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5 DE FEVEREIRO DE 521

O fornecimento cie aguardentes vinícas para beneficiação do vinho do Porto também pode ser feito a preços reduzidos, indo favorecer a sua exportação e, consequentemente, permitir o seu maior escoamento.
Sr. Presidente: resumindo tudo quanto atrás referi, devemos:

Impedir, dentro de limites aceitáveis, que a produção vinícola aumente demasiadamente;
Evitar por todos os meios que outros produtos possam influir na manipulação do vinho, aumentando o seu volume;
Regularizar em termos justos os preços do vinho;
Promover em moldes adequados o escoamento dos produtos vínicos.

Mas devemos também:

Favorecer, tanto quanto possível, as aplicações diferentes que possam ter as uvas.

O fabrico de passas, dadas as condições privilegiadas do nosso clima, parece que podia tomar certo incremento, sobretudo no Ribatejo, Alentejo e Algarve.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - No Ribatejo, em Alpiarça, existe essa indústria, e, certamente, não tomou maior desenvolvimento porque os preços que atingiram as uvas para vinho eram mais vantajosos.
Parece que valia a pena fazer um esforço sério no sentido de favorecer a produção de passas; estudar os processos aperfeiçoados; proteger a respectiva indústria em termos de a defender da concorrência vinda do exterior, e dar vantagens à exportação, de modo a abrir caminho nos diversos mercados.
O fabrico de mostos concentrados pode também tomar certa importância, desde que para este produto se encontrem aplicações vantajosas. Presentemente a Junta Nacional do Vinho dispõe dum concentrador de elevado rendimento, que produz mosto concentrado de óptima qualidade. O custo de fabrico não excede l$20 (in cluindo todas as despesas, quebras, etc.) para um concentrado com 750 g de açúcar por litro, a que corresponde unia densidade de 45,8º Baumé.
São várias as aplicações que podem ter os mostos concentrados e talvez fosse possível encontrar mercados para este produto.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Creio que a indústria da cerveja poderia incorporar no fabrico desta bebida uma parte apreciável de mosto concentrado. Durante a guerra foi a própria indústria que solicitou o fornecimento de concentrado para substituir o malte, que então faltava. A percentagem em que pode entrar concentrado de uva no fabrico da cerveja sem prejuízo da qualidade é assunto a definir depois de prévio estudo.
Também pode ser encarado o pedido em tempos apresentado para o fabrico de cerveja vínica, com base no mosto de uva (concentrado), pretensão que a Junta Nacional do Vinho considerou sempre favoravelmente.
O mosto concentrado presta-se muito bem para a preparação de vinhos licorosos. Na América do Norte o consumo de vinhos licorosos aumentou, sobretudo por efeito da propaganda, que recomenda o sen consumo como bebida refrescante, com água gasosa e gelo. Não poderia estimular-se este hábito nas nossas províncias ultramarinas, em substituição do whitky? Sei que não deve ser empresa fácil, mas aqui aponto a ideia, pois a propaganda, quando bem conduzida, consegue, por vezes, modificar determinados hábitos.

Vozes: - Muito bem !

O Orador: -Sr. Presidente: devemos (procurar sempre diminuir o custo de produção dos bens de consumo, sem prejuízo da qualidade. No caso da videira este objectivo será atingido se aumentarmos o rendimento unitário ou, pelo menos, evitarmos que ele diminua.
É pelos estudos vitícolas e nos trabalhos do investigação respectivos que podemos encontrar soluções correspondentes aos diversos problemas da viticultura nacional.
Os problemas técnicos fundamentais estão longe de se encontrar resolvidos, e é doloroso que só nos recordemos disso nas horas do adversidade.
O ajustamento da viticultura às necessidades e às exigências dos tempos modernos quase a circunscreveu ao aumento puro e simples da quantidade. Plantou-se mais para produzir mais, u não para- produzir melhor com mais economia.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Os estudos vitícolas nunca formou elevados entre nós ao nível que a importância económica e social da cultura exigia.
Recorde-se o caos dos porta-enxertos em que nos debatemos ainda hoje, o insuficiente conhecimento da sua adaptação aos variados tipos de solos e da sua afinidade para as castas cultivadas; as escassas noções que ainda possuímos sobre as castas nacionais de videiras, das suas aptidões culturais e vinícolas; a alarmante substituição das castas nobres, de menor rendimento, por castas de inferior qualidade, altamente produtivas; a modéstia dos nossos conhecimentos sobre a ecologia da videira e das reacções das castas às diversas doenças e aos elementos do clima; os conhecimentos empíricos em que se baseia grande parte da nossa técnica cultural; a falta, enfim, de trabalhos metódicos e persistentes de investigação e de experimentação em que se apoie a assistência técnica para que seja verdadeiramente eficaz.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Louváveis iniciativas de técnicos portugueses através dos tempos procuraram dar solução aos mais momentosos problemas; importantes estudos se realizaram e estão ainda em curso; todavia, por carência de recursos financeiros, de possibilidades materiais de expansão, dificilmente alcançam sensível projecção na viticultura nacional.
A modesta actividade desenvolvida neste sector está longe de atingir o que se está fazendo em França, na Suíça, na Itália, na África do Sul e na África do Norte.
Empreendidos, quer pela Estacão Agronómica Nacional, quer pela Repartição dos Serviços Vitivinícolas, e subsidiados pela Junta Nacional do Vinho, estão em curso estudos de alto interesse no que diz respeito a porta-enxertos, questões de afinidade, melhoramento genético, estudo de certas doenças, etc. Mas não temos um plano de conjunto dos estudos vitícolas, nem sequer muitos daqueles estudos se realizam em condições de instalação, assistência financeira, recursos de material e de pessoal que garantam a máxima eficiência e continuidade.
Infelizmente, ainda hoje em Portugal há descrentes das possibilidades que a investigação dá à agricultura. No entanto, a viticultura sempre que tem recorrido à