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8 DE FEVEREIRO DE 1969 2885

de: Air-les-Bains e Vichy, em França; Ostend, na Bélgica; Montecatini e Cervia, em Itália; Baden-Baden, na Alemanha; Murienbad e Carlsbad, na Checoslováquia; Montreux, na Suíça, etc.

Entre nós, a tradição termal, por vestígios que têm sido descobertos, reporta-se aos povos autóctones da Lusitânia.

Os Romanos manifestaram durante a ocupação da Ibéria o gosto pêlos banhos, atestado pela existência de muitos balneários que sem atingirem a grandiosidade e o fausto dos de Caracala, Tittes e Agrippa, dão a nota de quanto os apreciavam.

A maior concentração das nossas fontes de águas termais encontra-se a norte do Tejo. A sul estão mais dispersas, excepto no Algarve, onde se localizam cerca de 1/3. Destas, merecem especial menção, pela sua tradição terapêutica, as das chamadas Caldas de Monchique.

Entre aquelas salientam-se as da Curia, du Luso, das Pedras Salgadas, do Vidago, do Gerés, de Monte Real e de Monfortinho, por disporem de um apoio hoteleiro de certo volume e qualidade, com mais de 6000 camas.

Segundo as estatísticas de 1965, a frequência de aquistas nas nossas termas foi da ordem dos 53 000, que deram lugar a 950 000 dormidas na hotelaria.

Calcula-se, contudo, que o número de dormidas em todos os alojamentos que apoiam as nossas termas tenha atingido 1.5 milhões.

Se, porém, compararmos com os números reatados noutros, países da Europa, teremos de considerar muito fraco o seu movimento.

As termas, russas movimentaram no mesmo ano de 1965 cerca de 6 milhões de aquistas, as da Alemanha, cerca de 3 milhões, as da Itália, cerca de 1 200 000, e as da Checoslováquia, cerca de 600 000, fornecendo as da Alemanha cerca de 25 milhões de dormidas e as da Itália 20 milhões.

O desnivelamento que se nota encontra certa explicação nas vantagens que estas, desfrutam, não são por mais bem apetrechadas e tem localizadas quanto ao continente europeu, mas também por se situarem, em países da população mais volumosa, pois é sabido que são os naturais que dão às termas o maior contingente, e ainda por se encontrarem ao serviço da providencia, exercendo uma função relevante no campo do chamado "termalismo social".

Em algumas delas assinalou-se uma frequência de estrangeiros numa percentagem digna de consideração para quem está atento às motivações do desenvolvimento turístico. Por exemplo, nas termas de Montecatini cerca de 30 por cento dos seus frequentadores são estrangeiros.

Os números que tenho vindo enunciando dão bem a nota do quanto se pode esperar das termas em matéria de turismo. A situação geográfica de Portugal permite que se goze de um clima excepcional, que em certas, partes se mantém no decorrer de todo o ano.

Esta circunstância favorece, por forma surpreendente, o termalismo, permitindo categorizar as nossas termas como valor turístico apreciável que deve ser acarinhado e favorecido, para que saiam da estagnação em que, mais ou menos se encontram.

São autênticos valores do património nacional, ainda não devidamente apreciados, não só sob o aspecto turístico, mas também como meios de prevenção e tratamento a ter em conta no esquema de defesa da saúde, pública, desde que a previdência se abrisse aos tratamentos creno-terápicas indicados para cura e recuperação de tantos deficientes que tantas horas roubam ao sector de trabalho.

Deste modo as termas veriam aumentar a sua frequência, para o que é indispensável que as suas intalações sejam dotadas com os convenientes meios para o efeito.

Pode dizer-se que o termalismo entre nós se mantém apesar de tudo, quase só por força da justificada fé que muitos ainda têm no poder curativo das águas termais, dado que são raros os médicos que aconselham a creno-terapia.

Ultimamente tem-se assistido por toda a parte a um recrudescer de interesse pelo desenvolvimento das estâncias termais, com preocupação de natureza turística e social, nomeadamente em França, onde o termalismo atravessou um período de acentuada crise.

Em Portugal não se pode ficar indiferente a esse movimento, neste momento em que estamos perante um notável surto turístico e sèriamente preocupados em reforçar o dispositivo da segurança social.

Não devemos menosprezar as perspectivas que a oportunidade nos oferece para Integrar as termas na política de turismo e da saúde pública que estamos empenhados em fomentar.

Tanto mais quanto é certo que algumas delas gozam de situação privilegiada quanto à paisagem que as rodeia e ao clima que as ambienta, circunstâncias que as podem recomendar como estâncias do vilegiatura de alto apreço para aqueles que não apreciam o bulício das praias ou não podem viver junto delas e necessitam de se evadirem por algum tempo do seu meio habitual.

Empresários, concessionários e o Estado devem enfrentar o problema, para que, numa acção conjugada, se planifique o ressurgimento das estâncias termais para servirem as exigências da época.

Evidentemente que nosso planeamento, dado o grande número de recursos termais de que o País dispõe, quer no continente, quer nas ilhas adjacentes, teria de se estabelecer um critério prioritário de auxílio, fundamentado nas qualidades medicinais das águas, na situação geográfica das estâncias, pensando ao mesmo tempo na viabilidade, económica dos empreendimentos.

Pode contar-se desde já, para o efeito, com algumas, instalações de certo volume e nível, onde se tem exercido uma prática de hotelaria cujo valor tem de ser reconhecido e defendido no conjunto nacional das intalações hoteleiras, justamente consideradas elemento precioso da infra-estrutura turística.

É fora de dúvida que as termas tem interesse turístico e como tal devem beneficiar abertamente das regalias da utilidade turística.

Ao Estado cabe dar um passo a valer nas termas de que é dono e senhor, ou sejam as das Caldas da Rainha e de Monchique.

São elas que remontam a uma maior antiguidade.

Foram mandadas erguer pelos reis de Portugal sobre as ruínas das antigas termas romanas, por volta do século XV.

É às Caldas de Monchique que me vou referir com mais pormenor, por serem as que bem conheço e que mais necessitam de amparo e se projectam com maior soma de atributos nos terrenos das realidades turísticas.

A fama do valor terapêutico das águas das Caldas do Monchique tem uma tradição milenária que remonta, pelo menos, à presença dos Romanos na Ibéria, afirmada por estudos arqueológicos feitos na região.

O seu período de maior desenvolvimento e projecção médico-assistencial conta-se no decorrer dos fins do século XVII e todo o século XVIII, durante o qual a administração a desenvolveu sob a direcção e patrocínio dos bispos do Algarve, desde D. Simão da Gama até D. Frei Lourenço de Santa Maria. A acção notável deste bispo se refere Baptista Lopes na História Eclesiástica ad reino do Algarve, testemunhando que ali gastou, na instalação de enfermarias, 10 000 cruzados, valioso donativo para o