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Sábado, 11 de janeiro de 2025 II Série-B — Número 52

XVI LEGISLATURA 1.ª SESSÃO LEGISLATIVA (2024-2025)

S U M Á R I O

Votos (n.os 1 a 14/2025): N.º 1/2025 — De saudação a Martim Costa, eleito melhor jovem andebolista europeu de 2023/24. N.º 2/2025 — De saudação a Henrique Correia pela vitória no Campeonato Europeu de Bilhar. N.º 3/2025 — De saudação a João Ferreira e Filipe Palmeiro pela conquista da Taça do Mundo de Todo-o-Terreno. N.º 4/2025 — De congratulação pelos resultados alcançados pelas seleções nacionais de desportos eletrónicos no Mundial de Esports 2024. N.º 5/2025 — De solidariedade com o povo de Moçambique na sequência das eleições presidenciais. N.º 6/2025 — De solidariedade com o povo moçambicano e de respeito pela soberania e independência da República de Moçambique. N.º 7/2025 — De pesar pelo falecimento de Heitor Carvalheiras. N.º 8/2025 — De pesar pelo falecimento de Aloísio Baldé. N.º 9/2025 — De pesar pelo falecimento de Esmeralda Amoedo. N.º 10/2025 — De pesar pelo falecimento de Adília Lopes.

N.º 11/2025 — De pesar pela morte do Senhor Dr. João Carlos Dias Monteiro Coutinho de Lencastre. N.º 12/2025 — De pesar pela morte do 39.º Presidente norte-americano, Jimmy Carter. N.º 13/2025 — De pesar pela morte de António Couto dos Santos. N.º 14/2025 — De saudação pelos 500 anos do legado de Vasco da Gama. Projetos de voto (n.os 506 a 514/XVI/1.ª): N.º 506/XVI/1.ª (PSD) — De pesar pelo falecimento de Adília Lopes. N.º 507/XVI/1.ª (CDS-PP) — De congratulação pela eleição de Teresa Anjinho, para o cargo de Provedora de Justiça Europeia. N.º 508/XVI/1.ª (PAR) — De pesar pela morte do 39.º Presidente norte-americano, Jimmy Carter. N.º 509/XVI/1.ª (PAR) — De pesar pela morte de António Couto dos Santos. N.º 510/XVI/1.ª (PCP) — De pesar pelo falecimento de Esmeralda Amoedo.

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N.º 511/XVI/1.ª (PS) — De pesar pelo falecimento de Adília Lopes. N.º 512/XVI/1.ª (IL) — De preocupação pela situação do povo tibetano após o terramoto de 7 de janeiro. N.º 513/XVI/1.ª (PSD e PS) — De pesar pelo falecimento de Adília Lopes. N.º 514/XVI/1.ª (CDS-PP) — De pesar pela morte do Senhor Dr. João Carlos Dias Monteiro Coutinho de Lencastre.

Petições (n.os 7, 128 e 129/XVI/1.ª): N.º 7/XVI/1.ª (Regulamentação da profissão de psicomotricista): — Relatório final da Comissão de Saúde. N.º 128/XVI/1.ª (Academia Portuguesa de Cinema) — Salvemos o Cinema Império! N.º 129/XVI/1.ª (Academia de Amadores de Música) — Pela manutenção e salvaguarda da Academia de Amadores de Música.

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VOTO N.º 1/2025

DE SAUDAÇÃO A MARTIM COSTA, ELEITO MELHOR JOVEM ANDEBOLISTA EUROPEU DE 2023/24

A Assembleia da República saúda Martim Costa por ter sido distinguido pela Federação Europeia de Andebol

(EHF) como o melhor jovem andebolista europeu da época 2023/24, sendo considerado o melhor lateral

esquerdo e, bem assim, o melhor marcador do último Men’s EHF EURO 2024, desejando-lhe ininterrupto

sucesso na sua carreira desportiva e agradecendo-lhe por elevar o nome de Portugal no panorama desportivo

internacional.

Apreciado e votado na Comissão de Cultura, Comunicação, Juventude e Desporto em 8 de janeiro de 2025.

Nota: Aprovado por unanimidade, tendo-se registado a ausência do BE e do PCP.

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VOTO N.º 2/2025

DE SAUDAÇÃO A HENRIQUE CORREIA PELA VITÓRIA NO CAMPEONATO EUROPEU DE BILHAR

A Assembleia da República saúda Henrique Correia pela recente vitória no Europeu de Bilhar da Europa, em

Antalya, bem como pelo feito de ser, atualmente, o atleta veterano de pool com mais medalhas oficiais da

Europa, saudando, ainda, pelo apoio e dedicação, o seu clube, o centenário Sport Clube Vianense.

Apreciado e votado na Comissão de Cultura, Comunicação, Juventude e Desporto em 8 de janeiro de 2025.

Nota: Aprovado por unanimidade, tendo-se registado a ausência do BE e do PCP.

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VOTO N.º 3/2025

DE SAUDAÇÃO A JOÃO FERREIRA E FILIPE PALMEIRO PELA CONQUISTA DA TAÇA DO MUNDO

DE TODO-O-TERRENO

A Assembleia da República delibera saudar calorosamente João Ferreira e Filipe Palmeiro pela sua brilhante

conquista da Taça do Mundo de Todo-o-Terreno, reconhecendo o seu contributo inestimável para o prestígio do

desporto português no panorama internacional.

Apreciado e votado na Comissão de Cultura, Comunicação, Juventude e Desporto em 8 de janeiro de 2025.

Nota: Aprovado por unanimidade, tendo-se registado a ausência do BE e do PCP.

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VOTO N.º 4/2025

DE CONGRATULAÇÃO PELOS RESULTADOS ALCANÇADOS PELAS SELEÇÕES NACIONAIS DE

DESPORTOS ELETRÓNICOS NO MUNDIAL DE ESPORTS 2024

A Assembleia da República congratula as Seleções Nacionais de Desportos Eletrónicos pelos resultados

alcançados no Mundial de Esports 2024, reconhecendo a sua importância para a projeção internacional de

Portugal.

Apreciado e votado na Comissão de Cultura, Comunicação, Juventude e Desporto em 8 de janeiro de 2025.

Nota: Aprovado por unanimidade, tendo-se registado a ausência do PCP.

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VOTO N.º 5/2025

DE SOLIDARIEDADE COM O POVO DE MOÇAMBIQUE NA SEQUÊNCIA DAS ELEIÇÕES

PRESIDENCIAIS

A Assembleia da República, reunida em sessão plenária, manifesta a sua solidariedade com o povo

moçambicano e apela ao respeito pela integridade eleitoral e pelo processo democrático.

Apreciado e votado na Comissão de Negócios Estrangeiros e Comunidades Portuguesas em 18 de dezembro

de 2024.

Nota: Aprovado, com votos a favor do PSD, do PS, da IL, do BE e do L e a abstenção do CH, tendo-se

registado a ausência do PCP e do CDS-PP.

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VOTO N.º 6/2025

DE SOLIDARIEDADE COM O POVO MOÇAMBICANO E DE RESPEITO PELA SOBERANIA E

INDEPENDÊNCIA DA REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE

A Assembleia da República:

– Associa-se à ampla condenação, por parte das autoridades, de forças políticas e da sociedade

moçambicana, dos atos de violência que provocaram dezenas de mortes e centenas de feridos, assim como

dos atos de vandalismo, de destruição e de saque de bens públicos e privados, dos ataques e ameaças a

cidadãos;

– Associa-se à ampla condenação, por parte das autoridades, das forças políticas e da sociedade

moçambicana, dos assassinatos de Elvino Dias e de Paulo Guambe;

– Associa-se aos apelos ao diálogo no quadro do respeito do normal funcionamento das instituições

democráticas moçambicanas e a que se aguardem os pronunciamentos das autoridades competentes

moçambicanas;

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– Solidariza-se com o povo moçambicano e insta ao respeito da soberania e independência da República de

Moçambique, rejeitando quaisquer ingerências externas nas decisões que só ao povo moçambicano e às

instituições democráticas moçambicanas cabem tomar.

Apreciado e votado na Comissão de Negócios Estrangeiros e Comunidades Portuguesas em 18 de dezembro

de 2024.

