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1 DE FEVEREIRO DE 1946 371

fissional Agrícola, destinado, como o seu nome indica, à preparação profissional dos trabalhadores agrícolas.
A Junta Geral do distrito autónomo do Ponta Delgada construiu recentemente amplas instalações para um asilo-escola agrícola,. E era intenção da Junta ministrar instrução primária e agrícola a rapazes pobres, de forma a que no fim de uma série de anos saíssem do asilo-escola com um curso de habilitação profissional. Mas entende a Direcção Geral dos Serviços Agrícolas que haveria mais vantagens em orientar a utilização do estabelecimento em causa na formação de trabalhadores agrícolas especializados, de encarregados de lavoura e na especialização profissional de trabalhadores adultos. Mas, dada a lotação do estabelecimento (cerca de 150 pessoas) e o facto de por um conjunto de circunstâncias, ser maior em Ponta Delgada o número de técnicos agrários, que seriam utilizados como professores, julga a referida Direcção Geral - e muito acertadamente também - que deveria ser extensivo a todo o arquipélago a utilização daquela escola, ficando a cargo dos municípios de cada ilha a indicação dos rapazes pobres dos diversos concelhos a enviar em cada ano, em inúmero proporcional à população dos mesmos.
Não é preciso acentuar que a criação e funcionamento de um estabelecimento desta ordem se impõe desde já, e não se compreende mesmo, Sr. Presidente, que só agora se tenha pensado preencher tão importante lacuna.
Salvo um ou outro pormenor, como seja, por exemplo, o de se me afigurar insuficiente apenas um posto agrícola em S. Jorge, creio que esta organização planeada, uma vez que disponha de meios e de técnicos em número bastante, será capaz do desempenhar em boas condições a sua missão no campo da experimentação, da assistência técnica, desde que seja apoiada por um serviço de investigação científica agronómica.
Permito-me destacar, Sr. Presidente, este ponto, porque entendo que sem um serviço desta natureza não é possível chegar aos resultados que todos ambicionamos nem defender, como é preciso, o próprio prestígio da organização que se pensa ampliar.
Por muito perfeita e extensa que seja uma. organização de serviços agrícolas, nunca pode ser completa o verdadeiramente eficiente se não procurar auxílio na investigação científica.
Infelizmente para os Açores, este trabalho primordial e indispensável ao progresso da sua agricultura ainda está, a bem dizer, todo por executar.
Esta afirmação, Sr. Presidente, em nada atinge a reputação dos serviços agrícolas que têm actuado no arquipélago. Pelo contrário, com prazer menciono aqui o muito que realizaram dentro da sua esfera de acção, lutando com insuficiência de recursos financeiros e de pessoal -, sem laboratórios e sem material, isolados e dispersos, mas acabando por vencer muitas dificuldades e ultrapassando em tantos casos os objectivos que lhes estavam mareados.
Estou convencido de que esta necessidade de protecção científica a que me acabo de referir devem-na ter sentido bastantes vezes os agrónomos que trabalham nos Açores.
São vastos e de certo modo complexos, Sr. Presidente, os problemas da agricultura açoriana, e só a investigarão científica agronómica os pode estudar e resolver cabalmente em bases modernas, com os seus métodos de trabalho pacientes e contínuos e com a devoção e competência dos seus técnicos especializados.
É o estudo do solo, o melhoramento das plantas, o combate às doenças e o aperfeiçoamento dos métodos tecnológicos, tudo relacionado com a questão das pastagens, das culturas industriais, dos lacticínios, da viticultura e vinificação, da produção de cereais e de frutas profundo reflexo na economia açoriana, que o mesmo é dizer, na prosperidade e bem-estar das populações.
Impõe-se, pois, Sr. Presidente, que a Estação Agronómica Nacional proceda quanto antes a um reconhecimento preliminar do arquipélago e destaque depois, quando os serviços técnicos se encontrem devidamente montados e a funcionar com eficiência, os especialistas necessários ao início dos estudos que a pouco e pouco deverá realizar, de harmonia com o plano que tiver estabelecido.
Estou certo de que a Estação Agronómica Nacional há-de encontrar nos Açores um meio óptimo de acção e boa oportunidade para mostrar mais uma vez a sua capacidade realizadora.
Sr. Presidente: sei que as ilhas dos Açores desfrutam de um clima privilegiado, que os seus solos são férteis, que o seu povo é sóbrio, trabalhador, activo e empreendedor. Mas também não ignoro que a sua população, já hoje muito densa, cresce em ritmo acelerado, sem encontrar as possibilidades de escoamento de que dispunha noutros tempos através da emigração. E sei que os problemas económicos e sociais que se estão divisando neste fim de guerra obrigam a produzir mais e melhor - cada vez mais por unidade de superfície e sempre em melhores condições de qualidade e de preço.
A área de cultura do arquipélago está na sua maior parte aproveitada, mas, infelizmente, a capacidade de produção ainda está longe de atingir o seu limite. E os Açores, Sr. Presidente, constituem uma região magnífica para fazer agricultura intensiva com antecipada garantia, de êxito.
Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Ricardo Spratley: - Sr. Presidente: fazendo minhas as pá Ia viras de merecido elogio com que têm sido iniciados os primeiros discursos dos meus ilustres colegas, permito-me vir acrescentar-lhes a afirmação do meu profundo respeito pelas altas qualidades pessoais o de tacto político que levaram esta Câmara, muito acertadamente, a distinguir a pessoa de V. Ex.ª, elegendo-o para seu Presidente.
E em V. Ex.ª, que, pelo seu alto cargo, personifica todos os componentes e altas funções desta Assembleia, saúdo tambem os meus ilustres colegas e rendo-lhes as minhas respeitosas homenagens.
Sr. Presidente: pedia palavra para vir chamar a atenção do Govêrno para um caso que se me afigura carecer de remédio urgente, o qual sòmente pela intervenção dos Ministérios interessados poderá ser conseguido.
Para esse problema, tem sido chamada a minha atenção por entidades construtoras do Porto e seu distrito, que é o círculo eleitoral que eu tenho a honra de representar nesta Câmara.
Sei, porém, que ele se observa em toda a região nortenha e . . não estranharia que me dissessem que esse problema é extensivo a todo o País.
Trata-se, Sr. Presidente, da carência do cimento para construções, carência que tem levado a própria Câmara Municipal do Porto a suspender ou retardar certas obras e a ter em depósito quantidades verdadeiramente ridículas daquele indispensável produto.
Já que a sábia política do nosso grande Chefe (em quem vejo o instrumento privilegiado dos altos desígnios da Providência) permitiu que o nosso País atravessasse incólume a indizível tragédia da guerra, com