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1240 ACTAS DA CÂMARA CORPORATIVA N.º 112

Constituída a Mesa, o Sr. Presidente da Assembleia Nacional em nome de S Ex.ª o Presidente da República, declarou, aberta a reunião acrescentando pouco depois.

O Presidente da República eleito, Sr Contra-Almirante Américo Deus Rodrigues Tomás, vai prestar o seu juramento, como determina a Constituição, ficando assim investido no cargo.

O Sr Contra-Almirante Américo Deus Rodrigues Tomás, erguendo-se, proferiu a fórmula do juramento constitucional perante a Assembleia Nacional e a Câmara Corporativa, com toda a assistência de pé.

Juro manter e cumprir leal e firmemente a Constituição da República, observar as leis, promover o bem geral da Nação, sustentar e defender a integridade e a independência da Pátria Portuguesa.

Vibrante e demorada salva de palmas
O Sr. Presidente da Assembleia Nacional concedeu a palavra ao Sr Deputado Joaquim de Jesus Santos, para apresentar a S Ex.ª o Chefe do Estado as saudações e cumprimentos das duas Câmaras O Sr Deputado Joaquim de Jesus Santos pronunciou o seguinte discurso
,Sr Presidente da República Poderá parecer inexplicável a minha designação para, nesta hora de imenso significado na vida do País e em nome das duas Câmaras, saudar V Ex.ª.
E, também, não sei qual seja em mim o sentimento mais vivo se a satisfação decorrente da honra que a designação comporta, se o receio de, com a modéstia dos meus recursos, não poder traduzir, ainda que só palidamente, a alegria vivida nesta hora por todos os bons portugueses.
Atrevo-me, todavia, a pensar que, destes dois sentimentos, o mais fortemente sentido é o da honra enorme que foi dada, não a mim pessoalmente, mas antes à terra portuguesa de Angola, que quis eu fosse, na Assembleia Nacional, um dos seus legítimos representantes. A esta luz - e apenas a esta luz - a designação do meu nome terá realmente justificação Direi mesmo que deste modo tal designação se justifica amplamente. É que Angola, a terra portuguesa de África que primeiro experimentou nas suas entranhas os golpes mais brutais da sanha assassina dos inimigos externos da Nação, toem merece honra tão alta, pelo testemunho magnífico do seu patriotismo, da sua firmeza, da sua coragem e do seu enternecido amor à Pátria comum.

Vibrantes aplausos.

Do Minho ao Algarve, do Algarve a Cabo Verde, de Cabo Verde à Guiné, da Guiné a S Tomé e Príncipe, de S Tomé e Príncipe a Angola, de Angola a Moçambique, de (Moçambique à índia, da índia a Macau e de Macau a Timor, passando por todos os cantos do Mundo onde se encontram filhos de Portugal, vive a Nação Portuguesa, nesta radiosa manhã de Agosto, momentos de inolvidável exaltação patriótica e de rara felicidade colectiva.
Acaba V Ex a, Sr. Presidente, após o compromisso constitucional, de ser investido no mais alto cargo da Nação numa hora particularmente melindrosa na vida do País O mandato conferido a
V Ex.ª traduz, por isso, a inteira e total confiança dos Portugueses nos nobres sentimentos do seu carácter e nas invulgares qualidades de inteligência, de bom senso, de serenidade intransigente, de decisão firme e de bondade que exornam a superior personalidade de V Ex.ª Os sete anos já decorridos de
Chefia ido Estado deram a todos nós a certeza de que o novo mandato será exercido com o mesmo aprumo, com a mesma dignidade e o mesmo espírito de bem servir, que constituíram timbre do seu mandato anterior.
Proclamou alguém, particularmente qualificado para o fazer, que «seja qual for a evolução dos acontecimentos, não pode haver dúvidas de que é nos sete anos a seguir que, por imperativos naturais ou políticos, se não pode fugir a opções delicadas e, embora não forçosamente a revisões, à reflexão ponderada do regime em vigor E é nas mãos do Chefe do Estado que virão a pesar as maiores dificuldades e da sua consciência dependerão as mais graves decisões».
A reeleição de V Ex.ª para a Presidência da República é, assim, a mais. expressiva demonstração da incondicional confiança do País.

Aplausos

Essa confiança traduz por si própria e contém em si mesma, por outro lado, o testemunho inequívoco das homenagens e do respeito do povo português, ao mesmo tempo que reflecte o júbilo de toda a Nação. Mas, se a escolha de V Ex.ª representa a expressão concreta da confiança do País nas suas altas virtudes, certamente que a aceitação por V. Ex.ª do novo mandato significa para todos que o espírito de sacrifício e o desejo de servir são uma constante do carácter e patriotismo de V Ex.ª que os Portugueses apreciam na sua justa medida e estimam no seu exacto alcance.
E dá-nos também a garantia de que os sacrifícios impostos ao País são compreendidos e compartilhados com perfeita dignidade pelos primeiros responsáveis da Nação. Daí o seu exemplo, vivo e vívido, nos mostrar que, nesta hora, não há que medir a extensão dos sacrifícios que se nos impõem, mas apenas que ter em conta a dimensão do dever a cumprir.

Grandes aplausos

Queremos crer, nós, os Portugueses, que se vão dissipando já as nuvens negras que se acumularam sobre a nossa terra. Volvidos quatro anos sobre trágicos acontecimentos e crimes hediondos, que pareciam tudo querer destruir, podemos verificar, com satisfação e com orgulho, que o País está hoje mais forte, mais coeso na sua unidade e firmemente determinado a assegurar a integridade da Nação, intangível nas suas gentes e nos seus territórios, e que a brutal hostilidade inicial de uns tantos e a feroz incompreensão de quase todos estão a desvanecer-se, sendo certo que muitos são já os que apreendem a justiça e a verdade da nossa atitude e começam a reconhecer que, dada a estrutura da Nação Portuguesa, outra não podia ser a posição de Portugal.

Aplausos calorosos

Esta vitória - imensa nas suas consequências morais - já ninguém no-la pode roubar E começam também a vislumbrar-se já no horizonte os primeiros sinais de uma aurora luminosa de vitória total, não obstante acreditarmos todos que ínvias e difíceis serão ainda as sendas a percorrer e que sombrios serão também alguns dos dias que nos esperam
Não importa, porém.
A convicção íntima de que estamos no caminho do bem, da honra e da dignidade nos dará forças para continuar esta jornada heróica que não é de hoje, mas que vem de muitos séculos atrás