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Immensa de capitulos; cada P d'estes capitulos abrange muitos e complicados negocios; e não é possivel tratar-se do orçamento de um ministerio a respeito do qual não havia esperança, não havia até probabilidade alguma de que se entrasse na sua discussão em um dia determinado.

Sr. presidente, esta ordem de discussão, que se quer introduzir, talvez seja innocente; mas á primeira vista não o parece. Querer sustentar-se esta ordem de discussão do orçamento é mostrar, é inculcar muita vontade de marchar com irregularidade.

Sr. presidente, é muito para lamentar que, quando se trata de discutir o orçamento, que é a lei das leis, que é a lei pela qual os ministros se hão de reger todo o anno economico, o ministerio esteja ausente das suas cadeiras; e que não esteja aqui, quando a sua presença e mais necessaria para o bom andamento e regularidade da discussão. O orçamento não póde nem deve continuar a discutir-se assim.

Eu não posso deixar, repito, de approvar a proposta do sr. barão das Lages; approvo o adiamento por algum espaço da discussão da parte do orçamento, que por estar dado para ordem do dia devia continuar a discutir-se, visto que não póde continuar-se n'elle, por não estar presente o ministro respectivo, para responder ás observações que fizerem os deputados que tomarem parte na discussão d'esse orçamento; e por isso sou de opinião que se discuta o projecto a que se refere a proposta do sr. barão das Lages, porque nós, discutindo e approvando esse projecto, vamos dotar o paiz com uma lei que muito lhe convem.

D. sr. Lobo d'Avila: — Eu pedi a palavra para repellir as arguições infundadas e injustas que dirigiu á maioria e ao governo um deputado do lado direito da camara.

Sr. presidente, eu talvez posso assentir a que se possa mais ou menos increpar a ordem da discussão d'estes trabalhos; mas o que eu não posso consentir é que se possa attribuir a insidias, e a circumvoluções essa ordem de trabalhos. Nós repellimos similhante insinuação; e entendo que o governo a repelle tambem.

Sr. presidente, sempre tem acontecido aqui, não só depois da regeneração, mas antes, discutir-se o orçamento pouco mais ou menos por esta fórma; e a rasão é porque os ministros têem outros negocios urgentes e de grande utilidade publica, por causa dos quaes, e para attender aos quaes, não podem comparecer aqui com aquella regularidade que desejam, e que muito bom era que a podesse haver. Nem mesmo muitas vezes podem prevenir na vespera se veem ou não no dia seguinte; porque muitas vezes sobrevem um incidente, que faz com que não possam comparecer aqui no dia em que era preciso que estivessem presentes.

Eu digo, que era muito bom, que é muito para desejar que a discussão do orçamento se podesse levar seguida pelos ministerios, segundo a ordem por que veem. designados no respectivo parecer; sem duvida isso era de muito maior regularidade; mas não é possivel conseguir-se isso, mesmo por casos que se dão contra vontade dos ministros.. Eu desejo e quero a discussão o mais ampla e desenvolvida possivel. Convençam-se os illustres deputados da opposição, que cós deputados da maioria não temos interesse, não temos desejos, não temos até intenção de querer que as discussões não sejam amplas em todos os objectos que se tratarem n'esta camara; não receiamos a discussão; não temos medo d'ella; estimâmos muitissimo que todos se habilitem para meditar e tratar todos estes assumptos. Os illustres deputados devem fazer-nos a justiça de acreditar, que é unicamente por estas necessidades do serviço que ás vezes acontece a interrupção e a alternação nas discussões.