Nota: Aprovado, com votos a favor do PS, do CH, do BE e do L, votos contra da IL e a abstenção do PSD,

tendo-se registado a ausência do PCP e do CDS-PP.

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VOTO N.º 7/2025

DE PESAR PELO FALECIMENTO DE HEITOR CARVALHEIRAS

Reunida em sessão plenária, a Assembleia da República presta homenagem ao percurso cívico de Heitor

Carvalheiras, manifestando o seu pesar pelo seu falecimento, e endereça à sua família e amigos as suas mais

sentidas condolências.

Aprovado em 10 de janeiro de 2025.

O Presidente da Assembleia da República, José Pedro Aguiar-Branco.

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VOTO N.º 8/2025

DE PESAR PELO FALECIMENTO DE ALOÍSIO BALDÉ

A Assembleia da República, reunida em sessão plenária, expressa o seu pesar pela morte de Aloísio Baldé

e manifesta os seus mais sentidos sentimentos aos seus familiares, amigos e camaradas do Exército.

Aprovado em 10 de janeiro de 2025.

O Presidente da Assembleia da República, José Pedro Aguiar-Branco.

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VOTO N.º 9/2025

DE PESAR PELO FALECIMENTO DE ESMERALDA AMOEDO

A Assembleia da República, reunida em Plenário em 10 de janeiro de 2025, manifesta o seu pesar pelo

falecimento de Esmeralda Amoedo e expressa à sua família e ao Partido Comunista Português sentidas

condolências.

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Aprovado em 10 de janeiro de 2025.

O Presidente da Assembleia da República, José Pedro Aguiar-Branco.

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VOTO N.º 10/2025

DE PESAR PELO FALECIMENTO DE ADÍLIA LOPES

A Assembleia da República manifesta o seu profundo pesar aos amigos, leitores e família de Adília Lopes,

homenageando o seu legado literário e cultural, produto de uma vida e obra que trabalhou um outro modo de

ver a realidade e uma maneira de dizer o mundo com outra gramática, empenhada na construção de uma

democracia concreta.

Aprovado em 10 de janeiro de 2025.

O Presidente da Assembleia da República, José Pedro Aguiar-Branco.

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VOTO N.º 11/2025

DE PESAR PELA MORTE DO SENHOR DR. JOÃO CARLOS DIAS MONTEIRO COUTINHO DE

LENCASTRE

A Assembleia da República apresenta as mais sentidas condolências à família e aos amigos do Sr. Dr. João

Carlos Dias Monteiro Coutinho de Lencastre, prestando homenagem ao seu contributo para a vida política,

económica e social do País.

Aprovado em 10 de janeiro de 2025.

O Presidente da Assembleia da República, José Pedro Aguiar-Branco.

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VOTO N.º 12/2025

DE PESAR PELA MORTE DO 39.º PRESIDENTE NORTE-AMERICANO, JIMMY CARTER

A Assembleia da República, reunida em Plenário, manifesta o seu profundo pesar pela partida do Presidente

Jimmy Carter, lembrando a visita de Estado que efetuou ao nosso País em 1980, bem como a postura que

adotou, enquanto Chefe de Estado, de apoio à consolidação da nossa democracia.

À família, aos amigos e aos admiradores, endereça votos de sentidas condolências. Enaltece, por fim, o seu

percurso de vida, na certeza de que o seu legado na defesa da democracia e dos direitos humanos continuará

a ser uma fonte de inspiração.

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Aprovado em 10 de janeiro de 2025.

O Presidente da Assembleia da República, José Pedro Aguiar-Branco.

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VOTO N.º 13/2025

DE PESAR PELA MORTE DE ANTÓNIO COUTO DOS SANTOS

A Assembleia da República, reunida em Plenário, manifesta o seu profundo pesar pela partida de António

Fernando Couto dos Santos e endereça à sua família e amigos votos de sentidas condolências. Homenageia

também o legado cívico e político de Couto dos Santos, cuja carismática presença marcou o Parlamento e o

País.

Aprovado em 10 de janeiro de 2025.

O Presidente da Assembleia da República, José Pedro Aguiar-Branco.

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VOTO N.º 14/2025

DE SAUDAÇÃO PELOS 500 ANOS DO LEGADO DE VASCO DA GAMA

A Assembleia da República, reunida em Plenário, presta homenagem a Vasco da Gama, figura maior da

nossa História. Afirma também a importância de preservar o seu legado, na abertura de Portugal ao mundo, na

valorização do mar como vetor de desenvolvimento e na ousadia de percorrer novos caminhos de encontro entre

os povos.

Aprovado em 10 de janeiro de 2025.

O Presidente da Assembleia da República, José Pedro Aguiar-Branco.

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PROJETO DE VOTO N.º 506/XVI/1.ª

DE PESAR PELO FALECIMENTO DE ADÍLIA LOPES

É com profunda tristeza que tomamos conhecimento do falecimento de Adília Lopes, pseudónimo literário de

Maria José da Silva Viana Fidalgo de Oliveira, ocorrido a 30 de dezembro de 2024, aos 64 anos, em Lisboa. A

sua partida constitui uma perda muito grande para a literatura e cultura portuguesas.

Nascida em Lisboa a 20 de abril de 1960, Adília Lopes distinguiu-se pela originalidade da sua obra, que

combina humor, ironia e uma visão singular sobre o quotidiano e os temas universais. Depois de frequentar a

licenciatura em Física, concluiu o curso de Literatura e Linguística Portuguesa e Francesa na Universidade de

Lisboa, onde encontrou o caminho que marcaria a sua carreira.

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Além de poetisa, Adília Lopes desempenhou um papel relevante enquanto tradutora, cronista e

documentalista, tendo trabalhado nos espólios de grandes figuras da literatura portuguesa, como Fernando

Pessoa e Vitorino Nemésio. A sua obra é amplamente estudada no meio académico, refletindo a sua importância

na cultura nacional.

A singularidade da sua voz poética, aliada à coragem de abordar temas como a saúde mental, garantiu-lhe

um lugar especial entre os leitores e a crítica, consolidando-a como uma das figuras mais marcantes da literatura

portuguesa contemporânea.

Assim, neste momento de tristeza, a Assembleia da República presta homenagem ao legado literário e

cultural de Adília Lopes, manifestando as suas sentidas condolências à família, amigos e a todos os que a

admiraram e se inspiraram na sua obra.

Palácio de São Bento, 3 de janeiro de 2025.

Os Deputados do PSD: Hugo Soares — Alexandre Poço — Ricardo Araújo — Sofia Carreira — Andreia

Bernardo — Clara De Sousa Alves — Eva Brás Pinho — Paulo Cavaleiro — Ana Gabriela Cabilhas — Andreia

Neto — Carlos Reis — Emídio Guerreiro — Inês Barroso — João Antunes Dos Santos.

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PROJETO DE VOTO N.º 507/XVI/1.ª

DE CONGRATULAÇÃO PELA ELEIÇÃO DE TERESA ANJINHO, PARA O CARGO DE PROVEDORA

DE JUSTIÇA EUROPEIA

A Assembleia da República congratula-se com a eleição de Teresa Anjinho para o cargo de Provedora de

Justiça Europeia, com um mandato de cinco anos. A eleição, por 344 votos entre seis candidatos, revela bem o

reconhecimento da competência técnica e das qualidades humanas de Teresa Anjinho, firme nas suas

convicções e com uma grande capacidade de diálogo com todo o espectro político.

Licenciada em Direito e Mestre em Direitos Humanos, Teresa Anjinho destacou-se ao longo da sua carreira

pela dedicação ao serviço público. Foi Deputada do CDS-PP na XII Legislatura, Secretária de Estado da Justiça

no XX Governo, Provedora-Adjunta de Justiça em Portugal e, mais recentemente, membro do Comité de

Fiscalização do Organismo Europeu de Luta Antifraude (OLAF). Neste último cargo, contribuiu para o combate

à fraude em fundos europeus e a salvaguarda da transparência nas instituições da União Europeia.

O cargo de Provedor de Justiça Europeia reveste-se de enorme relevância, sendo responsável pela

investigação de casos de má administração nas instituições, órgãos, organismos e agências da União Europeia,

assegurando a defesa dos direitos dos cidadãos europeus.

