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ás obras publicas, poupa-se tudo isto, porque aquella repartição proverá a tudo; e unicamente por isso acho de mais vantajem, que seja encarregada á inspecção das obras publicas.

O senhor Presidente: - Está determinado que ha de haver quantia fixa, não resta senão saber a cargo de quem ha de ficar, o distribuir e empregar esta quantia: se ha de ser a um empregado a quem se de qualquer nome, ou ao inspector das obras publicas. Proponho pois á votação.

O senhor Freire: - Peço que se não confundão as idéas; não ha de ser a cargo do inspector, porque póde ser que isto varie, e que não seja, depois o ministro da Fazenda; mas sim a cargo da inspecção das obras publicas. (Apoiado).

O senhor Presidente: - Se ha de ficar o concerto dos palacios reaes a cargo da inspecção das obras publicas, com a competente fiscalização, entregando-lhe a quantia que se determine. (Resolveu-se que sim)

O senhor Trigoso: - Mas quem ha de dizer que he precisa tal obra?

O senhor Presidente: - ElRei. Nós não nos cingimos a idea de reparos senão de pura conservação. Vamos agora a tratar da factura do palacio actual. Se deve haver quantia determinada para esta obra; se deve continuar; e até que ponto?

O senhor Braamcamp: - Como está principiada, e feita quasi ametade do edificio, seria nocivo, e até indecoroso não continuar a obra do palacio d'Ajuda. Seria nocivo abandonar-se uma obra daquella magnitude, deixar arruinar os preparos, e abandonar tanto numero de empregados.

O senhor Borges Carneiro: - Em quanto ás pessoas que trabalhão, devem certamente ser empregadas no que pareça mais conveniente, e em coisas que sejão uteis á Nação. Ha por exemplo, muitas estradas arruinadas que devem ser attendidas com preferencia; até agora tem-se considerado exclusivamente os Reis; desde agora he necessario que se considere tambem a utilidade da Nação. He maxima bem sabida, que os Reis pertencem ás Nações, e não as Nações aos Reis. Se até agora não, se tem olhado a isto, e se tem commettido muitos erros, a nova ordem de coisas se dirige essencialmente a emendar as desordens, e os erros passados. Um destes erros foi, como já tenho dito em outra occasião, emprehender um palacio de uma magnificencia tal, que só poderia pertencer a Salomão quando era senhor de todo o mundo. Deixe-se pois abandonado ao tempo, que o tempo reduzindo-o a ruinas, irá emendando os erros do governo passado. Que! porque aquelle governo cometteu a imprudencia de emprehender uma obra tão ruinosa, e tão dispendiosa para o Estado, temos nós de sacrificar a Nação para continuar a mesma imprudencia? continue-se o que for absolutamente preciso, para que o que está feito não se arruine; porem o mais, de modo nenhum. He um grande erro dar tudo á cabeça, e deixar o corpo sem nada. Esse eiró deve-se ir emendando. A Nação he o todo: ElRei he o supremo magistrado que deve haver, porque o pede o bem da Nação. Toda a consideração he justa, e devida para com este supremo magistrado, mas nem por isso se ha de descuidar a primeira lei, que he o bem geral da Nação. (Apoiado, apoiado).

O senhor Sarmento: - As nações civilizadas tem despezas mais extraordinarias do que as que vivem no estado de barbaridade, assim como os principios dos grandes imperios são assignalados com o estabelecimento de monumentos que exigem das gerações futuras o respeito e admiração. Nada concilia tanta veneração aos povos como aquellas instituições onde a par da politica florecem as bellas artes: Virgilio celebrando na fundarão de Carthago o nascimento de um povo, cuja historia he um objecto de admiração na posteridade diz

.... immanesque columnas
Rupibus excidunt, scenis decora alta futuris.

Eu contenho em que o palacio de que se trata he uma empreza de extraordinaria grandeza, porem he fora de tempo o alterar o plano começado. Eu nada entendo de arquitectura, porem persuado-me que depois de começada uma obra similhante, qualquer alteração destruiria as proporções, e o systema adoptado pelo arquitecto. Eu sou informado que esta mesma obra já padeceu alguma coisa na censura despotica, feita pelo conde de Linhares, e sofreu uma pequena mutilação. Parece-me que se esta obra fosse abandonada commetteriamos maior erro do que o de se emprehender um edificio de tão extraordinaria sumpluosidade; he por esta razão que me persuado que esta obra deve continuar, porem sem esforço extraordinario; se ella se não puder acabar em trinta annos, seja em quarenta, ou oitenta: convem mesmo considerala como uma escola pratica de arquitectura, e que sirva para alimentar em o nosso paiz o estudo, e o gosto por esta arte tão estimada, e protegida em as mais nações: os dinheiros que o Thesouro gastar ficão entre nós, e se não desperdição em consumo de generos de fora, ao mesmo tempo que mantem a industria de classes necessitadas.

O senhor Miranda: - Não me conformo nesta parte com o parecer do illustre Preopinante. Diz que o progresso das artes, consiste em grandes edifficios. Não senhor, isto não he certo. Compare-se Paris, com Londres. Que monumentos de arquiletura se vem em Londres? Em Londres vem-se grandes fabricas, mas não ha obras de luxo. As artes, e as manufacturas tem chegado quasi ao maximo da perfeição, e não se acha apenas miseria publica. Pelo contrario em Paris ha grandes palacios, magnificas fachadas, mas tambem ha muita miseria. O que diz o senhor Borges Carneiro, he da maior utilidade. Deve-se trabalhar em obras, não de luxo e magnificencia, senão em obras uteis, e necessarias. Em outro tempo todo o nosso cuidado, era construir grandes templos, e grandes palacios, porem quando se entra em Portugal, vindo das nações cultas da Europa parece que se entra nos paises mais incultos da America. Eu desejaria que se não continuasse mais esta discussão, porque he fora do objecto de que tratamos. Nós não tratamos da direcção das obras publicas, se não da dotação de ElRei. Peço que se suspenda esta discussão.

O senhor Sarmento: - Entretanto, como se me