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teste caso, tratando-se de provar culpas, he muito facil fazer que os accusadores appareção como Calumniadores.

O senhor Pereira do Carmo. - senhor Presidente peço a V. Exa. Exa. pergunte se a questão, está suficientemente discutida.

O senhor Gyrão. - Quando eu ouvi fazer a leitura da Acta, vi que estava decidido que se fizesse hoje a accusação, mas não que hoje se decidisse este negocio. E como elle he de ponderação, proponho que fique adiado.

O senhor Telles. - He do interesse deste Congresso examinar este negocio com toda a consideração, e tratar do mesmo modo, se deve, ou não ser ouvido o Ministro dos Negocios do Reyno, ou se deve antes disto ser suspendido do seu cargo. Eu não deixo de accreditar, que algum dos cargos que contra elle se fazem involva o resto dos Membros da Regencia, porque o Ministro em muita cousa não procede senão de accordo, e com os votos della: porém eu não vejo accusações senão contra hum Membro da Regencia. Quem nos diz a nós que elle, ouvido que seja, não attribua talvez ao Governo certas decisões, que se lhe imputão como criminosas? E então neste caso, hade ser elle só reputado criminoso, e não o Governo? Ha 2 ou 4 dias que foi publica a nomeação de certos Empregados para a Casa Pia. Eu não trato de a criminar, trato simplesmente de expor hum facto que pertence á Administração Publica. Sabe-se que a Casa Pia he muito pobre: no emtanto tinha hum Administrador, com 400$000 réis de Ordenado. Este Empregado foi demittido, e substituido, e alem disso dous mais, para ajudar ao novo com 600$000 réis de ordenado. Isto causou muito descontentamento em Lisboa, e tanto que eu receei que aquelle dia houvesse huma sublevação; tal era o desgosto com que isto foi olhado. Entre tanto ninguem ignora que este procedimento foi publico, e que involve a Regencia; mas eu não ouso fallar nem huma palavra sobre este facto. Outros mais poderia haver, e poderião citar-se. Eu poderia relatar hum da Junta dos Juros, que depois de longa, e meditada discussão neste Congresso se resolveo fosse conservada, em attenção á sua conhecida probidade, e interesse que tinha manifestado, mesmo quando a Nação se achava em hum estado geral de descredito. Os que a compunhão forão conservados por essa rasão; apesar disso, o Governo passa a dar 300$000 réis a cada hum, e nomes outros em seu lugar, hum com 1:000$ de réis, outro com 1:200$ réis, etc. Isto então não involve a Regencia? E hade ser só o Ministro inculpado, quando muitas vezes podem nascer os seus descuidos do muito expediente que tem sobre si? E o Governo he inviolavel, e só contra este homem se hade partir? Paliemos claro: seria talvez necessaiio tomar contas a todos, e proceder contra todos. Requeiro por tanto que seja ouvido este Ministro. (Apoyado, Apoyado. )

O senhor Borges Carneiro. - Da maior parte dos factos, que eu aqui expuz, com documentos que os comprovão, tem a principal, ou toda a culpa o Ministro, porque elle só he quem se encarrega dos papeis, e sabe-se que tudo o que he preparatorio pertence ao Ministro de Estado. Não duvido que, como diz o Preopinante, haverá alguma cousa que pertença á totalidade da Regencia, nem me opporei a que se lhe mostre, se resultar algum defeito, com a intenção de que vá melhorando nas suas decisões. Eu tambem sei que o Juiz de Fóra de Oyras foi.... (Houve muito susurro, e não pude ouvir - diz o Tachygrapho ) contra o que se tem decidido que fosse por proposta triple. E ainda que não posso imaginar que a Regencia não tivesse nisto, como em tudo, por objecto o bem publico, e a justiça, assim mesmo não seria máo fazer-lhe huma lembrança, tanto mais porque o dicto Conde assegurão que he muito bom para danças, e outras cousas, mas .... (A quentão, á questão = disse o senhor Presidente.) Agora resumo: digo que a Magistratura he hum Corpo doente, que se chamou o Medico, mas que este Medico não receita senão agoa morna com assucar. E a experiencia faz ver que talvez precise de sangrias, de sinapismos, e cantaridas: por tanto precisamos de outro Medico.

O senhor Miranda. - Que o Ministro dos Negocios do Reyno tem perdido a opinião publica he hum facto publico, e bem constante, e sendo-o, julgo que não he decente ao Congresso, que o Ministro continue, e que deve ser destituido; tratando-se depois do formar-lhe culpa, ou de que elle se justifique, se quizer. (Apoyado) Em quanto á inculparão que se faz á Regencia, devo responder. Accusa-se a Regencia de ter obrado mal a respeito da Casa Pia, e he necessario saber, que depois de remover alguns Empregados, que sem duvida não deverião subsistir, e de empregar outros, ainda resultou á Fazenda o bem de hum conto e tantos mil réis. Eu posso dizer que a Regencia obrou bem, porque a conheço, e sei quaes são as buas boas intenções, e sempre clamarei, que deve haver muita circunspecção em fazer accusações contra ella, sem ter documentos em que as fundar.

O senhor Pinheiro de Azevedo. - ( Não ouvi claramente, mas percebi que se oppunha ao que tinha dito o senhor Borges Carneiro a respeito do Juiz de Fora de Oeyras. - diz o Tachygrapho. )

O senhor Telles. - Eu não quiz accusar a Regencia, longe de mim tal intenção: mas como aqui se estabelece por prova a opinião publica, disse eu, que neste caso vi tambem faltar a opinião publica á Regencia, pelos factos que declarei. Eu não os dou por criminosos, o que digo só he que a opinião publica não encarou estes procedimentos pela face que o Preopinante os acaba de mostrar; e se a opinião publica deve decidir em tal caso, tambem a opinião publica deve decidir neste.

O senhor Gyrão. - Eu o que reclamo he que se observe o Regulamento interino das Cortes, e que se observe o que foi decidido hontem na Acta: outra vez proponho, que deve ser adiado este objecto, para ser tratado com consideração.

O senhor Margiochi. - Apoyo o senhor Preopinante. Isto já foi determinado na Acta; por consequencia todo o tempo que se tem gasto nesta discussão,

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