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Quarta-feira, 13 de setembro de 2017 II Série-D — Número 16

XIII LEGISLATURA 2.ª SESSÃO LEGISLATIVA (2016-2017)

S U M Á R I O

Delegações da Assembleia da República:

— Relatório da Comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias relativo à participação de uma delegação da Assembleia da República na Reunião Interparlamentar sobre “A criação e um mecanismo da União Europeia para a Democracia, Estado de Direito e Direitos Fundamentais”, que decorreu em Bruxelas no dia 22 de junho de 2017.

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DELEGAÇÕES DA ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA

RELATÓRIO DA COMISSÃO DE ASSUNTOS CONSTITUCIONAIS, DIREITOS, LIBERDADES E

GARANTIAS RELATIVO À PARTICIPAÇÃO DE UMA DELEGAÇÃO DA ASSEMBLEIA DA

REPÚBLICA NA REUNIÃO INTERPARLAMENTAR SOBRE “A CRIAÇÃO E UM MECANISMO DA

UNIÃO EUROPEIA PARA A DEMOCRACIA, ESTADO DE DIREITO E DIREITOS FUNDAMENTAIS”,

QUE DECORREU EM BRUXELAS NO DIA 22 DE JUNHO DE 2017

Composição da Delegação

Integrou a Delegação da Assembleia da República o Senhor Deputado António Filipe (PCP), designado pela

Comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias.

O apoio técnico foi prestadopela Representante Permanente da Assembleia da República junto da União

Europeia, Maria João Costa.

Enquadramento

A Comissão de Liberdades Cívicas, Justiça e Assuntos Internos (LIBE) do Parlamento Europeu (PE)

organizou uma reunião interparlamentar1 com a presença dos Parlamentos nacionais para debater a Resolução

do Parlamento Europeu, de 25 de outubro de 2016, que contém recomendações à Comissão sobre a criação

de um mecanismo da União Europeia para a Democracia, o Estado de Direito e os Direitos Fundamentais, a

qual teve por base o Relatório da Deputada ao Parlamento Europeu Sophie in’t Veld (ALDE)2.

Da Reunião

A Deputada ao Parlamento Europeu da Comissão LIBE, Sophie in’t Veld, presidiu à reunião. Na intervenção

inicial referiu que a União Europeia é uma comunidade de valores, que estão expressos no artigo 2.º dos

Tratados. Acrescentou que em recentes anos foi crescendo a sensação de que é necessário garantir que esses

valores são aplicados. Nesse sentido a proposta do Parlamento Europeu visa garantir os três alicerces da União,

que são também património comum — democracia, estado de direito e direitos fundamentais — são respeitados

em toda a União Europeia. De igual modo, referiu que não se trata de criar um mecanismo direcionado para um

Estado-Membro, mas sim criar um mecanismo permanente que possa acompanhar a situação em todos os

Estados Membros. Concluiu a sua intervenção nacional referindo que apenas com o envolvimento dos

Parlamentos nacionais se pode criar este mecanismo, que se pretende seja um exercício anual e sugeriu que

cada Parlamento/Câmara deveria nomear um Representante/Relator que pudesse ser o elo de ligação com o

Parlamento Europeu.

Sessão I — Em direção a um pacto a nível da EU sobre democracia, Estado de Direito e Direitos

Fundamentais — perspetiva interinstitucional e papel dos Parlamentos nacionais

A primeira intervenção coube ao Diretor-Geral Adjunto da DG JUST da Comissão Europeia, Fonseca Morello,

que referiu que a Comissão Europeia respeita os princípios e os objetivos constantes na Resolução do

Parlamento Europeu, mas tem dúvidas sobre qual a melhor forma de atingir esses objetivos, ainda que a

Comissão considere que a criação de um mecanismo interinstitucional é um bom primeiro passo. Defendeu que

deve existir um debate abrangente sobre os valores comuns e a sua concretização, considerando que é um

1 Documentos disponíveis em: http://www.europarl.europa.eu/relnatparl/en/meetings.html 2 Resolução e Relatório disponíveis em: http://www.europarl.europa.eu/sides/getDoc.do?pubRef=-//EP//TEXT+TA+P8-TA-2016-

0409+0+DOC+XML+V0//PT

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debate que deve decorrer a nível europeu e a nível nacional. Recordou que já existe o Mecanismo de Diálogo

para o Estado de Direito ao nível da Comissão Europeia e que o mesmo deverá ser avaliado no final de 2019.

