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22 Diário da Câmara dos Deputados

a preocupação da galeria, há-de encontrar-me por vezes a seu lado, combatendo. Mas não pense em transportar para os domínios da Nação, que não quere senhores absolutos, os princípios do incontestado predomínio que um grupo de amigos lhe reconhece, porque, por muito que valha, nem todas as pessoas de bem que habitam êste nosso Portugal são amigos incondicionais de Cunha Leal.

Sr. Presidente: julgando que sem quebra dos bons princípios de cortesia, não seria possível fazer a critica dos acontecimentos pelas afirmações aqui produzidas, repito de bom grado as minhas saudações ao capitão Sr. Cunha Leal e aos seus companheiros.

Tenho dito.

O discurso será publicado na íntegra, revisto pelo orador, quando, nestes termos, restituir as notas taquigràficas que lhe foram enviadas.

O Sr. Carvalho da Silva: - Sr. Presidente: o facto da constituição de um novo agrupamento político republicano que foi anunciado a esta. Câmara pelo Sr. Cunha Leal nada nos interessa a nós, adversários do regime. Não é pois, para falar da influência que êle possa ter na marcha política da República que eu tomo neste momento a palavra.

Sr. Presidente: o Sr. Cunha Leal, dando prova mais uma vez do quanto é gentil, apresentou os seus cumprimentos a todos os lados da Câmara. Nestas condições, a minoria monárquica não quere deixar de cumprir o seu dever, agradecendo a S. Exa. êsses cumprimentos e apresentando igualmente os seus ao Sr. Cunha Leal e aos ilustres Deputados que compõem o seu grupo.

Não havendo tenção da parte da minoria monárquica de fazer largas considerações sôbre o motivo da apresentação do novo grupo, fui eu o encarregado de falar em nome da minoria monárquica. Se não fora isso seria decerto o ilustre leader, Sr. conselheiro António Cabral, quem usaria da palavra. Tendo eu já sido o escolhido para falar, S. Exa., gentil como é sempre, não consentiu em ser êJe a usar da palavra.

Sr. Presidente: não vou recordar o que se passou no congresso do Partido Nacionalista. Todavia direi que se verificou que cada um se serviu das armas de que podia dispor; mas não cumpre a nós apreciarmos êsse procedimento.

O que não podemos deixar de considerar e apreciar são as declarações do Sr. Cunha Leal e bem assim as produzidas por parte dos diversos lados desta Câmara, pelo que à vida da Nação podem interessar os processos e os princípios dos partidos políticos da República.

Ouço dizer há 15 anos que é necessário arrumar as fôrças políticas da República. Estamos agora em mais um dia de arrumação. Essa arrumação é o que todos nós estamos vendo!

Pelas declarações do Sr. Cunha Leal ficamos sabendo que S. Exa. e os seus amigos políticos mantêm no novo agrupamento que formaram a mesma atitude e a mesma posição que tinham no Partido Nacionalista. Esperava êste lado da Câmara que em consequência de semelhante declaração da parte do Partido Nacionalista alguém se levantasse para dizer à Câmara que, de facto, ia mudar a orientação dêsse partido. Mas não sucedeu assim.

Levantou-se o Sr. Pedro Pita e declarou : continuamos hoje a ser o que éramos então.

Não se compreende.

Se continuam todos a ser o mesmo que eram antes da scisão, por que motivo se separaram?

O Sr. Cunha Leal do seu lado diz que o seu grupo é conservador.

O Sr. Pedro Pita diz que o seu partido é uma fôrça conservadora.

O Sr. Ramada Curto diz que os verdadeiros conservadores são os do Partido Nacionalista, visto que o Sr. Pedro Pita é conservador do registo predial. Talvez que S. Exa. tenha razão.

Seja como for, não há duvida que pelos desejos do Sr. Cunha Leal de ser eleito presidente do directório do Partido Nacionalista e pelas atitudes tomadas, só poderemos ver S. Exa. e o seu grupo a caminharem manifestamente para uma República Presidencialista.

Então a nós próprios dizemos: que cousas extraordinárias se passam nesta terra!

O Sr. Cunha Leal, que combateu Sidónio Pais, essa grande figura de republicano, aparece-nos agora presidencialista,