O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

284
e meu amigo, fallando n'este debate, lembrou com immenso delicadeza e urbanidadc a s. cx.* eslas expressões; mas não as repetiu: s. ex.' subiu á tribuna, e disse -=que tinha sido injusto para com aquelle respeitável cavalheiro (acccnlnou eslas palavras), porque elle não merecia as censuras que s. cx." lhe tinha feito, porque a iniciativa das modificações do seu contrato não tinham vindo d'clle=. Parou aqui. A consequência que eu logo tirei, c que me parece que tiraram lodos os que ouviram s. cx.*, foi que lendo sir Morton Petto merecido tão ásperas censuras de s. ex.*, porque s. cx.' entendia que a iniciativa das modificações que haviam sido propostas ao seu contrato, provinha d'clle; não provindo, recaíam essas censuras mais ásperas ainda, se era possível, sobre os homens que linham lido essa iniciativa; c esses homens não podiam ser senão os ministros d'essa epocha. Pedi cm consequência que s. cx." mandasse para a mesa os documentos a que alludíra, c que fossem publicados na folha official. A primeira parte d'esle requerimento foi logo satisfeita por s. ex.*; que tinha trazido comsigo esses documentos, evidentemente com a intenção de tirar d'ellcs um grande parlido contra nós, porém a impressão na folha official ainda não leve logar, não sei porque.
Fui ver logo esses documentos que pareciam destinados a pôr patentes grandes escândalos, e a perder-nos para lodo o sempre na opinião d'cstc paiz, e o que achei sabe-o a camara, que conhece hoje todos esses documenlos; o que achei não justifica nem levemente a allusão do nobre minislro. O procedimento dc s. cx." obriga-me porém a entrarem alguns pormenores a este respeilo, o que farei com tanto menor repugnância quanlo que esse episodio da hisloria dos nossos caminhos dc ferro eslá ligado com a queslão que nos oceupa.
Mas começo, sr. presidente, por não comprehender esta lógica dó nobre minislro das obras publicas, que entende que sir Morton Peito leria perdido a sua respeitabilidade pelo facto de vir pedir modificações no seu contraio, e que o sr. Salamanca continua a ser um homem muito respeitável propondo as modificações importantíssimas que estamos discutindo! (Apoiados.) Não comprehendo esta lógica. Sir Morton Petto não perdeu a sua respeitabilidade por essas modificações, respeitabilidade que lhe mereceu da parle do governo brilannico a elevação á nobreza, que lhe mereceu da parle do povo de Londres a eleição para seu representante no actual parlamento. (Apoiados.) Sir Morton Peito viu rescindido aqui o seu contrato, e foi contratar a construcção de caminhos dc ferro ni Dinamarca c na Itália; (Apoiados.) por consequência o facto aqui acontecido não o feriu nem de leve na sua respeitabilidade. Oxalá que o mesmo aconteça a respeilo dc todos aquelles que vierem fazer comnosco contratos idênticos!
Vejamos porém os famosos documentos apresentados pelo sr. minislro.
«Telegrapho. — Lisboa, 3 de julho de 1858.
«O ministro das obras publicas a sir Morton Peito, Great George Str. Westminster, Londres.
«Proposla aceita em principio; venha por toda a maneira no próximo paquete.
«Sir Samuel Morton Peito, Raronel, Londres, a s. cx." o sr. Carlos Bento da Silva, minislro das obras publicas, Lisboa.
, «Os capitalistas aceitam a base proposla pelo visconde dc Paiva; pôde forrnar-se uma companhia sobre aquelle principio c proseguir com as obras.
«Lisboa. 28 de novembro de 1858.
u Tradncção. — Senhor: Bccebi as cartas que mc dirigis-leis sem data, mas que me chegaram ás mãos pelo paquete que largou de Soulhampton cm 17, bem como o telcgram-ma de 23 d'eslc mez.
«Em resposta devo asseverar-vos que recebi com gosto essas communicações, c só me resla pedir-vos que venhaes a Lisboa pessoalmente e som demora, ou mandeis alguém revestido dos poderes necessários para concluir as convenções com o governo.