Referiu ainda que a Comissão Europeia advoga a criação de instrumentos de assistência, que colaborem no

diálogo com os Estados-Membros.

A segunda intervenção coube ao Presidente da Comissão de Assuntos Europeus do Senado da República

Checa, Vaclav Hampl, que começou por referir que o Estado de Direito, a Democracia e os Direitos

Fundamentais são essenciais na construção da União Europeia. No entanto, no seu país em outros existem

reservas sobre a possibilidade de externamente se influenciar a política interna. Considera que o artigo 7.º do

Tratado da União Europeia só deve ser utilizado em último recurso, quando existe uma violação combinada de

diversos direitos fundamentais. Referiu que tem dúvidas sobre um eventual papel do Parlamento Europeu, mas

considerou que o diálogo é sempre relevante, desde que todas as partes se ouçam. No entanto, considerou que

a proposta do Parlamento Europeu tem méritos, nomeadamente, ter como base um relatório de peritos, que

pode evitar a ideia de perseguição política. Considerou que os direitos sociais não se deviam inserir no quadro

dos Direitos Fundamentais, pelo que deveriam ser excluídos do objeto do mecanismo. Relativamente ao papel

dos Parlamentos nacionais, considera que é difícil a sua intervenção nesta área, pois os Governos saem dos

Parlamentos. No caso checo, a Câmara e o Senado raramente têm a mesma maioria, porque as eleições são

desencontradas, pelo que funciona uma espécie de “checks and balances”. A concluir referiu que uma

verdadeira avaliação da democracia deve começar por aferir a independência da comunicação social e a

liberdade de expressão.

O período do debate iniciou-se com uma intervenção do Deputado Szymon Szynkowski Vel Sek (Sejm da

Polónia), que manifestou a sua discordância relativamente ao mecanismo de vigilância proposto pelo

Parlamento Europeu, por considerar que o mesmo não se baseia num diálogo construtivo e que vai contra o

artigo 7.º do TUE, pois este artigo apenas se aplica quando existe violação da lei, caso os Tratados quisessem

ter incluído o Estado de Direito deveriam tê-lo expressamente referido. Questionou ainda a legitimidade da União

Europeia em verificar o Estado de Direito nos Estados-Membros, suscitando mesmo a possibilidade de também

ao nível das instituições da União existirem violações ao estado de Direito. Concluiu criticando o Parlamento

Europeu por se colocar num nível de superioridade moral face aos Parlamentos nacionais.

O Deputado ao Parlamento Europeu Csaba Sogor (PPE) aludiu à questão das minorias, referindo que em

certos países as autoridades agem de forma a não respeitar, na prática, a legislação que aprovam. Questionou

se este mecanismo será capaz de avaliar o fosso entre a Lei e a prática.

O Senador Didier Marie (Senado de França) referiu que este mecanismo pode ser uma boa ideia dado que

considerou existirem em alguns Estados-Membros violações das liberdades dos cidadãos e violações do Estado

de Direito. Referiu que mesmo em França existem falhas, nomeadamente, ao nível judicial. Defendeu que se

deve fazer melhor ao nível dos Estados-Membros. No entanto, considerou que se deve poder impor obrigações

aos Estados-Membros, pelo que defendeu que o artigo 7.º deve ter uma componente coerciva, cuja

concretização seja efetuada em conjunto pelo Parlamento Europeu e pelos Parlamentos nacionais. Considera

que o diálogo é importante, mas que após isso devem existir consequências.

