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campanha os voluntarios (ouso dize-lo sem receio algum) prestaram tão bom serviço, como a linha, mas acabada a campanha , quasi todos volveram aos seus lares, e minto poucos existem inda hoje arregimentados. Desta maneira, como a campanha acabou em Maio de 1834, segue-se que os voluntarios alistados no Porto em Julho de 1832, vieram a servir dois annos, e os que se alistaram no Algarve, e em Lisboa, em Junho e Julho de 1833, serviram sómente um anno. Pelo contrario, os 5:000 recrutados nos Açores, tem desde 1831 constantemente servido até 1837, isto é, 6 annos completos, porque morreram ao lado de valorosos portugueses, ou existem ainda nas fileiras, exceptuando aquelles poucos que estavam já invalidos, ou incapazes de servir, como bem notou o meu illustre amigo o Sr. Cezar, e 500 ou 600 que desertaram para o Miguel, e que em premio de terem bem servido, foram depois mandados para casa.

E não basta esta maior duração de serviço para se provar a grande desigualdade, com que os Açores seriam tratados, se agora se fôsse também lá recrutar. Não provará tudo isto, que se não passar o parecer da Commissão, uma excepção é sem duvida feita, mas a favor de Portugal, porque não tem pago tanto, nem servido por tanto tempo. Certamente que se acaso se tratasse de excepções, eu antes o quereria para Portugal donde sou natural, onde habito, onde tenciono continuar a residir, e por onde tenho sido eleito Deputado, podendo também affirmar que no tempo em que estive nos Açores, nenhum favor particular devi aos Açorianos, pois sempre me sustentei á minha custa, ou fui hospede de emigrados portuguezes: conto lá, é verdade, muito bons amigos, de cuja amisade me vanglorio. Porém mais tenho em Portugal, e tudo me levaria por conseguinte a ser mais parcial pelo reino, se parcial podesse ser. Entre tanto tendo como Deputado a advogar, não a causa de Portugal, mas a causa da justiça, intendo dever insistir pela proposta isenção; porque julgo que excepção será feita a favor de Portugal, se os Açorianos não forem isentos do recrutamento.

Um Sr. Deputado convindo nos princípios que acabo de expor, e que outros igualmente exposeram, mas dando-lhe outra applicação, disse que era verdade terem os Açorianos pago em 1831 muito mais, do que Portugal; mas que tambem Portugal tinha soffrido recrutamentos por espaço de 23 annos, e que durante -este tempo se não recrutara nos Açores, que por consequencia este maior recrutamento não foi mais, que o julgamento de uma divida, a que os Açorianos estavam obrigados. Porém o Sr. Deputado já ouvio, que na ilha Terceira haviam dous corpos de infanteria, um em S. Miguel, e duas companhias addicionaes no Faial; estes corpos eram exclusivamente recrutados nos Açores, e constituiam o contingente correspondente ao exercito de Portugal. Por tanto nada os Açorianos deviam atrasado, porque nunca elles deixaram de pagar com uma igualdade.- Todos sabem que em 1807 recrutas vieram de lá para Portugal, e que recrutas de lá foram depois para o Brazil. E poderá dizer-se que os Açorianos deviam? Não Sr., porque elles já tinham pago, e o que fizram em 31, foi um adiantamento.

De tudo isto se deduz pois, que é um acto de justiça, e não uma excepção, a medida proposta pela Commissão. - Diz-se porém, que admittida ella é preciso isentar os habitantes de muitas outras terras, mas vejamos se elles estão nas mesmas circunstancias, e se tão duradouros foram os serviços dessas terras. Ninguem conhece e avalia melhor do que eu, esses serviços, porque os observei de perto, e até não sei se por felicidade, ou infelicidade, observei os pontos mais arriscados. Pois que no Porto fui a 10 de Setembro da 1832, para a serra do Pilar, e ainda cheguei a Lisboa a tempo de ir a 5 de Setembro, para um ponto mais arriscado, e onde o ataque foi vivo, qual o do reducto de S. Sebastião da Pedreira apenas começado; e cheguei a tempo, vindo do Algarve, e o certo é que não quiz de lá sair, em quanto lá não vi gente bastante para defender Faro, apesar de ter uma Portaria, que mandava que eu viesse para Lisboa. Vi correrem voluntariamente ás armas os cidadãos daquellas terras, e vi-os a combater com denodo, mas e preciso recordar sempre, que esta gente loram voluntários, por isso acabaram o seu serviço, quando acabou a guerra, que os do Porto no fim dá dous annos, e os de Faro passado um anno. As circumstancias erão por conseguinte differentes, pelo menos quanto á duração do serviço.