«Devo avisar-vos, para vosso'governo, dc que a condição
essencial para a conclusão d'cste negocio é a organisação immediata da companhia e o começo das obras sem demora.
« Aproveito esta occasião para pedir-vos que aceiteis os protestos da minha estima c considerarão. = Marquez de Loulé.
«Meu caro sir Morton Peilo: — Acabo dc ler a honra de receber a vossa caria datada dc hontem, incluindo copia do telegramma que enviasteis a s. ex." o marquez de Loulé c sr. Carlos Benlo da Silva, soube com satisfação que eslaes a ponlo dc formar uma companhia cm combinação com os vossos amigos c associados. Tive a honra de informar-vos, logo qirc cheguei a Londres, que depois da entrevista que tive com o sr. presidente do conselho, pensava estar auctorisado a dizer-vos que a vossa ultima proposta a respeilo do caminho de ferro dc Lisboa ao Porlo não era de-naturcza'a ser admittida, c que o governo dc El-Rei eslá hoje convencido dc que o eslado acliwl dos mercados da Europa exige para a organisação dc uma companhia de caminho de ferro oulras bases diversas das do vosso.conlralo, pelo que desejaria receber de vós novas propostas baseadas n'um syslema mixlo dc subvenção e garantia dc juros.
«Tal é o espirito no qual, meu caro sir Morton, teria sido para desejar que houvesse sido formulado o vosso lelegram-ma, vindo de vós a iniciativa da proposta, e não do governo. Recebei, ctc. = Paiva.»
Eu aceito esles documentos na mais larga interpretação que os illuslres deputados lhes quizerem dar, c appello para todos os homens que lêem pratica d'esles negócios, para que me digam que crime, que falta, que irregularidade houve no nosso procedimento.
O governo encarregou o sr. visconde de Paiva de fazer proposlas a sir Morton Petto, adopto esla hypothese; os srs. deputados farão d'ella o uso que quizerem.
Quando se organisou a administração presidida pelo sr. marquez dc Loulé, s. ex.*, encarregado da pasta das obras publicas, procurou por lodos os meios dar á construcção das nossas vias férreas aquelle desenvolvimento que eslava no desejo de lodos os bons portuguezes. Dirigiu-se para esle fim ao nosso minislro em Londres, c os documenlos relativos a esle assumpto estão todos na secretaria dus negócios estrangeiros: sc o sr. minislro os quizer examinar, lá os acha. O sr. marquez de Loulé dirigiu-sa ao nosso ministro em Londres, para ver se era possivel achar uma companhia séria que quizesse encarregar-sc da conslrucção dos nossos caminhos.
Vieram proposlas que linham por base a exigência dc 7 por cento dc juro de todos os capitães que se desembolsassem.
O sr. marquez dc Loulé propoz que esse juro fosse reduzido a 6 por cento, não se aceitou esla proposta, Sir Morton Peilo julgou dever vir a Lisboa para sc ultimar este negocio com o governo, mas veiu convencido de que se tratava só dc um contrato tendo por base a garantia de um minimo de juro. Chegou aqui, c achou já no minislerio o sr. Carlos Bento c a mim.
Eu devia encarar a questão como minislro da fazenda; era o meu dever, assustei-me com o encargo que podia vir ao paiz da garanlia dc um juro de7 por cento, que se podia pagar na sua totalidade sobre os capitães desembolsados na construcção das duas linhas. Só para a linha do norte esses encargos excediam a 1.000:000^000 annuaes. Rcceiei mesmo que este largo juro fizesse arrefecer os contratadores na conslrucção e boas condições do caminho, c que nós tivéssemos de pagar lodo o juro-, e alé a differença entre o producto bruto c os encargos da exploração.
O ministério assentou pois em substituir a base da subvenção á do minino dc juro, c depois dc varias conferencias com sir Morton Peito aceitou elle tambem essa base, c cele-brou-se o conlralo que veiu á camara.