O Senhor Deputado António Filipe (PCP) começou por referir que deve existir um consenso sobre os

princípios que estão em causa. De seguida, questionou sobre quem definirá o padrão mais correto e o mais

justo. De igual modo, chamou a atenção para a necessidade de reconhecimento dos cidadãos da legitimidade

democrática das instituições europeias, que não existe e que por isso não podem intervir nos Estados-Membros

com a eventual aplicação de sanções. Considerou ainda que o aperfeiçoamento da democracia é um debate

que vale a pena ter, no entanto, não parece ser um bom caminho se for efetuado com base nas ameaças e nas

sanções, pelo contrário, alertou que pode contribuir para afastar os cidadãos. Se a igualdade dos Estados não

é uma realidade na União, afirmou, este mecanismo pode acentuar as diferentes dimensões e as distintas

capacidades de persuasão dos Estados-Membros implicando consequências distintas.

A Deputada Petra Stienen (Senado dos Países Baixos) referiu que o Estado de Direito vai para lá das eleições

e também envolve direitos de cidadania, pelo que criticou este mecanismo por não envolver os cidadãos.

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A Deputada ao Parlamento Europeu Barbara Spinelli (S&D) interveio para referir que este mecanismo foi

pensado para garantir uma avaliação geral. Esclareceu que não se pretende analisar apenas o Estado, mas

também vários aspetos do Estado que garantem a democracia. Relativamente aos valores partilhados, referiu

que, muitas vezes, os valores são subjetivos e relacionados com as realidades de cada Estado, no entanto,

existe um núcleo comum, que é partilhado, e que é a base da democracia.

O Senador Lukasz Mikolajczyk (Senado da Polónia) defendeu que o diálogo é da maior importância e que

não deve ser apenas entre Estados-Membros a nível bilateral. De igual modo, considerou que uma interferência

excessiva das instituições europeias é perniciosa para a própria perceção que os cidadãos tenham do projeto

europeu. Concluiu referindo que o diálogo deve respeitar a soberania dos Estados-Membros.

O Deputado Audronius Azubalis (Parlamento da Lituânia) aludiu ao artigo 8.º do mecanismo e referiu que lhe

parecia demasiado aberto a interpretações dos juristas. Questionou a designação dos peritos nacionais e

defendeu que não considerava que pudessem existir intervenções na soberania dos Estados-Membros. Criticou

ainda os critérios que presidem à designação de peritos nacionais, que se contrapõe à ausência de idênticos

critérios para a designação pelo Parlamento Europeu.

A Deputada ao Parlamento Europeu Beatriz Von Storch (EFDD) começou por defender que a interpretação

de justiça é muito distinta entre os Estados-Membros e criticou este mecanismo por considerar que o mesmo

visa defender um certo entendimento de um tipo de valores. Contorna-se os Tribunais. Queremos proteger sim

os valores de um determinado número de pessoas

O Deputado Anne Mulder (Tweede Kamer dos Países Baixos) aludiu aos eurocéticos e referiu que nos Países

Baixos existem muitos, que consideram que a União alargou muito e muito depressa e que existem países a

Leste que não partilham os valores comuns da Europa. Indagou como explicar aos seus eleitores, em especial

os eurocéticos, a situação na Polónia.

O Deputado Alex Bodry (Parlamento do Luxemburgo) considerou que a democracia e os direitos

fundamentais são demasiados importantes para serem apenas tratados pelos Estados-Membros, pelo que

considerou importante a criação de um mecanismo que envolva os Parlamentos. Defendeu ainda que a

formalização deste mecanismo deve ser um ponto inicial e não um ponto final, pois considerou importante não

se perder tempo com a implementação de um quadro formal, mas sim com encontrar soluções práticas. Concluiu

referindo que os valores da União estão estabelecidos em vários textos válidos e são aplicáveis a todos.

O Deputado István Vitányi (Parlamento Hungria) considerou que o Estado de direito é um valor comum que

deve ser protegido, mas defendeu que a verificação deve ser efetuada com base nas Conclusões do Conselho

de 2014 e deve ser avaliada de forma objetiva e sem parcialidades. Considerou que ir para além disto é

inaceitável. Acrescentou ainda que a União deve evitar os temas que dividem e que a Hungria considera que os

Tratados já preveem mecanismos que garantem o Estado de Direito. Concluiu manifestando a sua discordância

com a criação de um mecanismo que pressione os Estados-Membros.