Eu sei perfeitamente o que nos disse um distincto escriptor publico portuguez, que já não existe, o sr. Silvestre Pinheiro, e é, que as nações não se governam senão pelos principios, e não pelos exemplos. Eu não trago os exemplos para authorisar o que se fez, trago-os para justificar o que se está fazendo, isto é, para mostrar que ás vezes em outro tempo, e poios mesmos motivos que actualmente se dão, se seguiu esta mesma ordem da discussão do orçamento; e não

se podia attribuir isso, como se não pode attribuir agora, a má intenção; é pelas necessidades d* serviço, é por incidentes governativos, que apparecem independentemente da vontade do governo, que faz com que elle não possa comparecer aqui, quando a discussão do assumpto pede que elle aqui esteja. Effectivamente isto mesma já teve logar, quando estavam no ministerio outros individuos; e entenda-se bem que eu não quero argumentar cora os precedentes para authorisar o que está acontecendo; é só para mostrar que dantes seguiu-se esta mesma marcha, e isto porque os vezes circumstancias obrigam a isso, independentemente da vontade dos homens.

Disse tambem o illustre deputado= que nós esganámos a discussão na generalidade. = = Está enganado. Sr. presidente, felizmente vejo a discussão cheia de y: da e de vehemencia; e estimo muito que haja essa vida e vehemencia na discussão, ainda que desejava que a vehemencia fosse menor, por que realmente não ha rasão nem motivo para haver tanta. Repito: vejo a discussão cheia de vida; e se alguem houve esganado na discussão da generalidade, tambem eu fui um d'elles, porque tambem tinha a palavra sobre a generalidade, e poucos oradores havia inscriptos, (parece-me que apenas havia tres: sendo um da opposição e dois da maioria). Não houve realmente abafadella ou esganamento da discussão; a discussão seguiu os seus tramitei; regulares, mas é impossivel que as discussões sejam eternas. Convem que, em chegando a certos termos, acabe. Não ha parlamento algum, onde se esteja discutindo continuamente. Sei que o que pretende a opposição é demorar bastante as. discussões, para empecer assim a marcha do governo; este é o seu fim, mas se se fosse atraz do que as opposições sempre pretendem, as discussões então eram interminaveis, o era por consequencia impossivel dar andamento aos negocios publicos. E domais para que havia de continuar a discussão na generalidade? Eu vi que os oradores estavam constantemente a repetir a mesma cousa; o illustre deputado mesmo, que fallou duas vezes, repetiu na segunda o que linha dito na primeira, havendo apenas de novidade n'aquella o estranhar que fosse a commissão de fazenda, e não o sr. ministro da fazenda, quem respondesse ao illustre deputado, quando era certo que a commissão era muito competente para lho responder; porque a discussão versou sobre factos que eram do dominio da mesma commissão; tudo estava em documentos officiaes; não eram actos especiaes do governo, que precisassem de explicação sua. A explicação estava já nos documentos officiaes, documentos que:;e o illustre deputado tivesse visto e examinado, não teria decerto vindo suscitar uma discussão a respeito dos pontos a que se referiu, e do modo que o fez. E a commissão, que Unha visto e examinado esses documentos, estava no caso de responder ao illustre deputado, e por isso lhe respondeu.

Sr. presidente, ve-se, por tudo, que a discussão na generalidade não foi abafada ou esganada pois camara. A camara não tem intenção alguma de fazer com que este orçamento não seja discutido regularmente.

Tem-se notado que o orçamento veiu tarde. Responderei que tambem tem já acontecido n'outras camaras o vir tarde, e em algumas mais tarde do que veiu n'este anno; mas os illustres deputados não reparam que n'este anno houve um motivo para que o parecer sobre o orçamento se demorasse mais alguns dias do que era a vontade da commissão e do governo; houve uma questão de lega idade, uma questão proposta por um illustre deputado do lado direito, para que a commissão declarasse se da parte do governo tinha havido ou não violação de lei. Esta questão foi aqui proposta; não sei se n'essa occasião o nobre deputado estava ausente, mas em virtude d'essa proposta a commissão leve de fazer novo trabalho; teve de examinar a receita e despeza do anno corrente, cousa que nunca aqui se fez; (Apoiados.) teve, por consequencia, de pedir contas ao thesouro, e do entrar em detalhes que as commissões de fazenda anteriores não tinham precisado; mas ainda veiu bastante a tempo para o nobre deputado apresentar as suas reflexões,