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SESSÃO N.° 7 DE 13 DE OUTUBRO DE 1904

zando exactamente essas regiões, onde agora todas as grandes nações do mundo procuram acampar e fortalecer-se ; nós, que possuímos, na epopeia do noíso passado, as paginas mais brilhantes, quantas manchadas de sangue, mas quantas resplandecentes de pura gloria; nós, emfim, que temos agora um revés, um az;\r, arguimos o Governo de responsabilidades, erguemos vivos clamores, sera, ao menos, conhecermos ainda os factos e as circumstancias, em que esse desastre occorreu!. . . (Vozes: — Muito bem). . A Inglaterra sustentou uma campanha vivíssima no Transvaal, teve reveses, uns sobre os outros; não faltava quem dissesse que responsabilidades havia, comiuerciaes e não commerciaes; e nunca ninguém atacou o Governo, quando a questão estava de pé, porque, acima de tudo, era necessário dar ao Governo toda a força, para o fazer vencer, e com elle o paiz, essa campanha. Sentiam-se e muito os reveses que soffreraru e que attingirain profundamente o sentimento nacional ; mas deixava-se o Governo no cumprimento da sua missão, desafrrontadamente, salvo o exigirem-se-lhe responsabilidades mais tarde, quando ellas não pudessem pesar sobre o paiz e traduzir-se num enfraquecimento d'aquelles que precisavam do toda a força no momento, a fim de poderem arrostar cora as difficulda-des que se apresentavam. (Apoiadus).

Ha pois na consciência de qualquer que me ouve uma duvida — uma só — de que a defesa do nosso sul de Angola era agora, mais do que nunca, uma necessidade que se impunha, um dever, absolutamente indeclinável? Não ha, nem a pode haver na consciência dê ninguém.

Entilo, organizou-se uma columna expedicionária. E como a organizou o Sr. Ministro da Marinha? Organizou-a escolhendo um militar que a própria opposição reconhece que é um official distincto, e que todos, em volta, apontavam como um homem perfeitamente competente e digno. (Apoiados).

Deram-se ao. chefe d'essa columna todos os meios de acção que elle requisitou, — porque os requisitou, por escrito, — e todos, absolutamente todos, lhe foram satisfeitos. E nào só lhe foram satisfeitos todos, como ainda o Sr. Ministro da Marinha, de iniciativa sua, acrescentou alguns, em effectivos militares, em artilharia, e até no guarnecimento do porto mais próximo com dois navios de guerra, a fim de que, no caso de ser necessário, se pudesse effec-tuar um desembarque milkar.

Tivemos um revés? É certo.

E quem veio publicar esse revés ao Parlamento? Porventura foi necessário arrancar do Sr. Ministro da Marinha a confissão dos factos ali occorridos? Mo foi. S. Ex.a aqui o veio dizer. . .

Uma VOZ na esquerda:

blicar a noticia !

Depois de um jornal pu-

O Orador: — Deixe-me o illustre Deputado responde? a essa interrupção, para que esse assumpto tique bem liquidado! Porque, sob minha palavra, e sob a palavra do Sr. Ministro da Marinha, posso affirmar ao illustre Deputado e á Camará que o Sr. Ministro da Marinha comnosco concertara que, logo que a Gamara dos Deputados se constituísse, viria dar conta dos acontecimentos, taes como elles lhe eram narrados. (JMuilos apoiados. Os Srs. Ministros presentes apoiam igualmente o orador).

O Sr. Rodrigues Nogueira: — E nem ao noenos houve a caridade elementar de avisar as famílias ! Centenas de famílias soffreram a dor horrorosa da duvida, estiveram na cruciante indecisão de não saberem se os seus lhes tinham morrido!

O Orador: — Se houve assumpto em que nós reflectis-simos, foi na maneira de dar a noticia.

Pensámos em todos os subterfúgios a que se apegam os

encarregados de .dar as más noticias: primeiro umas linhas num jornal, depois, por graduações, a verdade terrível !
Mas cada um de nós^sabe, por triste experiência individual, que, sé temos de dar uma má noticia a alguém da nossa família por um acontecimento que nos vem enlutar, procuramos a maneira mais fácil, mais benigna, menos violenta, menos cruel de lh:a dar, e, á primeira palavra balbuciada, a noticia fatal apparece!. . . Ora isto, que acontece com os indivíduos, acontece com uma nação. (Apoiados).
Nestas circumstancias entendemos que era melhor o Sr. Ministro da Marinha vir ao Parlamento e dizer clara, franca, abertamente o que sabia,— porque mais do que sabia ninguém podia exigir! O que sabia, sim, e foi isso o que fez. ( Vozes : — Muito bem).
Note S. Ex.a: quando o Sr. Ministro da Marinha veio ao Parlamento, espontaneamente, sem que ninguém o soubesse ou perguntasse dentro d'este recinto, declarou o que lhe constava dos lelegrammas recebidos acerca dos acontecimentos era África.
S. Ex." tinha só conhecimento de quaes os officiaes e sargentos que haviam succumbido; ainda não tinha noticias dos cabos e soldados; assim, disse na Camará dos Senhores Deputados o que sabia naquella altura. Não podia ir mais alem, porque num assumpto d'estcs não ha presumpções — ha factos e apenas factos. Disse o que sabia. E só depois, por.circumstancias que lá se'deram,— porque infelizmente as próprias cornmunicações telegraphicas estavam interrompidas em virtude de trovoadas,— é que o Sr. Ministro da Marinha teve conhecimento mais desenvolvido de como os factos se passaram, e não teve antes conhecimento exacto dos soldados que tinham morrido. E não admira, porque a relação dos soldados e dos cabos é sempre mais difficil de apurar, pelo seu numero e pela diversidade e, ao mesmo tempo, semelhança de nomes, que fazem com que seja difficil distinguir a verdade.
O Sr. Presidente: — Faltam cinco minutos para se passar á ordem do dia.
/
Vozes : — Fale, fale.
O Orador: —• Estou ás ordens da Camará. A Camará • interrogou-me e eu respondo. Pode ser que seja prolixo, mas sou sincero.
Vozes na esquerda: — Fale V. Ex:a á sua vontade!
O Sr. Francisco Machado : — Temos o máximo interesse em ouvir o Sr. Presidente do Conselho.
O Orador: — Agradeço reconhecido á Gamara. O Sr. Ministro da Marinha deu, no primeiro dia da Camará constituída, a-noticia toda, — como a sabia. Dias depois recebeu outros telegraramas mais desenvolvidos e em que, os factos eram até apresentados com modificações, porque da primeira informação se suppunha ter occorrido o desastre de noite e em emboscada, e depois se apurou que fora de dia e numa clareira.
Mas que culpa tem d'isto o Sr. Ministro da Marinha? Culpa teria se não dissesse o que sabia; mas vir á Camará e, consoante os telegrammas que recebera, dar as informações que podia dar, era o seu dever, e nobre e lealmente o cumpriu. (Apoiados).
Occultá-las 'e aguardar que chegassem noticias mais cir-cumstanciadas, era faltar ao dever do informação leal, e preferiu por isso trazer ao Parlamento as noticias que tinha e como as tinha. A sua responsabilidade ficou ahi. (Apoiados).