Teresa Anjinho tomará posse no próximo dia 27 de fevereiro de 2025, no Tribunal de Justiça da União

Europeia, iniciando uma nova etapa de serviço ao bem comum numa posição de destaque no espaço europeu.

A Assembleia da República, reunida em sessão plenária, felicita a antiga Deputada pela eleição para o cargo

de Provedora de Justiça Europeia, que honra Portugal e o Parlamento, desejando-lhe um excelente mandato ao

serviço dos cidadãos europeus.

Palácio de São Bento, 10 de dezembro de 2024.

Os Deputados do CDS-PP: Paulo Núncio — João Pinho de Almeida.

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PROJETO DE VOTO N.º 508/XVI/1.ª

DE PESAR PELA MORTE DO 39.º PRESIDENTE NORTE-AMERICANO, JIMMY CARTER

Faleceu, no passado dia 29 de dezembro de 2024, o 39.º Presidente dos Estados Unidos da América, Jimmy

Carter, com 100 anos, vítima de doença oncológica.

James Earl Carter Jr. nasceu em Plains, no Estado da Geórgia, Estados Unidos da América. Em 1946

graduou-se na Academia Naval de Annapolis, Maryland. Após ter prosseguido uma carreira militar, regressou

ao seu Estado natal, onde se dedicou à política local, tendo sido eleito Governador da Geórgia.

Disputou as eleições presidenciais de 1976, enquanto candidato do Partido Democrata, tendo vencido o

então incumbente, Gerald Ford.

O seu mandato, exercido entre 1977 e 1981, foi marcado pela implementação de importantes políticas

ambientais e de apoio social. São também reconhecidos os seus esforços diplomáticos a nível internacional,

nomeadamente no Médio Oriente e no relacionamento com a República Popular da China.

Em 1982, fundou, em conjunto com sua mulher, Rosalynn Smith, o Centro que leva o seu nome, com o intuito

de atuar na defesa da democracia e dos direitos humanos, na busca de soluções para conflitos, na erradicação

de doenças e na promoção do desenvolvimento económico e social. O trabalho desenvolvido mereceu-lhe a

atribuição do Prémio Nobel da Paz, em 2002.

A Assembleia da República, reunida em Plenário, manifesta o seu profundo pesar pela partida do Presidente

Jimmy Carter, lembrando a visita de Estado que efetuou ao nosso País em 1980, bem como a postura que

adotou, enquanto Chefe de Estado, de apoio à consolidação da nossa democracia.

À família, aos amigos e aos admiradores, endereça votos de sentidas condolências. Enaltece, por fim, o seu

percurso de vida, na certeza de que o seu legado na defesa da democracia e dos direitos humanos continuará

a ser uma fonte de inspiração.

Palácio de São Bento, 7 de janeiro de 2025.

O Presidente da Assembleia da República, José Pedro Aguiar-Branco.

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PROJETO DE VOTO N.º 509/XVI/1.ª

DE PESAR PELA MORTE DE ANTÓNIO COUTO DOS SANTOS

Faleceu, no passado dia 6 de janeiro, António Fernando Couto dos Santos, aos 75 anos.

Licenciado em Engenharia Química pelo Instituto Superior Técnico, Couto dos Santos foi uma figura relevante

da política portuguesa, que marcou sobretudo as décadas de 1980 e 1990. Foi Secretário de Estado da

Juventude e, depois, Ministro Adjunto com o mesmo pelouro. Foi também Ministro dos Assuntos Parlamentares

e Ministro da Educação, tendo ficado ligado a algumas das políticas mais emblemáticas dos Governos de

Cavaco Silva.

Couto dos Santos foi também Deputado entre 2009 e 2015, tendo exercido funções como Presidente do

Conselho de Administração da Assembleia da República.

A sua participação social e cívica era amplamente reconhecida. Foi empresário, administrador de várias

empresas e Presidente da Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses.

A Assembleia da República, reunida em Plenário, manifesta o seu profundo pesar pela partida de António

Fernando Couto dos Santos e endereça à sua família e amigos votos de sentidas condolências. Homenageia

também o legado cívico e político de Couto dos Santos, cuja carismática presença marcou o Parlamento e o

País.

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Palácio de São Bento, 7 de janeiro de 2025.

O Presidente da Assembleia da República, José Pedro Aguiar-Branco.

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PROJETO DE VOTO N.º 510/XVI/1.ª

DE PESAR PELO FALECIMENTO DE ESMERALDA AMOEDO

Esmeralda Amoedo, nome histórico do fado, faleceu no passado dia 26 de dezembro.

Nascida no bairro lisboeta da Mouraria a 15 de maio de 1936, foi a primeira vencedora da Grande Noite do

Fado, em 1953, lançando aí a sua carreira profissional.

Militante do PCP desde 1980, foi ativista do Movimento Democrático das Mulheres, contribuindo para a luta

e emancipação das mulheres no pós-25 de Abril, e dirigente do Sindicato dos Trabalhadores dos Espetáculos

entre 1978 e 1981.

Esmeralda Amoedo atuou várias vezes na Festa do Avante!, tendo, em 1984, partilhado o palco com outro

fadista histórico, Fernando Farinha. Ambos desempenharam, aliás, um papel relevante na defesa da raiz

popular, urbana, genuína e progressista do fado, contrariando a imagem dada pela manipulação ideológica e o

aproveitamento propagandístico que dele fez o fascismo português.

Esmeralda Amoedo apresentou-se em praticamente todas as coletividades, sociedades recreativas e festas

de beneficência de Lisboa e arredores.

A primeira casa de fado onde atuou foi no Solar da Hermínia, na Viela e passou pela Tágide, Adega Machado,

Luso, Adega Mesquita, Toca, Mal Cozinhado, e principais casinos do País.

Também foi atração do teatro de revista, tendo-se estreado no Teatro ABC, com Ivone Silva. Atuou várias

vezes no estrangeiro, nomeadamente na Austrália, Canadá, França, Bélgica, Holanda, Suíça e Alemanha.

Venceu o Microfone de Ouro, atribuído pelo Rádio Clube Português, recebeu o Prémio Carreira em 2003 e,

em 2004, foi lançado o seu último disco: Fado no S. Luiz.

Era sócia de mérito do Grupo Desportivo da Mouraria (GDM) e foi também madrinha da marcha da Mouraria,

levando o espírito do bairro a cada desfile.

A Assembleia da República, reunida em Plenário em 10 de janeiro de 2025, manifesta o seu pesar pelo

falecimento de Esmeralda Amoedo e expressa à sua família e ao Partido Comunista Português sentidas

condolências.

Assembleia da República, 8 de janeiro de 2025.

Os Deputados do PCP: Paulo Raimundo — Paula Santos — António Filipe — Alfredo Maia.

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PROJETO DE VOTO N.º 511/XVI/1.ª

DE PESAR PELO FALECIMENTO DE ADÍLIA LOPES

Faleceu no passado dia 30 de dezembro, aos 64 anos, Adília Lopes, pseudónimo literário da poetisa, cronista,

tradutora e documentalista Maria José da Silva Viana Fidalgo de Oliveira, nascida em Lisboa a 20 de abril de

1960.

O seu percurso tem início como estudante de Física da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa,

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curso que deixa para trás, trocando-o pelo curso de Literatura e Linguística Portuguesa e Francesa, na

Faculdade de Letras de Lisboa.

Na década de 80 são publicados, entre outros títulos, os seus dois primeiros poemas e, terminada a

licenciatura, torna-se bolseira do Instituto Nacional de Investigação Científica (1989-1992), à qual se segue uma

especialização em Ciências Documentais, tendo trabalhado os espólios de Fernando Pessoa, Vitorino Nemésio

e José Blanc de Portugal, depositados na Biblioteca Nacional.

Sem nunca deixar de editar, em 1999 obtém uma bolsa de criação literária do antigo Instituto Português do

Livro e das Bibliotecas que lhe permite, entre outras coisas, reunir inéditos, publicando, em 2000, pela primeira

vez, a sua produção literária num só volume, Dobra, com ilustrações de Paula Rego.

