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Diário da, Câmara dos Deputado*

cias extraordinárias que as circunstâncias de momento reclamem.

Vou ler agora a nota elucidativa do presente projecto, redigida de acordo entre os Governos Português e Britânico:

«Logo ao princípio da guerra, Portugal afirmou expontâneamente que estava pronto, como aliado da Gran-Bretanha, a dar--Ihe todo o concurso. O Governo Inglês, apreciando altamente cate claro testemunho de cordial solidariedade, convidou, com entranhável reconhecimento, o Governo Português a contribuir de facto, consoante entre ambos se estipulasse, com a sua cooperação militar. E, por ôste modo, os dois Governos assegurarão os fins da aliança há séculos já subsistente entre as suas nações, cuja manutenção tanto é do interesse comum como duma e doutra».

Sr. Presidente: pedia a V. Ex.a a fineza de consultar a Câmara sobre se dispensa, para esta proposta de lei, as formalidades do Regimento a fim de ela entrar desde já em discussão.

Tenho dito.

Consultada a Câmara,, foi autorizada a urgência e dispensa do Regimento,

O Sr. Presidente: — Esta proposta de lei contêm apenas um artigo e por isso recai sobre ela uma só votação.

Está em discussão.

Tem a palavra o Sr. Deputado Machado Santos.

O Sr. Machado Santos:—Sr. Presidente: quando o Governo do Sr. Bernardino Machado compareceu nesta Câmara, na sessão de 7 de Agosto findo, para nos pedir a larga autorização parlamentar que nós lhe concedemos por unanimidade, creio eu que foi a minha voz a única que se ergueu nesta sala do Parlamento para invocar o exemplo da Bélgica e da França, que, invadidas pelos exércitos germânicos, entenderam ser necessário que nos governos dos respectivos países se encontrassem representantes de todas as correntes da opinião piiblica.

Decorridos três meses e meio, vejo o mesmo Governo vir aqui, não para pedir que reconheçamos o cumprimento dos tratados de aliança subsistentes com a In-

glaterra, mas sim autorização para que os possa cumprir.

Cumpre-me declarar, Sr. Presidente, que dou o meu voto a essa proposta do Governo, e dou-lho em nome dos meus eleitores e em nome da corrente de opinião pública que me segue.

O Governo que termine a sua obra, já que a começou.

Portugal é um país demasiado pequeno para que possa andar todos os dias a levar homens ao Capitólio e a perdê-los em. seguida, despenhando-os da Rocha Tar-peia.

O Governo do meu país pode contar com o meu esforço e com a minha vida para aquilo que for necessário.

Tenho dito (Muitos apoiados).

O orador não reviu.

O Sr. Afonso Costa: — Sr. Presidentes a proposta que acaba de ser lida na Mesa representa o corolário lógico da resolução parlamentar de 7 de Agosto findo, e o que hoje se nos pede não são palavras, nem mesmo aquelas que possa ditar o sentimento mais puro e elevado. O que hoje se nos pede não são palavras, mas actos, o primeiro dos quais — base constitucional dos outros — é o voto do Parlamento, voto que eu desejo seja unânime, para se sentir não apenas dentro das fronteiras, mas ao mundo inteiro, que Portugal cumpre sem hesitar, com serenidade e firmeza,, sem excluir o próprio entusiasmo, os seus deveres de nação livre, mas, ao mesmo tempo, aliada da Inglaterra (Muitos apoiados).

Eu trago o meu voto à proposta do Governo porque a proposta assenta sobre a base das negociações com a Inglaterra, as quais constam, em resumo, da nota que acompanha a proposta e que traduz, ao mesmo tempo, o profundo respeito, recíproco, das duas nações, e o entranhado afecto que as une e que vai consolidar-se e fortificar-se na mais perfeita e estreita solidariedade até no campo militar.