A Deputada Anneke Wezel (Senado dos Países Baixos) defendeu que a União deveria começar por um

mecanismo de direito, que verifique a implementação da legislação europeia. Concluiu expressando as suas

dúvidas sobre os veiros objetivos que se pretendem prosseguir com este mecanismo.

Em resposta às intervenções, o Diretor-Geral Adjunto da DG JUST da Comissão Europeia, Fonseca Morello,

referiu que é necessário reforçar a capacidade dos cidadãos de se tornarem atores dos direitos fundamentais e

aludiu ao mecanismo desenvolvido pela Universidade de Florença. Manifestou a sua discordância que a

Comissão Europeia esteja a ultrapassar as suas competências, referindo que as questões políticas na Polónia

são para os políticos polacos, mas as questões do primado do direito já se enquadram nos Tratados.

A Deputada ao Parlamento Europeu da Comissão LIBE, Sophie in’t Veld, começou por referir que tem

criticado a Comissão Europeia por não usar todos os seus poderes. Relativamente às questões e comentários

formulados, começou por referir que os padrões já existem e estão definidos em jurisprudência e nos Tratados,

tendo ainda aludido aos critérios de Copenhaga, que já definem um conjunto de padrões. Considerou que a

questão é perceber como são aplicados depois dos Estados já serem membros da União Europeia. Acrescentou

que nem tudo é relativo, existem coisas que estão estabelecidas nos Tratados e que não são negociáveis. No

entanto, concordou com a intervenção do Sr. Deputado António Filipe (PCP) considerando que a mesma

identifica questões fundamentais. Relativamente à participação dos cidadãos, recordou que a preparação do

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relatório do PE envolveu um processo de consulta muito vasto e informou que os Estados-Membros não são

assim tão críticos desta proposta, até porque o Conselho também tem interesse em poder discutir de forma mais

concreta alguns aspetos. No que diz respeito ao objeto da avaliação, esclareceu que as instituições europeias

também serão objeto de análise. Finalmente referiu que não se pretende que sejam os peritos a fazer a análise

e avaliação da situação, apenas se pretendem que prestem assessoria à preparação do Relatório pela Comissão

Europeia. Concluiu, recordando que muitos dos regimes autoritários surgiram a partir de eleições livres, pelo

que é necessária vigilância.

Sessão II — O papel dos Parlamentos nacionais na defesa da Democracia, Estado de Direito e Direitos

Fundamentais

O Deputado ao Parlamento Europeu, Frank Engel (PPE), iniciou esta sessão aludindo à situação na Hungria

e na Polónia e considerando inaceitável que tenham aderido à União Europeia e agora não aceitem as regras

do projeto europeu. Referiu que, nos próximos anos, o maior desafio da União é desenvolver a capacidade de

acordar ou o destino será acentuar as clivagens. Acrescentou que alguns podem não gostar do projeto europeu,

mas não podem estar dentro da União e deixar de respeitar as regras, pois nesse caso devem sair. E esclareceu

que já existe um caminho a ser trilhado de quem não quer participar na União: o Reino Unido. Concluiu, referindo

que “os contribuintes europeus pagam para esta festa, nestes termos, quem não gosta, não deve viver à custa”.

A Presidente da Rede Europeia de Conselhos da Magistratura, Nuria Díaz Abad, fez uma curta intervenção

na qual deu conta da experiência da rede na monitorização do setor judiciário, aludindo a algumas dificuldades,

que se prendem com a morosidade da justiça e falhas na garantia dos direitos fundamentais em vários Estados-

Membros.

O Deputado Alex Bodry (Parlamento do Luxemburgo) referiu que a independência da justiça é um elemento

da separação de poderes e que sem independência e imparcialidade dos juízes não existe justiça de facto.

Assim, considerou, que estes são elementos integrantes do conceito do Estado de Direito. Acrescentou que a

separação de poderes é um elemento essencial, ainda que atualmente exista alguma proximidade entre o

executivo e o legislativo. Aludiu ainda aos critérios fundamentais que enquadram e garantem a independência

do poder judicial: a nomeação dos juízes, a inamovibilidade, o ministério público independente, entre outros.