Ao longo do novo milénio a sua obra continua a ganhar fôlego, editando, entre outros, A mulher a dias, bem

como mais três edições da poesia reunida em Dobra, em 2014, 2021 e a derradeira em 2024, quando completou

40 anos de vida literária dedicada a temas do quotidiano, principalmente femininos e domésticos, tratados com

humor e autoironia, candura e crueza, assumindo referências como Sophia de Mello Breyner, Nuno Bragança,

Ruy Belo, Roland Barthes, sem deixar de fora a Condessa de Ségur ou Enid Blyton.

Assim, a Assembleia da República manifesta o seu profundo pesar aos amigos, leitores e família de Adília

Lopes, cuja vida e obra trabalhou um outro modo de ver a realidade e uma maneira de dizer o mundo com outra

gramática, consciente dos detalhes secundarizados pelo sistema cultural vigente e atenta ao milagre do

quotidiano na construção de uma democracia concreta.

Palácio de São Bento, 6 de janeiro de 2025.

Os Deputados do PS: Alexandra Leitão — Maria Begonha — Mara Lagriminha Coelho — Pedro Delgado

Alves — Miguel Matos — José Costa — Luís Dias — Paulo Pisco — Pedro Sousa.

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PROJETO DE VOTO N.º 512/XVI/1.ª

DE PREOCUPAÇÃO PELA SITUAÇÃO DO POVO TIBETANO APÓS O TERRAMOTO DE 7 DE

JANEIRO

Na manhã de 7 de janeiro de 2025, um terramoto de magnitude 7.1 na escala de Richter atingiu severamente

várias regiões do Tibete, com epicentro próximo da cidade sagrada de Shigatse, causando enormes perdas

humanas e materiais. Relatórios iniciais indicam que pelo menos 126 pessoas perderam a vida e 201 ficaram

gravemente feridas, além de milhares de desalojados que enfrentam condições extremas devido ao rigoroso

inverno tibetano. Os danos em infraestruturas, habitações e áreas agrícolas essenciais agravam ainda mais o

sofrimento das comunidades locais.

O Tibete é uma região de singular importância cultural e espiritual, sendo Shigatse a sede tradicional do

Panchen Lama, a segunda maior autoridade espiritual no Budismo Tibetano, após o Dalai Lama. Contudo, a

cidade e o seu povo continuam a enfrentar desafios agravados pela repressão cultural e religiosa por parte do

regime chinês. Recorde-se que Gedhun Choekyi Nyima, o 11.º Panchen Lama, foi raptado em 1995 pela China,

tornando-se o prisioneiro político mais jovem do mundo, e que o seu paradeiro permanece desconhecido há três

décadas.

Para além das dificuldades impostas pelo desastre natural, é motivo de profunda preocupação a constante

censura e falta de transparência nas informações divulgadas pelas autoridades chinesas, que dificultam a

verificação independente das condições no terreno e da adequação dos esforços de socorro. Esta situação

sublinha a necessidade urgente de a comunidade internacional, incluindo organizações humanitárias, ter acesso

irrestrito às regiões afetadas para prestar assistência essencial.

Assim, a Assembleia da República, reunida em sessão plenária, manifesta a sua preocupação com as

consequências decorrentes do terramoto que devastou a região do Tibete, expressa a sua solidariedade ao

povo tibetano, lamenta profundamente as perdas humanas e os sofrimentos causados pelo terramoto, apelando

ao Governo da República Popular da China que assegure condições para a assistência humanitária

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internacional, permitindo o acesso de organizações independentes às regiões afetadas e garanta maior

transparência e responsabilidade nos seus esforços de socorro, promovendo a divulgação de informação

credível e não censurada.

A Assembleia da República reafirma o seu compromisso com os direitos humanos, a liberdade religiosa e a

autodeterminação do povo tibetano, instando a comunidade internacional a unir-se em solidariedade com o

Tibete neste momento de dificuldade.

Palácio de São Bento, 9 de janeiro de 2025.

Os Deputados da IL: Rodrigo Saraiva — Mariana Leitão — Albino Ramos — Bernardo Blanco — Joana

Cordeiro — Mário Amorim Lopes — Patrícia Gilvaz — Rui Rocha.

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PROJETO DE VOTO N.º 513/XVI/1.ª

DE PESAR PELO FALECIMENTO DE ADÍLIA LOPES

É com profunda tristeza que tomamos conhecimento do falecimento de Adília Lopes, pseudónimo literário de

Maria José da Silva Viana Fidalgo de Oliveira, ocorrido a 30 de dezembro de 2024, aos 64 anos, em Lisboa. A

sua partida constitui uma perda significativa para a literatura e cultura portuguesas.

Nascida em Lisboa a 20 de abril de 1960, Adília Lopes distinguiu-se pela originalidade da sua obra, que

combina humor, ironia e uma visão singular sobre o quotidiano e os temas universais. Depois de frequentar a

licenciatura em Física, concluiu o curso de Literatura e Linguística Portuguesa e Francesa na Universidade de

Lisboa, onde encontrou o caminho que marcaria a sua carreira.

Além de poetisa, Adília Lopes desempenhou um papel relevante enquanto tradutora, cronista e

documentalista, tendo trabalhado nos espólios de Fernando Pessoa, Vitorino Nemésio e José Blanc,

depositados na Biblioteca Nacional. A sua obra é amplamente estudada no meio académico, refletindo a sua

importância na cultura nacional.

Sem nunca deixar de editar, em 1999 obtém uma bolsa de criação literária do antigo Instituto Português do

Livro e das Bibliotecas que lhe permite, entre outras coisas, reunir inéditos, publicando, em 2000, pela primeira

vez, a sua produção literária num só volume, Dobra, com ilustrações de Paula Rego.

Já no Século XXI, edita, entre outros, A mulher a dias, bem como mais três edições da poesia reunida em

Dobra, a derradeira das quais em 2024, quando completou 40 anos de vida literária dedicada a temas do

quotidiano, tratados com humor e autoironia, candura e crueza, assumindo referências como Sophia de Mello

Breyner, Nuno Bragança, Ruy Belo, Roland Barthes, a Condessa de Ségur ou Enid Blyton.

A singularidade da sua voz poética, aliada à coragem de abordar temas como a saúde mental, garantiu-lhe

um lugar especial entre os leitores e a crítica, consolidando-a como uma das figuras mais marcantes da literatura

portuguesa contemporânea.

Assim, a Assembleia da República manifesta o seu profundo pesar aos amigos, leitores e família de Adília

Lopes, homenageando o seu legado literário e cultural, produto de uma vida e obra que trabalhou um outro

modo de ver a realidade e uma maneira de dizer o mundo com outra gramática, empenhada na construção de

uma democracia concreta.

Palácio de São Bento, 9 de janeiro de 2025.

Autores: Hugo Soares (PSD) — Alexandre Poço (PSD) — Ricardo Araújo (PSD) — Sofia Carreira (PSD) —

Andreia Bernardo (PSD) — Clara de Sousa Alves (PSD) — Eva Brás Pinho (PSD) — Paulo Cavaleiro (PSD) —

Ana Gabriela Cabilhas (PSD) — Andreia Neto (PSD) — Carlos Reis (PSD) — Emídio Guerreiro (PSD) — Inês

Barroso (PSD) — João Antunes dos Santos (PSD) — Alexandra Leitão (PS) — Maria Begonha (PS) — Mara

Lagriminha Coelho (PS) — Pedro Delgado Alves (PS) — Miguel Matos (PS) — José Costa (PS) — Luís Dias

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(PS) — Paulo Pisco (PS) — Pedro Sousa (PS) — Ana Abrunhosa (PS) — Patrícia Faro (PS) — Rosário Gambôa

(PS) — Isabel Alves Moreira (PS) — Pedro Coimbra (PS).

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PROJETO DE VOTO N.º 514/XVI/1.ª

DE PESAR PELA MORTE DO SENHOR DR. JOÃO CARLOS DIAS MONTEIRO COUTINHO DE

LENCASTRE

A Assembleia da República manifesta o seu profundo pesar pelo falecimento do Dr. João Carlos Dias

Monteiro Coutinho de Lencastre, Deputado à Assembleia da República na III Legislatura (1983-1985), eleito pelo

círculo eleitoral de Castelo Branco.

