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O actual ministerio é o azilo da mendicidade politica. (Riso)

Os homens que formam o partido do actual ministerio, são os adelos safados e gastos que não podendo vender as suas mercadorias, tambem safadas e gastas, as foram offerecer e vender ao actual gabinete!!! Esta situação não póde durar; faltam-lhe todas as condições de existencia legal; não tem predicado algum de estabilidade!... O vosso apoio ao actual ministerio não o salvará. Este ministerio morreu desde o dia em que se prostituiu na união que fez comvosco!...

O ministerio deve, todavia, viver por mais algum tempo, para morrer totalmente desacreditado, e o ministerio que substituir este, não deve receiar revoluções — A administração que vier, hade ser necessaria e infallivelmente composta dos homens da direita, porque os vossos erros, senhores, são muito conhecidos, a experiencia tem mostrado a vossa incapacidade, a lição tem sido severa, o vosso descredito é palpavel, e a paciencia do paiz está exhauta!...

Tenho aqui estas immensas edições (mostrou uns papeis impressos) em que estão escriptos todas as representações, todos os editaes que o banco publicou dentro e fóra do paiz; lendo-os pude appreciar a falsidade, a calumnia, e a infamia com que se diz que o banco tem desacreditado o governo dentro e fóra do paiz — Nestes papeis não ha uma só injuria dirigida ao governo; nestes papeis não ha senão a historia fiel e succinta das espoliações feitas pelo governo ao banco — Aqui não se offende o governo; aqui ha o offendido a queixar-se da offensa: é isso que o banco levou ao conhecimento de todos. As espoliações feitas pelo governo foram levadas pelo banco ao conhecimento das praças estrangeiras. — O banco conta o facto; se ha culpa, não é do banco; quem conta o facto não é o culpado; quem o practica, e que o é — Nestas publicações não se encontra uma só fraze, que ataque o governo pelo modo, e no sentido que o sr. ministro da fazenda inculcou.

Custa-me não ler a palavra pela terceira vez para responder aos srs. ministros quando fallarem, se fallarem. É muito bom este meio, que adoptaram agora os srs. ministros, de não fallarem senão depois de terem fallado os deputados da opposição, para evitar que lhes respondam, e ficarem assim como victoriosos e triunfantes! Deixam fallar todos, e depois veem muito desaffogados pedir a palavra. (Riso) — Já que os srs. ministros não tem a coragem de fallar a tempo, e por assim dizer, de cara a cara, declaro a ss. ex.ªs que quando fallarem, hão de fallar nas minhas cosias, porque logo que os srs. ministros comecem a fallar, hei-de sair pela porta fóra. Não; não hei-de ser vossa victima; se quereis victimas, procurai quem em logar de sangue, lenha lama nas veias!...

Em conclusão: podia responder aos discursos dos illustres deputados da esquerda, a quem me tenho referido, mas não o quero fazer, porque era dar a esses discursos a importancia que elles realmente não tem.

Termino pedindo aos srs. tachygrafos que me façam o favor de por no fim do meu discurso — o orador foi comprimentado por grande numero de amigos ou de deputados de todos os lados da camara — como cosi uniam fazer aquelles senhores. (Apontando para o lado esquerdo) Nunca me puzeram isto; peço que m'o ponham uma vez. (Hilaridade)

O sr. Alves Martins — Sr. presidente, é summamente desagradavel para mim o tomar a palavra agora, estando o auditorio debaixo de uma impressão ião opposta áquella em que eu desejava que elle estivesse. Alas a impressão que eu tenho, é de sentimento, não é de outra cousa.

A quem ouvisse o sr. deputado que me precedeu, a camara parecer-lhe-ia mais um circo de gladiadores do que uma assembléa de legisladores a tractar dos negocios mais graves do paiz; e se nós tivessemos de seguir os principios e as maximas que o sr. deputado aqui apresentou, então cairiamos não sei em que, em uma desorganisação social; mas como já disse em outra occasião, o sr. deputado é o homem mais innocente do mundo; e ainda que as suas palavras pareçam offensivas, as suas idéas, os seus sentimentos não correspondem ás suas palavras; e então ellas podem excitar o riso da assembléa, mas nunca podem desviar essa assembléa da consideração de negocios ponderosos e graves, como são aquelles que estão entregues á sua deliberação.

Diz o sr. deputado que os ministros estão callados, que não respondem, e guardam, a palavra para usarem della depois de elle fallar. E certo que não podiam responder senão depois de fallar o illustre deputado. Mas a opposição não se compõe só do sr. deputado, de traz delle ha muitos oradores que estão inscriptos, e a esses cumpre tambem a missão de responder aos ministros, e aos deputados que estão deste lado da camara.

Diz o sr. deputado que não ha quem responda deste lado. Ha muito quem responda, e senão respondem a muita cousa, é porque a julgam innocente; o sr. Cunha Sotto-Maior na minha humilde opinião é innocente, póde dizer o que quizer; porque tudo é inoffensivo...

Dicto isto, vou occupar-me da questão que está aqui a discutir-se, e sobre que deu a commissão o seu parecer n.º 7.

Sr. presidente, as sociedades têem diversas fazes no andar dos tempos e na vida dellas a que chamamos transformações politicas ou situações, e estas diversas fazes ou situações são fundadas em diversos principios ou diversas idéas caracteristicas, de cada uma dessas épocas, que constituem essas situações. As situações, esses principios ou essas idéas são sustentados por um grupo de homens que os adoptam; a as idéas estão sempre variando assim como a sociedade: ellas têem vida e morrem, e passam da moda ou deixam de passar, e são sustentadas por homens que as professam nesta ou naquella época. A situação politica que hoje sustentamos, tem uma característica, tem certos homens que a sustentam; e a sociedade vive por ella, e dura até que outras idéas e outros homens venham substituir esta situação e transforma-la n'outra com outra caracteristica, e outras tendencias.

Em abril de 1851 operou-se no paiz um movimento ou uma revolução, como lhe quizerem chamar; esta revolução destruiu o modo de existir da sociedade portugueza nessa época, e creou uma nova existencia ou uma nova faze, ou uma nova situação politica; essa situação ou essa revolução tendo creado uma nova existencia precisava de desinvolve-la e de publicar medidas conducentes a dar consolidação, e vida a essa nova existencia politica. Certos homens agruparam-se em roda desse movimento, porque não sympatisavam com a politica anterior. Não tracto de