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24 DE MARÇO DE 1955 672-(141)

tica), que directamente se lhe não pode atribuir, visto derivar de aumentos inesperados nos consumos, de más colheitas em certos países (o café no Brasil) e de aplicações e usos diversos que demandaram maiores quantidades de produtos manufacturados ou matérias-primas (cortiça).
Quanto à natureza- dos depósitos, não é fácil estabelecê-la. Que percentagem dos depósitos representa poupança?
É sabido que as caixas económicas arrecadam, em geral, as maiores percentagens de poupança e que os bancos, ou estabelecimentos bancários, assentam a sua actividade em depósitos de maior grau de mobilidade. Arrecadam principalmente as disponibilidades das actividades comerciais e industriais, que soo em grande parte a base de suas transacções, ou capital circulante.
O seu grau de liquidez é por isso maior.
Desde o princípio da guerra a percentagem dos depósitos bancários em relação aos totais subiu muito, avizinhando-se de 60 por cento em 1953, quando não atingia 45 por cento em 1938.
Os números parecem, pois, demonstrar que a natureza dos depósitos se modificou bastante no período da guerra. A poupança não acompanhou o desenvolvimento dos depósitos, visto uma grande parte destes se destinar a fins comerciais: à intensificação de negócios de natureza comercial ou industrial. Haveria vantagem em esclarecer melhor este importante aspecto de uma questão que está no fundo do problema dos investimentos e ter em conta a importância da poupança forçada através dos investimentos das caixas de previdência.

Influência dos níveis de preços

7. Outro aspecto que conviria investigar, e ele não cabe no estreito âmbito deste apêndice, seria o da influência do aumento da produção na balança de pagamentos e, por consequência, no quantitativo dos depósitos.
Não há dúvidas quanto ao período de 1939-1945 ou 1946. Os grandes saldos na balança de pagamentos foram devidos quase exclusivamente à considerável melhoria de preços de produtos nacionais, sobretudo de matérias-primas essenciais ao prosseguimento da guerra, e, em menor escala, à exportação de substâncias alimentícias diversas, entre as quais sobressaem as conservas.
O período de 1946-1953 é mais confuso e não se poderão dar esclarecimentos com carácter definitivo sem melhor exame dos números relacionados com a produção nacional.
Devem, porém, destacar-se os efeitos do conflito na Coreia, que ocasionou preocupações políticas e sociais e levou à formação de reservas de produtos estratégicos. A produção nacional beneficiou muito com a melhoria nos preços, e os seus efeitos, como acima mencionado, tiveram influência no quantitativo dos depósitos, que subiu de 15 300 000 contos em fins de 1950 para 18 500 000 em fins de 1953.
O benefício desta entrada de divisas no País, resultante da alta nos preços, acima do nível normal, e também em parte do auxílio americano, não teve a projecção que poderia derivar do gradual e seguro acréscimo no quantitativo da produção. Só deste modo se assegura a estabilidade na subida do nível dos consumos, tão necessária à larga percentagem da população portuguesa.
Os sobressaltos nos níveis dos preços, até no casos em que momentaneamente tragam afluência de divisas, produzem, passada a conjuntura, efeitos que se materializam em geral no desemprego e, em muitos casos, em forçado regresso a níveis de consumo anteriores.
E a herança habitual de crises políticas anormais, sobretudo em países de economia incerta.
No caso português, o fim da guerra da Coreia não teve as consequências que, passada a euforia de consumos, levara anteriormente a crise de 1949, porque, felizmente, houve no ultramar, como se mostrou noutro lugar deste parecer, consideráveis acréscimos nos preços de certas produções, como o café, e reforço nas receitas de alguns serviços, como os transportes. Na metrópole a firmeza nos preços da cortiça e a possibilidade de escoar reservas de vários produtos, como as resinas, além de melhores colheitas, também concorreram, em conjunção com o ultramar, para os bons resultados da balança de pagamentos.
Mas o problema económico português tem de fundamentar-se em maiores produções; sem elas e sem melhor produtividade no trabalho não se pode obter e equilibrar um nível de consumos razoável.

Disponibilidades financeiras

8. Um dos elementos basilares na elaboração de qualquer plano de fomento é o cômputo tão aproximado quanto possível das disponibilidades necessárias para o financiar. E estas, em última análise, medem-se pelas possibilidades do investimento, que, por seu lado, resulta da poupança. Donde se conclui que os depósitos de poupança têm grande influência no desenvolvimento económico do País.
Seria, pois, de grande vantagem separar, nos números acima indicados, aqueles que representam poupança - tanto nos depósitos bancários como nos das caixas económicas.
Embora rigorosamente tal não possa fazer-se, é possível talvez proceder a exame que dê aproximadamente ideia do problema.
O estudo do rendimento nacional seria útil. Através dele se poderiam obter elementos apreciáveis para a boa compreensão de um problema que está no âmago do desenvolvimento dos recursos potenciais.
Os quadros acima mencionados devem, naturalmente, surpreender muitos que julgavam, em frente dos números tornados públicos, atingirem os depósitos importâncias muito mais elevadas do que a realidade mostra. Para obter o verdadeiro quantitativo houve que proceder a ajustamentos, de modo a impedir a repetição da contagem de parcelas.
A cifra de 18,5 milhões de contos obteve-se expurgando dos totais as sobreposições que os avolumavam, e modo a obter tão aproximadamente quanto possível a evolução dos depósitos.
Mas, mesmo assim, a importância ainda representa uma soma de grande significação, na relatividade da vida económica nacional. A ela haverá que juntar as reservas do Estado, os depósitos obrigatórios que se não consideraram e o que é utilizado directamente por particulares, quer do entesouramento, quer de resultados da exploração.
É nesta massa de capitais o nas suas repercussões que repousa a economia interna.
O seu actual emprego, a maneira como se desenvolveu e um programa de futuras aplicações são aspectos a estudar noutro lugar.

Os depósitos em termos reais

9. A evolução dos depósitos, tal como se deduz dos quadros anteriores, foi expressa em escudos do ano a que eles se referem. O seu valor real é influenciado naturalmente pelo nível dos preços, que, como se verificou