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Reino?.. Pelo interesse pois da causa publica, parece-me que o nobre Deputado devia retirar o requerimento que fez, continuando a Camara os trabalhos até que chegue S. Ex.ª o Sr. Ministro do Reino parece-me que S. Ex.ª não póde deixar de annuir ao convite que se lhe fez em nome de toda a Camara, e que chegando aqui a Camara ha de receber de S. Ex.ª uma satisfação completa e cabal.

Por consequencia eu pedia ao nobre Deputado, que pelo interesse da causa publica quizesse retirar o seu requerimento, e a Camara continuasse nos seus trabalhos, na certeza, como posso suppôr, de que o Sr. Ministro do Reino ha de annuir com a maior brevidade ao convite que lhe fez a Camara, (apoiados)

O Sr. Avila: — Sr. Presidente, direi muito francamente a Camara, que se eu tivesse lido o artigo de fundo do Diario do Governo de hoje, antes deste debate ter começado e de ter tomado o calor que tomou, não lhe dava importancia nenhuma, tal e a justiça com que eu estou costumado a ver tractar os homens publicos!... E sejamos francos, nós mesmos nas nossas discussões nem sempre deixamos de dar motivo a sermos assim tractados, pela pouca justiça, com que nos tractamos a nós mesmos. Repito, se eu tivesse lido o artigo antes da explosão que elle provocou na Camara, não lhe tinha dado importancia (apoiados). Não conheço o auctor do artigo, nem sei qual foi o espirito que o dictou, mas, lido a sangue frio, parece-me um artigo escripto mais em desculpa que em insulto, reconheço comtudo que está escripto com alguma inconveniencia (apoiados). Mas que querem os nobres Deputados concluir d'aqui?... Querem concluir que o Governo mandou escrever este artigo, quando o Sr. Ministro da Fazenda declarou expressamente que o Governo não o mandou escrever.. Por consequencia esta questão esteva acabada depois que o Sr. Ministro da Fazenda se levantou e declarou solemnemente que o Governo era estranho a redacção do artigo; tudo o que se passou d'ahi em diante, não e da dignidade da Camara, peço perdão á Camara para lho dizer com a franqueza que costumo, tudo o mais que se tem feito e dicto, todo este calor que tem havido, não faz senão justificar o artigo essa mesma interpretação, essa chamada interpretação que se tem dado ao artigo, esta justificada pelo que te tem passado aqui hoje.

Sr. Presidente, eu não considero o artigo como a expressão da opinião do Governo, por que o Governo claramente declarou, que elle não era a expressão da sua opinião. Que mais querem os nobres Deputados?... Querem que o Sr. Ministro do Reino venha declarar o mesmo que declarou o Sr. Ministro da Fazenda?... (Vozes — Queremos) Ha de vir, mas e necessario para isso suspendermos os trabalhos?... Porque?... Pois havemos de dar-nos por offendidos pelo Governo, por que um redactor de jornal fallou deste Parlamento em termos menos commedidos!.. (Uma voz — O Governo) O Governo... Não é o Governo, por que declarou já que não foi elle

Sr. Presidente, eu digo francamente, por que é este o meu costume sempre, parece-me que n'outras circumstancias este artigo não teria provocado uma explosão tal, eu tenho visto artigos no Diario do Governo, (e respondo com isto ao illustre Deputado e meu amigo, o Sr. Rebello da Silva) e escriptos mesmo no tempo em que eu fui Ministro, que mereciam mais censura que este. (Uma voz: — Dirigidos a Camara?..) Dirigidos á Camara, e dirigidos ao Governo, ao Governo de quem o Diario se diz orgão!...

Sr. Presidente, não demos a isto maiores dimensões do que merece, não demos logar a que se diga que isto e um pretexto que se aproveita para produzir grandes resultados (apoiados) deixemos ir as cousas pelo seu caminho regular, não fallemos aqui ao sentimentalismo, não queiramos excitar as paixões (apoiados). O Sr. Ministro da Fazenda declarou já, que este negocio não era negocio do Governo, quer-se que se convide o Sr. Ministro do Reino para fazer esta declaração, venha o Sr. Ministro do Reino, mas tudo o que for mais do que isto, parece-me de mais, parece-me provar de mais.

Eu por estas considerações opponho-me completamente a que suspendamos os trabalhos, e oppor-me-ía tambem, Sr. Presidente, a que a Camara se declarasse em sessão permanente ate que chegasse o Sr. Ministro do Reino; a Camara deseja que venha o Sr. Ministro do Reino fazer esta declaração que acabâmos de ouvir, venha S. Ex.ª mas suspender os trabalhos será conveniente?... É assim que havemos de provar que queremos fazer alguma cousa em bem do paiz?..

Voto por consequencia contra essa parte do requerimento relativa a suspender-se a sessão, e digo com toda a franqueza a Camara, que me parece que depois da explicação que deu o Sr. Ministro da Fazenda, nem era necessario que se chamasse o Sr. Ministro do Reino, por que o Ministerio e solidario, e por consequencia a declaração feita pelo Sr. Ministro da Fazenda, não posso eu deixar de a considerar como tão official, tão authentica, e tão solemne como a do Sr. Ministro do Reino.

O Sr. Cunha Sotto-Maior — Sr. Presidente, o illustre Deputado que acaba de fallar, não prestou bem attenção ao que disse o Sr. Ministro da Fazenda. S Ex.ª quando tomou a palavra sobre esta questão, disse et eu estou em completa ignorancia» S. Ex.ª disse isto, Sr. Presidente, disse que estava em completa ignorancia! (O Sr. Avila — Peço a palavra outra vez) E entre isto e o que disse o illustre Deputado, ha uma grande differença. Além de que o illustre Deputado fez uma censura a V. Ex.ª, e á Camara toda, porque a Camara por Unanimidade approvou o requerimento para a interpellação.

Eu propuz, que se suspendessem os trabalhos, e esta minha proposta e uma questão de dignidade, é uma indicação de brio e de pundonor. Quando o Diario do Governo declara que a Camara não tem feito nada, e não tem feito nada por um sentimento de perplexidade, por uma hesitação inqualificavel, por falta de intelligencia, a Camara não póde continuar a discutir sem que o Sr. Presidente do Conselho venha aqui dizer, que um tal artigo foi posto no Diario sem a menor ingerencia do Gabinete: apezar de que, Sr. Presidente, declaro-o francamente, não acredito que um artigo desta qualidade se publicasse com ignorancia do Ministerio. O Sr. Ministro da Fazenda veio aqui trazer os serviços do do Sr. Marechal Saldanha. A Camara não tem nada com os serviços do Sr. Marechal. O que ha, Sr. Pre-