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de viver; se podemos possuir ou não; desejava mesmo que fizessem um concilio juridico, que resolvesse sim ou não. Tenho tido sempre duvidas em consentir que se comprem foros; não porque suppozesse que nos íam denunciar, porque púnhamos na rua immediatamente os orfãos, viuvas e aleijados a quem soccorremos, e mandavamos fusilar, os taes denunciantes. (Riso) Mas disto não lemos medo. O que queremos é consolidar o montepio, e queremos o emprego dos nossos fundos de tal maneira, que não aconteça o que já aconteceu um anno, e mais de um anno.

Ora agora a prova de que a associação deseja dividir muito os seus fundos, está em que o montepio geral tem acções da companhia Fidelidade, da companhia Firmeza, da companhia Unido Commercial, ele. etc, e infelizmente tambem do Fundo de Amortisação. Nós o que desejámos, é dividir tanto o emprego dos fundos, que nos chegue sempre para satisfazer as pensões, e para matarmos a fome a quem a não deve ter, e para evitarmos muitas desgraças, que este estabelecimento tem evitado.

Quanto á acquisição de foros e de predios, eu hei de sempre, ainda que a lei permitte que os possamos adquirir, levantar a minha voz na assembléa geral, em quanto puder, para que se não comprem foros, e a comprarem-se predios, só os urbanos. Mas contra a conveniencia de adquirir e possuir levanta-se aqui uma certa idéa que não é applicavel para os montepios, nem o é, nem o foi, nem o póde ser nunca: confunde-se a administração dos monte-pios com a administração das misericordias; mas deve notar-se uma cousa, e é que o interesse dos administradores das misericordias (infelizmente esta é a verdade) está só em administrar aquellas casas, e então administram mal em proveito seu; mas não é assim nos monte-pios: o grande interesse dos mutuatarios dos monte-pios é que se administre muito bem, e a este respeito ha nos monte-pios todos os annos uma questão muito debatida, de maneira tal que são umas cortes em ponto pequeno, aonde se dizem muitas cousas boas, e aonde se descobre um zelo bem digno de ser imitado.

Não tenham medo nenhum da administração dos monte-pios; a administração dos monte-pios ha de ser sempre boa, porque os administradores interessam na boa administração; não administram para si, administram em proveito de suas mulheres, e de seus filhos, administram para o futuro; e os administradores das misericordias administram para si: esta é que é a verdade.

Diz-se: ha muito em que empregar os fundos — podiam dar dinheiro a juros. Se assim se quizesse fazer, eu gritava logo — aqui del-rei; porque então precisavamos de tres letrados, de sete procuradores, etc. e até agora temos lido sempre quem aconselhe e procure de graça; em os monte-pios se mettendo em questões que possam trazer demandas, Deus nos acuda! lira melhor irmo-nos embora, e deixarmo-nos de monte-pios. Isto é que nós queremos evitar.

O que é verdade, é que os monte-pios já lêem direito para adquirir e alienar; porque o montepio a que especialmente me tenho referido, tem comprado foros e vendido foros; ha já foros comprados, e tem havido foros que depois de comprados foram vendidos; porque foi tal o interesse que a venda apresentava á sociedade, que a assembléa geral resolveu que se vendessem, porque se ganhava nessa transacção.

Em quanto a serem ou não os monte-pios corporações de mão morta, eu digo que os monte-pios não são outra cousa mais que sociedades, e sociedades que têem tanto direito para gerir os seus fundos, como qualquer outra. Se uma sociedade qualquer, por exemplo, a Unido Commercial, comprar um predio, faz alguma cousa que lhe seja prohibida? (Fozes. — Não.) Pois então não é isso tambem prohibido aos monte-pios. São sociedades todas da mesma natureza, a sua base é um contracto bilateral. Eu sei que o banco commercial do Porto tem um predio, e ainda ninguem lhe disse que não o podia ter, que o havia de vender.

Eu, como já disse, fui um dos andores do montepio geral, e sentiria que, tendo eu instado muitas vezes para que se requeresse ao corpo legislativo de modo que certas transacções que nós fizemos, ficasse bem definido que não offendiam lei nenhuma, suppondo eu que vinha aqui buscar a vida do estabelecimento, viesse buscar a morte; porque a morte é o que me foi annunciado pelo sr. Bordalo, e outros senhores, que fizeram como um certo animal que abraça tanto o filho que o mata; o sr. Bordalo julgando fazer-lhe bem, taes ataques lhe fez que o esmagou completamente.

Acaba de dar a hora. Peço a v. ex. que me deixe reservada a a palavra para a sessão seguinte.

O sr. Presidente; — Fica-lhe reservada.

A ordem do dia para segunda feira é, logo que se lêa a acta, constituir-se a camara em sessão secreta; depois, tornando-se publica, continua a discussão do projecto n.º 12. Está levantada a sessão. — Eram quatro horas da tarde.

O 1.º REDACTOR

J. B. GASTÃO