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sector privado, sempre que a resposta no SNS de centros de especialidade for insuficiente.

Atualmente, quando um hospital público não consegue agendar a cirurgia dentro do prazo legal, é emitido

um vale-cirurgia para que a paciente possa recorrer a outra unidade de saúde. Contudo, temos observado que

os locais para onde são emitidos estes vales não dispõem de profissionais com diferenciação no tratamento

cirúrgico da doença, nem de equipas multidisciplinares. É de extrema importância assegurar junto da Unidade

Central de Gestão de Inscritos para Cirurgia (UCGIC) a escolha de hospitais de destino para emissão de vale-

cirurgia, estes devem dispor de um centro de especialidade, com equipas multidisciplinares habilitadas para o

tratamento da endometriose.

Considerada pelas diversas guidelines internacionais como o método gold standard no tratamento cirúrgico

da endometriose, a laparoscopia permite uma melhor visualização da doença e da anatomia, resultando numa

cirurgia mais minuciosa, com menor risco de aderências pélvicas, menor dor no pós-operatório e um menor

tempo de recuperação. Os principais objetivos da cirurgia passam pela excisão completa da doença e pela

restauração da anatomia normal da paciente, almejando um controlo dos quadros de dor e a preservação e/ou

recuperação da fertilidade da paciente. O plano cirúrgico ideal deverá ser radical relativamente à doença, mas

conservador ao nível da fertilidade e do natural funcionamento dos restantes órgãos. Um facto que não pode

ser descurado é a experiência do cirurgião, e de toda a equipa, quando falamos de cirurgia de endometriose,

daí a importância nuclear do local de realização da cirurgia. Importa ainda referir que a realização de cirurgias

múltiplas, resultantes de um tratamento menos adequado por parte de profissionais não diferenciados, implica

não apenas maiores custos para o erário público, mas uma significativa redução da qualidade de vida da

mulher, com impacto direto e indireto para a sua saúde e vida pessoal, mas também profissional.

d) Implementação de um programa para sensibilização e informação sobre endometriose/adenomiose na

comunidade.

A MulherEndo tem feito um trabalho de excelência no âmbito da sensibilização da comunidade de forma

geral. Contudo, dispomos de recursos humanos e financeiros bastante limitados, sendo urgente criar um plano

nacional mais estruturado para dar continuidade ao trabalho que temos desenvolvido nos últimos oito anos. A

formalização de planos nacionais de combate e sensibilização da endometriose tem, de resto, sido levada a

cabo recentemente por vários países, dos quais se destacam a Austrália e a França.

e) Criação de bolsas de financiamento para investigação.

Apesar desta patologia ser estudada há mais de 100 anos, ainda não existe um consenso sobre a sua

origem nem sobre a forma como se dissemina de formas tão díspares nas pacientes. Para se encontrarem

formas de tratamento mais eficazes, é necessário mais investimento na investigação e formação pós-graduada

neste âmbito.

f) Implementação dos pontos 1, 2 e 7 presentes na Resolução da Assembleia da República n.º 74/2020 –

Publicação: Diário da República n.º 159/2020, Série I de 2020– 08-17.

Sendo uma doença que afeta mais de 10% das mulheres em idade reprodutiva e que tem um grande

impacto nas doentes, em diversas áreas da sua vida, solicitamos à Assembleia da República que, após a

aprovação dos pontos acima, seja criada uma comissão de trabalho da qual faça parte a MulherEndo –

Associação Portuguesa de Apoio a Mulheres com Endometriose, como representante das pacientes.

Falamos de uma doença que afeta uma percentagem considerável de mulheres em idade reprodutiva, ativa

e produtiva. Esta é uma doença com um impacto económico bastante significativo, englobando custos diretos

relacionados com as consultas médicas, investigação clínica, exames de diagnóstico, tratamentos prescritos,

cirurgias, tratamentos de procriação medicamente assistida, mas também custos indiretos, mais difíceis de

quantificar e traduzidos pela diminuição da produtividade, pelo absentismo ao trabalho e pela diminuição da

qualidade de vida.

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