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sua influencia prevalecesse ainda para serem eleitos aquelles, que os povos pelas suas más qualidades não quererião. Pois em tal caso quem póde duvidar que esses mesmos, senão todos, alguns abraçassem o partido do ministerio para a reforma de uma constituição que a seu respeito terão por injusta? Quem duvida que a influencia de taes sujeitos, quando todos em cada um dos districtos conspirem para a eleição de um Deputado, ha de ser muito mais ifficaz do que o empenho de cada um delles, quando parcialmente solicite votos para si? Em quanto a Constituição denegar a eligibilidade aos empregados referidos pelo receio da influencia nas eleições, não poderá deixar de negar aos Deputados a reeleição successiva sem que se arrisque a Nação a recahir em ferros.

O Sr. Rebello: - Duas palavras só, para responder ao illustre Preopinante. Nós não excluimos os empregados publicos por julgarmos satiletes do poder executivo; mas sim por aquella influenciado poder que elles podem exercitar para serem Deputados, este he, que he o principio. Um empregado da casa real he excluido pela razão em que estão, porque visto os cargos que occupão estávão em um perigo evidente, ou tinhão de ser infieis a seu amo, para serem fieis a nação, ou então havião de ser infieis a nação para sem fieis a seu amo: de maneira que esses empregados que temos excluido, não era porque se julgassem addidos ao poder executivo, mas sim por se temer que elles empreguem os meios que tem a sua disposição para conseguirem o serem Deputados, por isso a opinião do illustre Preopinante não conclue ao fim para que elle a traz.

O Sr. Maldonado: - Não he da influencia, que um Deputado póde ter sobre o povo, que eu tenho medo, mas sim da influencia que o povo póde ter sobre elle. Nos já livramos os Deputados da influencia do poder executivo, prohibindo-lhes que acceitem mercê alguma durante a sua deputação; e quando o decretamos assim, assentou-se que esta prohibição duraria mesmo algum tempo depois de finda a deputação. Estão livres das alliciações de ElRei, agora faz-se preciso que os livremos das sugestões do povo. E que maior sugestão que a lisongeira esperança de ser reeleito? He justo que um Deputado, assim como não deve depender de El-Rei, tambem não dependa do povo. A razão que se apontou, de que os successores propendem para desmanchar a obra dos antecessores está mui longe de me persuadir, para que vote pela reeleição. Julgo pelo contrario um bem, que se renove inteiramente o Congresso na immediata reeleição. Os successores por isso mesmo que entra o de novo, trarão comsigo maior somma deste virtuoso entusiasmo, que faz que nenhum perigo se tema, que nenhuma fadiga nos custe. Virão cheios de nobre emulação de exceder os seus antecessores em virtude, patriotismo, e determinações sabias. Voto, pois, em consequencia do que tenho declarado, contra as successivas reeleições.

O Sr. Castello Branco Manoel: - Eu acho todo o pezo a reflexão que fez o Sr. Peixoto, e não acho tanta força a do Sr. Rebello. Trata-se de fazer uma alteração na Constituirão, e para ella se fazer he preciso que duas terças partes do Congresso decidão que he necessario. Já aqui se decediu que os bispos, os coroneis de milicias, os parochos, os magistrados, etc., se excluissem pela influencia que exercitavão naquelles povos, a que se estendia a sua jurisdicção. Ora pergunto agora, e deixarão todos esses (querendo) de ser reeleitos Deputados os que mais lhes agradarem? Como muito bem ponderou o Sr. Peixoto, e por consequencia isto será util? Eu não sei que nisto possa haver razão; por tanto opino a favor de que não devem ser reeleitos os Deputados, na immediata legislatura.

O Sr. Miranda: - Eu sou a favor de uma livre reeleição, e certamente o não seria se a Nação estivesse já ha muito tempo estabelecida constitucional; se os principios constitucionaes estivessem gravados nos corações de todos; se todos os cidadãos portuguezes conhecessem os seus direitos; e se o systema constitucional estivesse já espalhado por todo o Reino. Porem por ora he necessario que se estabeleça o systema de reeleições, porque então o cidadão poderá reeleger aquelle em quem tiver confiança; porque ao contrario digo, como disse o illustre Preopinante, tudo são trevas. E como o Governo executivo he quem promove, e quem emprega, he tambem quem conhece melhor aquelles que lhe podem ser mais uteis aos seus intentos, e empregará todos os meios que tiver a sua disposição para que a eleição recaia naquelles que forem da sua facção. O povo ainda ignorante não conhece bem as pessoas, que para aqui devem vir, não tem um conhecimento exacto delles; por tanto o Poder executivo tem um partido muito particular, e he em que periga a liberdade. Se um certo numero de Deputados tiverem as opiniões, que convem para serem reeleitos, não deve haver duvida em em que o sejão, porque não he a opinião do partido, mas sim a opinião publica que os chamamos que quer dizer a influencia do povo? Não he uma parte do povo a maioria da Nação; a opinião quer dizer, a maioria da Nação; e então não ha perigo nenhum, antes he um partido muito grande que um Deputado seja reeleito pela maioria da Nação; bem longe de isto ser prejudicial, he uma vantagem. Não ha inconveniente nenhum em que se tornem a assentar neste Congresso aquelles que tiverem merecimento para isso; eu voto pela reeleição sem o mais minimo escrupulo.

O Sr. Serpa Machado: - Não julgo necessario responder a todos os argumentos, que sendo os mesmos se tem reproduzido debaixo de differentes fórmas: só o farei áquelles que me fizerão maior pezo. He um destes o dizer-se que a Nação fica privada de escolher aquelles que tem mostrado mais os seus talentos e amor da Patria na antecedente legislatura; para escolher ás cegas entre outros de que não tem provas tão claras.
Reparem porém os sectarios das reeleições, que a Nação ainda que não póde encolher aquelles na immediata legislatura o póde fazer na seguinte, e assim alternativamente; e he deste modo que concilia o proveito que póde tirar dos talentos e boa opinião, que tem tido dos experimentados legisladores, e livra-