O Sr. Dr. João Lencastre foi uma figura marcante da política nacional, tendo integrado o prestigiado Grupo

de Ofir, composto por políticos visionários que se reuniam regularmente para delinear um programa de

modernização para Portugal. Este grupo desempenhou um papel relevante no desenvolvimento de ideias para

a integração europeia, liberalização da economia e para a abertura da sociedade portuguesa, nas décadas

seguintes.

Ao longo do seu percurso político, distinguiu-se como um promotor dedicado do turismo na serra da Estrela.

Trabalhou ativamente com unidades hoteleiras e com o Núcleo Empresarial de Castelo Branco, impulsionando

o turismo regional e contribuindo para o desenvolvimento económico e cultural daquela região.

Na sua vida profissional, destacou-se como economista e ocupou cargos de relevo no setor empresarial,

nomeadamente como alto dirigente da Fiat em Portugal, onde deixou um legado de competência e liderança.

A Assembleia da República apresenta as mais sentidas condolências à família e aos amigos do Sr. Dr. João

Carlos Dias Monteiro Coutinho de Lencastre, prestando homenagem ao seu contributo para a vida política,

económica e social do País.

Palácio de São Bento, 7 de janeiro de 2025.

Os Deputados do CDS-PP: Paulo Núncio — João Pinho de Almeida.

–——–

PETIÇÃO N.º 7/XVI/1.ª

(REGULAMENTAÇÃO DA PROFISSÃO DE PSICOMOTRICISTA)

Relatório final da Comissão de Saúde

I. Nota prévia

A Petição n.º 7/XVI/1.ª – Regulamentação da profissão de psicomotricista, subscrita por 10 248 cidadãos e

que tem como primeira peticionária Cristina Maria Rubianes Vieira, deu entrada na Assembleia da República no

dia 17 de abril de 2024, baixou à Comissão de Saúde no dia 22 de abril de 2024, tendo sido admitida em 2 de

maio de 2024.

Nos termos do artigo 17.º da Lei do Exercício do Direito de Petição, doravante designada LEDP, a presente

petição foi distribuída ao Grupo Parlamentar do Chega, tendo sido nomeada como relatora a Deputada Sandra

Ribeiro.

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II. Da petição

a) Objeto da petição

Com a presente petição, os peticionários procuram ver regulamentada a atividade de psicomotricidade.

Começam por referir que o acesso à profissão de psicomotricista em Portugal é obtido através da licenciatura

em Reabilitação Psicomotora e que existem mais de 2500 psicomotricistas a exercer atividade em território

nacional, distribuídos entre o setor privado, social e cooperativo, setor público, unidades de saúde e em contexto

escolar. Contudo, devido à falta de regulamentação desta profissão, consideram preocupante a quantidade de

denúncias sobre «falsos prestadores que se arrogam ter esta profissão sem possuírem as qualificações técnicas

para o efeito», o que consideram lesivo para a saúde dos utentes.

Destacam a reconhecida relevância da profissão, quer na área do trabalho, solidariedade e segurança social,

quer na área da saúde, onde evidenciam o relatado pelo Ex.mo Sr. Professor Miguel Xavier, Diretor do Programa

Nacional para a Saúde Mental junto da Direção-Geral da Saúde (DGS), quando afirma que a psicomotricidade

é um «elemento organizador e desencadeador da reconstituição do diálogo interno e externo de cada indivíduo».

Mais informam que, apesar de «os psicomotricistas e/ou clínicas/gabinetes de psicomotricidade, se

encontram englobados na categoria de prestadores de cuidados de saúde sujeitos a registo obrigatório no SRER

dos estabelecimentos cuja jurisdição regulatória cabe à ERS – Entidade Reguladora da Saúde», a profissão de

psicomotricista ainda não é uma profissão regulamentada. A este respeito, de acordo com os peticionários, a

Provedora de Justiça terá considerado que a falta de regulamentação da profissão é suscetível de configurar

uma restrição à liberdade de acesso e exercício da profissão, constitucionalmente consagrada no artigo 47.º da

Constituição da República Portuguesa.

Concluem, referindo que, dada a relevância da psicomotricidade na área da saúde, consideram

«irresponsável e eticamente reprovável» a falta de regulamentação da profissão de psicomotricista em Portugal,

que consideram estar a causar «graves e sérios prejuízos aos utentes dos cuidados de saúde».

Face ao exposto, entendem que, a fim de defender o direito à proteção da saúde dos utentes que usufruem

dos serviços de psicomotricidade, é urgente regulamentar esta profissão na área da saúde.

Os peticionários apresentam vários documentos de suporte, nomeadamente uma síntese das iniciativas

políticas da Associação Portuguesa de Psicomotricidade e os pareceres da Provedoria de Justiça e do Diretor

do Programa Nacional para a Saúde Mental, da DGS, entre outros documentos que se encontram disponíveis

para consulta na página da petição na internet.

b) Exame da petição

O objeto da petição está especificado e o texto é inteligível, encontrando-se identificados os subscritores e

estando também presentes os demais requisitos formais estabelecidos no artigo 9.º da LEDP, Lei n.º 43/90, de

10 de agosto, na versão atual conferida pela Lei n.º 63/2020, de 29 de outubro.

Consultada a base de dados Atividade Parlamentar não foi identificada qualquer petição sobre a matéria em

apreço.

A petição agora em apreciação cumpre os requisitos formais estabelecidos e não se verificam razões para o

seu indeferimento liminar, nos termos das alíneas a), b) e c) do n.º 1 e das alíneas a) e b) do n.º 2 do artigo 12.º

da LEDP, a saber: ser a pretensão ilegal; visar a reapreciação de decisões dos tribunais ou de atos

administrativos insuscetíveis de recurso; visar a reapreciação, pela mesma entidade, de casos já anteriormente

apreciados na sequência do exercício do direito de petição, salvo se forem invocados ou tiverem ocorrido novos

elementos de apreciação; ser apresentada a coberto do anonimato e sem possibilidade de identificação das

pessoas de que provém e carecer de qualquer fundamento.

Uma vez que a petição em análise tem 10 248 assinaturas, é obrigatória a nomeação de um Deputado relator,

conforme o disposto no artigo 17.º, n.º 5, da LEDP, que estabelece esta obrigatoriedade «para as petições

subscritas por mais de 100 cidadãos».

Também nos termos do n.º 1 do artigo 21.º da LEDP, e dado que a presente petição é subscrita por mais de

1000 cidadãos, é obrigatória a audição dos peticionários perante a comissão, devendo ainda ser publicada no

Diário da Assembleia da República, acompanhada do relatório correspondente, ao abrigo da alínea a) do n.º 1

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do artigo 26.º da LEDP, ficando a sua apreciação concluída com a aprovação do relatório final devidamente

fundamentado, devendo ainda ser apreciada em Plenário dado ser subscrita por mais de 7500 cidadãos [alínea

a) do n.º 1 do artigo 19.º e alínea a) do n.º 1 do artigo 24.º da LEDP, este último na redação que lhe foi dada

pela Lei n.º 63/2020, de 29 de outubro].

III. Diligências efetuadas pela Comissão

Nos termos do n.º 1 do artigo 20.º da LEDP, a Comissão de Saúde requereu nos dias 21 de maio e 26 de

setembro de 2024, parecer ao Conselho Diretivo da Administração Central do Sistema de Saúde, IP (ACSS),

não tendo obtido qualquer resposta, até ao momento.

Tendo a presente petição reunido mais de 1000 assinaturas, impõe-se, de acordo com o n.º 1 do artigo 21.º

da LEDP, a audição dos peticionários perante a comissão parlamentar ou delegação desta.

Neste sentido, no dia 16 de maio de 2024, cumprindo as disposições regimentais e legais aplicáveis, teve

lugar a audição de peticionários, que contou com a presença das peticionárias Cristina Maria Rubianes Vieira,

Presidente da Direção da Associação Portuguesa de Psicomotricidade; Nídia de Amorim, Secretária da Direção

da Associação Portuguesa de Psicomotricidade (APP); Joana Jorge de Carvalho, Vogal da Direção da

Associação Portuguesa de Psicomotricidade; e Graça Faria, Suplente da Direção da Associação Portuguesa de

Psicomotricidade.

