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CAMARA DOS DIGNOS PARES.

Discursos do D. Par Rodrigo da Fonseca Magalhães na Sessão de 5 de Fevereiro.

(Este discurso substitue o consignado a pag. 144 4.ª col. por ter julgado o seu A. (que o não reviu então como reviu agora e aos seguintes), que estava muito incorrecto, e em partes inintelligivel).

O Sr. Fonseca Magalhães — Sr. Presidente, é a primeira vez que tenho a honra de fallar na Camara dos Pares do Reino, e é a primeira vez, porque ainda ha pouco tempo recebi de Sua Magestade mais este testimunho da sua real benevolencia; e fallando logo nesta occasião solemnissima, não posso occultar a V. Em.ª e á Camara, que o faço com grande repugnancia; mas assentei que tinha uma obrigação forçosa de fazer aqui ouvir a minha debil voz, e com a mesma sinceridade, com que na outra Camara aonde por muito tempo foi escutada por benignidade dos meus Collegas nella presentes ás discussões. Sr. Presidente, eu temo muito que esta nova época, annunciada do alto do Throno, e applaudida pela illustre commissão da resposta ao discurso do mesmo Throno, esteja mais distante de nós do que se annuncia. Essa resposta ao discurso da Corôa, a qual muito louvo, e me gloriaria de ter escripto, exprime em todas as suas frazes o pensamento mais civilisador, pensamento de paz, de conciliação, proprio dos Corpos legislativos de uma nação illustrada, e sobre tudo, da Soberana que preside aos seus destinos. Mas é muito de receiar que, agitadas ainda as paixões e mui ardentes os odios, que ainda mal, não espero vêr tão cedo adormecidos, esse grande fim custe muito a conseguir. Porém eu, e seja-me perdoado fallar de mim, sou o homem que sempre fui. Diz-se de mim que nenhum partido represento, que nenhuns soldados nem chefes me reconhecem, que ninguem tenho, não sou partido, não sou nada. Eu sou o homem da conciliação e da paz; e dir-se-ha que o homem da paz não tem partido algum no Paiz? (Apoiados). Não o creio; pois por ventura não existirá fóra do das fileiras do exclusivismo e da intollerancia alguem que solte livremente a voz a favor da patria, chamando esses homens enfurecidos a escutar-se, e tolerar-se mutuamente? Quem não sabe quanto entre nós tem occorrido; e quem haverá que queira vêr durar ainda mais as desventuras do seu Paiz? De certo que de nenhum dos lados da Camara, nem d'aqui para fóra, porque nenhum homem honesto, e bom patriota o póde desejar. Dir-se-ha que todos se louvam de verdadeiros amigos do bem publico: assim será; pois eu tambem creio que possuo essa qualidade, e talvez hoje o possa provar. Sr. Presidente, a pacificação entre os partidos não ha de vir senão executando-se o preceito

Odia restringenda favores ampliandi.

Sr. Presidente, o Throno deu uma amnistia uma amnistia sem excepções: neste acto se encerra o maior elogio, que se póde fazer á Augusta Soberana que reina sobre nós: não é necessario mais. O que depois disso era indispensavel, e consequente, era que esse acto tivesse toda a validade, o amplissima validade, e para todos (apoiados). A primeira excepção que se fizer a este acto, é um atrós quebrantamento; e após elle quem sabe, quantos virão! Quantas excepções se terão feito já! (Apoiados).

Sr. Presidente, eu achei justo, necessario o digno, que um D. Par que se assenta nesta Camara, e tem occupado altos logares no Paiz, alevantasse a sua voz em justificação das accusações, que se lhe fizeram; e digo que até ha mais tempo elle o devia ter feito. Mas a generosidade? Mas a grandeza d'alma? Fez-se essa defeza; mas deu-se o exemplo de ir revolver as cousas do passado, desse passado que devia estar cem annos distante de nós, e que ainda se acha a menos de doze: elle devia ser respeitado por todos os lados desta Camara. Oxalá que todos nós déssemos as mãos e conviessemos em não tocar nelle! Todos temos culpas, a começar por mim: quantos erros não tenho eu commettido na direcção dos negocios publicos! Só posso dizer, Sr. Presidente, que os dirigi honestamente, e sempre com sincero intuito no bem deste Paiz.