSD) — Hugo Lopes Soares (PSD)

— Maria Paula Cardoso (PSD) — Nuno Magalhães (CDS-PP) — Hélder Amaral (CDS-PP) — Ana Sofia

Bettencourt (PSD) — Duarte Marques (PSD) — Filipe Neto Brandão (PS) — Pedro Filipe Soares (BE) — Nilza

de Sena (PSD) — Heloísa Apolónia (Os Verdes) — Pedro Delgado Alves (PS) — Emília Santos (PSD) — Miguel

Tiago (PCP).

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VOTO N.º 257/XII (4.ª)

DE PESAR PELO FALECIMENTO DO EX-DEPUTADO AMADEU FERREIRA

Foi com pesar e profunda consternação que a Assembleia da República tomou conhecimento do falecimento,

no passado dia 1 de março, de Amadeu Ferreira, um dos principais responsáveis pela promoção do mirandês.

Nascido em Sendim, Miranda do Douro, em julho de 1950, Amadeu Ferreira era o Presidente da Associaçon

de la Lhéngua i Cultura Mirandesa.

Depois de exercer as funções de jurista, foi diretor, membro do Conselho Diretivo e Vice-Presidente da

Comissão de Mercado de Valores Mobiliários, tendo, nas palavras do seu Presidente Carlos Tavares, dado ‘(…)

o contributo essencial para a tornar na instituição respeitada que é’ durante os 23 que aí trabalhou.

Autor e tradutor de uma vastíssima obra em português e em mirandês, também com os pseudónimos

Francisco Niebro, Marcus Miranda e Fonso Roixo, Amadeu Ferreira deixa um imenso legado, que inclui a

tradução para o mirandês de Os Quatro Evangelhos, de Os Lusíadas, da Mensagem ou de obras de Horácio,

Vergílio e Catulo, entre outros.

Seus são também La bouba de la Tenerie, Cuntas de Tiu Jouquin, Lhéngua Mirandesa — Manifesto an

Forma de Hino e Ditos Dezideiros/Provérbios Mirandeses.