11 DE DEZEMBRO DE 1948 33
tração que a tem guiado e do titânico e infatigável esforço de seus funcionários públicos, missionários, colonos e indígenas, revela também que se conservam intactas as magníficas qualidades colonizadoras dos portugueses - os únicos representantes da raça caucásica a quem
o gentio africano chama "brancos"!
Sr. Presidente: Angola, agora, sob a inteligente, dinâmica e fecunda direcção do Sr. Capitão Silva Carvalho,
seu governador-geral, vive uma ânsia insaciável de realizações. Em todos os povoados que atravessei, mormente onde o número de habitantes se mostrava mais
elevado, se construíram ou estão a edificar igrejas, escolas, hospitais ou postos de socorros médicos e outras importantes obras de índole económica e social, que afirmam a presença da cultura e civilização portuguesas
e gritam bem alto o nosso tradicional e veemente empenho em fortalecer a alma e o corpo das gentes que, sem distinção de raça ou de cor, labutam, alicerçam e
"consolidam a grandeza do Império.
Na província da Huíla - uma das mais prometedoras zonas de colonização branca de Angola, aquela região que me foi dado ver melhor e onde o Sr. Capitão Silva Carvalho conquistou o enorme e justo prestígio de que goza na colónia- tive ensejo de observar múltiplas construções de grande valor político e social, recentemente erigidas ou ampliadas, tais como: as boas instalações dos serviços públicos e dos funcionários administrativos (que têm suscitado calorosos elogios de nacionais e estrangeiros), na sua quase totalidade concluídas ou prestes a sô-lo - na Bibala, Oncócua, Chitado, Forte Roçadas,
Chibemba; o belo Palácio do Governo na florescente "idade de Sá da Bandeira; as lindas igrejas de Sá da Bandeira e da Baía dos Tigres; os excelentes edifícios
da Casa-Mãe das Raparigas da Huíla e da Escola de Artes e Ofícios de Sá da Bandeira; as interessantes escolas primárias de Porto Alexandre e da Baía dos Tigres; e as óptimas formações sanitárias da Bibala, Chibia, Oncócua, Forte Roçadas e da Baía dos Tigres.
Sr. Presidente: a par dos trabalhos apontados, salientam-se ainda os de carácter essencialmente económico que pude apreciar ali, e se encontram já terminados ou
em via de execução: a bonita ponte Mons. Alves da Cunha, na Quihita, e a respectiva estrada; a boa rede de estradas abertas ou de traçado corrigido; os modernos planos de urbanização e de saneamento e vários melhoramentos locais, principalmente os que se relacionam com o abastecimento de água potável aos centros populacionais; os postos de rádio de Moçâmedes, Luzira, Baía dos Tigres e da Oncócua e tantos outros benefícios com que a província de Huíla foi dotada pelo Sr. Capitão Silva Carvalho.
Sr. Presidente: após a efectivação dos estudos que motivaram a minha ida a Angola foi-me possível contactar com mais alguns aspectos actuais do progresso incessante que domina a vida da colónia, entre os quais são dignos de nota: o esplêndido desenvolvimento da aviação civil; a edificação de um prédio para instalar um centro de estudos agronómicos na Estação Agrícola Central, em Cazengo - de cuja operosidade se esperam os melhores resultados, tanto para o fomento de Angola como para maior renome da ciência nacional -, e a construção de casas para funcionários públicos em Luanda, medida de inestimável valor e um dos mais frutuosos meios de combater a crise habitacional, não vindo longe o dia em que todos os servidores do Estado residentes na formosa cidade possuam morada higiénica e confortável.
Mas, Sr. Presidente, a dominar o quadro de realizações que acabo do sublinhar, apresentam-se as notáveis obras de fomento de Angola, às quais o Sr. Capitão Teófilo Duarte, ilustre Ministro das Colónias, ligou o seu nome: construção da barragem das Mabubas, no montante de 40:000 contos - trabalho bem adiantado, que, honrando a engenharia portuguesa, há-de permitir que Luanda e arredores disponham de energia eléctrica suficiente e barata para a sua perfeita iluminação e bem-estar e futuro incremento industrial; estudo da construção da barragem do Biópio, no valor de 40:000 contos - destinada a fornecer electricidade a preço módico ao Lobito e regiões limítrofes, com projecção económica semelhante à anterior; apetrechamento, em execução, dos portos e caminhos de ferro de Luanda e Benguela, em que estão a despender-se 50:000 contos-cuja importância é ocioso comentar; a próxima construção do moderno aeroporto de Luanda, avaliada em 45:000 contos - o qual, entre outras vantagens, levará a dispensar a escala de Leopoldville, agora utilizada pelos maiores aviões da nossa carreira imperial; e por último, como maior de todos, os trabalhos de alargamento da bitola e de prolongamento até à Chibia do caminho de ferro de Moçâmedes, em plena realização, nas quais o Estado anda a despender 100:000 contos!
Sr. Presidente: se as obras enumeradas, concebidas e mandadas executar pelo Estado suscitam encomiásticos louvores, os trabalhos de fomento agrícola, comercial e industrial levados a cabo por entidades privadas -sem dúvida, estimuladas pelo ambiente propício que o Governo criou e impulsiona- igualmente provocam os mais francos elogios, tamanhas amplitude e benfeitorias técnicas têm recebido na última dezena e meia de anos.
Além das fábricas de açúcar, organizações industriais de que devemos orgulhar-nos, tomei conhecimento directo em Moçâmedes, Porto Alexandre, Baía dos Tigres, Chapéu Armado e Lucira com as diversas modalidades da indústria piscatória (peixe seco, conservas, óleo e farinha de peixe) do sul da colónia-expressivas manifestações do ingente labor lusitano desenvolvido em tão longínquas paragens.
Sr. Presidente: só quem haja convivido dia a dia com os nossos compatriotas que vivem e sofrem em Angola é que poderá aperceber-se completamente do fervoroso e entusiástico nacionalismo que anima todos quantos ajudam a tornar a colónia rica e bem portuguesa! Demonstração flagrante são as recentes e brilhantes comemorações do tricentenário da reconquista de Angola, a que a imprensa e a rádio deram merecido relevo e de que a esplêndida exposição de arte constituiu um dos números do programa mais apreciados. Jamais se apagará da minha memória a simples mas tocantíssima cerimónia religiosa e patriótica, a que assisti no dia 14 de Agosto, celebrada junto do histórico padrão do Cabo Negro, onde compareceram cerca de um milhar de colonos de Moçâmedes, Porto Alexandre e vizinhanças e numerosos indígenas, todos irmanados no mesmo pensamento: homenagear os Portugueses de antanho, servir e honrar Portugal eterno!
E porque, enquanto estive em Angola, se me proporcionaram bastas ocasiões de conversar com pessoas de todas as classes sociais, apraz-me afirmar nesta Casa, para que a Nação inteira o saiba, que a todas elas, sem excepção, ouvi palavras de muito apreço e respeito pelos chefes que alçapremaram Portugal ao nível da prosperidade e da consideração internacional que actualmente usufrui.
Sr. Presidente: julgo conhecer as principais aspirações de Angola e dos seus funcionários públicos, missionários e colonos e, por dever de ofício, também não ignoro as necessidades dos indígenas, as destes atinentes, sobretudo, ao seu aumento de número e robustecimento físico, a portentosa batalha da demografia angolana, que já iniciámos e havemos de vencer; daqueles primeiros desejos, quê reputo legítimos e razoáveis, prometo ocupar-me em outras oportunidades, dado que tais pedidos ou sugestões merecem atenção e carinho,