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24 DE MARÇO DE 1966 703

O Orador: - É também devida uma palavra de viva simpatia e reconhecimento às Universidades portuguesas e aos seus eminentes mestres, que nunca, em qualquer circunstância, têm deixado de com o prestígio do seu nome, acarinhar a novel escola, herdeira de gloriosas tradições, que se vai cada vez mais avantajando para honra e glória da Igreja e de Portugal.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Sr. Presidente: Sobre a Faculdade de Filosofia de Braga nada mais quero dizer senão lembrar o que disse o venerando arcebispo primaz, Sr. D. Francisco Maria da Silva.

Trata-se de criar por este e por outros meios um suporte intelectual para a fé de um milhão de católicos, quantos são os habitantes desta arquidiocese.

Outros meios vão surgindo, como o deseja o ilustre prelado bracarense, de modo a elevar o nível educacional dessa viva realidade que é «um milhão de católicos». Não um milhão de católicos para efeitos de estatísticas, mas um milhão de católicos de fé e de obras, como, graças a Deus - muitas temos que dar -, é a gente do Minho, a gente daquela vetusta arquidiocese, igreja gloriosa, mãe de outras igrejas e primaz também, não só de nome mas de facto, como o afirma a sua pujança religiosa, que há que resguardar e defender das intempéries.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Outros meios vão surgindo. Louvemos o Senhor e os que são instrumento dos seus desígnios.
Outra instituição a que quero referir-me é ao Instituto de Serviço Social de Braga. Está ele já projectado e aprovado oficialmente. Dispõe já de uma sede. Principiará a funcionar dentro em breve, estando em treino ou em estágio o respectivo pessoal docente específico. A este juntar-se-á aquele que em Braga ou nas Universidades trabalha já com os melhores louros de labor científico na educação superior. É este Instituto organizado e realizado pela corporação das Irmãs do Sagrado Coração de Maria, educadoras dignas dos maiores encómios, como há dias aqui referi, pela contribuição até hoje prestada à educação portuguesa.
O seu Instituto Social, anunciado, com sede preparada e equipada, é aguardado com o maior interesse. Será mais uma instituição superior, pois como «cursos superiores» são reconhecidos os seus congéneres.
Os actuais problemas rurais e, sobretudo, os dos meios industriais ou em vias de industrialização não se resolvem sem mentores, orientadores e assistentes, que sejam como que os executores de uma missão sacerdotal no domínio do trabalho junto das famílias e dos indivíduos. É notória a falta de pessoal que possa desempenhar-se cabalmente dessa tarefa que se impõe.
Resta-nos esperar do Instituto do Coração de Maria, tão intimamente ligado a Braga e à sua região, a maior urgência na solução dos problemas do Instituto Social já publicamente anunciado; e dos Poderes Públicos o requerido e valioso auxílio para tornar a criação desta escola rápida e eficaz.
Sr. Presidente: Também no campo do ensino musical algo dei novo se passa na minha terra, que um dia aqui referirei mais detalhadamente, mas não quero deixar de embora ao de leve, dizer alguma coisa sobre a já notável acção desenvolvida pelo Conservatório Regional de Música.
Mais uma vez seremos levados a encarecer a iniciativa particular no campo da educação e a afirmar que não é possível que o nosso problema educacional seja resolvido só no campo estatal. O valor do ensino particular é indiscutível e merece, como não nos cansaremos de repetir, ser incentivado.
A acção do Conservatório Regional de Música estende-se a todo o distrito e até a alguns concelhos estranhos ao mesmo, pois acorrem às suas aulas alunos de todos os pontos da região. É, na verdade, um «Conservatório de Música Regional».
No último ano lectivo a sua frequência foi já animadora, pois mais de duas centenas de alunos frequentaram os seus cursos de Música. A sua acção desdobrou-se ainda em outras actividades, como a iniciação musical, para o que muito contribuiu o jardim infantil, que o Conservatório sustenta, e ainda a classe de ginástica.
Não tem recebido qualquer subsídio do Estado, e, se não fossem os subsídios da Junta Distrital de Braga e da Câmara Municipal, não lhe seria possível realizar a obra que tem realizado.
Mas verdadeiramente de encarecer é o auxílio que lhe tem prestado a Fundação de Calouste Gulbenkian, sendo credores dos mais vivos agradecimentos quer o ilustre presidente da Fundação, Doutor José Azeredo Perdigão, quer a digníssima senhora que dirige a secção de Música da benemérita instituição, que por todo o País às mãos cheias vem incrementando iniciativas que estão decisivamente contribuindo para o engrandecimento do País. Espera-se que a Fundação, a que Braga deve já serviços inestimáveis, bastando citar a escola de enfermagem, que tem o nome do seu fundador, venha a prestar ao Conservatório «linda maiores serviços do que os que lhe tem prestado.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - A construção de um edifício que pudesse arrancar o Conservatório das precárias instalações em que se encontra seria verdadeiramente resolver o problema número um do mesmo, já que tudo merece quem abnegadamente o dirige e o seu sacrificado e competentíssimo corpo docente.
Podemos dizer que da acção do Conservatório tem resultado um recrudescimento da notável tradição musical de Braga, que os seus seminários nunca deixaram morrer. Merece, pois, esta instituição o carinho das entidades oficiais e a continuação do que lhe têm prestado as autarquias da região, pois sem o seu auxílio não poderá sobreviver. Do auxílio da Fundação Gulbenkian muito o Conservatório, que tanto lhe deve, tem a esperar, e espera, pois todos sabemos o quanto a Fundação Gulbenkian tem contribuído para a difusão da arte musical em todo o País.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Não podemos esquecer, por exemplo, os seus festivais musicais, que anualmente inundam de encanto as principais cidades portuguesas, e o auxílio que tem prestado às delegações do Círculo de Cultura Musical.
Sr. Presidente: Há que ter em conta esta realidade: mais de 8000 alunos de estabelecimentos de ensino secundário e superior se albergam nos muros da Bracara Augusta. Faculdade de Filosofia, seminários diocesanos e de ordens religiosas, escolas do magistério e de enfermagem, liceu, conservatório, numerosos colégios e escola técnica constituem um núcleo de peso na vida escolar do País.