O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

N.º 15

SESSÃO DE 23 DE FEVEREIRO DE 1878

Presidencia do exmo. sr. Marquez d'Avila e de Bolama

Secretarios - os dignos pares

Visconde de Soares Franco
Eduardo Montufar Barreiros

(Assistiu o sr. ministro da marinha e ultramar.)

Ás duas horas e meia da tarde, achando-se presentes 23 dignos pares, foi declarada aberta a sessão.

Leu-se a acta da precedente, que se julgou approvada na conformidade do regimento, por não haver reclamação em contrario.

Mencionou-se a seguinte

Correspondencia

Um requerimento do sr. conde dos Arcos, D. Nuno de Noronha e Brito, filho primogenito do fallecido par do reino, conde dos Arcos, pedindo, como successor de seu pae, para tomar assento na camara dos dignos pares do reino, por possuir as circumstancias exigidas pela carta de lei de 11 de abril de 1845.

Teve o competente destino.

Dois officios do ministerio do reino:

1.° Participando que as exequias por alma de Sua Santidade o papa Pio IX terão logar no dia 22 do Acorrente, pelas onze horas da manhã, na real capella da Ajuda.

2.° Communicando que as exequias a que se refere o officio supra, não podem ter logar no dia indicado.

Ficou a camara inteirada.

Um officio do ministerio da guerra, remettendo cincoenta exemplares das contas da gerencia do mesmo, relativas aos annos de 1876-1877.

Mandaram-se distribuir.

O sr. Presidente: - Devo declarar á camara que a grande deputação encarregada de felicitar Suas Magestades El-Rei e a Rainha e Sua Alteza o Principe Real, pelo feliz regresso de Sua Magestade a Rainha e do Principe Real a este reino, foi recebida por Suas Magestades com a sua costumada benevolencia. N'essa occasião tive a honra de dirigir a Sua Magestade El-Rei o discurso que o sr. secretario vae ler.

O sr. secretario, visconde de Soares Franco, leu e é do teor seguinte:

«Senhor. - A camara dos pares do reino vem felicitar muito respeitosamente a Vossa Magestade, a Sua Magestade a Rainha e ao Principe D. Carlos, pelo feliz regresso de Sua Magestade e de Sua Alteza Real a esta capital.

«O dever filial, que a Rainha dos portuguezes acaba de cumprir, apesar da distancia e do rigor da estação, tornou mais caro ainda, se é possivel, o seu nome a esta nação acostumada a admirar as virtudes e inexcedivel caridade que tanto ennobrecem a Sua Magestade.

«É assim que os réis se tornam credores do amor do povo e das bençãos dos vindouros.

«Digne-se Vossa Magestade acolher com benevolencia esta sincera homenagem dos sentimentos de dedicação e de respeito que a camara dos pares consagra a Vossa Magestade, a Sua Magestade a Rainha e á familia real».

O sr. Presidente: - Sua Magestade respondeu com expressões extremamente agradaveis e honrosas para esta camara.

O sr. Conde da Ribeira Grande: - Mando para a mesa um requerimento do sr. conde dos Arcos, pedindo para tomar assento na camara como successor de seu pae o fallecido par do reino conde do mesmo titulo.

O sr. Ministro da Marinha (Thomás Ribeiro): - Sr. presidente, venho declarar a v. exa. e á camara dos dignos pares do reino, que tendo sido convidado pelo digno par o sr. marquez de Vallada para responder a uma interpellação sobre os negocios do ultramar, estou á disposição de v. exa., do illustre interpellante e da camara.

Se porventura, houver alguns pontos especiaes nas suas perguntas, pontos não annunciados, a que seja preciso responder, consultando documentos que me faltam. N'este momento, espero da bondade do digno par interpellante e da camara, consentirão que em poucos dias eu me habilite com esses documentos, e virei sem demora responder perante a camara.

(Entrou o sr. marquez de Vallada.)

O sr. Presidente: - Devo participar ao digno par o sr. marquez de Vallada, que vejo entrar n'este momento, que o illustre ministro da marinha e ultramar acaba de declarar que se acha habilitado a responder á interpellação que v. exa. lhe dirigiu; se porém essa interpellação não poder ter logar agora, dal-a-hei para ordem do dia da primeira sessão.

O sr. Ministro da Marinha: - Como v. exa. entender, sr. presidente; mas se v. exa. e a camara quizerem, que desde já nos occupemos d'este assumpto, eu pela minha parte não tenho n'isso a menor duvida. Repito todavia ao digno par o sr. marquez de Vallada, o que ha pouco dizia, quando s. exa. ainda não estava presente, e é que eu julgo estar habilitado a responder a s. exa.; se porém alguns pontos houver que careçam de maior desenvolvimento e para que eu não esteja de prompto habilitado com os documentos precisos, ou necessarias informações, espero da bondade do digno par e da camara que me concederão o tempo indispensavel para colher e apresentar esses documentos.

O sr. Marquez de Vallada: - Certamente.

O Orador: - Parece me pois, sr. presidente, que se v. exa. e a camara entendem que póde ter logar a interpellação hoje, eu por mim não acho n'isso o menor inconveniente, visto que o digno par está de accordo com a restricção que proponho. (Apoiado do sr. marquez de Vallada.)

Espero pois que s. exa. se servirá indicar-me os pontos principaes a que se refere a sua interpellação, e eu responderei o mais cabalmente que me seja possivel.

O sr. Conde de Cavalleiros: - Sr. presidente, como eu não posso acompanhar a camara nos seus trabalhos, por falta de saude, vou mandar para a mesa duas representações que me foram entregues pelos antigos actores do theatro de D. Maria II, e peço o favor á commissão, a quem v. exa. se servirá, mandal-as, de attenderem ao exposto, se for de justiça.

Sr. presidente, quando, olhando para as cadeiras dos srs. ministros, vi que estava presente o sr. ministro da marinha e ultramar, que folgo ver occupar aquelle logar, por ser um cavalheiro de brilhante talento e capacidade, eu tive idéa de lhe dirigir algumas palavras, que não eram mais do que repetir o que o anno passado disse ao seu antecessor; mas vi entrar na sala o sr. marquez de Vallada, e ao mesmo tempo ouvi annunciar uma interpellação quasi no mesmo sentido em que eu me propunha fallar; e por isso

15