Estiveram também presentes, além da Deputada relatora Sandra Ribeiro (CH), os Deputados e Deputadas:

Susana Correia (PS), Isabel Fernandes (PSD), Diva Ribeiro (CH), Sónia Monteiro (CH), Felicidade Vital (CH),

Marta Martins da Silva (CH), Armando Grave (CH) e Paula Santos (PCP).

Os serviços da Comissão procederam ao resumo das principais questões abordadas:

«A Deputada Sandra Ribeiro (CH) cumprimentou as peticionárias, agradecendo a sua disponibilidade,

dando de seguida a palavra à Dr.ª Cristina Maria Rubianes Vieira para fazer uma intervenção inicial.

A Dr.ª Cristina Maria Rubianes Vieira, depois de agradecer à Comissão de Saúde, reiterou a profunda

preocupação com a incompreensível falta de regulamentação da profissão de psicomotricista, que persiste há

mais de 20 anos, apesar de todos os esforços que a APP tem feito. Referiu que, enquanto o Estado não cumprir

o seu dever de assegurar os direitos dos utentes, a APP lutará até que este processo esteja concluído.

Deu nota de que se apresenta como psicomotricista, mas, devido à falta de regulamentação, ninguém pode

confirmar a sua qualificação, uma situação que se prolonga há décadas.

Sublinhou que a principal preocupação com a falta de regulamentação é a proteção e segurança dos utentes

e suas famílias, porquanto sem regulamentação não é possível garantir que os cuidados de saúde prestados

por psicomotricistas no Serviço Nacional de Saúde (SNS) sejam realizados por profissionais devidamente

qualificados, o que compromete a igualdade de acesso aos cuidados de saúde em diferentes regiões do País.

Assinalou que a psicomotricidade é uma profissão baseada em uma área científica consolidada, que atua na

saúde através da mediação corporal, em articulação com outras profissões de saúde. No entanto, esta profissão

ainda carece de regulamentação adequada. Referiu que a ausência de regulamentação também dificulta a

verificação das habilitações dos profissionais por entidades públicas e privadas, como a Segurança Social e a

ADSE, que dependem da APP para garantir que os profissionais são qualificados.

Realçou que a APP é a única entidade que verifica as qualificações académicas dos psicomotricistas no

mercado de trabalho e que a delegação presente na audição se apresenta com a farda profissional para

demonstrar o respeito que têm pelos utentes e pelos princípios éticos que regem a profissão.

Frisou que o psicomotricista atua em diversas fases da vida, desde o período neonatal até ao geriátrico, e

em vários contextos, incluindo o preventivo, educativo e terapêutico e que, sem regulamentação, a APP tem

assumido responsabilidades semelhantes às de entidades europeias que já têm a profissão regulamentada,

emitindo Declarações Profissionais de Psicomotricista, mantendo uma lista de profissionais ativos e

esclarecendo entidades e utentes sobre as qualificações dos profissionais.

Destacou várias iniciativas do processo de regulamentação, incluindo a presente petição, com signatários de

relevância nas áreas científica, profissional e política, que totalizou 10 248 assinaturas. Referiu que a

documentação de suporte à petição inclui pareceres de diversas entidades e indivíduos de destaque, como o

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Professor Vítor da Fonseca, Diretor do Programa Nacional para a Saúde Mental da Direção-Geral da Saúde, a

Provedoria de Justiça e reitorias de universidades públicas, todos clamando pela regulamentação da profissão

de psicomotricista.

Informou que existem cerca de 2500 profissionais em Portugal continental e nas Regiões Autónomas da

Madeira e dos Açores e que a falta de regulamentação acentua as desigualdades regionais, pois a contratação

de psicomotricistas depende da discricionariedade das administrações das unidades de saúde e isso tem como

consequência uma desigualdade no acesso aos cuidados de saúde, prejudicando utentes de determinadas

regiões que precisam se deslocar ou recorrer a serviços privados.

Afirmou que a profissão de psicomotricista é uma profissão com formação universitária reconhecida a nível

nacional e internacional, cumprindo os requisitos do Fórum Europeu de Psicomotricidade e assegurando a

mobilidade europeia dos psicomotricistas formados em Portugal e que a qualidade do trabalho do psicomotricista

nos setores público e privado prova a excelência da nossa formação.

Por fim, reiterou que é urgente concluir o processo de regulamentação da profissão de psicomotricista para

garantir a proteção e os direitos dos utentes, das entidades e dos profissionais desta área da saúde.

A Deputada Isabel Fernandes (PSD) agradeceu às peticionárias e sublinhou que a Associação Portuguesa

de Psicomotricidade tem vindo a lutar pela regulamentação da profissão há quase 20 anos. Referiu que

atualmente existem profissionais em Portugal que trabalham integrados nas várias equipas de saúde e que este

reconhecimento prático por parte do Governo é evidente, mas a profissão ainda carece de regulamentação

formal. Deu nota de que todos estão cientes da importância desta regulamentação para garantir a qualidade dos

cuidados, assim como a monitorização, fiscalização e, acima de tudo, a segurança para os utentes, e que os

psicomotricistas atuam em várias dimensões, interagindo com áreas da saúde e culturais. Por fim, pediu

esclarecimentos quanto às competências únicas dos psicomotricistas, ou seja: quais são as competências que

tornam os psicomotricistas únicos e o que define a individualidade desta profissão, quanto à exclusividade de

funções, isto é, quais são as competências que apenas os psicomotricistas podem exercer e que não podem

ser realizadas por outras profissões; quanto às diferenças em relação a outras profissões da área da saúde; e,

por fim, quanto à integração com equipas de saúde, ou seja, de que forma os psicomotricistas se articulam com

os restantes membros das equipas de saúde e com o sistema nacional de saúde.

A Deputada Susana Correia (PS) cumprimentou a Associação Portuguesa de Psicomotricidade e, na

pessoa da sua Presidente, cumprimentou toda a associação presente. Começou por mencionar que este é um

processo que já se arrasta há mais de 20 anos e que não iria repetir a importância da profissão na prevenção e

na saúde, pois isso já foi bem abordado. No entanto, deu nota de que tem algumas questões que necessitam

de ser esclarecidas com vista à definição do caminho e enfrentar os obstáculos que surgem a cada tentativa de

regulamentar esta profissão, onde o papel da APP é fundamental. Perguntou como é feita a integração dos

atuais profissionais de psicomotricidade nas equipas do Serviço Nacional de Saúde (SNS), tendo em conta os

já mencionados pontos de contacto com outras profissões. Deu nota de que este tem sido um obstáculo

significativo para a regulamentação, perguntando como se pode desbravar este caminho. Pediu o contributo das

peticionárias para se poderem acautelar e minimizar eventuais implicações que a regulamentação da

psicomotricidade possa suscitar. Questionou as peticionárias no sentido de saber se, além dos exemplos

europeus, com base na experiência de duas décadas da APP, existe algum caminho adicional que se possa

seguir, nomeadamente envolvendo outros peritos ou ordens profissionais, para se clarificar melhor esta questão.

A Deputada Diva Ribeiro (CH) cumprimentou as peticionárias e sublinhou que a petição apresentada

menciona várias preocupações da profissão, especialmente a falta de regulamentação. Perguntou quais os

principais prejuízos que os utentes têm enfrentado devido à falta de regulamentação da profissão de

psicomotricista, em particular as preocupações com a segurança e a qualidade dos serviços prestados. Indagou

sobre as medidas específicas que a regulamentação traria para melhorar a segurança e a qualidade dos

serviços. Referiu que a formação em psicomotricidade é ministrada em três universidades portuguesas e, nesse

sentido, perguntou às peticionárias em que sentido poderá a regulamentação da profissão impactar a formação

académica e a qualidade dos cursos de licenciatura em Reabilitação. Por fim, atendendo à importância da

psicomotricidade na saúde mental de crianças, jovens, adultos e idosos, questionou sobre quais seriam os reais

benefícios da regulamentação da profissão para a saúde mental nas diferentes faixas etárias.