No período de debate, interveio a Deputada Oana-Consuela Florea (Câmara de Deputados da Roménia) que

deu conta que na Câmara dos Deputados da Roménia existe uma subcomissão que analisa a eventual

inconstitucionalidade e assegura a implementação das decisões do Tribunal Europeu. Partilhou ainda a forma

como na Roménia são eleitos os juízes e criticou alguns relatórios da Comissão Europeia por terem incorreções.

Após esta primeira intervenção o debate centrou-se na situação na Polónia e na Hungria. O Deputado

Szymon Szynkowski Vel Sek (Sejm da Polónia) começou por recordar que a Polónia não esteve sob nenhum

mecanismo de supervisão e descreveu o sistema polaco, criticando o facto do Presidente do Conselho de Justiça

fosse cooptado entre os magistrados e referindo que a reforma judicial na Polónia aproxima o sistema do vigente

no Luxemburgo, dando a possibilidade ao Parlamento de nomear parte dos juízes que compõem o referido

Conselho. Convidou ainda o Parlamento Europeu a centrar-se nas suas competências e deixar de comentar

realidades que não conhece na Polónia e na Hungria.

De seguida interveio o Deputado István Vitányi (Parlamento da Hungria) que rejeitou as críticas formuladas,

referindo que o Parlamento da Hungria respeita o Estado de Direito, os Direitos Fundamentais e a Democracia.

Repudiou ainda a resolução do Parlamento Europeu de 2007, que solicitava a abertura do processo ao abrigo

do artigo 7.º, considerando que o que se visa sancionar é a escolha política húngara o que não é aceitável.

A Deputada ao Parlamento Europeu Sophie in’t Veld rejeitou qualquer questão política ou de nacionalidade

nas resoluções que foram aprovadas sobre a Hungria, recordando que as mesmas foram aprovadas por uma

larga maioria de Deputados ao Parlamento Europeu.

O Deputado Alex Bodry (Parlamento do Luxemburgo) esclareceu que os juízes no Luxemburgo não são

selecionados pelo Parlamento, mas sim são cooptados e existe também um membro da Procuradoria e da

Ordem dos Advogados, pelo que esclareceu que o mesmo não é de todo comparável com a reforma judicial em

curso na Polónia.

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A Presidente da Rede Europeia de Conselhos da Magistratura, Nuria Díaz Abad, esclareceu que a menção

a um papel relevante dos Parlamentos no setor judiciário, não quer dizer que os Parlamentos devam nomear

diretamente os juízes. Referiu ainda que num recente inquérito feito aos juízes polacos, estes consideraram ter

diminuído o seu grau de independência.

O Deputado Szymon Szynkowski Vel Sek (Sejm da Polónia) pediu a palavra para referir que não percebe as

críticas efetuadas á reforma judicial polaca, pois também na Áustria e na Alemanha os Parlamentos participam

na eleição dos juízes.

O Deputado ao Parlamento Europeu, Frank Engel (PPE), referiu que na Polónia há uma politização total do

Tribunal Constitucional e isso pode estar enquadrado na Lei, mas não respeita os padrões europeus de

independência judicial. Acrescentou que a União entende que a Polónia deve aproximar o sistema judicial das

melhores práticas vigentes no resto da europa. Reiterou a mensagem veiculada aquando da sua intervenção

inicial, recordando a Hungria e a Polónia que foi de livre vontade que aderiram à União Europeia e que não se

tratou da União entrar pela Polónia e pela Hungria.

A Deputada ao Parlamento Europeu Sophie in’t Veld agradeceu a participação de todos e recordou que a

essência da democracia é a capacidade de debater estas questões de forma civilizada, bem como de fazer um

esforço para ouvir o outro.

Assembleia da República, 18 de julho de 2017.

Pela Delegação da Assembleia da República, António Filipe.

A DIVISÃO DE REDAÇÃO E APOIO AUDIOVISUAL.

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