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Aqui estão os motivo e os fundamentos porque eu desejo que este projecto seja adiado até se apresentar o parecer da commisão de instrucção publica, sobre o projecto da instrucção primaria. O ministerio apresentou a (]ui um projecto que não foi discutido, e que o não pôde ser, pela dissolução da camara; sobre este projecto formulou-se agora um outro, o qual só foi aqui apresentado depois de muitas instancias e de muitas recommendações.

Por tanto, eu proponho o adiamento deste projecto em quanto a camara se não occupar de um modo radical e com todo o vagar, da reforma da instrucção primaria, pois é esta a de que o paiz mais precisa. (Apoiados) Neste sentido mando para a mesa a seguinte

Proposta: — «Proponho o adiamento do projecto n.º 55 até que se discuta o projecto sobre instrucção primaria.» — Alves Martins.

Foi aprovada

O sr. Justino de Freitas: — Sr. presidente, estou extremamente maravilhado, não por vêr impugnar o projecto, ou propôr o seu adiamento, mas pela maneira um pouco insolita, e até mesmo ridicula, por que foi tractada uma corporação respeitavel, corporação a que o illustre deputado pertenceu, em quanto não foi despachado conego...

O sr. Presidente; — Eu poço ao illustre deputado que tracte a materia com toda a placidez, e que venha a questão, que é o adiamento.

O Orador: — Eu costumo sempre respeitar os meus adversarios no combate; mas, quando se excedem todas as raias da decencia e do decoro; quando se vem combater um projecto, mettendo a ridiculo uma corporação, que não deu o menor motivo para ser tractada da maneira porque o foi pelo illustre deputado. preciso ter um soffrimento o uma resignação muito grande, para não rebater desde logo as insinuações do illustre deputado.

Mas este insulto é lauto maior, quanto as razões que o illustre deputado apresentou, são nenhumas. O illustre deputado começou por dizer — vós trouxestes aqui um projecto em que começaveis a fazer justiça primeiramente por vós, e tendo a camara adiado este projecto, hoje vindes novamente propol-o. — A commissão, sr. presidente, trouxe um projecto, segundo as idéas que giraram na camara; nada ha nelle do novo; são as idéas já debatidas. (Apoiados) Mas diz o illustre deputado — vós tractastes primeiro de vós; e não tractastes, nem fizestes caso dos professores de instrucção primaria, e não trouxestes uma obra completa para a instrucção publica.

Sr. presidente, as asserções do illustre deputado estão em parte desmentidas; porque não se tractou de trazer á camara um projecto para promover a instrucção primaria ou secundaria, mas para reparar as injustiças, e os aggravos que teem soffrido os lentes da universidade. (Apoiados) De mais, este projecto não comprehende só os lentes da universidade, mas tambem os professores de instrucção secundaria.

Sr. presidente, a vida da universidade é tão boa, ião deliciosa, e o sr. deputado que é filho da universidade, e que pertenceu á universidade, quiz deixal-a para ser conego da sé patriarchal?

O sr. Presidente: — Eu peço ao illustre deputado, que se deixe de recriminações, porque só trazem a desordem na regularidade das discussões.

O Orador: — V. ex.ª ouviu os sarcasmos, os dictos picantes do sr. deputado, contra uma corporação que não provocou, que não offendeu, que não mereci;! ser tractada tão desabridamente e com tanta inconveniencia parlamentar pelo illustre deputado. Mas ou não pertendo, nem quero asedar mais esta discussão. E concluirei dizendo, que a universidade não reclama cousa alguma nova; não pede privilegios alguns para si; pede sómente o que está estabelecido para as outras escólas; e a camara decidirá se quer considerar a universidade abaixo da escola polytechnica.

Visto que o sr. ministro do reino está presente, convido a s. ex. a declarar á camara, não só se convém na continuação desta discussão, mas tambem que declare qual é a opinião do governo acêrca deste projecto, e se se conforma ou não com elle, tal como está redigido.

Voto contra o adiamento.

O sr. Alves Martins: — Sr. presidente, depois de chamado a este campo, hão de pensar que vou uzar de represalias: não vou; estou mais a sangue frio do que o illustre deputado o meu amigo o sr. Justino de Freitas. E notavel, que, depois de eu ter sido despachado, legalmente, para conego da sé patriarchal, se tenham despachado 4 ou 5, e que eu seja só a victima. Porém não me tiram o sangue frio.

Sr. presidente, eu decimo que não fallei no sen-lido ironico. Quando fallo, nunca me lembro nem dos homens nem das corporações a que pertencem; trácio de combater as doutrinas que se apresentam á discussão; e quando me quizesse referir a homens, nunca o poderia fazer dos lentes da universidade, os quaes, quasi todos, são do meu tempo; e aqui está um que foi meu mestre o sr. Pegado: respeito-os a todos e entro elles tenho amigos que muito preso. O que eu censurei, sr. presidente, foi que os membros da commissão de instrucção publica não tivessem tractado primeiro dos outros que de si. Eu se estivesse na commissão, era assim que procederia.

Já expendi a minha opinião a respeito do projecto que se discute. Tractarei agora de pedir ao sr. Justino de Freitas que retire as expressões que são offensivas á corporação a que actualmente pertenço, e parece-me que estava no meu direito quando deixei de ser lente para ser conego, porque tão decente e honroso é ser conego da «é patriarchal, como lente da universidade de Coimbra. Eu reputo, que as expressões offensivas que o illustre deputado dirigiu á corporação a que pertenço, foram empregadas no calor da discussão, e estou convencido que s. ex.ª terá a bondade de as retirar, porque com isso nada se ganha, e não é conveniente estar a desacreditar no parlamento as differentes corporações do estado.

Concluo approvando o adiamento que mandei para a mesa.

O sr. José Estevão — Peço a v. ex. que consulte a camara se julga a maioria sufficientemente discutida.

Decidiu-se. affirmativamente — E pondo-se logo á votarão o

Adiamento — foi rejeitada.

O sr. Presidente: — A ordem do dia para amanhã é a continuação deste projecto n. 55 e o projecto n. 70 que tem relação com este, e o n.º 8]. sobre o estabelecimento de uma cadeira de direito administrativo na universidade de Coimbra, e os n.ºs 64, 66, 67, 96. — Está levantada a sessão. — Eram quatro fio tas e meia da tarde.

O 1.º REDACTOR

J. B. GASTÃO.