A Deputada Paula Santos (PCP) começou por cumprimentar a APP, na pessoa da sua Presidente e demais

dirigentes, agradecendo pela iniciativa de trazer a questão da regulamentação da profissão de psicomotricista à

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Assembleia da República. Saudou as peticionárias pela petição e expressou o seu apoio a essa pretensão. De

seguida, afirmou que a regulamentação é uma questão de direito para os profissionais e também uma vertente

essencial de proteção e salvaguarda dos utentes e de todos os cidadãos, pois uma profissão regulamentada

garante os instrumentos necessários para proteger os interesses dos utentes, evitando abusos de pessoas que

possam passar por psicomotricistas sem a devida qualificação. Explicou que o Grupo Parlamentar do PCP apoia

a presente pretensão, não só por considerá-la justa e legítima, mas também por entenderem a importância de

envolver os próprios profissionais na discussão. Mencionou que já levaram esta proposta à discussão no

Orçamento do Estado, em particular em 2023, propondo um trabalho conjunto do Governo com os responsáveis

da profissão para preparar os instrumentos legais necessários à regulamentação. No entanto, esta proposta foi

rejeitada. A Deputada afirmou que considera esta uma causa justa e legítima e, no âmbito da sua intervenção

na Assembleia da República, continuará a apoiar esta matéria. Expressou o interesse em saber quais têm sido

as respostas das entidades governamentais e administrativas, e quais os impedimentos para a concretização

desta regulamentação. Ressaltou que o Governo está nas melhores condições para concretizar essa

regulamentação, com o apoio técnico e científico necessário. A Deputada reconheceu que o País forma

profissionais na área de psicomotricidade, contratados pelo Serviço Nacional de Saúde, o que reforça a

necessidade e importância desta formação para os cuidados de saúde. Concluiu afirmando que é fundamental

garantir condições de trabalho, reconhecimento e valorização desta profissão no País.

A Dr.ª Cristina Maria RubianesVieira começou por agradecer todas as questões colocadas, destacando

que todas são pertinentes e ajudam a esclarecer pontos importantes. Em relação ao perfil de competências do

psicomotricista, mencionou que as universidades detalham as competências específicas que complementam

outras profissões da saúde, dando como exemplo a Escola de Saúde da Universidade de Évora, que oferece a

licenciatura em Reabilitação Psicomotora, demonstrando que esta é claramente uma profissão de saúde, com

possibilidade de aprofundamento através de mestrado e doutoramento em áreas afins.

No que diz respeito à articulação com o SNS, explicou que há colegas integrados no SNS há quase 20 anos,

trabalhando em equipas multidisciplinares junto a médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, terapeutas

ocupacionais e terapeutas da fala. Sublinhou que a principal dificuldade apontada é o enquadramento legal dos

profissionais, pois, sem regulamentação, a integração é inconsistente e depende da criatividade das

administrações hospitalares, dizendo que há chefes de serviço que reclamam a presença de psicomotricista,

mas enfrentam obstáculos devido à falta de regulamentação.

Sobre a segurança e a qualidade dos serviços, referiu que já se verificaram situações em que pessoas se

passaram por psicomotricistas sem a devida qualificação, o que é preocupante. Reiterou que sem

regulamentação torna-se difícil garantir a segurança dos utentes e a qualidade dos serviços. Lembrou que a

associação tem regulamentos internos, mas estes só se aplicam aos associados. Continuou dizendo que a falta

de regulamentação também cria constrangimentos na formação, limitando o investimento das universidades

nesta área. A peticionária afirmou que a regulamentação ajudaria a prevenir problemas de saúde mental e

promoveria o desenvolvimento humano desde o nascimento até ao final da vida.

Em termos de iniciativas políticas, disse que todas as entidades consultadas deram parecer positivo à

regulamentação, mas, na prática, o processo tem ficado parado. Relatou que existiram reuniões com o Ministério

da Saúde e a Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS), mas o processo não avançou e que estão a

tentar agendar novas reuniões para entender o ponto de situação.

Por último, abordou a questão da inscrição na Entidade Reguladora da Saúde, que poderia proporcionar

algum enquadramento, mas é feita apenas através do número de contribuinte, permitindo que qualquer pessoa

se inscreva como psicomotricista sem comprovar a qualificação e que isso cria insegurança e dificuldades

adicionais, como a comparticipação inadequada dos serviços.

Concluiu afirmando que é urgente finalizar o processo de regulamentação da profissão para garantir a

segurança, a qualidade dos serviços e o reconhecimento adequado dos psicomotricistas, e agradeceu.»

IV. Opinião do relator

Nos termos regimentais aplicáveis, a opinião do relator é de elaboração facultativa, pelo que a Deputada

relatora se exime, nesta sede, de emitir considerações políticas, reservando a sua posição para a discussão da

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presente petição em sessão plenária.

V. Conclusões

Face ao exposto, a Comissão de Saúde conclui o seguinte:

a) Que o presente relatório deve ser enviado ao Sr. Presidente da Assembleia da República, nos termos do

n.º 12 do artigo 17.º da Lei do Exercício do Direito de Petição (LEDP);

b) Que, tendo em conta o n.º 1 do artigo 26.º do diploma atrás referido, e por esta petição ter mais de 1000

assinaturas, deverão a petição e o presente relatório ser publicados, na íntegra, em Diário da Assembleia da

República;

c) Que, conforme o disposto no artigo 24.º, n.º 1, alínea a), da LEDP e considerando o número de

subscritores da Petição n.º 7/XVI/1.ª, a mesma deverá ser apreciada em Plenário;

d) Que, no final do processo de apreciação, deve ser remetida cópia da petição e do respetivo relatório à

Sr.ª Ministra da Saúde, para a tomada das medidas que entender pertinentes, nos termos do artigo 19.º da

LEDP;

e) Que deve ser dado conhecimento aos peticionários do teor do presente relatório, nos termos da alínea m)

do n.º 1 do artigo 19.º da LEDP, bem como das providências adotadas.

Palácio de São Bento, 16 de dezembro de 2024.

A Deputada relatora, Sandra Ribeiro — A Vice-Presidente da Comissão, Marta Martins da Silva.

Nota: O relatório foi aprovado por unanimidade, tendo-se registado a ausência da IL, do PCP e do L, na

reunião da Comissão do dia 8 de janeiro de 2025.

–——–

PETIÇÃO N.º 128/XVI/1.ª

SALVEMOS O CINEMA IMPÉRIO!

O cinema Império, inaugurado a 24 de maio de 1952, é uma das joias culturais e arquitetónicas de Lisboa,

com uma história riquíssima que marcou gerações. Este edifício emblemático, concebido pelo arquiteto

Cassiano Branco, é um testemunho vivo do modernismo português e um espaço onde a arte, a memória e a

cultura convergiram durante décadas.

Ao longo da sua existência, o cinema Império não foi apenas um local de exibição de filmes, mas também

um palco de momentos históricos e artísticos: recebeu o 1.º Festival da Canção em 1958, foi berço do Teatro

Moderno de Lisboa, acolheu concertos de lendas como Count Basie e Quincy Jones, e estreou obras

cinematográficas que marcaram o panorama cultural nacional, incluindo O Couraçado Potemkin no período pós-

25 de Abril.

No entanto, o futuro deste património está em risco. A recente aprovação pela Câmara Municipal de Lisboa

(CML) do projeto de alteração de uso do cinema Império, que pretende convertê-lo de equipamento cultural para

equipamento religioso com diversas alterações estruturais, é alarmante. Este projeto inclui a ampliação do

edifício, alterações de fachada e volumetria, além de modificações internas que comprometem a sua integridade

enquanto imóvel classificado como de interesse público desde 1996.

Os principais pontos de preocupação incluem:

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Descaracterização do edifício:

A proposta atual inclui mudanças irreversíveis que não respeitam o valor patrimonial do imóvel, como a

remoção de elementos arquitetónicos e decorativos originais, incluindo as esferas armilares e o letreiro

«Império».

Legalização de obras ilegais anteriores:

Intervenções realizadas nos anos 90, sem aprovação, estão agora a ser regularizadas, o que representa um

retrocesso na proteção do património.

Falta de clareza sobre a salvaguarda patrimonial:

Os pareceres emitidos pelo Património Cultural, IP, levantam dúvidas sobre a reversibilidade das alterações

propostas e sobre a proteção de elementos icónicos como o painel cerâmico de João Fragoso e as pinturas

murais do interior.

Mudança de uso de equipamento cultural:

Não está claro se foi cumprido o processo legal obrigatório para a desafetação de uma sala de espetáculos,

essencial para preservar a memória e a função cultural do espaço.

