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que Dão podia funccionar ou fazer com que a maioria da camara funccionasse, com uma minoria forte como se disse, esse acto não póde deixar de ser estigmatisado.

Passando avante, e sentindo o facto da não reorganisação ministerial de modo util ao paiz, peço comtudo aos srs. ministros que tomem uma iniciativa forte na reforma da lei eleitoral, que é o meio de evitar esta e outras questões similhantes. Sobre estes pontos já se disse bastante, e por isso não direi mais sobre elles.

Sr. presidente, o discurso da corôa, depois do cumprimento do chefe do estado ás camaras, passava sempre, segundo antigo e constante estylo, a fallar das relações amigaveis do nosso paiz com as outras nações, ou de qualquer interrupção d'essas relações. O governo occupou-se d'este objecto, mas occupou-se d'elle muito limitadamente, porque foi só com relação ao consorcio real.

Eu creio que não temos a receiar a interrupção das nossos relações diplomaticas com os outros paizes, mas desejava que o governo asseverasse isto mesmo, para que se não inferisse motivo de desconfiança sobre as relações de alguns paizes com o nosso. E haverá esfriamento da parte de algum governo com o nosso?...

E pois que fallo de relações diplomaticas, n'este logar não posso deixar de prestar assentimento á ultima proposta que mandou o illustre deputado por Solor e Timor. Este objecto parece de pequeno momento, mas não o é, porque a camara deve saber que a bandeira hollandeza tremula em um porto nosso, Larentuca. Depois de não se ter ratificado o tratado ou contrato, em virtude do qual a Hollanda tinha tomado posse d'essa possessão nossa, e desde que o governo neerlandez entendeu que não devia ratificar aquelle tratado, o governo portuguez devia e deve retomar, ou reivindicar aquelle terreno, ou dar direcção ao tratado que se não chegou a ratificar.

Desejará portanto que o governo declarasse, se n'isto não ha inconveniente, qual o estado em que se acham as nossas relações com o governo neerlandez a respeito do nosso territorio, muito mais porque o governo hollandez entregou só parte do preço, está senhor da maior parte d'elle, e sem embargo d'isto esta na posse do territorio portuguez)

Vou fazer uma simples pergunta ao governo sobre o padroado da India, porque a este respeito nada posso acrescentar ao que disseram os illustres deputados que me precederam.

Desejo saber do governo: Se estão pendentes negociações entre o governo de Sua Magestade Fidelissima e o governo pontificio a respeito do real padroado do Oriente? Se houve algum motivo fundamentado para que o governo entendesse que não devia incluir este objecto no discurso da corôa, quando elle era de natureza lai que não podia ser esquecido, que nunca foi, esquecido; e a respeito do qual muitos discursos da corôa tinham dito que estava ou ultimado, ou quasi a ultimar-se? Desejo saber se ha novos negociadores a respeito d'este negocio, e o estado em que se achai sem querer que o governo dê explicações sobre o objecto da concordata, porque isso é proprio de uma sessão secreta. É necessario que nós soceguemos os nossos irmãos da Asia a este respeito, é um negocio gravissimo para nós e para a dignidade da igreja lusitana e da corôa portugueza.

Sr. presidente, quando appareceu entre nós a cholera-morbus vieram em nosso auxilio muitos subscriptores nacionaes e estrangeiros. Reputou então o governo este negocio tão delicado e Ião momentoso, que não só entendeu que o devia incluir no discurso da corôa; mas que devia propor um voto de agradecimento e louvor a esses subscriptores, tanto nacionaes como estrangeiros, que vieram em nosso auxilio, approvando e fazendo approvar um additamento que eu propuz mais amplo naquelle sentido.

