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26 DE JULHO DE 2022

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relevantes. Questionou então como era feito o trajeto e orientação de uma mulher com endometriose; qual a

rede a nível nacional; se o acesso das mulheres era igual em todo o território nacional; quantos profissionais de

saúde dedicados a esta doença existiam em Portugal; quantas mulheres atualmente aguardavam por uma

consulta; qual a medida que achavam que deveria ser implementada de imediato.

O Sr. Hélder Bruno Ferreira, em resposta às questões colocadas referiu que a criação de uma Comissão

sobre a saúde da mulher, era uma medida positiva. Reforçou que a endometriose era muito comum, porém

existiam outras situações que afetavam a saúde da mulher e muito faltava fazer e alcançar para melhor a sua

qualidade de vida. Denunciou que a endometriose vinha sendo subvalorizada e subtratada e tal tinha que

melhorar rapidamente. Elencou países europeus como França, Inglaterra e Holanda que tinham estratégias para

o diagnóstico precoce da endometriose e que Portugal não deveria ficar para trás. Mesmo com o esforço em

criar equipas multidisciplinares verificava que o salário era muito inferior ao de médicos especialistas noutras

patologias. A subespecialidade em ginecologia e obstetrícia permitiria organizar melhor as equipas, fazer melhor

formação, preparar os médicos, criar referenciações, em suma, melhorar muito a resposta a dar. Frisou que a

abordagem minimamente invasiva obrigava a mais investimento em aparelhos laparoscópicos, por exemplo,

permitindo tratar a mulher o melhor possível, preservando o seu aparelho reprodutor. Defendeu que apenas se

conseguiria alcançar estes objetivos criando a subespecialização, se for feito trabalho científico na área e se

forem criados centros de referência. No que se refere aos cheques-cirurgia, aventou que 180 dias era um tempo

de espera aceitável, visto tratar-se de uma doença benigna.

A Sr.ª Susana da Fonseca Coelho, em resposta à questão sobre a discriminação, vincou que as mulheres já

eram discriminadas naquele momento, e que a sua integridade ficava exposta de qualquer modo, pois tinha que

apresentar uma justificação para as faltas à sua entidade patronal. Denunciou que existiam mulheres a sentirem

represálias no trabalho e que não tinham os seus direitos acautelados. A nomenclatura «licença menstrual» não

era relevante, referindo que muitas mulheres não menstruam devido à medicação que tomam e que o essencial

era encontrar uma solução para proteger as mulheres com endometriose. Relatou a sua situação pessoal em

que durante dias não conseguia sair de casa por causa da doença. Na sua opinião, os cheques-cirurgia não

eram uma solução, mas sim um «penso-rápido», existiam muitos hospitais que já não conseguiam dar resposta

a estas mulheres, como era o caso do Hospital Beatriz Ângelo e do Hospital Santa Maria e que estavam a

reencaminhar as pacientes para o setor privado. Denunciou que muitas mulheres eram mutiladas às mãos de

profissionais que não estavam capacitados para o tratamento da endometriose.

A Sr.ª Bárbara Alves Vieira afirmou que a Associação estava em contacto com mulheres com esta doença

diariamente e que tinha conhecimento que existiam jovens na casa dos 20 anos, a quem era proposto retirar o

útero por profissionais de saúde que não estavam capacitados para tratar de pacientes com endometriose.

A Sr.ª Ana Filipa Osório referiu que cerca de 350 000 mulheres tinham endometriose em Portugal. A nível da

rede nacional, existia um centro no Porto, em Lisboa existia o Hospital Santa Maria com resposta muito má e,

em Coimbra outro centro que também dava uma resposta má. Mencionou que, no setor privado, existiam boas

equipas médicas que só davam resposta a quem tinha seguro de saúde. No que tange o tempo de espera,

referiu um caso no Hospital Santa Maria no qual a paciente ficou à espera um ano e três meses por uma primeira

consulta. Acrescentou que, no Hospital Santa Maria, a equipa de endometriose que formou, foi desintegrada por

falta de motivação. Referiu que o equipamento médico que solicitou apenas foi facultado decorridos 7 anos; que

as consultas eram realizadas em gabinetes partilhados por três médicos, e que, em termos remuneratórios, não

era um trabalho atrativo. No seu caso pessoal, declarou que continuava a realizar cirurgias no Hospital Santa

Maria, porém trabalhava maioritariamente no setor privado, uma vez que não era possível trabalhar da forma

que descreveu. Clarificou que a endometriose é uma doença que implica uma equipa multidisciplinar, pelo que

era necessário instituir bons centros e boas equipas médicas. Um problema que ainda não tinha sido abordado

era a questão da fertilidade. Mencionou que as mulheres com doença oncológica eram encaminhadas para um

programa de fertilidade e eram atendidas em tempo útil, o que não acontecia com as mulheres com

endometriose. Uma mulher com endometriose espera muito tempo para a criopreservação de óvulos, por

exemplo, e tal, na sua opinião, não era aceitável. A par com um diagnóstico que deverá ser o mais rápido

possível para evitar a degradação do sistema reprodutivo da mulher, defendeu que deveria ser considerado o

alargamento a tratamentos de procriação medicamente assistida para mulheres com endometriose também,

caso não seja possível outra forma de garantir a preservação do sistema reprodutor.

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