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27 DE NOVEMBRO DE 1967
provocou, contudo, efeitos negativos sob o ponto de vista externo, pois concorreu para uma maciça exportação de capitais, atraídos pelas altas taxas de juro praticadas em praças estrangeiras.
No Reino Unido, a pressão da procura sobre os recursos, o desequilíbrio da balança de pagamentos e a crise da libra suscitaram a aplicação de uma vasta gama de medidas deflacionistas, que atingiram o mais alto ponto de intensidade em Julho do ano findo. Como era natural, o ritmo da procura, artificialmente travado, abrandou, o que permitiu uma maior flexibilidade na realização da política económica britânica. Com efeito, o crédito passou a ser distribuído de forma mais selectiva e, após as melhorias registadas no mercado monetário americano, o Banco de Inglaterra pôde baixar em Março a taxa oficial de desconto de 7 para 6 por cento.
Dado que o sector privado não revelava ainda potencialidades de recuperação dos investimentos, foi esta confiada ao orçamento, cujo deficit foi ampliado em 203 milhões de libras. Procura-se, porém, que o financiamento não venha a traduzir-se em acréscimo inflacionista de liquidez, pelo que se prevê o recurso a bilhetes do Tesouro, por parte de não residentes, e a utilização de contravalores em esterlino do Fundo de Igualação dos Câmbios.
Apesar de os efeitos do deficit orçamental na liquidez do sistema introduzirem sérios elementos de incerteza, é legítimo supor que o abrandamento das pressões da procura, a atenuação da política de rendimentos e o estímulo à formação do capital permitam um desenvolvimento mais equilibrado da economia britânica durante o ano em curso.
E esta ainda salientar que na Suíça, na, Holanda e na Suécia, em que se registaram acentuadas tensões inflacionistas e fortes desequilíbrios externos, a política monetária constituiu o principal instrumento da actuação anti-cíclica.
5. Pelo que respeita ao comportamento dos vários sectores do mercado de capitais, importa distinguir o período que se estendeu até ao Verão do ano findo e o que se iniciou a partir desse momento. O primeiro dos períodos considerados caracterizou-se por uma progressiva subida das taxas de juro dos mercados monetário e financeiro, que alcançaram níveis não verificados há largos anos, tendo atingido o seu ponto culminante com a elevação da taxa de redesconto do Banco de Inglaterra para 7 por cento.
No segundo período assiste-se, ao invés, a um decréscimo das aludidas taxas, mercê da conjunção de vários factores, de que cumpre salientar a melhoria de condições do mercado monetário norte-americano, a atenuação do clima inflacionista e da preferência pela liquidez, bem como a tendência equilibrante das finanças públicas. O movimento de baixa processou-se com uma certa regularidade e uniformidade, graças à estreita interpenetração que o Euromercado assegura entre as várias praças.
Não obstante a tendência revelada neste período, o nível ainda excepcionalmente elevado do juro provocou acentuadas baixas nas cotações dos títulos, o que determinou um declínio no volume das emissões.
6. Em 1966 assistiu-se a uma alteração da tendência dos pagamentos externos da Alemanha Ocidental. Em virtude da diminuição das compras de material de guerra, dos resultados satisfatórios da campanha agrícola e do abrandamento da procura interna, as importações declinaram sensìvelmente. Em contrapartida, aumentaram as exportações, estimuladas pela recuperação da procura nos Estados Unidos, na Itália e na França. Os deficits correntes do 1.° semestre foram assim cedendo o passo à formação de vultosos excedentes, que no fim do ano se cifravam em 400 milhões de marcos. Diminuíram, porém, as entradas líquidas de capital, devido, em parte, ao reembolso antecipado da dívida para com os Estados Unidos. A evolução dos pagamentos alemães, bem como a crise da libra, contribuíram, pois, para uma valorização do marco, apenas contrariada em Janeiro do corrente ano, devido às exportações de capitais de natureza sazonal.
Em França contraiu-se fortemente o já tradicional superavit da balança de pagamentos, devido à evolução dos movimentos de mercadorias. Efectivamente, enquanto as exportações estagnavam, dado o clima de recessão registado nos principais países compradores, nomeadamente a Alemanha Ocidental, as importações redobraram de intensidade. Por outro lado, as restrições à circulação internacional de capitais, bem como o carácter pouco atractivo das taxas de juro francesas, determinaram uma quebra no afluxo de fundos estrangeiros a longo prazo. Todos estes factos, que estão na origem dos deficits experimentados pela balança de pagamentos francesa no último trimestre do ano findo, não impediram a execução de um amplo programa de liberalização cambial. Na verdade, para estimular a iniciativa privada e reforçar a posição de Paris como grande centro financeiro, aboliram-se as principais regulamentações de câmbios, conferiu-se plena liberdade à circulação internacional do ouro, dos meios de pagamento e dos valores mobiliários. Estas medidas tornam a economia francesa mais dependente das flutuações externas, carecendo por isso de técnicas cada vez mais flexíveis de intervenção, designadamente no mercado aberto, em ordem a preservar o equilíbrio monetário e financeiro.
Como sucedeu em França, verificou-se forte contracção do excedente da balança de pagamentos italiana, pois o ritmo da actividade económica interna deu origem a que as importações superassem com larga margem, as exportações, prejudicadas pelo abrandamento das economias compradoras. Por seu turno, o elevado nível das taxas de juro em certas praças europeias provocou importante hemorragia de capitais, que nos primeiros meses do corrente ano ainda não fora possível estancar.
No Keino Unido registou-se ligeira melhoria dos pagamentos externos, tendo-se comprimido o deficit de 695 para 500 milhões de dólares. Os factos que estão na origem desta evolução situam-se já no 2.° semestre, tendo contribuído até para a formação de excedentes nos últimos meses do ano. Com efeito, as severas medidas restritivas adoptadas em Julho travaram o ritmo da procura interna e, consequentemente, as importações, enquanto as vendas de mercadorias, apoiadas pelo crédito, iniciaram uma vigorosa recuperação. Paralelamente, registaram-se importantes afluxos de capitais estrangeiros de origem privada, atraídos pelas altas taxas de juro praticadas em Londres, especialmente aliciantes após o abrandamento do mercado monetário norte-americano.
A libra, que sofrera dura crise no 1.° semestre do ano, foi eficazmente protegida pela cooperação interbancária e pela intervenção oportuna do Fundo Monetário Internacional. A evolução favorável dos pagamentos externos britânicos nos últimos meses do ano findo e no decurso do corrente ano permitiu já o reembolso de todo o auxílio a curto prazo, e em Abril a cotação da libra atingiu a paridade.
Os efeitos da abolição da sobretaxa especial sobre as importações, bem como um possível revigoramento da procura estimulada pelo deficit do sector público, intro-