Veiu depois d'isso outra epidemia maior do que a anterior, a febre amarella, que fez desenvolver ainda mais o espirito de caridade, tanto nacional como estrangeiro. Dentro do paiz e fóra d'elle,- de toda a parte se póde dizer, têem vindo grandes auxilios, grandes donativos com o fim positivo de serem applicados ás familias dos que pereceram victimas da epidemia. Ainda vemos todos os dias as columnas do Diario do Governo cheias com taes donativos, e comtudo o governo entendeu que não era o discurso da corôa o logar competente para fallar, não só da epidemia, não só das consequencias que produziu, não só dos auxilios que recebemos, mas tambem da applicação que tiveram esses auxilios, nem ao menos se lembrou de agradecer áquelles que eram dignos de um agradecimento publico e solemne, porque realmente é um facto mais notavel ainda do que aquelle que se deu por occasião da cholera-morbus.

Eu não faço agora a proposta de agradecimento e louvor, mas desejaria que o governo e a commissão tomassem a iniciativa n'esta proposta, agradecendo a todos os subscriptores nacionaes e estrangeiros esses auxilios que vieram trazemos por um modo tão caritativo.

Em 1857 houve falta da parte da commissão na latitude d'esse agradecimento, falta que não se linha dado no discurso da corôa. Eu propuz um additamento a esse respeito, entre outros mais sobre outros objectos, e tive o gosto de o ver approvado. Agora não o faço, mas espero que o governo tome a iniciativa n'elle, para que se não estranhe ao povo portuguez uma falta de gratidão, um esquecimento até.

Quando ainda estava fresco o flagello da epidemia, lembrou muito o melhoramento da saude publica, tudo foram projectos, tudo foram propostas, tomaram-se muitos alvitres nomeou-se um congresso sanitario, cujo congresso não sei se ainda existe e se concluiu os seus trabalhos, foi esse o objecto de que a camara passada mais se occupou, em que vimos enredada a maioria, minoria e governo, porque não havia systema com um pensamento só, eram differentes os arbitrios, d'ahi resultou a confusão e talvez a causa da dissolução da camara. Mas depois que passou essa epocha, não vejo a iniciativa poderosa do governo sobre este objecto, um dos mais momentosos.

Pediria pois ao governo que tomasse a seu cuidado fazer as propostas convenientes, porque não basta só votar os meios, nem Se podem votar meios, e meios tão importantes como 1:000 e mais contos, sem sabermos a que melhoramentos são destinados.

Quando eu lembro isto; não é por fazer opposição ao governo, é para lhe pedir que siga o melhor caminho.

Nada vejo feito sobre lazareto, alem da proposta de meios pecuniarios.

Vejo por outro lado que o governo, sem auctorisação, está procedendo a uns atterros nos todos da Boa Vista, sem se importar talvez do estado de muitos processos judiciaes a este respeito, e vae assim marchando, despoticamente, e querendo mostrar que este atterro talvez seja a salvação de Lisboa, e que feito elle não volta a epidemia!

Eu não sei se o atterro é feito em virtude dos conselhos do congresso, sanitario, ou do conselho de saude publica, mas o facto é que foi naquelles sitios onde a]epidemia quasi que não fez estragos alguns.

Para occasião mais especial me reservo fallar sobre estes importantes objectos, de que por agora não trato senão por incidente. Do que trato essencialmente é de pedir ao governo que pão se contente com pedir meios pecuniarios, e que traga as propostas que forem necessarias para o melhoramento da salubridade publica e com urgencia. Não nos descuidemos d'este objecto. Como os homens scientificos estão divididos sobre se a febre amarella se repetirá ou não no estio ou no outono, e em verdade sobre isto não podem daí uma opinião segura, assim como ninguem a póde dar, devemos estar preparados para o mal, que póde chegar mais cedo do que nós o esperemos.

Sr. presidente: e o que se tem feito a respeito da remuneração de serviços extraordinarios, feitos não só pela classe dos medicos e cirurgiões, como tambem por todas as classes nas occasiões mais perigosas de epidemias? Onde estão remunerados os serviços extraordinarios que o governo disse que havia de remunerar? Por muitas vezes tem sido feitas declarações por parte do