Entendo pois que o parecer da Commissão contém um acto de justiça; voto por elle, tal como está redigido.

O Sr. Midosi: - Depois de tão longa discussão, de tudo quanto se tem dito pró e contra, sinto occupar a attenção do Congresso, mas em uma questão de tanto momento não posso dar o meu voto silencioso. Desde que se me apresentou o parecer, eu logo disse a um dos membros da Commissão que votava por elle por convicção; hoje digo, voto pelo parecer por se ter ainda mais reforçado essa convicção; por quanto nada ouvi, que me fizesse mudar de opinião. Declaro que não voto por espirito de partido, como alguém que se oppõe ao parecer, disse existir, porque não tenho outro se não o de minha propria convicção (Um Sr. Deputado disse: não.) Aqui soaram as palavras de partido, e devo fazer esta declaração.

Entrando na materia, proseguirei que ha duas considerações graves a attender, uma, que esta contribuição pese igualmente sobre toda a Nação, assim como pesam as mais; outra, a de fazer um acto de justiça retributiva, ou um acto da compensação, que se deve outorgar ao archipelago dos Açores, compensação justa e devida áquella porção da monarchia, aonde se acolheram os nossos bravos. Direi o numero delles, porque me coube estar na administração geral do deposito de Plymouth, aonde quasi todos elles vieram, depois de comandados pela Galliza por uma espada nobre e portugueza; qual foi a do illustre visconde de Bobeda. Este numero subio a 3:346, e 900 destes eram officiaes, esses 2.846 voltaram as praias do Mindêllo no numero de 7.500; voltaram em tão crescido numero, quaes a fabulosa sementeira dos dentes de Cadmo reproduzindo se em quadruplicado numero dos que eram. E quem deu esse numero? As ilhas, ellas foram as que forneceram o contingente para que viessem as praias do Mindêllo ajudar-nos a recuperar a Liberdade. Este facto merece toda a consideração, e exige da nossa parte que dêmos aos Açores um testemunho publico de gratidão, annuindo ao que nos pedem seus habitantes. Quanto ás reflexões que se fizeram outro dia sobre a sciencia das cifras; eu direi que conheço a dos numeros, por que a das cifras não vale nada sem se lhe juntarem unidades, n'aquella sciencia exacta todos sabem, que dous e dous são quatro, que o diga o grande Newton, ou que o diga eu, humilde calculador. As ilhas deram pois, segundo o calculo arithmetico, 5:000 recrutas, ora qual é a proporção desses 6 mil comparado, com a população do reino. Isso é muito simples, uma regra de trez resolve a questão - se dezentos mil deram 5:000, tres milhões quanto deviam dar? 67 mil: este é o resultado da proporção. Mas Portugal deu só 30 mil homens, logo quem deverá ser favorecido? O que deu o duplo, o archipelago dos Açoras, que pagou adiantada a sua quota, a qual agora lhe deve ser descontada Entendo pois, que os Açores não podem nem devam ser gravados com esses 495 homens que lhe marca o recrutamento, porque já contribuíram por antecipação. Mas não se entenda por isso, que eu quero que esse tributo de sangue pese sobre as mais cidades do reino. O recrutamento, que se pede, é de 8:700, mais 500, ou menos quinhentos não são de grande falta em tempo de paz, não prejudicam a causa nacional, nem a põem em risco, que mui pequena é essa fracção no todo do exercito. Abata-se esse numero do re-