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4 DE SETEMBRO DE 2023

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Outra subscritora: Sara Madruga da Costa (PSD).

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PROJETO DE VOTO N.º 415/XV/1.ª

DE SAUDAÇÃO PELO CENTENÁRIO DE MÁRIO CESARINY

Celebrou-se no passado dia 9 de agosto o centenário do nascimento de Mário Cesariny, poeta, pintor,

considerado um dos grandes expoentes do surrealismo português.

Mário Cesariny nasceu em Lisboa, em 1923, cidade onde iniciaria a sua formação artística, primeiro como

aluno de música de Fernando Lopes-Graça na Academia de Amadores de Música e, no início dos anos 40, na

Escola de Artes Decorativas António Arroio.

Participaria nas tertúlias culturais dos cafés de Lisboa. No Café Herminius, no Café Royal, ou no Café Gelo,

discutia-se arte, literatura e, com os condicionalismos da época, política. Aí se cruzaram nomes como Cruzeiro

Seixas, Alexandre O’Neill, António Domingues, Pedro Oom, ou Júlio Pomar.

Neste ambiente cultural, predominava o neorrealismo e, depois, o surrealismo, que marcaria indelevelmente

Cesariny, nomeadamente depois de uma viagem a Paris, onde conheceu André Breton. Segundo Cesariny, o

surrealismo era «um convite à poesia, ao amor, à liberdade, à imaginação pessoal.», sintetizando e dando um

sentido a várias correntes artísticas (como o romantismo, o simbolismo, o futurismo, e tradições libertárias

várias).

De regresso a Portugal, fundaria o Movimento Surrealista de Lisboa, onde, além de O’Neil e Vespeira,

participavam nomes como José-Augusto França e João Moniz Pereira. Afastar-se-ia deste grupo após

divergências e formou, em 1948, com Pedro Oom, Henrique Risques Pereira, António Maria Lisboa e Cruzeiro

Seixas, Os Surrealistas.

Cesariny foi um pintor de relevo, tendo participado em diversas exposições (em Portugal e no estrangeiro),

mas distinguiu-se, sobretudo, nas artes literárias, como poeta surrealista, romancista, ensaísta, ou tradutor. Da

sua extensa obra, destacam-se títulos como Corpo Visível (1950), Louvor e Simplificação de Álvaro de Campos

(1953), Titânia e A Cidade Queimada (1965) ou O Virgem Negra (1989).

Não foi uma personalidade de consensos, muito pelo contrário. A rutura e o conflito pautaram diversas

dimensões da sua vida e da sua obra. Isso não impediu o seu reconhecimento artístico, distinguido com diversos

prémios literários e condecorado com a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade de Portugal, atribuída pelo Estado

português em 2005.

A Assembleia da República, reunida em sessão plenária, saúda a comemoração do centenário do

nascimento de Mário Cesariny, prestando homenagem a esta figura maior das artes portuguesas.

Palácio de São Bento, 4 de setembro de 2023.

O Presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva.

Outra subscritora: Sara Madruga da Costa (PSD).

A DIVISÃO DE REDAÇÃO.