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400 DIARIO DA CAMARA DOS DIGNOS PARES DO REINO

tos que para tal fim possam prestar-se, na certeza de que por este ministerio se vae mandar proceder immediatamente aos competentes estudos para se conhecer detalhadamente quaes &s obras de fortificação a que será indispensavel proceder-se para attenuar os males a que n'este já longo orneio se allude."

Para dar cumprimento á ultima parte d'este orneio, combinei com o sr. general Mancos de Faria, nosso fallecido collega, e com o actual director geral da arma de artilheria, o sr. João Manuel Cordeiro, official muito distincto, o mandar proceder-o primeiro aos orçamentos necessarios, a fim de se poder pôr a praça de Marvão em estado de defeza, e aos estudos precisos para o estabelecimento do campo entrincheirado aconselhado pelos engenheiros Le Cocq e Bandeira Coelho; e combinei com o segundo de mandar fundir peças de 15 centimetros, que, sendo striadas, se destinariam para a praça de Marvão; e disse intencionalmente mandar fundir, porque as que estavam fundidas já, promptas ou ainda em construcção, tinha-as eu destinadas para armar o forte da Graça e a praça de Valença, que até á minha entrada no ministerio da guerra estiveram armadas unicamente com bocas de fogo de alma lisa.

Alem do que deixo dito, ainda se fez mais pelo ministerio da guerra. Mandei proceder á reparação dos paioes, cazernas e armazens da praça de Marvão, o que prova que o governo não desattendeu do que lhe cumpria fazer, tomando as medidas que entendeu mais necessarias, a fim de tornar aquella praça, depois de guarnecida, como um posto avançado ou sentinetta vigilante do paiz, logo que se abrisse a porta para o reino vizinho com o entroncamento dos dois ramaes.

Agora peço á camara que attenda que o officio, que acabo de ler, tem a data de 21 de janeiro de 1878, respondendo a outro com data de 22 de dezembro do anno anterior; que em materia tão importante eu quiz deixar tempo para que, com maduro exame, se procedesse ás necessarias informações nas repartições subalternas do ministerio da guerra.

Ora, de 21 de janeiro de 1878, data do officio, até a demissão do ministerio a que tive a honra de pertencer, que foi em 29 de janeiro do mesmo anno, medeiam mui poucos dias, e em tão pequeno espaço de tempo não podia avançar mais do que deixo exposto.

Se não se tem feito mais desde então para cá, a responsabilidade pertence aos quatro ministerios que succederam aquelle.

Entretanto eu não viria ainda assim expor á camara estas minhas reflexões se a arguição que aqui se fez dissesse respeito tão sómente á minha pessoa, porque a minha consciencia me diz que eu no pouco tempo que estive dirigindo a pasta da guerra fiz tudo quanto estava ao meu alcance a bem do meu paiz; (Apoiados.) mas como a responsabilidade daquelles actos cabia principalmente a dois vultos que não se podem já defender, homens que todos nós respeitámos, (Apoiados.) e cuja memoria é digna da maior veneração, entendi que devia levantar a minha voz para arredar de sobre elles a especie de censura que aqui se lhes fez.

A camara comprehende que me refiro ao sr. duque de Avila e ao sr. Barros e Cunha, os quaes fizeram parte do gabinete que n'aquella epocha estava á frente dos negocios publicos, o primeiro na qualidade de presidente do conselho de ministros, e o segundo na qualidade de ministro das obras publicas.

Foi essa a administração, de que eu tambem tive a honra de fazer parte, que approvou a construcção da linha ferrea a que o digno par se referiu, dizendo que tinha sido um grande erro sob o ponto de vista militar.

Julguei, pois. do meu dever, visto que aquelles cavalheiros infelizmente já não tem voz para se defenderem, mostrando as medidas de alta importancia economica que os levaram a approvar o contrato, occupar alguns momentos a attenção á camara, fazendo estas considerações, e mandando para a mesa o seguinte requerimento.

(Leu.)

Leu-se na mesa o seguinte requerimento do sr. Sousa Pinto.

É o seguinte:

Requerimento

Proponho que seja pedida ao ministerio da guerra a copia dos despachos, ordens e orneies expedidos e recebidos ácerca do entroncamento do ramal do caminho de ferro de este com o ramal do caminho de ferro de Caceres, no periodo decorrido de 22 dezembro de 1877 a 30 de janeiro de 1878.

Camara dos dignos pares, 17 de abril de 1882. = Sousa Pinto.

Mandou-se expedir.

O sr. Pires de Lima: - Pediu ao sr. ministro das obras publicas que fizesse concluir e publicar os mappas graphicos que o sr. Saraiva de Carvalho havia mandado fazer, e dos quaes estava já impresso um volume, devendo existir na secretaria respectiva elementos para mais dois.

Fez sentir a importancia e alcance d'estes trabalhos, e aproveitando a occasião pediu ao mesmo sr. ministro que lembrasse ao seu collega do reino a necessidade de mandar fazer uma estatistica das casas de beneficencia, indispensavel complemento da estatistica das sociedades de soccorros mutuos, que já está prompta na secretaria do ministerio das obras publicas.

Por ultimo, alludindo a umas palavras proferidas pelo digno par, o sr. Arrobas, na sessão anterior sobre os arrozaes de Alcacer do Sal e de outros concelhos proximos de Lisboa, pediu ao sr. ministro das obras publicas que proseguisse na extincção dos arrozaes, mas guiando-se pelas informações seguras dos homens competentes, e não pelas das auctoridades administrativas, nem sempre isentas de paixões partidarias.

O sr. Ministro das Obras Publicas (Hintze Ribeiro): - Não podia de modo algum ser indifferente á importancia e subido alcance do trabalho estatistico a que se referiu o digno par o sr. Pires de Lima.

Effectivamente a publicação dos quadros graphicos iniciados pelo meu illustre antecessor, o sr. Saraiva de Carvalho, attrahiu desde logo a minha attenção.

Quando entrei para o ministerio das obras publicas, perguntou-se-me o que tencionava fazer ácerca d'esta publicação, e eu respondi recommendando que ella continuasse nos termos precisamente em que se encontrava.

Não ha hoje quem desconheça as vantagens que resultam dos trabalhos desta natureza; são elementos estatisticos preciosos para o estudo de todas as questões, e eu não desejo de nenhuma forma que seja decurada a sua elaboração.

E que essas são as minhas idéas, mostra um facto de todos sabido. Refiro-me ao inquerito industrial, a que mandei proceder, logo depois de ter a honra de entrar para os conselhos da coroa. Resultou d'elle um trabalho estatistico de largo alcance, para o qual cooperaram pessoas muito entendidas nos diversos assumptos que prendem com a nossa industria; e fizeram-n'o com tanta solicitude, dedicação e boa vontade, que é este, sem duvida, o melhor trabalho que possuimos n'este genero, constituindo já cinco volumes que foram distribuidos por ambas as casas do parlamento, nos quaes se encontram importantissimos esclarecimentos.

Pelo que toca á publicação das estatisticas das casas de beneficencia, nada posso dizer senão que communicarei ao meu collega, o sr. ministro do reino, as ponderações que o digno par acaba de fazer sobre o assumpto.

O digno par occupou-se tambem da questão dos arrozaes, com relação á qual eu tive já occasião de me pronunciar n'esta casa de um modo muito claro. Entretanto, não posso eximir-me de dizer mais uma vez; com toda a since-