O desaparecimento do cinema Império seria mais uma perda irreparável para Lisboa, numa lista crescente

de espaços culturais icónicos que foram abandonados ou transformados sem consideração pelo seu significado

histórico. Este padrão reflete uma preocupante negligência face ao património cultural e ao direito dos cidadãos

ao acesso à arte e à memória coletiva.

Por tudo isto, exigimos:

• Que o Governo, a Câmara Municipal de Lisboa e o Património Cultural, IP, intervenham para travar este

projeto que descaracteriza o cinema Império.

• A implementação de medidas que garantam a preservação integral do edifício, assegurando que não se

façam intervenções que desrespeitem o seu valor histórico e arquitetónico.

• O cumprimento rigoroso das condicionantes estabelecidas pelos pareceres do Património Cultural, IP,

e a consulta pública para qualquer alteração definitiva de uso do espaço.

Adicionalmente, apelamos à criação de mecanismos legislativos eficazes para:

• Proibir intervenções que descaracterizem imóveis classificados, mesmo que aprovadas previamente.

• Garantir a reversibilidade de alterações em património cultural sempre que possível, protegendo o futuro

dos imóveis históricos.

• Reforçar a obrigatoriedade de consulta pública em casos de alterações de uso ou descaracterização de

património classificado, garantindo a participação ativa da sociedade civil.

E solicitamos medidas urgentes para:

• Preservar o cinema Império enquanto imóvel de interesse público, mantendo a sua integridade

arquitetónica e função cultural.

• Reavaliar o processo de aprovação do projeto atual, considerando os pareceres do Património Cultural,

IP, e as implicações para a memória cultural de Lisboa.

Não se trata apenas de salvar um edifício, mas de proteger a memória, a história e o futuro cultural de Lisboa.

Junte-se a nós nesta causa para salvaguardar o cinema Império e garantir que Lisboa não perca mais um

símbolo da sua identidade cultural.

Assine esta petição e faça a diferença!

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Salvemos o Cinema Império!

Data de entrada na Assembleia da República: 18 de dezembro de 2024.

Primeiro peticionário: Academia Portuguesa de Cinema (Paulo António Rodrigues de Noronha Trancoso).

Nota: Desta petição foram subscritores 12 641 cidadãos.

–——–

PETIÇÃO N.º 129/XVI/1.ª

PELA MANUTENÇÃO E SALVAGUARDA DA ACADEMIA DE AMADORES DE MÚSICA

Antigos e atuais alunos, respetivas famílias, professores e restantes funcionários, amigos da Academia de

Amadores de Música apelam a que haja uma solução de fundo para a Academia de Amadores de Música, que

passe pela aquisição do espaço onde atualmente funciona, ou pela cedência em permanência de um espaço

adequado à prática da atividade da Academia, incluindo nos seus requisitos de centralidade e acessibilidade.

A Academia de Amadores de Música é uma instituição histórica central no ensino artístico, e especificamente

da música, em Portugal. Fundada em 1884, e situada na Rua Nova da Trindade, a Academia tem 140 anos de

atividade contínua, sendo a mais antiga escola artística privada do País em funcionamento. A manutenção desta

instituição num regime com nova renda e sem garantias de proteção para lá de 2027 tornou-se inviável. Mercê

da incapacidade do sistema político de oferecer uma solução de longo prazo para a situação da Academia, esta

viu-se constrangida a negociar um acordo para a saída das suas atuais instalações. Apesar dos esforços desta

instituição, a Academia não encontrou junto das várias entidades políticas que consultou nenhuma resolução

para o atual problema.

Se a Academia de Amadores de Música não tiver o problema das instalações rapidamente resolvido, não se

antevê como poderá assegurar o ensino da música no letivo de 2025-2026 aos 320 alunos que frequentam

atualmente a Academia. Do mesmo modo, ficarão em risco:

1) a execução dos contratos de patrocínio com 18 escolas privadas e públicas do concelho de Lisboa,

cobrindo as necessidades do ensino artístico de cerca de 160 alunos;

2) a continuidade dos estudos de outros 160 alunos do ensino supletivo, livre e de iniciação;

3) a continuidade de execução de contratos com entidades como a Câmara Municipal de Lisboa ou a

Direcção-Geral das Artes, no âmbito da promoção da atividade artística.

No cenário atual, está seriamente em risco a sobrevivência da Academia. Para além das importantes funções

que desempenha, o fim da Academia de Amadores de Música significa também descartar uma instituição que

faz parte do património histórico e cultural do nosso País. Num tempo histórico em que somos confrontados com

a fragilidade da democracia, e no ano em que comemoramos os cinquenta anos do 25 de Abril, o poder político

tem o dever de garantir a continuidade de instituições privadas que desempenharam um papel na luta contra o

Estado Novo, salvaguardando a memória de um passado que não está tão distante assim. Ora, a Academia tem

um longo passado de luta contra o regime autoritário que governou Portugal durante quase cinquenta anos. No

seu corpo docente estiveram músicos que foram impedidos pelo regime de dar aulas no Conservatório Nacional,

tais como Fernando Lopes-Graça (seu histórico diretor), Luís de Freitas Branco, Francine Benoit ou Maria da

Graça Amado da Cunha. No seio da Academia, funcionou, a partir de 1950, a revista de linha antifascista Gazeta,

onde colaboraram escritores e artistas como Mário Dionísio, João Cochofel, Augusto Abelaira, José Rodrigues

Miguéis, e tantos outros. Durante anos, a Academia cedeu as suas instalações para concertos da sociedade de

concertos «Sonata». Esses concertos são parte da nossa história cultural. Eram ponto de encontro de

intelectuais e opositores do regime, como Francisco Vieira de Almeida, Irene Lisboa, José Gomes Ferreira, Maria

Keil, Francisco Keil do Amaral, e tantos outros que vinham tanto para ouvir música como para encontrar formas

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11 DE JANEIRO DE 2025

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de combater o Estado Novo. Nessa mesma sala de concertos da Rua Nova da Trindade, que a Academia vai

agora perder, está uma placa que marca a última vez que tocou em público, em 1945, aquele que ainda hoje é

considerado o maior pianista português, José Viana da Mota, um dos últimos discípulos de Liszt. Ali tocaram

tanta vez os «Canários», histórico coro dirigido por Fernando Lopes-Graça, mas também Maria João Pires, que,

com onze anos, deixou a audiência abismada com o seu talento.

A Academia foi responsável pelo ensino artístico dos mais célebres músicos e compositores portugueses,

desde a música clássica ao jazz, do fado à música ligeira. Por ela passaram músicos como Emmanuel Nunes,

Bernardo Sassetti, Mário Laginha, Teresa Salgueiro, Tim e Zé Pedro, Pedro Ayres de Magalhães, Carlos Bica,

entre tantos outros.

A Academia prossegue em plena atividade. Neste ano letivo tem cerca de 320 alunos, muitos dos quais em

regime articulado, no qual a Academia efetivamente colabora com o Estado na missão educativa deste último,

através da dotação de recursos para complementar a oferta educativa de 18 escolas, maioritariamente públicas,

do município de Lisboa. Esta atividade é essencial para o ensino artístico em Lisboa e justifica plenamente a

necessidade de centralidade na localização da Academia. Tanto alunos como professores precisam de se

deslocar dentro do concelho de Lisboa na execução do seu horário letivo, pelo que uma localização central e

dotada de acessibilidade é fulcral.

Por tudo quanto ficou exposto, apelamos ao poder político, Governo e Assembleia da República, que

promova uma solução do problema da falta de instalações da Academia de Amadores de Música. Essa solução,

para além de célere, deve obedecer aos parâmetros pelos quais a Academia se regeu até agora, isto é, deve

permitir a esta instituição continuar a servir os alunos da cidade de Lisboa no que se refere ao ensino da música

com a qualidade com que o tem feito desde 1884.

Data de entrada na Assembleia da República: 20 de dezembro de 2024.

Primeiro peticionário: Academia de Amadores de Música (José Pedro da Silva Bastos Martins Barata).

Nota: Desta petição foram subscritores 8077 cidadãos.

A DIVISÃO DE REDAÇÃO.

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